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A ABORDAGEM DE ESPORTE PARA O DESENVOLVIMENTO UTILIZADA PELO INSTITUTO ESPORTE MAIS

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Academic year: 2021

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A ABORDAGEM DE “ESPORTE PARA O DESENVOLVIMENTO” UTILIZADA PELO INSTITUTO ESPORTE MAIS

Daiany França Saldanha Jessyca Rodrigues Lopes Patrícia Távila Lima da Silva Gioconda Paula Oliveira Souza

Instituto Esporte Mais

O Instituto Esporte Mais (IEMais), organização da sociedade civil fundada pela cearense Daiany França Saldanha, nasceu em 2014 no âmbito da década esportiva vivida no Brasil entre os Jogos Pan-Americanos de 2007 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Inspirado pelo projeto setorial “Esporte para o Desenvolvimento”, realizado no Brasil pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, entre 2012 e 2018, o IEMais surgiu com o importante desafio de promover o empoderamento e o desenvolvimento humano e social através do esporte, contribuindo para a construção da cidadania, inclusão e mudança social.

Com atuação nacional e sede em Fortaleza, o IEMais tem importantes parceiros no Brasil e outros países, se destacando pelo reconhecido trabalho de formação de professores de educação física e esportes e de empoderamento de meninas e mulheres através do futebol. A participação em redes é uma das marcas do instituto, que atualmente participa da REMS – Rede Esporte pela Mudança Social, Rede Meninas e Igualdade de Gênero (RMIG), Coalizão de Impacto Coletivo Meninas e Mulheres no Esporte e Grupo de Trabalho Treino Social.

Em 6 anos, os projetos e iniciativas do Instituto Esporte Mais alcançaram diretamente cerca de 18 mil pessoas, tendo ações realizadas em 16 cidades das 5 macrorregiões do Brasil e em Maputo, capital de Moçambique. Estão entre os beneficiados: crianças, jovens, meninas, mulheres, professores de educação física e esportes e educadores que utilizam o esporte como uma ferramenta de mudança social. O instituto nunca recebeu investimento social, somente subsídio, apoio e patrocínio para execução de projetos pontuais. Não porque não quis, mas por falta de oportunidade e

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Arquivo institucional

principalmente por estar em uma região com baixo investimento para o setor de esporte para o desenvolvimento. Suas principais fontes de financiamento são: lei cearense de incentivo ao esporte, doações de pessoas físicas, editais nacionais e venda de serviços, como monitoramento e avaliação de projetos sociais esportivos e capacitações para professores de educação física e esportes.

Esporte para o Desenvolvimento

“Esporte tem o poder de mudar o mundo. Tem o poder de inspirar, tem o poder de unir as pessoas de uma forma que poucas outras coisas conseguem. Ele fala aos jovens em

uma linguagem que eles compreendem.”

Como Nelson Mandela reconheceu ao receber o Prêmio Laureus, em 25 de maio de 2000, honraria esportiva mais importante do mundo, o esporte é mais do que exercício físico. Pode ensinar as pessoas sobre justiça social, tolerância e respeito. De fato, é uma força e uma ferramenta que pode ajudar a alcançar vários objetivos para mudar o mundo para melhor. Isso é esporte para o desenvolvimento.

Na perspectiva do Instituto Esporte Mais, a abordagem “Esporte para o Desenvolvimento” (EPD) se refere ao uso intencional do esporte, atividade física, jogos e brincadeiras para desenvolver competências emocionais e sociais em crianças, jovens e mulheres e atingir objetivos específicos de desenvolvimento humano e social, incluindo, principalmente, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Segundo a ONU (2003), o esporte para esse fim inclui todas as formas de atividade física

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que contribuem para a aptidão física, bem-estar mental e interação social, como jogos, recreação, esporte organizado, informal ou competitivo, e jogos e esportes indígenas. O IEMais aprendeu a abordagem do EPD com a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com quem colaborou entre 2015 e 2018, sobretudo com a disseminação e implementação dos métodos pedagógicos Treino Social e Futebol para o Desenvolvimento.

Essa área ganhou destaque mundial em 2001, quando as Nações Unidas nomearam Adolf Ogi (ex-presidente da Confederação Suíça) como o primeiro Assessor Especial do Secretário Geral para Esporte para o Desenvolvimento e da Paz. Dois anos depois, a Assembleia Geral da ONU adotou a Resolução 58/5, “Esporte como meio de promover educação, saúde, desenvolvimento e paz”. Esta resolução confirmou a contribuição que o esporte pode dar para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Então, em 2006, a Comissão Europeia e a Federação Internacional de Futebol (FIFA) assinaram um memorando de entendimento conjunto sobre o papel específico do desenvolvimento que o futebol pode desempenhar nos países da África, do Caribe e do Pacífico. Em 2007, a Comissão produziu o seu Livro Branco sobre o esporte, que pedia uma maior promoção do esporte no desenvolvimento internacional. A fim de conscientizar o público sobre a importância do esporte, em agosto de 2013, as Nações Unidas declararam em 6 de abril o "Dia Internacional do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz". Em 2007, simultaneamente no Brasil e na África do Sul, fomentada pela Nike e pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), foi fundada a REMS – Rede Esporte pela Mudança Social, com a missão de mobilizar e fortalecer organizações que reconheçam o esporte como fator para o desenvolvimento humano. Esta iniciativa inspirou a criação de redes semelhantes no Reino Unido e na Argentina. Atualmente, a REMS brasileira reúne 136 instituições que acreditam no esporte como fator de desenvolvimento humano, juntas elas realizam mais de 200.000 atendimentos diretos por ano.

Treino Social

Trabalhando com parceiros da Alemanha e do Brasil, incluindo o Instituto Esporte Mais, a cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável desenvolveu o “Treino

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Primeiro grupo de “Master Trainers” do Treino Social – Rio de Janeiro, 2017.

Social”, método pedagógico brasileiro que incorpora o desenvolvimento de competências socioemocionais e a discussão de questões como gênero, meio ambiente, saúde e prevenção de conflitos. Por meio de treinos esportivos, crianças e jovens melhoram suas habilidades no esporte e, ao mesmo tempo, desenvolvem sua autoconfiança, aprendem a respeitar a diversidade e ampliam a compreensão das questões sociais.

Uma sessão de treino esportivo orientada pelo método Treino Social pode apresentar cinco categorias de jogos: especiais, iniciais, analíticos, situacionais e formais, que intra e inter-relacionados valorizam as dimensões física, técnica, tática, pessoal e social dos atletas.

A partir de 2015, o Instituto Esporte Mais iniciou sua contribuição para a implementação e a disseminação do método no Brasil e em Moçambique, até 2019 foi responsável pela capacitação de mais de 1.060 professores de educação física e treinadores esportivos. O IEMais colaborou diretamente para a elaboração de uma estratégia de escalonamento e sustentabilidade do método, que a princípio incluía a criação de um “sistema de disseminação” com a implantação de centros de difusão, certificação e plano de carreira para treinadores. Tais propostas foram fomentadas entre 2015 e 2017 pela cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável em parceria com o Ministério do Esporte, a REMS – Rede Esporte pela Mudança Social e um Grupo de Trabalho (GT) formado pelas organizações Ajax (Distrito Federal), Associação Pró-Esporte e Cultura (São Paulo), Instituto Atleta Bom de Nota (Paraná), Instituto Pró-Esporte Mais (Ceará) e Panter (Amazonas). Em 2017, o Treino Social foi certificado como “tecnologia social” pelo Banco de Tecnologias Sociais (BTS) da Fundação Banco do Brasil.

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Para quem deseja aprender sobre o método, há dois manuais disponíveis para consulta: “Treino Social 6-13 anos” – destinada ao público que ensina esporte para crianças entre 6 e 13 anos; e “Treino Social 14+” – destinada ao público que ensina esporte para adolescentes e jovens a partir de 14 anos de idade.

As apostilas podem ser acessadas na biblioteca virtual do Professor Educador, administrada pelo IEMais. Para além dos manuais sobre o ensino do esporte para crianças e jovens, o Treino Social também dispõe de dois guias complementares, sendo um para utilização da metodologia em “Modalidades Esportivas Coletivas” e outro para “Inclusão de Pessoas com Deficiência no Treino Social”.

Em 2019, o Brasil deixou de ser área prioritária para o projeto setorial “Esporte para o Desenvolvimento” e a cooperação alemã encerrou o escritório do projeto no país, no entanto o método segue sendo disseminado pelas organizações do Grupo de Trabalho e a REMS e praticado pelos milhares de professores e treinadores capacitados. Como forma de manter o trabalho de disseminação ativo, organizações do GT têm realizado capacitações em parcerias com outras organizações da sociedade civil, governos locais, clubes, escolas, universidades e empresas.

Instituto Esporte Mais e os ODS

Também conhecidos como Objetivos Globais, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são o núcleo da Agenda 2030 da ONU e foram acordados por líderes mundiais como um guia para proteger o planeta e as pessoas dos efeitos da mudança do clima, da pobreza e da desigualdade.

Ao todo são 17 objetivos e 169 metas que se complementam e que estão associados a três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, social e ambiental.

A abordagem de esporte para o desenvolvimento utilizada pelo Instituto Esporte Mais pode contribuir para os ODS, conforme se pode observar na Declaração da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: “O esporte também é um importante facilitador do desenvolvimento sustentável. Reconhecemos a crescente contribuição do esporte para a realização do desenvolvimento e da paz em sua promoção da tolerância e respeito e as contribuições que faz para o empoderamento das mulheres e dos jovens,

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indivíduos e comunidades. bem como aos objetivos de saúde, educação e inclusão social.” (ONU, 2015).

Por meio de seus projetos e atividades, o Instituto Esporte Mais contribui para a promoção de seis ODS: 3, 4, 5, 8, 16 e 17.

ODS 3 - Saúde e bem-estar:

Através do esporte, os indivíduos podem adotar estilos de vida ativos que melhoram o bem-estar, a saúde e previnem doenças, particularmente doenças não transmissíveis. O esporte pode ser uma ferramenta bem-sucedida para educação em saúde e conscientização sobre vidas saudáveis, especialmente entre indivíduos e comunidades de difícil acesso ou vulneráveis, como refugiados (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “saúde e bem-estar”:

• Fornecer benefícios à saúde em geral (por exemplo, risco reduzido de doenças cardíacas, derrame, diabetes e câncer; controle e prevenção da obesidade);

• Melhorar a saúde mental e o bem-estar;

• Efetuar um desenvolvimento positivo da criança e do adolescente;

• Aumentar a conscientização em termos de "mensagens de saúde".

ODS 4 - Educação de qualidade:

O esporte e a educação física podem motivar crianças e jovens a participar e se engajar na educação formal e informal, além de melhorar o desempenho acadêmico e os resultados da aprendizagem (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “educação de qualidade”:

• Oferecer experiências de aprendizagem adequadas às capacidades físicas, cognitivas e emocionais das crianças e jovens;

• Reconectar jovens a ambientes formais de aprendizado;

• Fornecer ambientes de aprendizado mais inclusivos;

• Fortalecer as relações entre professores e alunos.

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O esporte pode contribuir para a eliminação da discriminação contra mulheres e meninas, capacitando indivíduos, principalmente mulheres, e equipando-os com os conhecimentos e as habilidades necessárias para progredir na sociedade. O esporte pode defender a igualdade de gênero, questionar estereótipos de gênero e fornecer espaços seguros e inclusivos (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “igualdade de gênero”:

• Promover líderes e modelos femininos;

• Aumentar a conscientização sobre questões de gênero;

• Aumentar os atributos socioemocionais de autoestima e autoconfiança;

• Oferecer espaços seguros para mulheres e meninas;

• Quebrar estereótipos de gênero;

• Engajar homens e meninos com questões de gênero.

ODS 8 - Trabalho decente e crescimento econômico:

O esporte pode promover um crescimento econômico e proporcionar oportunidades de emprego para todos e desenvolver habilidades transferíveis para o mundo do trabalho (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “trabalho decente e crescimento econômico”:

• Estimular e desenvolver competências socioemocionais para o mundo do trabalho através do esporte;

• Conectar jovens a oportunidades de educação profissional;

• Divulgar as diferentes possibilidades de carreira na área esportiva e apoiar o crescimento da indústria do esporte.

ODS 10 – Redução das desigualdades:

Sabemos que a desigualdade social no Brasil é uma questão gravíssima e indissociável de diversas outras problemáticas no país. Nesse caso, o esporte pode dar uma contribuição valiosa para a inclusão social e o empoderamento, como já pontuado em outros ODS. A partir da participação em aulas de educação física, atividade física e esporte, crianças, adolescentes e jovens podem alcançar uma melhor compreensão intercultural e

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inter-religiosa e contribuir para os esforços de construir comunidades mais pacíficas, inclusivas e equitativas.

ODS 16 - Paz, justiça e instituições eficazes:

O esporte fornece uma poderosa plataforma de comunicação para disseminar mensagens de solidariedade e reconciliação e promover uma cultura de paz e diálogo, especialmente promovendo valores essenciais no esporte, como respeito, fair-play e trabalho em equipe (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “paz, justiça e instituições eficazes”:

• Promover ambientes pacíficos e inclusivos;

• Contribuir para a prevenção de conflitos e construção de uma cultura de paz;

• Fomentar ambientes pautados no respeito e na compreensão;

• Abordar o abuso, a violência e a exploração sexual no esporte.

ODS 17 - Parcerias e meios de implementação:

O Objetivo 17 foca em parcerias e é visto como ODS transversal; suporta todos os outros objetivos.

O alcance global, a popularidade incomparável e o caráter universal do esporte fazem dele um meio versátil de implementação. O esporte pode reunir recursos, criar sinergias e criar redes e parcerias com várias partes interessadas para o desenvolvimento sustentável e as metas de paz, reunindo uma ampla variedade de atores de diferentes setores (ONU, 2014).

Como as ações do IEMais podem garantir “parcerias e meios de implementação”:

• Catalisar, criar e fortalecer redes e parcerias com várias partes interessadas para o desenvolvimento sustentável e as metas de paz;

• Dialogar com governos, doadores, organizações da sociedade civil, organizações esportivas, setor privado, universidades e mídia;

• Servir como um link entre diferentes setores, que podem abordar uma ampla variedade de tópicos, agrupar recursos e criar sinergias.

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Referências

UN General Assembly Resolution 58/5. (2003). Sport as a Means to Promote Health, Education, Development and Peace. New York: United Nations.

United Nations General Assembly (UNGA). (2015). Transforming our World: The 2030 Agenda for Sustainable Development. United Nations General Assembly Resolution 70/1.

United Nations. Sport and Sustainable Development Goals. Office on Sport for Development and peace. 2014.

GIZ. Metodologia Treino Social 14+: Apostila do Treinador. Deutsche Gesellschaft für internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. Brasil: 2016.

PNUD. Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional - Movimento é Vida: Atividades Físicas e Esportivas para Todas as Pessoas: 2017. Brasília: 2017.

Referências

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