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HIDROGRAFIA E HIDROGEOLOGIA: QUALIDADE E DISPONIBILIDADE DE ÁGUA PARA ABASTECIMENTO HUMANO NA BACIA COSTEIRA DO RIO PIAUÍ

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HIDROGRAFIA E HIDROGEOLOGIA: QUALIDADE E DISPONIBILIDADE DE

ÁGUA PARA ABASTECIMENTO HUMANO NA BACIA COSTEIRA DO RIO

PIAUÍ

Hélio Mário de Araújo, Universidade Federal de Sergipe; Givaldo Santos Bezerra, Universidade Federal de Sergipe; Marcelo Alves dos Santos, Universidade Federal de Sergipe; Acássia Cristina Souza, Universidade Federal de Sergipe; Núbia Dias dos Santos, Universidade Federal de Sergipe

Email: heliomarioaraujo@yahoo.com.br; gbezerra_se@hotmail.com; dge@ufs.br ; acs@ufs.br; nubiadi@ig.com.br

1 – INTRUDUÇÃO

No contexto hidrográfico do estado, a bacia do rio Piauí apresenta diversidade em relação aos usos (consuntivos e não consuntivos), bem como no que se refere aos aspectos de ordem fisiográficas, que acabam muitas vezes, por condicionar uma variação espacial quantitativa e qualitativa da disponibilidade hídrica.

No Brasil, a preocupação com os recursos hídricos intensificou-se na década de 1980, no contexto das discussões sobre meio ambiente e nos movimentos de reorganização democrática da sociedade. Essa preocupação mereceu atenção especial da ECO-92, com a formulação da agenda 21, que preconizou gerenciamento sustentável dos recursos hídricos, orientando os países para a urgência de preservar esse bem, que se torna cada dia mais escasso.

A exemplo de outros estados brasileiros, Sergipe vem implementando, por intermédio da SEPLANTEC/SRH, o Programa Estadual de Apoio à Gestão Participativa dos Recursos Hídricos, como forma de adequar sua política ao novo ideário da gestão compartilhada dos bens públicos e do desenvolvimento sustentável. Tal programa, portanto, iniciou-se pela bacia hidrográfica do Rio Sergipe, que se constitui na experiência piloto para as demais cinco bacias existentes no estado, entre elas a do rio Piauí.

Assim, considerando a importância dos recursos hídricos no desenvolvimento socioeconômico da bacia hidrográfica do rio Piauí, é que se pensou em desenvolver este trabalho, centrado no baixo curso, na perspectiva de analisar a disposição hídrica (superficial e subterrânea), associada as diversas formas de usos da água, já que a bacia costeira encontra-se inserida numa área do estado de Sergipe, onde as condições

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2 climáticas condicionam um bom desenvolvimento da drenagem com rios, em sua maioria, apresentando índices consideráveis de vazão.

2 – FISIOGRAFIA FLUVIAL E QUALIDADE DA ÁGUA

A bacia do Rio Piauí (figura 01) é considerada a mais importante concentração fluvial localizada inteiramente em território sergipano. Ocupa área de 4.313,72 Km2 drenando grande número de municípios do centro-sul do estado produtores de laranja e maracujá.

O Rio Piauí com 150 Km2 de extensão tem suas cabeceiras na região das serras residuais do sudoeste do estado, descendo da serra dos Palmares no município de Simão Dias a uma altitude média de 400m. “Ante de desaguar no Atlântico, entre os Municípios de Estância e Jandaíra (BA), encontra-se com o rio Real, no estuário conhecido como Mangue Seco” (Fontes, 2007, p. 95).

O Regime fluvial da sua bacia reflete as variações de pluviosidade, possuindo no alto e médio cursos canais, sobretudo, intermitentes. Seu curso inferior detém uma umidade considerável em relação aos demais trechos, em decorrência da natureza permeável das rochas e da existência de chuvas mais abundantes. As estiagens registram-se, geralmente, nos meses de primavera e verão. Suas águas superficiais

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contribuem com 80,54% para o abastecimento do sistemas públicos da bacia, destacando-se o rio Piauitinga (quadro 01).

O rio Piauí tem afluentes importantes, destacando-se pela margem direita, os rios Arauá e Pagão, e pela Margem esquerda, os rios Jacaré, Piauitinga e Fundo. O rio Arauá nasce no município de Itabaianinha, a 225 m de altitude, e desemboca no Piauí, no município de Arauá. Em todo seu percurso drena uma área de clima úmido, com período seco de um a três meses e precipitações médias anuais acima de 1000mm. O rio Fundo nasce no município de Itaporanga da Ajuda e recebe alguns subafluentes mais extensos como o Paripueira e o Muculanduba. Está inserido numa área onde ocorrem as maiores precipitações do Estado detendo um clima úmido com período seco de apenas um a dois meses (SOUZA, 1982).

Quadro 01 – Sistemas Públicos de Abastecimento da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí Sistemas Vol. Produzido m3/mês Manancial

Arauá 14.646 Riacho Doce

Boquim 87.701 Riacho Grilo

Itaporanga 79.116 Riacho Fundo

Itabaianinha / Tomar do Geru

82.721 Rio Guararema

Piauitinga 245.460 Rio Piauitinga

Pedrinhas 15.088 Riacho Areias

Umbaúba 31.000 Riacho Imbé

Lagarto 72.000 Aqüífero Cristalino

Salgado 35.780 Aqüífero Cristalino

Santa Luzia 7.846 Aqüífero Sapucari

Povoados 18.575 Aqüífero Cristalino

Total 689.933 137.664

Águas superficiais 555.722 80,54%

Águas subterrâneas 134.211 19,46%

Fonte: SEPLANTEC, 2003

No que pese ao enquadramento dos cursos d’água da referida bacia, verifica-se que os resultados das análises físicas e químicas, realizadas em trechos definidos para caracterizar a qualidade da água estão intrinsecamente ligados aos diferentes aspectos do ambiente natural (vegetação, solo e geologia), à distribuição espacial da população, às condições de saúde ambiental e aos usos e ocupação do solo (CONAMA 20/86).

As águas do rio Piauí, no trecho localizado na bacia costeira, são classificadas como doce. Os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas

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4 trata de uma água que sofreu alteração da classificação, passando de salobra para doce. A presença de coliformes associada a altos teores de nitrogênio total e fósforo total, registrados aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. No que se refere a outras fontes de contaminação, ressalta-se a presença de alumínio e ferro associada à composição química do solo presente na bacia de drenagem. Em relação aos usos da água, neste trecho analisado, é utilizada na irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

Deve-se destacar, ainda, a presença de nitrogênio e fósforo resultantes da exploração de extensas áreas com a agricultura. Ressalta-se, também, a tendência de crescimento demográfico, para os próximos 15 anos, nos municípios de Santa Luzia do Itanhi e Umbaúba, o que se traduzirá num aumento da pressão antrópica. A persistência dos indicadores de desenvolvimento humano, acarretará, sem dúvidas, num expressivo aumento da carga orgânica lançada nos rios e reservatórios.

Do rio Arauá, desde a sua nascente até a sua confluência com o rio Piauí, os resultados de salinidade obtidos indicam que se trata de uma água salobra. A presença de coliformes associada a altos teores de nitrogênio total e fósforo total aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. Os resultados de sólidos dissolvidos e cloretos estão associados à questão da salinidade elevada. No que se refere a outras fontes de contaminação, ressalta-se a presença de alumínio e ferro associada à composição química do solo presente na bacia de drenagem, além do alto grau de assoreamento e extração de areia para construção.

O rio Piauí, desde a confluência com o rio Arauá, até a confluência com o rio Piauitinga, os resultados de salinidade, obtidos indicam que se trata de uma água doce. A presença de coliformes termotolerantes associada aos teores de nitrogênio total aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. No que se refere a outras fontes de contaminação, ressalta-se a presença de alumínio e ferro associada à composição química do solo presente na bacia de drenagem. Os usos da água são diversos, desde a irrigação, dessedentação de animais até para abastecimento público.

Do rio Piauitinga, desde a sua nascente até a sua confluência com o rio Piauí, os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas, indicaram que se trata de uma água doce. A presença de coliformes termotolerantes associada

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aos teores de nitrogênio total e nitrato aponta a contaminação permanente (recente e remota) desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. No que se refere a outras fontes de contaminação, ressalta-se a presença de alumínio e ferro associada à composição química do solo presente na bacia de drenagem, a presença de surfactantes associada a efluentes contendo sabões e detergentes e de cianetos associada ao processamento de mandioca, sendo a água de múltiplos usos como irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

Rio Piauí, desde a confluência com o rio Piautinga até o ponto Comp10, os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas, indicaram que se trata de uma água doce. A presença de coliformes termotolerantes associada aos teores de nitrogênio total, nitrito e nitrato aponta a contaminação permanente (recente e remota) desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. No que se refere a outras fontes de contaminação, ressalta-se a presença de alumínio e ferro associada à composição química do solo presente na bacia de drenagem, bem como a de surfactantes associada a efluentes contendo sabões e detergentes. Neste trecho verificou-se a presença e o lançamento de esgoto e efluente industrial do distrito industrial de Estância. Múltiplos usos da água são feitos neste trecho, assim como a irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

Já o rio Piauí, desde o ponto Comp10 até a sua confluência com o Oceano Atlântico, os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas, indicaram que se trata de uma água salobra.

O rio Fundo, desde a sua nascente até a sua confluência com o rio Piauí, os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas, indicaram que se trata de uma água salobra. Os resultados de sólidos dissolvidos e cloretos estão associados à questão da salinidade elevada. A presença de alumínio e ferro está associada à influência do estuário. A presença de coliformes termotolerantes associada aos teores de nitrogênio total aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. Múltiplos usos também são efetuados com esta água como recreação e piscicultura.

Do rio Paripueira, desde a sua nascente até a sua confluência com o rio Fundo, os resultados de salinidade obtidos para este ponto nas campanhas de amostragem

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6 termotolerantes associada aos teores de nitrogênio total aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. Os resultados de sólidos dissolvidos e cloretos estão associados à questão da salinidade elevada. É um local onde há influência das marés e múltiplos usos como recreação e piscicultura.

O rio Pagão, desde a sua nascente até a sua confluência com o rio Guararema, os resultados de salinidade, obtidos nas campanhas de amostragem efetuadas, indicaram que se trata de uma água doce. A presença de coliformes termotolerantes associada a altos teores de nitrogênio total aponta a contaminação recente desse trecho por microorganismos de origem fecal e leva à comprovação de contaminação das águas por esgotos domésticos. Múltiplos usos da água são feitos neste trecho como irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

3 - RECURSOS HÍDRICOS DE SUB-SUPERFÍCIE

O uso da água subterrânea na Bacia Hidrográfica do Rio Piauí foi alvo de um detalhado levantamento executado pela SEPLANTEC/SRH e COHIDRO. Na Bacia Costeira predominam os sistemas granular, fissural e cárstico (rochas calcárias) e devido a uma maior alimentação e movimentação das águas subterrâneas armazenadas, apresentam uma boa qualidade físico-química para abastecimento humano. Destaca-se uma maior dureza (teor de cálcio e magnésio na água) dos recursos hídricos subterrâneos presentes nos calcários (Figura 02).

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VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física

Universidade de Coimbra, Maio de 2010

Nos municípios da Bacia Costeira distingue-se para sua maioria dois domínios hidrogeológicos: Bacias Sedimentares e Formações Superficiais Cenozóicas. As Bacias Sedimentares constituídas por rochas sedimentares bem diversificadas, representam os mais importantes reservatórios de água subterrânea, formando o aqüífero do tipo granular. Têm alto potencial, em decorrência da grande espessura de sedimentos e da alta permeabilidade de suas litologias, que permite a exploração de vazões significativas.

Face às características físicas de porosidade, permeabilidade, sistema de deposição, entre outros, tornam-se, por vezes, áreas potenciais ao acúmulo de água subterrânea em níveis relativamente pouco profundos. São conhecidas como áreas hidrogeológicas com potencial explorável “muito elevado” e “elevado”, para execução de poços com profundidades em torno de 100 metros.

As Formações Superficiais Cenozóicas, constituídas por pacotes de rochas sedimentares que recobrem as rochas mais antigas, têm um comportamento de aqüífero granular. Possui porosidade primária e nos terrenos arenosos apresentam uma elevada permeabilidade, o que lhes confere, no geral, excelentes condições de armazenamento e fornecimento de água.

Esse domínio caracteriza-se ainda pelo fato de apresentar potencial explorável considerado de “elevado” a “médio”, com uma largura média de 1.000 metros, da linha da praia, para o interior, compreendendo os depósitos arenosos de praia, os depósitos areno-argilosos do Grupo Barreiras e alguns níveis calcários da Formação Cotinguiba.

Obtém-se geralmente vazões em poços tubulares com cerca de 20.000 a 30.000 litros/h. Na Bacia Costeira, excetuando-se as águas subterrâneas de regiões calcarias, que apresentam normalmente dureza superior ao limite de potabilidade, os demais aqüíferos conhecidos até o momento, são de qualidade satisfatória para utilização sem qualquer processo de tratamento.

4 – CONCLUSÃO

Sob o ponto de vista da disponibilidade de água, a atual situação além de complexa, mostra-se preocupante, uma vez que o desmatamento em alto grau, associado a degradação do solo, provoca irregularidade nos abastecimentos das sedes municipais e comunidades rurais. Esse comportamento, deve-se a uma cadeia de eventos ensejada pelo escoamento superficial, pelo assoreamento das correntes de água

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8 superficiais e pela diminuição dos registros subterrâneos que, nas épocas de estiagem, respondem pela perenização dos cursos d’água através da descarga de base.

Aliado a esses, outros problemas de menor magnitude também se evidenciam merecendo do setor público maior fiscalização e controle, são eles: exploração de areia das margens e calhas dos rios, pesca e caça predatória, enchentes e desperdício de água. Dessa forma, para uma efetiva gestão ambiental e dos recursos hídricos alguns entraves devem ser superados, a exemplo das doenças de veiculação hídrica, poluição do ar, planejamento na exploração das águas subterrâneas, falta de integração entre os órgãos públicos e a sociedade, bem como a ausência de educação ambiental.

5 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Fontes, A. L. 2007, ‘Recursos Hídricos’ In Atlas Escolar Sergipe: espaço geo-histórico e

cultural, Grafset, João Pessoa.

Governo do Estado de Sergipe. 2002, Projeto cadastro da Infra-estrutura hídrica do Nordeste / Diagnóstico dos Municípios, CPRM / SEPLANTEC / SRH, Aracaju.

Governo do Estado de Sergipe. 2003, Enquadramento dos cursos d’água de Sergipe de

acordo com a resolução CONAMA n. 20/86. Aracaju, SEPLANTEC/SRH (minuta de

relatório final).

SOUZA, M.H. de. 1982, Análise morfométrica aplicada às bacias fluviais de Sergipe. Dissertação de Mestrado em Geografia, IGCE/UNESP, Rio Claro.

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