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GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS CANTEIROS DE OBRAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC | Revista Tecnológica

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GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS CANTEIROS DE OBRAS DA

CONSTRUÇÃO CIVIL DO MUNICÍPIO DE CHAPECÓ-SC1

Denis Detoni2 Cleusa Teresinha Anschau3 RESUMO

O presente trabalho fez uma análise à cerca das atividades desenvolvidas pela indústria da construção civil, especificamente na execução de obras, no que tange ao planejamento, gestão e descarte dos resíduos sólidos gerados em obras executadas no município de Chapecó-SC. A análise foi realizada a partir do acompanhamento e visitas in loco em construções de médio e pequeno porte e em fases distintas de seus cronogramas. Obras selecionadas aleatoriamente e que apresentam em seu cotidiano atividades com potencial gerador de resíduos da construção civil. Nas visitas foram feitos registros de imagens para a avaliação do processo construtivo e o desperdício de materiais inerentes ao processo, para avaliar a forma que estes resíduos são dispostos dentro do canteiro de obras, a quantificação e a forma como estes materiais são descartados. Objetiva-se assim produzir informações e dados que possibilitem identificar ou construir ferramentas que possam mitigar o desperdício e consequentemente os resíduos gerados, o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado destes materiais. Pela identificação do processo gerador e dos resíduos é possível a falta de gestão e planejamento no descarte dos materiais. Nos aterros em que são descartados foi observado a ocorrência de materiais recicláveis, os quais deveriam passar por triagem e redirecionados a usinas de reciclagem, tais como plásticos, papeis, ferros, pedras e madeiras, todos esses materiais podem ser reciclados, desde que haja um processo adequado. Independente dos materiais dispostos no aterro, observa-se que não há estruturação do mesmo para o recebimento dos resíduos, pois fica próximo a um córrego e a um olho de água, contaminando a água.

Palavras-chave: Resíduos da construção civil. Impacto ambiental. Gestão.

1 INTRODUÇÃO

O crescimento e desenvolvimento humano, desde seu nascimento na história, têm gerado impactos, degradação e alteração no meio ambiente. O processo de evolução da raça humana trás consigo um ônus que é tema de debate e discussões a décadas. A produção tecnológica e o aumento populacional direcionam o homem para um momento na história em que o mesmo se torna o maior agente de degradação natural.

1 Dados coletados no estágio obrigatório do curso de Engenharia Civil, desenvolvido ao longo de 2016/1,

UCEFF.

2 Acadêmico de engenharia Civil. E-mail: dennis.cco@gmail.com.

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Segundo Dias (2011), em nenhum outro período da história houve relatos de desenvolvimento tecnológico equivalente ao dos últimos 300 anos. Foram significativos avanços e descobertas em todos os campos da ciência, o que gerou uma incrível capacidade de produção e de controle de elementos naturais.

Neste sentido, segundo Leff (2009) é necessário entender o processo do uso e da degradação dos recursos naturais, o qual, está provocando mudanças climáticas profundas, assim, o efeito estufa altera o clima, gerando alterações de todos os níveis. O efeito estufa ameaça diversas espécies (fauna e flora), bem como, o próprio ser humano. Neste sentido, a importância de ter consciência no descarte dos resíduos de qualquer processo produtivo ou não.

Dias (2011), concluí que durante dois últimos séculos é que se agravou o problema ambiental. À medida que intensificamos a industrialização, e, consequentemente o aumento da intervenção homem na natureza, podemos facilmente verificar a evolução da contaminação do ar, água e do solo.

Neste avanço dos processos, se encontra a indústria construção civil, a qual consume recursos naturais em larga escala. Assim, o Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2013) reconhece este setor como um dos que mais geram impacto ambiental. Para além do uso dos recursos naturais, se faz necessário a gestão dos resíduos sólidos e o descarte, denominados de resíduos da construção civil (RCC).

O setor da construção civil, nas últimas duas décadas, cresceu exponencialmente, alavancado principalmente pelas demandas de estruturação urbana, pela economia e pelos programas de habitação do governo federal, entre eles, o programa da minha casa minha vida (MCMV), programa nacional de habitação rural (PNHR), ambos são fomentados pelo governo para suprir a carência neste setor, (CAIXA, 2015).

Portanto, a presente pesquisa, visa analisar as atividades da indústria da construção civil, especificamente na execução de obras, no que tange ao planejamento, gestão e descarte dos resíduos gerados em obras executadas no município de Chapecó-SC.

Diante deste cenário, destacar a importância da quantificação e caracterização dos resíduos gerados pela construção civil, para identificar ferramentas de gestão que possam minimizar os impactos gerados ao meio ambiente.

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Os impactos ambientais causados pelos processos industriais têm crescido na medida em que crescem os avanços tecnológicos. Segundo Leff (2009), um dos maiores problemas causados pelo crescimento industrial e, pelo processo da industrialização, é a destinação dos resíduos que sobram do processo produtivo, os quais afetam o meio ambiente natural e a saúde humana.

A indústria da construção civil possui a cadeia produtiva de maior absorção de recursos naturais do planeta, além do macro setor ser um dos maiores da economia ele produz os bens de maiores dimensões físicas do planeta, sendo consequentemente o maior consumidor de recursos naturais de qualquer economia” (PMBOK, 2013).

No entanto, Veiga (2003), salienta que o consumo dos recursos naturais varia de acordo com a região, vida útil e ou a taxa de reposição das estruturas construídas, necessidades de manutenção de falhas construtivas, da tecnologia empregada, essas variáveis determinam a taxa de resíduos sólidos da construção civil.

Segundo Karpinsk (2009), a atividade da construção civil tem grande impacto sobre o meio ambiente em razão do consumo de recursos naturais, pela extração de jazidas, consumo de energia e combustíveis não renováveis e pela geração de resíduos decorrente de perdas, desperdício e demolições. Segundo o autor, os resíduos gerados pela construção civil ganham relevância pois a tempos vem causando sérios problemas urbanos de cunho ambiental, social e econômico.

Uma edificação, independentemente de ser de pequeno, médio ou grande porte, altera significativamente o meio ambiente, seja na etapa de produção, seja na manutenção ou no uso, sempre irá causar impacto ao meio ambiente. Edifícios são produtos com longa vida útil. A fase de uso e as atividades de manutenção são, consequentemente, responsáveis por parcela significativa do impacto total no meio ambiente. (KARPISNK, 2009. p. 24).

Outrossim, o autor se refere aos locais onde são depositados os RCC, principalmente nos centros urbanos, onde as áreas são escassas e o volume gerado representa grande parte dos resíduos sólidos urbanos, o que, consequentemente, acaba ocasionando transtornos à população, além de requerer investimentos elevados para adequar o processo à legislação.

A construção civil é a única indústria capaz de absorver quase que totalmente os resíduos que produz. Enquanto vários setores industriais diminuem a utilização de suas matérias-primas, a engenharia civil não pode reduzir a quantidade dos materiais necessários para edificar uma obra sem comprometer a qualidade e a durabilidade da construção. Em razão disso, é necessário encontrar alternativas para o destino dos resíduos, com formas práticas de reciclagem na própria obra ou em usinas implantadas para esse fim. (KARPINSK, 2009, p. 30).

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De acordo com Pinto (1999), a pouco tempo atrás, não haviam formas ou indicadores que demonstrassem a ocorrência de perdas na construção civil, e também pouco era conhecido da geração de resíduos da construção e demolição, exceto o impacto causado pelas montanhas de entulhos acumuladas nos ambientes urbanos.

A quantificação dos resíduos e a mensuração dos impactos gerados pelos mesmos são de grande relevância no que tange a questão social e ambiental local onde estas atividades geradoras estão inseridas.

A indústria da construção civil é um dos setores que mais influenciam a economia nacional. Sua fração no cenário econômico nacional é tão importante que é um dos primeiros setores que apresentam variações provocadas pelas crises financeiras do país. Dados apresentados pela Câmara Brasileira da Indústria e da Construção (CBIC) mostram que as atividades da construção civil absorviam a mão de obra de 8,59% das pessoas ocupadas e com atividade remunerada, em 2013, isso representava cerca de 8,8 milhões de pessoas. Neste mesmo ano a representação da indústria da construção civil no PIB alcançou o índice de 6,4%, segundo o (IBGE, 2015).

Portanto, com números significativos, dimensionar a quantidade de resíduos gerados por esse mercado é fundamental, bem como, pela mão de obra deste setor e pela influência no PIB nacional, o qual faturou mais de 330 bilhões de reais em 2013 (IBGE, 2015).

Dados apresentados pelo (IPEA) em 2012, apontam os RCC, como um grave problema em muitas cidades brasileiras. “Por um lado, a disposição irregular destes resíduos pode gerar problemas de ordem estética, ambiental e de saúde pública. Por outro lado, eles representam um problema que sobrecarrega os sistemas de limpeza pública municipais, visto que, no Brasil, os RCC podem representar de 50% a 70% da massa dos Resíduos Sólidos Urbanos” (IPEA, 2012, p.10).

Dadas as proporções, o Brasil é hoje um dos maiores agentes geradores de resíduos da construção civil, dados do IPEA (2012), apontam que são geradas cerca 31 milhões de toneladas de resíduos de construção civil por ano, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Quantidade anual de RCC gerados em alguns países Quantidade anual de RCC gerado por país

País Em milhões t/ano Em kg/habitante/ano

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Holanda 12,8 – 20,2 820 – 1300 Estados Unidos 136 – 171 463 – 584 Reino Unido 50 – 70 880 – 1120 Bélgica 7,5 – 34,7 735 – 3359 Dinamarca 2,3 – 10,7 440 – 2010 Itália 35 – 40 600 – 690 Alemanha 79 – 300 963 – 3658 Japão 99 785 Portugal 3,2 – 4,4 325 – 447 Brasil 31 230 - 760

Fonte: Adaptado de IPEA – Diagnóstico da Construção Civil (2012).

Sendo um país deficitário do que diz respeito a políticas de responsabilidade ambiental e principalmente a políticas de gestão de resíduos da construção civil, e, somado ao fato de que este setor concentra as maiores demandas de energia e consome quantidades exorbitantes de recursos naturais, são indispensáveis trabalhos e estudos que quantifiquem e identifiquem os impactos gerados pelos resíduos gerados pela construção civil no meio ambiente.

Segundo dados apresentados pela Prefeitura Municipal de Chapecó/SC (2014) o número de edificações registrados no município ultrapassou sessenta e uma mil unidades. Somente em 2013, a emissão de alvarás para novas construções somaram mais de 700 mil metros quadrados que corresponde a aproximadamente 930 milhões de reais em obras quando associamos ao valor do Custo Unitário Básico da Construção Civil (CUB) do mesmo ano (SINDUSCON, 2013). No mesmo relatório apresentado pelo Município de Chapecó (2014), dados mostram que são produzidas 202 toneladas de resíduos sólidos/mês na área urbana, considerando que 50% a 70% dos resíduos sólidos urbanos são oriundos da construção civil, deduz-se que aproximadamente 120 toneladas de RCC no município.

2.1 PROCESSOS PRODUTIVOS, URBANIZAÇÃO E MEIO AMBIENTE

Desde seu surgimento, e de forma constante durante sua evolução, o homem se mostrou ser mais adaptável aos meios em que vive. Essa forma de adaptação pode ser caraterizada como uma habilidade do homem em moldar ao habitat de forma a tornar-se dominante no mesmo. A humanidade vence suas limitações criando ferramentas, utensílios e construções, que ao mesmo passo em que se mostram necessárias para a sobrevivência, impactam de forma negativa na mudança do curso natural deste mesmo habitat.

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Esta incrível capacidade de adaptação só foi possível porque o homem sempre criou no seu entorno um meio ambiente próprio, diferente do meio circundante – natural – que denominamos cultural. A construção pelos seres humanos de um espaço próprio de vivência, diferente do natural, se deu sempre à revelia e com a modificação do ambiente natural. Assim, o ser humano, para sobrevivência, de um modo ou de outro, sempre modificou o ambiente natural (DIAS, 2011, p. 1).

Foi desta adaptação, ou da necessidade de moldar o meio ao homem, que sugiram as primeiras construções. Inicialmente, como nômades, e até então usando apenas ferramentas que ampliassem suas habilidades, os impactos causados ao meio ambiente não eram tão significativos quanto viriam a se tornar em um curto período de tempo. Enquanto nômades, a atividade de maior importância era a caça, primeiros registros de atividade extrativista e exploratória executada pelo homem. Segundo Aligleri (2009), com o passar do tempo outras necessidades foram surgindo, e ao perceber que a alimentação vegetal poderia ser cultivada, o homem passou a construir abrigos, e fixar-se em locais definidos.

Quanto mais se tornavam maiores, os aglomerados, maiores eram os impactos causados pela alteração no ambiente que eles estavam inseridos, “Quanto maiores às aglomerações, mais destrutivas eram do ponto de vista ambiental” (DIAS, 2011, p. 4).

A partir do momento em que inicia o processo de limitação de espaços e territórios, criam-se as propriedades privadas, e com o aumento da produção de alimento, possibilidades de armazenagem da produção e abrigos mais seguros, torna-se inevitável que os aglomerados passem a acolher ou acomodar mais integrantes, estes espaços que começam a apresentar sinais claros de urbanização e aumentam de forma exponencial a degradação do meio ambiente.

A ocupação desorganizada dos centros urbanos, e, consequentemente a demanda por habitações, que gera uma nova preocupação no que diz respeito à agressão ao meio natural. Segundo Dias (2011), o processo de urbanização inicia-se a partir do surgimento da agricultura, e com o desenvolvimento das atividades agrícolas, surge o sedentarismo, que tem como consequência o início do processo de transformação da relação estabelecida entra o homem e a natureza.

Quanto maiores às aglomerações humanas, mais destrutivas eram do ponto de vista ambiental. E, nesse estágio de crescimento acentuado da população humana, muitas espécies desapareceram gradativamente onde o homem construía em ritmo acelerado seu próprio ambiente (DIAS, 2011, p. 4).

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Torna-se necessário realizar obras que servem de abrigo não só ao homem, mas aos animais, plantações e também a limitação dos espaços. Limmer (2012) reforça esta ideia quando fala sobre a transição entre o nomadismo e sedentarismo ocorre no momento em que o homem percebe a possibilidade do cultivo de plantas e domesticação de animais, fatores que o levaram a fixar-se em um local específico formando pequenas comunidades, ou pequenos aglomerados que demandavam de certas estruturas que serviriam de abrigo.

As mudanças ambientais acontecem paralelamente ao aumento da concentração urbana. Dias (2011), cita que as concentrações urbanas, no momento em que destroem o ambiente natural para recriarem um ambiente propício ao homem, promovem a adaptação de outros organismos que compartilhavam do ambiente natural que fora modificado, e estes organismos passam conviver no espaço humanizado.

De acordo com Castilhos Junior (2006), o crescimento acentuado da geração de resíduos sólidos e a sua concentração espacial devido à urbanização diminuem as chances de assimilação dos resíduos pelo meio ambiente, sem que haja alterações, muitas vezes significativas, na qualidade da água, do solo e ar, ou seja, do meio físico. Na mesma obra é citado o problema acentuado em áreas urbanas carentes e de topografia acidentada, cujo impacto causado pela destinação, ou lançamento dos resíduos sólidos em encostas e aterros irregulares causa o comprometimento destas áreas, seja pela fragmentação do solo ou pela contaminação.

Todo esse processo ocupacional do solo e de extração de recursos naturais, bem como o impacto gerado pela aplicação e beneficiamento dos mesmos, tem se tornado pauta nos grandes debates sobre meio ambiente, conforme Leff (2009).

Por ser abordado de forma tão frequente e com tanta importância nas últimas décadas, à responsabilidade ambiental torna-se um fator indispensável a ser observado nos processos produtivos da sociedade. E, embora o assunto seja pautado frequentemente, desde conferências locais até grandes encontros a nível internacional, é evidente que a conscientização, e as ações para um ambiente ideal, estão em um horizonte ainda distante. (ALIGLERI, 2009).

No final do século XX no início da década de 90 o meio ambiente ocupava um patamar privilegiado na agenda global, tendo se tornado assunto quase obrigatório nos inúmeros encontros internacionais. Foi um período de intensos debates, atividades, fóruns e encontros, que resultaram em um consenso mundial dos perigos que corria o planeta caso se mantivessem o modelo de crescimento insustentável até então em vigor (DIAS, 2011, p. 22).

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Para Veiga (2003), os estragos ambientais são provocados pelo crescimento econômico, pela falta de consciência, iniciados já na década de 60, e pelas práticas produtivas nos anos seguintes. A medida com que a sociedade evolui, são desenvolvidas tecnologias que alteram significativamente o meio em que elas estão inseridas. O progresso e o desenvolvimento geram impactos que necessitam serem mensurados e mitigados.

O ritmo em que se avança enquanto sociedade organizada, são criados novos espaços urbanizados, tem como consequência uma demanda de ferramentas de gestão para os resíduos gerados, principalmente pela construção civil, segmento este, cujas atividades estão presentes em todo e qualquer processo de criação dos ambientes demandados.

Em uma pesquisa acerca das transformações no sistema global e suas relações com as atividades humanas, Leff (2009) afirma que as mudanças nas relações existentes entre o ambiente natural e as atividades humanas se intensificaram nos últimos séculos e estão promovendo complexas e profundas mudanças globais sem precedentes na historia do planeta. E importante observar que estas ultimam, que vem ocorrendo e se intensificando, afetam todos os ecossistemas.

2.2 GERENCIAMENTO E CICLO DE VIDA DO PROJETO

De acordo com Limmer (2012), muitas obras habitacionais ainda são executadas de forma artesanal, sem um planejamento formal, sem garantia de cumprimento de prazos estabelecidos previamente e sem controle orçamentário.

O que se tem observado, tanto na execução quanto no gerenciamento da maior parte das construções habitacionais, é a predominância de um sistema informal. Não á, entre as várias equipes participantes do processo, a integração mínima é necessária para racionalizar os procedimentos de implementação do projeto. (LIMMER, 2012, p. 2)

Portanto, o autor define projeto como um empreendimento singular, com objetivos bem definidos, a ser executado ou materializado em acordo com planejamento prévio e dentro das condições propostas, como prazo custo, qualidade e risco ambos estabelecidos previamente.

A gerência do projeto está diretamente ligada ao planejamento do mesmo o que dará diretrizes para todo o período de execução e permitirá maior controle do mesmo. Segundo PMBOK (2013), o gerenciamento do projeto corresponde a coordenação eficaz e eficiente de recursos de diferentes tipos como recursos humanos, materiais, financeiros, políticos

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equipamentos, e de esforços necessários para a concretização do objetivo que deve atender a parâmetros pré-estabelecidos de prazo, custo, qualidade e risco.

Inicialmente é preciso planejar a duração do projeto em todas as suas faces. Para isso se deve conhecer em detalhe cada componente do produto. Definir os tipos de insumos a serem empregados e, cruzando-os com os componentes do projeto, estabelecer um plano de contas. Determinar ainda as atividades requeridas para a materialização de cada componente. Depois, é preciso quantificar os recursos necessários à execução e saber como distribuí-los ao longo das atividades que compõe o projeto. (LIMMER, 2012, p. 2)

Ao serem abordadas as obras de construção civil, é possível fazer um comparativo a uma linha industrial. Assim os empreendimentos da indústria da construção civil também se caracterizam por tem um período de produção (duração do processo construtivo) e um produto final fixo ou previamente estabelecido, Limmer (2012) faz esse comparativo citando ainda que cada obra é única, e ao contrário de uma produção fabril, na construção civil, os insumos são agregados ao produto e deslocam-se ao redor dele, desta forma se faz necessária uma organização específica tanto do layout da obra, o pessoal que nela atua e um sistema de informações durante a execução do empreendimento. Assim, o sistema de gerenciamento de materiais de construção está ligado diretamente à geração de resíduos da construção civil, o planejamento e controle dos materiais devem ser gerenciados no projeto com o objetivo de minimizar a geração de resíduos, (PMBOK, 2013).

Neste sentido, Guia PMBOK (2013) cita métodos de controle de matarias e sistemas para gestão e controle dos mesmos, como o levantamento periódico das quantidades de materiais armazenadas e dispostas na obra, adquiridas e utilizadas, e a partir destes levantamentos são feitos comparativos dos materiais utilizados.

Ao analisar as variações ocorridas, é preciso levar em consideração as perdas de materiais que devem situar-se entre os limites admissíveis para cada tipo. Variações excessivas indicam desperdícios, cujas causas deverão ser determinadas, sendo as mais frequentes, a falta de treinamento adequado da mão de obra que manuseia e aplicam os materiais, a má qualidade dos materiais em si e processos inadequados de armazenagem. (LIMMER, 2012, p. 132)

A partir desta citação, entende-se que, partes dos resíduos gerados nas obras de construção civil, se deve à falta de qualificação da mão de obra e da disposição inadequada no canteiro de obras, fatores que devem ser contemplados no planejamento e gerenciamento do projeto. Segundo Limmer (2012), o ciclo de vida de um projeto é composto por quatro estágios básicos: Concepção, planejamento, execução e finalização, conforme Quadro 1.

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Quadro 1 - O ciclo de vida do projeto

Etapa Definição

Concepção Abrange em primeiro lugar a identificação da necessidade de implantação do

mesmo. Após de decidida a implantação segue-se a etapa de verificação de viabilidade técnica e econômica do projeto geralmente esta etapa contempla um projeto de engenharia, uma estimativa de custos e um cronograma preliminar, identificação de alternativas de captação de recursos, apresentação para apreciação do investidor (es) ou proprietário (s) e autorização para implementação do projeto;

Planejamento O estágio do planejamento compreende o desenvolvimento de um plano de projeto que servirá de diretriz para a sua implementação contendo desenhos, especificações de materiais, equipamentos e técnicas de execução, cronogramas, orçamentos e diretrizes gerenciais;

Execução Esta etapa contempla o estabelecimento de uma estrutura organizacional para

o gerenciamento e implementação do projeto, a aquisição de recursos de materiais e mão de obra, a materialização dos componentes físicos do projeto, a garantia de qualidade, a avaliação do desempenho, a análise do progresso alcançado e as modificações de projeto ditadas pela retroalimentação do sistema;

Finalização Este estágio visa colocar em operação a obra construída treinando-se para isso a operadores; transferir sobras de materiais aos seus legítimos proprietários; documentar resultados; transferir responsabilidades; desmobilizar recursos e realocar a equipe envolvida na execução;

Fonte: Adaptado de Limmer (2012).

Observa-se que o ciclo de vida do projeto apresenta 3 fazes em que o gerenciamento de resíduos da construção civil são fatores importantes e relevantes, são elas o planejamento, a execução e a finalização.

No processo de planejamento, deve-se fazer o levantamento e a previsão de todos os insumos utilizados no empreendimento e identificar os meios de gestão dos mesmos para que os descartes possam ser alocados ou destinados aos locais corretos. Muitos dos resíduos podem ser reutilizados, reaproveitados ou reciclados.

No processo de execução, deve se observar a forma como são tratados os insumos de forma a gerarem o mínimo de rejeito residual possível, e durante este processo deve se respeitar as diretrizes estabelecidas no planejamento quanto a locação e destinação dos resíduos dentro e fora da obra.

Limmer (2012) ainda cita a transferência da sobra de materiais, podendo ser materiais não utilizados que retornam ao fornecedor ou resíduos do processo construtivo ou da limpeza da obra que devem ser destinados corretamente a industrias de reciclagem ou a aterros específicos.

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2.3 RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL E O ENQUADRAMENTO LEGAL

De acordo com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), (MMA, 2010), a construção civil é um importante segmento da indústria brasileira, tida com um indicativo do crescimento econômico e social. Contudo, também constitui uma atividade geradora de impactos ambientais, e seus resíduos têm representado um problema para ser administrado. Além do intenso consumo de recursos naturais, os grandes empreendimentos colaboram com a alteração da paisagem e, como todas as demais atividades da sociedade, geram resíduos.

Geralmente os RCC não são vistos como um vilão quando falamos em meio ambiente, porém, representam um grave problema dentro da realidade urbana.

Os RCC representam um grave problema em muitas cidades brasileiras. Por um lado, a disposição irregular destes resíduos pode gerar um problema de ordem estética, ambiental e de saúde pública. Por outro lado, eles representam um problema que sobrecarrega o sistema de limpeza pública municipais. (IPEA, 2012, p. 10).

Os RCC devem ter um gerenciamento adequado para evitar que sejam abandonados nas margens de rios, terrenos baldios ou outros locais inapropriados, questão que pode intensificar problemas de saúde pública, ou mesmo a poluição do sola e água, conforme IPEA (2012). Portanto, o Brasil gera aproximadamente 31 milhões de toneladas de RCC ao ano, porém menos da metade é coletada e ou reciclada. Conforme Tabela 2, pouco mais de 14 milhões de toneladas são coletadas.

Tabela 2 – Estimativa de quantidade de RCC coletadas no Brasil Quantidade de RCC coletadas no Brasil

Brasil Quantidade coletada de RCC de

origem pública (milhões de t/ano)

Quantidade coletada de RCC de origem privada (milhões de t/ano)

Amostra: 372 municípios 7,192 7,365

Fonte: Adaptado de IPEA – Diagnóstico da Construção Civil (2012).

De forma geral, os RCC são vistos como resíduos de baixa periculosidade, sendo o impacto causado pelo grande volume gerado. Contudo, nesses resíduos há presença de material orgânico, produtos químicos, tóxicos e de embalagens diversas que podem acumular água e favorecer a proliferação de insetos e de outros vetores de doenças.

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Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2011), através da Norma Regulamentadora (NR) 18, que trata das condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e traz diretrizes para a ordem e a limpeza do canteiro de obras, o canteiro de obras deve permanecer limpo e organizado de forma que não haja impedimento em vias de circulação e passagens, bem como cita que entulhos e sobras de materiais devem ser regularmente coletados e removidos e ainda é objetiva quanto a disposição inadequada de resíduos, “É proibido manter lixo ou entulho acumulado ou exposto em locais inadequados com canteiro de obras” (ABNT.NR 18, 2011, p. 40). O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 2002), através da Resolução N 307, de 05 de julho de 2002, define resíduos da construção como:

[...] provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha (CONAMA, 2002, p. 1).

A classificação dos RCC é dada de acordo com o Art. 3º da Resolução 307 do CONAMA, conforme o Quadro 2. Esta resolução passa por atualizações frequentes devido ao constante avanço tecnológico do setor da construção civil e o desenvolvimento de novos materiais e insumos aplicados no segmento e nas atividades a ele inerentes.

Quadro 2 – Classificação dos resíduos da construção civil

CLASSE DEFINIÇÃO MATERIAL FONTE

A São Resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados: De construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos. De processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto produzidas nos canteiros de obras;

Solos, tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento,

argamassa e concreto, e artefatos de cimento, como blocos, tubos, meio-fio etc.

CONAMA Resolução N 307, art. 3 de 05 de julho de 2002.

B Resíduos recicláveis para outras destinações. Plásticos papel, papelão metais, vidros madeiras e gesso

CONAMA Resolução N 307, art. 3 de 05 de julho de 2002. – Atualizado na Resolução 431/11 C Resíduos para os quais não foram desenvolvidas

tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam sua reciclagem ou recuperação

CONAMA Resolução N 307, art. 3 de 05 de julho de 2002. – Atualizado na Resolução 431/11 D São resíduos, contaminados ou prejudiciais a

saúde, oriundos de construção, demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas,

Solventes tintas óleos, telhas de amianto ou outros produtos

CONAMA Resolução N 307, art. 3 de 05 de julho de 2002. – Atualizado na

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instalações industriais e outros nocivos a saúde Resolução 348/04 Fonte: Adaptado de Resolução N 307 CONAMA (2002).

Já, Philippi Jr. (2004), descreve resíduos industriais como todos aqueles gerados nos processos produtivos das industriais, os quais contemplam atividades desde a extração da matéria prima até o produto e sua destinação final, o mesmo define nesta obra os RCC como entulhos.

A rigor, os entulhos poderiam ser considerados como resíduos urbanos, em razão de suas características e volumes, normalmente são classificados separadamente. Entulhos constituem-se basicamente de resíduos de construção civil: demolições, restos de obras, solos de escavações e materiais afins.

Analogamente aos resíduos urbanos, as prefeituras são corresponsáveis por pequenas quantidades. (PHILIPPI JR. 2004, p. 160).

Ainda conforme o autor, os resíduos industriais variam entre 65 e 75% do total de resíduos gerados em regiões mais industrializadas. Conclui-se assim que em regiões cuja atividade industrial é predominante os resíduos correspondem a mais de dois terços de todo resíduo gerado.

Contudo, Phillippi Jr (2004), destaca que a responsabilidade pela destinação dos resíduos é do agente gerador, cuja a atividade econômica ou não gere resíduos e, dependendo da forma como destinados, passam a ser responsabilidade da empresa transportadora ou receptora dos materiais. “Quando um resíduo industrial é destinado a um aterro, a responsabilidade passa a ser da empresa que gerencia o aterro” (PHILIPPI JR. 2004, p.159).

É importante compreender as definições específicas inerentes a questão dos RCC, as quais são apontadas pelo CONAMA e esclarecem, qualificam e caracterizam as etapas do processo que envolve a geração e gestão dos resíduos produzidos pela indústria da construção civil. Estas definições devem ser comtempladas no processo de elaboração do plano de gestão dos materiais descartados e devem fazer parte do cotidiano das empresas que, por objetivo visam o desenvolvimento de atividades com menor impacto ambiental, orçamentário e que sejam sustentáveis.

De acordo com o CONAMA, na Resolução número 307, Art. 2, são dadas as seguintes definições técnicas aos RCC, conforme Quadro 3.

Quadro 3 – Definições técnicas inerentes aos resíduos da construção civil

Definição Caracterização

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Civil: de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha;

Geradores: São pessoas, físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, responsáveis por atividades ou empreendimentos que gerem os resíduos definidos nesta resolução;

Transportadores: São as pessoas, físicas ou jurídicas, encarregadas da coleta e do transporte dos resíduos entre as fontes geradoras e as áreas de destinação;

Gerenciamento de resíduos: É o sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos;

Aterro de resíduos de classe A de reservação

de material para usos futuros: é a área tecnicamente adequada onde serão empregadas técnicas de destinação de resíduos da construção civil classe A no solo, visando a reservação de materiais segregados de forma a possibilitar seu uso futuro ou futura utilização da área, utilizando princípios de engenharia para confiná-los ao menor volume possível, sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente e devidamente licenciado pelo órgão ambiental competente; (nova

redação dada pela Resolução 448/12);

Área de transbordo e

triagem de resíduos da construção civil e resíduos volumosos (ATT):

Área destinada ao recebimento de resíduos da construção civil e resíduos volumosos, para triagem, armazenamento temporário dos materiais segregados, eventual transformação e posterior remoção para destinação adequada, observando normas operacionais específicas de modo a evitar danos ou riscos a saúde pública e a segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos; (nova redação dada pela

Resolução 448/12);

Gerenciamento de resíduos sólidos:

Conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma da Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010; (nova redação dada pela Resolução

448/12);

Gestão integrada de

resíduos sólidos:

Conjunto de ações voltadas para a busca de soluções para os resíduos sólidos, de forma a considerar as dimensões política, econômica, ambiental, cultural e social, com controle social.

Fonte: Adaptado de Resolução N 307 CONAMA (2002).

2.4 PLANO DIRETOR E DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE

CHAPECÓ/SC

O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos/Chapecó (PGIRS) em seu Art. 5, inciso 5.1, item C, cita resíduos da construção civil e mineração, e define que, para esta

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classificação, predominam materiais trituráveis como, restos de alvenarias, argamassas, concretos e asfalto, além do solo, todos designados como classe A (reutilizáveis ou seletivos), sendo que materiais a base de minérios e solos correspondem a 80% dos resíduos gerados (PGIRS, 2014).

O PGIRS (2014) cita ainda, materiais facilmente recicláveis, como embalagens em geral, tubos, fiação, metais, madeira e o gesso. Este conjunto é designado de classe B (seletivos para outras destinações) e corresponde a quase 20% do total de resíduos gerados em no município, sendo que metade é debitado às madeiras, material bastante usado na construção civil. O restante são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis, que permitam a sua reciclagem / recuperação e os resíduos potencialmente perigosos, como alguns tipos de óleos, graxas, impermeabilizantes, solventes, tintas e baterias de ferramentas.

A Tabela 3, mostra uma estatística das fontes geradoras e componentes dos RCC em percentual por materiais e insumos aplicados em atividades inerentes a construção civil. São materiais corriqueiros de uso em grande volume em qualquer obra.

Tabela 3 – Fontes geradora e componente dos RCC Fontes geradoras e componentes dos RCC (em %)

Componentes Trabalhos

rodoviários Escavações Demolições Obras diversas Limpezas

Concreto 48,0 6,1 54,3 17,5 18,4 Tijolo 0,0 0,3 6,3 12,0 5,0 Areia 4,6 9,6 1,4 3,3 1,7 Solos / lama 16,8 48,9 11,9 16,1 30,5 Rochas 7,0 32,5 11,4 23,1 23,9 Asfalto 23,6 0,0 1,6 1,0 0,1 Metais 0,0 0,5 3,4 6,1 4,4 Madeira 0,1 1,1 1,6 2,7 3,5 Papel/orgânico 0,0 1,0 1,6 2,7 3,5 Outros 0,0 0,0 0,9 0,9 2,0

Fonte: Adaptado de IPEA (2012).

Observa-se a ocorrência e a variação de RCC gerados por materiais específicos de acordo com os serviços executados, e ou, áreas específicas onde são aplicados, sendo que ambos têm peculiaridades e demandam de tecnologias distintas para sua reutilização ou reciclagem.

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Segundo Philippi Jr. (2004), destinar materiais como vidros, plásticos e papeis aos aterros sanitários não é uma solução adequada ou mesmo inteligente. Caso que se repete quando os aterros acabam recebendo RCC. Como os RCC são materiais inertes, ou seja, aqueles que não possuem propriedades combustíveis, ou de baixo potencial de impacto ambiental, eles são aceitos para a recuperação de áreas alagáveis, aterros e reaterros, ou então são destinados de forma aleatória e irregular em beiras de estrada, cursos d’agua ou em aterros sanitários não estruturados para o recebimento destes materiais.

3 METODOLOGIA

Segundo Marconi e Lakatos (2008), define como método o conjunto de atividades sistemáticas e reacionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo traçando um caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. O autor cita que todas as ciências se caracterizam pela utilização de métodos científicos, o mesmo concluí que a utilização de métodos científicos não é uma atividade exclusiva da ciência, mas que não ciência sem a aplicação de métodos científicos.

A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados, (GIL, 2010, p.1).

Conclui-se que a aplicação de métodos e conhecimentos ordenados no desenvolvimento da pesquisa é necessária para a produção de dados satisfatórios e de qualidade no que tange a obtenção do objetivo final que é a resolução do problema proposto.

Portanto, Marconi e Lakatos (2008), define o método indutivo ou a indução como, um processo mental por intermédio do qual, através de dados particulares constatados, se infere uma verdade universal. Sendo assim, o objetivo dos argumentos indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que das premissas que serviram de base à pesquisa. Este estudo faz uso da pesquisa descritiva, o qual tem por objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre as variáveis. Constitui importância significativa no desenvolvimento de pesquisa qualitativa e envolve técnicas padronizadas de coleta de dados, segundo Figueiredo et. al. (2014).

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O delineamento é um estudo de campo que consiste na coleta de dados junto a uma amostra populacional, segundo Gil (2010), o estudo de campo é mais aprofundado e tem maior flexibilidade, ele se vale de entrevistas, questionários e principalmente a observação, todas estas ações são realizadas no local de ocorrência dos fatos estudados. A população em análise nesta pesquisa são as obras e os empreendimentos executados pela indústria da construção civil do município de Chapecó/SC. As observações foram realizadas no primeiro semestre de 2016, nos meses de fevereiro a junho.

Portanto, foram definidas as amostras do estudo, que define é uma porção ou parcela, convenientemente selecionada do universo (população), é um subconjunto do universo (MARCONI e LAKATOS, 2008). As amostras são três edificações residencial multifamiliar, localizado em diferentes bairros de Chapecó.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Em todas as obras acompanhadas ficou claro a falta de ferramentas para a gestão dos resíduos gerados e do canteiro de obra, o que afeta diretamente o desenvolvimento das atividades por parte dos colaboradores e funcionários, pois, há desperdício de materiais, insumos, limitação dos espaços e da logística dentro do canteiro da obra. Conforme mostra a Figura 01.

Figura 01 – Canteiro de obras sem definição de espações para materiais ou resíduos

(18)

Na Figura 1, é visível a falta de gestão do canteiro de obra na qual é possível visualizar a disposição inadequada dos resíduos no canteiro de obras sem limitação de espaço ou separação dos resíduos e insumos. Dentre os resíduos gerados nesta obra, cerca de 1.650 metros cúbicos de solo foram removidos, deste volume, somente cerca de 10% foi reutilizado na obra, conforme a Figura 2, o restante do material foi direcionado para depósitos e aterros por empresas contratadas.

Figura 2 – Disposição de solo removido no canteiro de obras

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Conforme a Figura 2, percebe-se o deposito de terra removida, mistura com material da obra, ou seja, uma falta de planejamento do canteiro de obras. Em uma das obras observadas, foram escavados 38 tubulões para concretagem da fundação, todos com variação entre 14 a 16 metros de profundidade e, com diâmetro médio de 1,20 metros.

Neste processo, observou-se que somente uma pequena fração do material residual do serviço de escavação pôde ser reutilizado, pois, devido a ocorrência de água, houve necessidade de drenagem de 5 tubulões, que apresentaram lama muito líquida. O dreno, feito por bombas hidráulicas, direcionaram os resíduos (lama) para a rede pública de drenagem de água pluvial, conforme a Figura 3, cerca de 40 m³ de lodo foram despejados inadequadamente na rede pública, este material fica depositado nas canalizações e provoca obstrução dos mesmos.

(19)

Figura 3 – Resíduos de drenagem despejados na rede de drenagem urbana

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Em todas as obras foi possível verificar a ocorrência de resíduos locados inadequadamente no canteiro de obras. Segundo a ABNT NR – 18, item 18.4 que trata das áreas de vivência, são básicos alguns itens de infraestrutura e suporte aos funcionários do canteiro de obras, como a instalação de módulos sanitários, inexistentes na obra A, conforme descrito neste trabalho, ou mesmo a falta de locação e coleta regular dos RCC apresentados na obra B.

A classificação dos RCC e sua seletividade é necessária pois vários dos materiais descartados não tem a mesma destinação. De acordo com CONAMA, na Resolução nº 307 de 2002, nº 431 de 2011 e nº 448 de 2012, os resíduos de construção civil são classificados de acordo com sua destinação final, sendo os de Classe A os recicláveis ou reutilizáveis como agregado, Classe B reutilizáveis ou recicláveis para outas destinações, Classe C os resíduos sem tecnologia de reciclagem ou reaplicação economicamente viável e resíduos da Classe D que são resíduos perigosos e contaminantes ou prejudiciais à saúde.

Embora em muitos casos o canteiro de obras tenha espaço limitado, que muitas vezes é utilizado para comportar todo o material e insumos consumidos nas várias etapas da obra, os RCC podem ser alocados em caçambas destinadas para este fim, desta forma, o material passa a ser coletado regularmente e recebe a destinação adequada.

(20)

A implantação de um sistema de gestão de resíduos implica na locação de estrutura para o depósito destes materiais:

a) Para resíduos de Classe A: os quais podem ser reutilizados como agregado, é importante a estruturação de uma caixa ou cerca que impeça que este material se espalhe, sendo em sua maioria material sedimentar;

b) Para resíduos de Classe B: os quais não possuem reaplicação ou reutilização na obra, mas que são totalmente recicláveis, é ideal que sejam dispostos em locais próximos a área externa da obra e de fácil acesso preferencialmente em caçambas que facilitem a coleta e remoção, recebendo a destinação adequada em usinas de triagem e reciclagem destes materiais;

c) Para resíduos de Classe C: onde não há tecnologia ou reaplicação viável, foi sugerido a locação direta em caçamba para coleta direcionada, seja pelo órgão público competente ou por empresa privada que possua licença para destinação final destes resíduos.

d) Para os resíduos de Classe D: os quais em obras de construção civil são em sua maioria limitados e colas, tintas e solventes, foi orientado o depósito provisório em obra, em local abrigado de intempéries objetivando ainda o não acúmulo de água e proliferação de possíveis vetores.

A mesma resolução, CONAMA nº 307/2002, ainda trata em seu Art. 4 da responsabilidade dos agentes geradores em priorizar a não geração de RCC e secundariamente a redução, reutilização, reciclagem e destinação final adequada dos resíduos produzidos.

Quanto a destinação final dos RCC, foi possível avaliar que grande quantidade destes resíduos são diariamente descartados de forma inadequada pelas empresas geradores ou responsáveis pelo transporte e destinação final. Na Figura 4 é possível observar a forma com que os RCC chegam aos aterros sanitários e como são depósitos.

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Figura 4 – Disposição irregular de RCC.

Fonte: Dados da pesquisa (2016).

Na Figura 4, é observado a ocorrência de materiais recicláveis, os quais deveriam passar por triagem e direcionados a usinas de reciclagem, tais como plásticos, papeis, ferros, pedras e madeiras, todos esses materiais podem ser reciclados, desde que haja um processo adequado. Independente dos materiais dispostos no aterro, observa-se que não há estruturação do mesmo para o recebimento dos resíduos, pois fica próximo a um córrego e a um olho de água, contaminando a água.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através das atividades desenvolvidas se percebe o não planejamento específicos para a à gestão dos resíduos gerados na construção civil, principalmente os oriundos do canteiro de obras. A possibilidade de desenvolvimento de pesquisas nesta área abre espaço ainda para o desenvolvimento de estudos inerentes a reutilização dos resíduos da construção civil dentro do próprio canteiro de obras, reduzindo assim custos com a aplicação de materiais derivados das atividades da própria obra.

Os dados de campo desta pesquisa podem fomentar pesquisas que visem a elaboração de ferramentas e sistemas de gestão dos resíduos da construção civil de Chapecó, bem como, o monitoramento dos aterros, para otimizar os processos construtivos, incorporando tecnologias que possibilitam o melhor uso dos materiais e insumos nas obras.

(22)

Para as obras analisadas, foi sugerido que seja implantado um sistema de gestão de RCC de caráter paliativo, visto que não foram contemplados no projeto e planejamento de implantação no canteiro de obras. O sistema sugere a identificação, instalação e adequação de locais específicos do canteiro de obras para o armazenamento dos RCC respeitando sua classificação para posterior coleta. Porém, a adequação das empresas é de caráter emergencial pois, são visíveis os impactos causados pela má gestão dos RCC e pela falta de controle e planejamento em seu manejo.

Os impactos são sentidos além do meio ambiente, mas também no aspecto social. As comunidades circundantes ou que compartilham dos espaços onde são gerados ou depositados inadequadamente os resíduos, tem problemas que variam desde a poluição visual até a incidência de vetores ou contaminação por substâncias químicas.

Os objetivos de identificar, avaliar e propor alternativas de gestão dos resíduos foi alcançada e deixa caminho aberto para a o desenvolvimento de novas atividades na área proposta para o estágio através de pesquisas científicas e elaboração de políticas de responsabilidades sócio ambientais para empresas da indústria da construção civil.

A degradação ambiental abre espaço para a poluição visual, vetores e animais, provocados pelo acúmulo dos resíduos sólidos, lixo urbano e pela ação dos moradores do entorno do aterro, os quais vasculham os amontoados de entulhos a procura de materiais recicláveis, com queimas frequentes para separação de fios e outros derivados de cobre. Assim, o monitoramento, aliado a gestão eficaz reduz o problema de zoonoses e proliferação de doenças, os quais atingem diretamente as áreas próximas. Desta forma, compreender processo de descarte dos resíduos sólidos da construção civil, a gestão dos aterros sanitários de Chapecó, requer um olhar mais efetivo do poder público municipal, locais públicos, demandam atenção técnica específica, para assim, permitir que essas áreas sejam usadas para um bem coletivo, ou seja, de preservação ambiental.

REFERÊNCIAS

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Regulamentadora 18, PORTARIA GM n. 3.214, de 08 de junho de 1978, última atualização PORTARIA SIT n. 254, de 04 de agosto de 2011.

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DIAS, Reinaldo. Gestão Ambiental: Responsabilidade Social e Sustentabilidade / Reinando Dias. – 2. Ed. – São Paulo: Atlas, 2011.

FIGUEIREDO, A. M. B. et al. Pesquisa Científica e Trabalhos Acadêmicos. Chapecó, SC. UCEFF, 2014.

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VEIGA, José Eli da. Cidades imaginárias: o Brasil é menos urbano do que se calcula. 2º ed. Campinas, SP. Autores Associados, 2003.

Imagem

Tabela 2 – Estimativa de quantidade de RCC coletadas no Brasil  Quantidade de RCC coletadas no Brasil
Tabela 3 – Fontes geradora e componente dos RCC
Figura 01 – Canteiro de obras sem definição de espações para materiais ou resíduos
Figura 2 – Disposição de solo removido no canteiro de obras
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