Clio/ArlfuBolo6ia
1
reyisfa da unidade d, arf/u,oI09ia do clnfro
dI Aisfória da un;y,rsidad,
d,
lisboa
~3.g.
VNIARCH
.;
Clio/Arqueolo6ia
1
revista dA unidAde d, arfjulolo9iA do centro
de história dA univlrsidadl
d,
lisboA
~s·g4-VNIA1ZCH
-
,.
VNIARCH
Clio/
Ar
4ueolooia
Revista da UNIARCH - Unidade de Arqueologia do Centro de História da Universidade de Lisboa (Instituto Nacional de Investigação Científica), vol. 1, 1983-84.
Direcção: Victor GonçaJves
Colaboradores permanentes: Ana Margarida Arruda, J. C. Senna-Martínez, Pedro Barbosa, Helena
Cata ri no, Ana Carvalho Dias
Orientação gráfica e capa: Victor Gonçalves
Capa: Ektachrome de V.G. (Vila Nova de S. Pedro, pormenor da fortificação interior) Revisão de provas: Ana Lúcia Esteves e Mário Cardoso
Fotocomposto por Textype, Lisboa
Impresso por Minerva do Comércio, Lisboa, 1985
Distribuído por Imprensa Nacional, Rua Marquês Sá da Bandeira, 16 A, 1000 Lisboa
As ideias expressas pelos colaboradores de CLlO/ ARQUEOLOGIA não são necessariamente as da Unidade de Arqueologia.
Toda a correspondência:
Unidade de Arqueologia. Centro de História. Faculdade de Letras. 1699 Lisboa Codex - Portugal. Aceita-se permuta/Echange accepted/On prie l'échangelTauschverkehr erwünscht
INDICE Editorial
- Apresentação, seguida de uma Pavana por uma arqueologia (quase) defunta, com votos de pronto restabelecimento
Victor Gonçalves ... 9-15 Estudos e intervenções
- Um corte através da fortificação interior do castro calco lítico de Vila Nova de S. Pedro,
Santarém ( 1 9 5 9 ) . .
H. N. Savory ...... 19-29 - A cronologia absoluta (datações C14) de Zambujal
H. Schubart e E. Sangmeister ...... 31-40 - O povoado calcolítico de Leceia (Oeiras), La e 2.a Campanhas de escavação, (1982,
1983)
João L. Cardoso, Joaquina Soares e Carlos Tavares da Silva ... 41-68 - Cabeço do Pé da Erra (Coruche), contribuição da campanha 1 (83) para o
conhecimen-to do seu povoamenconhecimen-to calcolítico
'Victor Gonçalves ...... ... ... 69-75 - Resumos de intervenções em Escoural (Montemor-o-Novo) e Monte da Tumba
(Torrão)
Rosa e Mário Varela Gomes, M. Farinha dos Santos, Joaquina Soares e Carlos
Tava-res da Silva ... ... ... . . . 77 -79 - Doze datas 14C para o povoamento calcolítico do cerro do Castelo de Santa Justa
(Alcoutim): comentários e contextos específicos
Victor Gonçalves ... . 81-92 - Precisiones en torno a la cronologia antigua de Papa Uvas (Aljaraque. Huelva)
J. C. Martín de la Cruz .. ... 93-1 04 - Contribuições para uma tipologia da olaria do megalitismo das Beiras: olaria da Idade
do Bronze .
J. C. Senna-Martínez .... 105-138 Em discussão
-- Povoados calcolíticos fortificados no Centro/Sul de Portugal: génese e dinâmica evo-lutiva Victor Gonçalves, João Cardoso, Rosa e Mário Varela Gomes, Ana Margarida Arruda, Joaquina Soares, Carlos Tavares da Silva, Caetano de Mello Beirão, Rui
Parreira. . . . . . .. 141-154 Arqueologia hoje (Conversas de Arqueologia & Arqueólogos)
- Jean Guilaine responde a Victor Gonçalves Medir e contar
- Contribuições arqueométricas para um modelo socio-cultural: padrões volumétricos na Idade do Bronze do centro e NW de Portugal
157-166
J. C. Senna Martínez ...... 169-188 Varia Archaeologica
- Três intervenções sobre arqueologia no Algarve
Victor Gonçalves, Ana Margarida Arruda, Helena Catarino 191-196 - Arte~acto de pedra polida de grandes dimensões provenientes de Almodêvar (Beja)
Em construção. Relatórios de actividade
- Programa para o estudo da antropização do Baixo Tejo e afluentes: Projecto para o estudo da antropização do Vale do Sorraia (ANSOR)
Victor Gonçalves, Suzanne Daveal' ... '" . ... . .. . .... . .. . . ... 203-206 - Programa para o estudo da evolução das sociedades agro-pastoris, das origens à
metalurgia plena, dos espaços abertos aos povoados fortificados, no Centro de Portu-gal (ESAG).
Victor Gonçalves ..... 207-211 - O monumento n.o 3 da Necrópole dos Moinhos de Vento, Arganil - A Campanha
1(84).
J. C. Senna-Martínez ... 213-216 - Alcáçova de Santarém. Relatório dos trabalhos arqueológicos de 1984.
Ana Margarida Arruda ... ... 217-223 - Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 2(82).
Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit.. 225-227
- Anta dos Penedos de S. Miguel (Crato). Campanha 3(83).
Victor Gonçalves, Françoise Treinen-Claustre, Ana Margarida Arruda, Jean Zammit 229-230
- Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 5(83). Objectivos, resultados, perspectivas.
Victor Gonçalves ...... 231 -236 - Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Campanha 6(84). Resumo de conclusões.
Victor Gonçalves ...... ... 237-243 - Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de
1983.
Ana Margarida Arruda ... ... 245-248 - Escavações arqueológicas no Castelo de Castro Marim. Relatório dos trabalhos de
1984.
Ana Margarida Arruda ... 249-254
livros Novos, Novos Livros
- Para uma arqueologia total.
Luís Gonçalves, Paula Ferreirinha
- Pré-História e Decadência.
257-259
Teresa Gomes da Costa, António Baptista ....... 259-262 - Pré-História Europeia, entre o ensino e o mito.
Nuno Carvalho Santos ...... 262-264
Notícias e Recortes
As primeiras comunidades rurais no Mediterrâneo Ocidental ... .
Comissão Directiva do Centro de História ... ... .
Quinta do Lago, uma intervenção de emergência da UNIARCH ... .
A UNIARCH e o projecto ANSOR em Coruche ... ... .
Encontros UNIARCH/MAEDS ... , ... .
Novas grutas em Torres Novas ." ... , ... , ... , ... , ... ,
Doutoramento em Pré-História .,., .. , ... " ... , ... .
Novo doutoramento em Arqueologia ... , ... , .... " ... , ... " .... ", ..
Vila Nova de S, Pedro: o recomeço , ... , ... , .. , .... , ... " .... , ... " ... , ... ,
Publicações da UNIARCH .. , ... , ... , ... , .. ,." ... " .... ... .
Governador Civil de Faro visita escavações do Cerro do Castelo de Santa Justa , ... .
RECORTES .. " . " " , .... " " , ... ",.", ... ,., .... , .... " ... , ... .
Em anexo
Textos de Arqueologia em CLlO, Revista do Centro de História da Universidade de Lisboa (1979-1982) ... :, ... , ... . Autores de textos em CLlO/ARQUEOLOGIA 1: observações e endereços .. ... .
.267-269 269 270-271 272-273 273 273-273 274-276 276-277 277 277 278 279-283 287-288 289
CLlO/ARQUEOLOGIA, REVISTA DA UNIARCH, VOL. 1, LISBOA, 1983-1984 81
Doze datas
14C
para o
povoamento calcol ítico do cerro
do Castelo de Santa Justa
(Alcoutim): comentários e
contextos específicos
VICTOR GONÇALVES·
1. O Cerro do Castelo de Santa Justa
2. as datas 14C
3. agrupamentos e comentários
4. conclusão 5. bibliografia
1 .1. O Cerro do Castelo de Santa Justa localiza-se cerca da povoação de onde o seu nome deriva (freguesia de Martim Longo, conce-lho de Alcoutim, distrito de Faro), tendo um seu ponto central as coordenadas hectométricas Gauss
x- 50:6
y -238.1
Atrás de tempo tempo vem (popular)
na Cartá Militar de Portugal, folha 574, edição de
1951.
Foi identificado em 1978, na sequência dos trabalhos de cartografia arqueológica sistemáti-ca do Algarve Oriental, levados a efeitos pela equipa da Carta Arqueológica do Algarve (CAALG), inicialmente um projecto autónomo no Ce.ntro de História da Universiqade de Usboa (organismo dependente do Instituto Nacional de Investigação Científica funcionando na FaculdR-de FaculdR-de L~tras de Usboa) 1
• Este texto. originalmente programado para CLlO 4. foi acrescentado posteriormente com os resultados de duas datações obtidas na Univ. de
82
o
aspecto geral do cabeço, bem diferenciado na paisagem, onde se implantava o «Castelo» de Santa Justa conduziu à lógica programação de uma intervenção, a Campanha 1 (79), à qual se sucederam, anualmente, outras.Os resultados parciais obtidos começaram a ser divulgados logo de seguida, quer sob a forma de textos que estabeleciam sínteses pro-visórias (V. Gonçalves 1980a e 1982a) quer sob a forma dos próprios Relatórios de Escavação (V. Gonçalves, 1980 b, 1981 a, 1981 b, 1982 b).
As sucessivas campanhas de escavação no Cerro do Castelo de Santa Justa permitiram a recolha de matérias orgânicas susceptíveis de serem datadas pelo método do carbono 14. Um critério presidiu à sua selecção definitiva:
concedeu-se prioridade absoluta a todas aque-las que datariam algo, evitando-se datações no vazio que, como se sabe, mais perturbam poss í-veis leituras que contribuem para o esclar eci-mento de situações ou contextos. Infelizmente,
nem sempre surgem matérias em quantidades ou localizações óptimas, pelo que em áreas on-de precisaríamos on-de mais amostras nos tivémos de limitar a um número que só posteriores trab
a-lhos poderão ampliar. Por outro lado, as
margens de erro parecem-nos francamente ex-cessivas, o que justificou a decisão de repetir algumas datações.
Dez das datas que adiante se publicarão fo-ram obtidas no Laboratorio de datación por Carbono-14 da Faculdade de Ciências da Uni-versidade de Granada. A direcção do Laborató-rio é da responsabilidade do Prof. Cecílio González Gómez e a aferição feita com Teledy-ne Isotopes (New Jersey) e o National Physical Laboratory (Teddington). Duas outras, no Labo-ratoire de Radiocarbone da Universidade de Lyon.
A sigla do laboratório, que antecede as datas, é UGRA- e Ly-, respectivamente para Granada e Lyon.
1.2. Ao falarmos do Cerro do Castelo de Santa Justa .deveremos, por razões de método, e numa primeira fase de aproximação, distinguir a sequência de ocupação (materializada em es-truturas, que traduzem a actividade quotidiana do grupo) do complexo dispositivo defensivo que as protegia.
As áreas de actividade podem assim seriar--se:
1. cabanas
2. estruturas de combustão
3. restos de combustão não estruturada 4. tear
5. estrutura, de significado em discussão, dita de I 25.
As cabanas de Santa Justa podem dividir-se em dois tipos, correspondentes a dois períodos de tempo separados por um importante aconte-cimento. Com efeito, num dado momento, o po-voado foi destruído por um incêndio que se ge-neralizou a toda a área ocupada. As estruturas de habitação arderam completamente, e desa-baram, e pouco saberíamos sobre esta fase, de longe a mais longa da vida do povoado, se o revestimento das paredes das cabanas, de argi-la amassada recobrindo uma estrutura de ma-deira (V. Gonçalves 1981 b, pp. 1 e 2, pp. 172-3 e
1982 a, fig. 2), não tivesse cozido e permaneci-do no local, sob a forma de uma extensa carapa-ça. Desta época possuímos, a nível de estrutu-ras, informações muito escassas, devido às grandes destruições que as habitações teriam sofrido. Sabemos, no entanto, que uma grande cabana colectiva existia na mesma área em que se viriam posteriormente, e sobre ela, a construir as cabanas de 2. a fase 1,2 e 3. A esta cabana
corresponderiam as estruturas de combustão detectadas, até hoje as únicas conhecidas no povoado (encontraram-se, no entanto, numero-sas evidências de combustão isolada, sem es-truturas de enquadramento mas, por vezes, com assinalável potência).
O tear parece pertencer à segunda fase, uma vez que os seus vestígios (muitas centenas de pesos de tear, em forma de crescente e com secção circular fina) se encontram numa posição estratigráfica que o permite afirmar. Foi identifi-cado em posição de adossamento a um antigo troço do· Muro 1, junto à Porta 1 (V. Gonçalves, 1980b, p. 28. A fig. 21 mostra a primeira deca-pagem deste conjunto).
Quanto à estrutura de I 25, cujo significado está ainda em discussão (V. Gonçalves, 1982), ela poderia representar uma área de relaciona-mento com o sagrado, se acreditássemos nas possíveis implicações de numerosos ídolos de cornos terem sido recolhidos em seu redor. A análise estratigráfica associa esta estrutura, qualquer que tenha sido o seu significado, à pri-meira fase de ocupação de Santa Justa e talvez seja relevante o facto de ela não ter sido recons-truída, permanecendo os idoios abandonados em seu redor. O que poderá ligar-se ao fenóme-no verificado fenóme-no mais antigo nível de enchimento da Torre 1, em que também se encontrou um
ídolo, fragmentado. Seríamos tentados a dizer que com a primeira fase de ocupação de Santa Justa termina também o uso ou o culto pelaS figuras a que nos referimos.
Esta área habitável era protegida por um dispositivo defensivo, de origem relativamente simples: um Muro, incluindo, pelo menos, uma Torre oca abrindo para o sêu interior, foi
poste-riormente reforçado em toda a sua extensão e a esse reforço acopladas Torres ocas e macissas de diferentes dimensões (de acordo com o mo-: mento de construção?) todas - à excepção da 3 - semic·irculares.
Digo acima pelo menos uma Torre, sem preci-sar mais, porqüe no seu sector orientado a 70g o Muro 1 foi extensamente reconstruído e é parti-cularmente difícil reconstituir aí a sua estrutura original que poderia, perfeitamente, incluir já ou-tras Torres. A esta fase de reconstruções pertence, aliás, a grande Torre 3, uma Torre que, nos seus alicerces, evidencia uma constru-ção co/eante, adaptada ao terreno e, evidente-mente, destinada a proteger a Porta 2. Também será oportuno referir a razão porque se fala de alicerces: o topo da Torre 3 está muito destruído pelos trabalhos agrícolas e pOderia ter sido ob-jecto de reconstruções posteriores, tome-se em conta as próprias dimensões da Torre.
Uma porta tipo Millares abria sensivelmente a 370g, durante a 1.a fase. A seguir ao traçado,
inicial, que nada apresentava de particularmente complexo, a fortificação explode literalmente em Torres que arrancam (isto é: fazem parte inte-grante) de um espesso reforço em xisto laminar que se adossa ao antigo e ao novo percurso do Muro 1. Estas torres não estão ainda totalmente identificadas, uma vez que haverá ainda que proceder a decapagens profundas em torno ao perímetro externo do Reforço ao Muro 1, o que tenho evitado fazer até hoje por razões de segu-rança e conservação do conjunto mas que está programado para as Campanhas 5(83) e 6(84).
O seu aspecto geral é o de macissas constru-ções semicirculares, cujas funconstru-ções poderão não ter sido exclusivamente defensivas mas também de apoio à própria construção.
Nesta segunda fase foi entaipada a Porta 1 e construída uma outra, em cotovelo, a recordar, salvaguardadas distâncias e dimensões, a porta do Zambujal (V. Gonçalves, 1981 b, Est. IV).
Não é impossível que na encosta se venham a identificar anéis de fecho que protegeriam áreas de actividade já largamente documentadas e, mesmo, as cqbanas extra-muros (V. Gonçalves, 1981b, p. 174).
1.3. A lista dos artefactos recolhidos em Santa Justa terá em breve extensa divulgação. Diremos apenas que os pratos se encontram particularmente bem representados em quase todos os níveis de ocupação, por vezes a par com perfis classicamente considerados mais an-tigos. Do conjunto, salientam-se os suportes de vaso, com notável variedade de dimensões mas sempre com um acabamento interior e exterior inconfundível, (V. Gonçalves, 1982b: Est. I e II), pequenas taças e potes de bordo espessado.
A cerâmica decorada é muito rara.
Para uma compreensão mais eficaz dos da-dos disponíveis, recomenda-se a leitura da-dos Relatórios de Campo (V. Gonçalves, 1980, 1981a, 1981b, 1982, 1983-4a, 1983-4b).
lO' 8' 6'
~ 4'
36'
altitude superior o ~oo m
200 km
Mapa 1 - Localização do Cerro do Castelo de Santa Justa no espaço português.
84 2.
São as seguintes as datas 14C obtidas para Santa Justa.
DATAS 14C PARA O POVOAMENTO CALCoLfTICO DO C.C. DE SANTA JUSTA
UGRA-75 UGRA-76A UGRA-76B Ly-3229 Ly-3230 UGRA-77 UGRA-85 UGRA-86 UG~A-89 UGRA-90 UGRA-91 UGRA-131 3990
±
130 BP 3920 ± 125 BP 3890 ± 170 BP 4250±
110 BP 4400±
140 BP 3960 ± 180 BP 3885±
130 BP 3910 ± 120 BP 5180±
160 BP 4310±
170 BP 4100±
140 BP 4390 ± 150 BPcarvão, recolhido em I 16, profundidade 35 cm
sementes carbonizadas, recolhidas em J 14, profundidade 60 cm
idem, idem idem, idem idem, idem
carvão, recolhido em H 17, profundidade 132 cm carvão, recolhido em M 18, profundidade 25 cm carvão, recolhido em L 18, profundidade 28 cm carvão, recolhido em I 15, profundidade 53 cm carvão, recolhido em E 17, profundidade 149 cm
carvão, recolhido em K 18, profunçidade 55 cm
carvão, recolhido em G 24, profundidade 184 cm
A coerência destas datas parece excelente, se eliminarmos do conjunto a datação UGRA-89, considerada obviamente aberrante. Mas, mais importante que as datas em si, é a sua disposi-ção em conjuntos precisos, relacionados com
determinados momentos da vida do povoado.
Sem estes contextos, com efeito, fraco seria o
seu significado.
3
Para compreender- de forma porventura mais directa a coerência das datações, convém distribuí-Ias graficamente de acordo com a data BP obtida e as margens de erro fornecidas pelo laboratório. A coordenada vertical indica os anos BP, a horizontal a referência de cada data,
alinhando-se da esquerda para a direita por or
-dem decrescente do número (assinalado no
grá-fico por um ponto a cheio). Os traços verticais
indicam a margem de erro aceite.
Um primeiro comentário irá naturalmente para
a exclusão de UGRA-89.
As quatro Campanhas de escavação no Cerro do Castelo de Santa Justa revelaram uma ocu-pação «compacta», cuja referência de
reconhe-cimento é, sem dúvida, a Inade do Cobre. 5180
BP é, à partida, e no estado actual dos nossos
conhecimentos, uma data em absoluto inaceitá-vel. Surgindo isolada, e sendo proveniente de um nível de ocupação claramente posterior ao início do povoado, é assim uma data aberrante e afastada liminarmente.
A um primeiro olhar, as restantes datações
pareceriam agrupar-se em dois tempos,
poden-do a análise arqueológica aceitar um terceiro, intermédio. Teremos, portanto
Grupo 1-UGRA-131 [4390 BP] UGRA- 90 [4310 BP] UGRA- 91 [4100 BP] Grupo II UGRA-75 [3990 BP] -77 [3960 BP] -76A e 76B [3920 e 3890 BP] -86 [3910 BP] -85 [3885 BP]
O primeiro grupo, que fornece as datações mais antigas até hoje obtidas, inclui uma data correspondente a uma área exterior ao
dispositi-vo, em -E 17 (UGRA-90). A amostra datada foi
recolhida na base de 'construções num estrato
que pode corresponder ao início do levantamen-to do Muro 1. A segunda data (UGRA-131) é particularmente importante, uma vez que a amostra foi recolhida em G 24, num estrato que
corresponde sem qualquer dúvida à construção
da plataforma de aplanamento de onde arran-cam os alicerces da Torre 3, uma construção particularmente complexa que virá a ser conti-nuada, a 170 g, por um novo troço do Muro 1,
com o objectivo de fechar, nesse ângulo, a
forti-ficação, protegendo a Porta 2.
As condições da recolha e a localização origi-nai da massa de carvão de onde a amostra foi extraída garantem-na como particularmente se-gura.
A data que isolei dos dois grupos poderia, teoricamente, ser associada ao segundo grupo,
(UGRA-91) mas o nível de que ela provem é o imediatamente anterior ao incêndio e, com uma certa probabilidade, poderíamos aceitá-Ia como um terminus post quem para a· segunda fase, isto é para o início da última ocupação do po-voado.
UGRA-77, erradamente referida pelo laborató-rio como proveniente de H 14 e na verdade pro-veniente de H 17 (no interior da Torre, oca, 1), poderá datar o início do enchimento da Torre, após o incêndio).
UGRA-76A e 768 datam sementes carboniza:' das que se encontravam num recipiente de grandes dimensões no nível imediatamente su-perior ao das fogueiras estruturadas de primeira fase, recipiente possivelmente quebrado pelos desabamentos e sementes carbonizadas pelo t,9go generalizado.
O segundo grupo de datas refere-se clara-mente à segunda fase do Cerro do Castelo de
Santa Justa. .
UGRA-75 foi obtida a partir de carvão encon-trado entre os derrubes das estruturas de habi-tação de segunda fase.
ZAMBUJAL
b
Destruição definitiva 1600 ?5
a
Última reconstruçãod
1675 ± 65 2000 ± 65}
C Destruição parcial 2105 ± 954
b
Casazz
{
a
Torres ocas (AlB)2230 ± 105 2105 ± 40 C Fortificação macissa 2045 ± 35
3
Primeiro Campaniforme 2105 ± 40b
2100 ± 35a
Casa V e lareiras Fecho da barbacã C2
b
Reforços interiores 2245 ± 55a
Barbacã e muralha II2250 ± 40 Torre S da muralha Ilr
C Casa X Casa Q
1
b
Reforços2400/2300 ?
a
Torre macissa (G) muralha IVNSP III
-VNSP II
VNSP I
Fig. 1 - Datas de carbono 14 para o povoado calcolítico do Zambujal (seg. Schubart, 1977).
Datações 14C do Zambujal (Schubart, 1977).
As datas correspondem, de baixo para cima, e em anos BP, a GrN -1009: 4200± 40;
GrN -6671 : 4195 ± 55; GrN -7002 : 4050 ± 35; GrN -7003 : 4055 ± 40; GrN -7004 : 3955 ± 35;
GrN -7003 : 4055 ± 40; GrN -7004 : 3995 ± 35; GrN -7005 : 4055 ± 40; GrN -6670 : 4180 ± 105;
GrN -6669 : 4055 ± 95; GrN -7007: 3950 ± 65 e GrN -6668: 3625 ±65.
86 UGRA-85 e 86 são datas que se referem à primeira cabana de segunda tas.e a ~er identifi-cada em Santa Justa.
Todos estes elementos justificam amplamente a homogeneidade das datações deste segundo grupo.
A propósito destes considerandos, referem-se de seguida algumas passagens do Caderno de Campo e tecem-se alguns comentários.
Aquando da recolha de UGRA-77: «A eXIs-tência de carvões no interior da Torre 1, junto ao ídolo de cornos, permite esperar uma datação 14C para a primeira fase de enchimento da Torre e para o próprio ídolo. Isto é particulamente inte-ressante uma vez que este artefacto ideotécnico tem sido encontrado em contextos não datados e o seu posicionamento cronológico está longe de me parecer satisfatório «(V. Gonçalves, 1981a: 167). Convém esclarecer esta observa-ção: o facto do ídolo de cornos referido surgir neste nível, incompleto e quebrado, indicará um
terminus ante quem para estas figurações e não
um sincronismo. Parece, portanto, de situar a utilização ou particular apreço por estes estra-nhos artefactos cerâmicos em período imediata-mente anterior ao indicado pela data que co-mentamos. bp 4500 4000 3500~----.---.---~---. ---<{ cc CD CD ... ... C7I o I I N (T) <{ <{ N N o: o: (T) (T) I I ~ (!) >. >. => :J ...J ...J
Fig. 2 - Datas para a mesma massa de sementes carboni-zadas obtidas em Granada e Lyon, uma séria advertência ao l:ISO «absoluto» do carbono 14 em datações finas.
A propósito das sementes carbonizadas pro-venientes de J 14 (UGRA-76, A e B), na altura da sua recolha a escavação atingia o nível ime-diatamente superior ao das lareiras, sendo estas escavadas. No seu interior não se recolheu car-vão em quantidade suficiente para datação, ao contrário do que então se pensara, mas, sobre elas, e junto ao bordo de um recipiente de arma-zenagem, encontrou-se uma densa camada de sementes carbonizadas. Não parece possível conectar estas sementes ao período em que as lareiras funcionaram mas uma alta probabilidade indica serem elas parte de determinada quanti-dade que teria sido carbonizada aquando do in-cêndio. As datas referentes a estas sementes foram reconfirmadas, procurando-se sobretl.'do diminuir a incompreensível alta margem de erro estatístico que as prejudica. Em 13.10.79, quan-do as estruturas de combustão começaram a ser escavadas, havia ainda a esperança de utilizar carvão recolhido no interior para as datar. Infe-lizmente, não se atingiu a quantidade necessá-ria.
A divergência entre as datações para estas sementes obtidas em Granada e Lyon justifica-rão outra nota noutro lugar.
A propósito das datas UGRA-85 e 86 o Cader-no de Campo é mais explícito: «trata-se muito provavelmente de uma cabana circulár, parcial-mente destruída e apenas visível a nível da fiada interior de pedras da sua parede» (V. Gonçal-ves, 1980 : 136. Desenho da estrutu'ra, p. 137).
E ainda: "Oo' esta estrutura é pobre de espólio, sendo os artefactos mais notáveis o movente L 18-9 e o fragmento de cadinho K 18-2» (este já na área exterior, uma vez que a cabana desenvolve-se em L-M/18).
Parece pois que, mau grado as elevadas margens de erro estatístico, as datas que restam, após a supressão de UGRA-89, se apresentam coerentes e cheias de significado. Como se viu, elas são mais numerosas para a segunda fase do povoado que para a primeira. Aliás as duas datações disponíveis deverão ser entendidas mais no sentido de post quem que na plenitude do seu desenvolvimento. É natural que futuras datas, se novas amostras vierem a ser recolhidas no importantíssimo sector cuja escavação está agendada para 1983 e 1984, nas coordenadas 19 a 22, possam esclarecer situações num grau de precisão mais conve-niente.
O Cerro do Castelo de Santa Justa forneceu,
portanto, datas 14C consideradas de elevada fia-bilidade e significado. Essas datas distribuem-se em número irregular pelas duas fases de vida do povoado e uma delas pode mesmo estar muito próxima do incêndio que as separa' ao originar a
o
Iespessa carapaça de cerâmica de revestimento cozida pelas chamas.
Resta agora encontrar ambiente mais amplo e paralelos para estes dados.
No Sudeste espanhol localizam-se dois impor-tantes povoados, com necrópoles anexas, que forneceram datações 14C.
O menos estudado, EI Barranquete, não foi ainda objecto de. estudo aprofundado, tendo a responsável pelos trabalhos escavado apenas onze dos numerosos monumentos de falsa cú-pula que integravam a área funerária e dirigido ao povoado uma surnar-íssima sondagem (M.J.
Almagro Gorbea, 1973).
O tholos forneceu restos de um poste central de madeira semelhante ao de outros monumen-tos desta época.
Duas datas foram obtidas para esses restos carbonizados:
CSIC -81 : 4280
±
130 BPCSIC -82 : 4300 ± 130 BP
Se bem que uma advertência deva ser feita, a
de que as datas obtidas se não referem à
construção do monumento mas ao momento em
que o poste ardeu, o que é bem diferente e o A.
parece não ter notado, estas duas datas apare-cem muito próximas das obtidas para a segunda fase de Santa Justa, tornando plausível uma certa contemporaneidade.
23
r
f
70g F-LPara o importantíssimo povoado de Los
Milla-res, em Santa Fé de Mondújar2
, uma data fei
escola, tendo repercussões mundiais durante
largos anos. Obtida a partir de « ... trazo de
ma-dera enterrado bajo los escombros de la muralla
que protegía el poblado ... ». Por muralha
enten-da-se aqui a exterior, um extenso lanço cuja
longitude foi recentemente estimada em 320
metros (Arribas e outros, 1979). É a seguinte a
datação a que nos referimos:
H 204 : 4290 ± 85 BP
Uma outra data, obtida a partir de uma amos-tra recolhida no tholos XIX, forneceu
KN - 72 : 4380
±
120 BPParece natural que, referindo-se estas datas a um momento em que o povoado não apenas
funcionava como vira já o seu dispositivo defen-sivo consideravelmente ampliado, e a um monu-mento típico, o início da ocupação de Los Mila-res se deva colocar em período anterior. Este facto, cujas consequências são, poderemos dizê-lo, verdadeiramente explosivas, constitui,
mesmo sem o recurso à calibragem das datas,
uma séria oposição à corrente orientalista, até
agora defendida, é certo, com um excesso de convicção e um primarismo de atitudes que talvez prejudique leituras com algum fundamen-to.
Fig. 3 - Cabanas sobrepostas, extra-muros, junto à Torre 3.
88 II) CD CD CD -r-. CD CD ã i -o ai I o 0 . 0 .o ~
""
o o CD""
I o o ai..,
I o o o ~ o o ~ o o N ~ I o o..,
~ I o o II) ~Fig. 4 - Datas 14C para o povoamento calcolltico do Cerro do Castelo de Santa Justa,
o
o
CD
Fig. 5 - Recons.tituição do último momento das fortificações de Santa Justa segundo qS hipóteses de trabalho de Victor Gon -çalves e Ana Margarida Arruda. Desenho técnico do Arquitecto Jorge Cruz. Leituras apontando a 709 (cima) e 2709 (baixo). 1 :400.
90 Sem contexto esclarecedor, uma outra data, para Almizaraque, é frequentemente citada:
KN - 73 : 4150 ± 120 BP
Todos estes (escassos) elementos considera-dos, parece nítido, mau grado o reduzido núro de datações 14C disponíveis, que a área me-diterrânica ocidental da Península Ibérica, en-tendida latu sensu, aparece na mesma faixa cro-nológica com uma longa série de características comuns. Entre elas, seria de salientar os povoa-dos fortificapovoa-dos, implantapovoa-dos em pontos da pai-sagem já por si favoráveis à defesa, novas prá-ticas funerárias em que monumentos de falsa cúpula são regra (ainda que este tipo de monu-mentos esteja longe de se reduzir a um único prot(>tipo e que, na região de Almeria, ele seja diferenciado pelas espectacuiares portas-mol-dura que compartimentam os corredores).
A nível da cultura material pouco se sabe ain-da, mas pratos de bordo almendrado, suportes de vaso, taças e artefactos de cobre distribuem--se por fases evolutivas ou de simples sequên-cia lenta bastante mal conhecida.
Los Millares, na sua última fase de constru-ções defensivas, apresenta características que a permitem aproximar de Santa Justa, não apare-cendo como possível a simultâneidade dos pri-meiros povoamentos respectivos. Considerada a 'estrutura geral do dispositivo defensivo de Santa Justa, e as próprias datas 14C, este povoado calcolítico do Alto Algarve Oriental deverá ter ti-do o seu apogeu durante um momento médio ou mesmo avançado de Millares
I.
No entanto, ape-nas o prosseguimento dos trabalhos na necró-pole e povoado do Sudeste poderá trazer ele-mentos de maior fiabilidade.Poderia parecer forçada a inclusão das datas de EI Barranquete, um povoado não fortificado. Mas também o Cerro do Castelo de Corte João Marques (V. Gonçalves, 1979, 1980a e 1980b) não dispunha de fortificações e o seu paralelis-mo com Santa Justa é evidente (paralelisparalelis-mo, escreve-se, não necessariamente total
coinci-dência).
Para além da sequência de datas que ora se divulga, outra apenas existe para todo o território português com similar extensão e complexidade, situado no que seríamos tentados a considerar uma outra área geográfico-cultural. Mas apesar de todas as dificuldades, a importância dessa série, obtida para o povoado calcolítico fortifica-do de Zambujal implica um comentário extenso.
Assim, e se tomarmos em linha de conta o quadro anexo, o início da construção de Santa Justa poderia ser contemporâneo de Zambujal 2a e 2b, isto é, da Torre S da Muralha III, da Barbacã e da Muralha II e dos reforços interiores
que se lhe sucedem. Um pormenor de grande importância não deve ser deixado na sombra e evidencia diferenças importantes entre os dois sítios, podendo mesmo, de acordo com os novos trabalhos em Los Millares, reforçar o desfasa-mento entre os inícios de construção dos três sítios. Com efeito, a análise estruturàl das se-quências de construção do Zambujal coloca as Torres macissas em período anterior ao das Torres ocas, exactamente o contrário do que se passa em Santa Justa, onde as Torres maciSsas são parte integrante do reforço ao Muro 1 e, consequentemente, posteriores à Torre 1, inte-grada ela própria na construção mais antiga do Muro 1. É certo que raramente encontramos si-tuações exclusivas no seu total e a Torre 2, uma pequena torre oca, está integrada no reforço, o que a coloca em sincronismo com as restantes torres macissas. Não quererá isto dizer que a primeira e a segunda fase de construção do dispositivo defensivo se encontram tão próximas e são da responsabilidade da mesma gente que denunciam marcas de um período técnico de transição?
Bem gostaríamos de dispôr de elementos que permitissem resposta a esta e outras questões conexas.
Basicamente, é sabido, todas as periodiza-ções disponíveis para a sequência calco lítica da Península de Lisboa, se baseiam na decoração das cerâmicas, suporte de rápido consumo para motivos decorativos que evoluem em ritmo su-perior ao das formas que embelezam.
A leitura que nos últimos anos se tornou mais divulgada insiste numa sequência em que o pri-meiro e mais antigo «horizonte» seria ocupado pela infortunada e apressadamente chamada «cerâmica de importação», incluindo os conheci-dos copos canelaconheci-dos e/ou decoraconheci-dos com moti-vos geométricos, o seguinte pela cerâmica «indí-gena» com motivos em folha de acácia ou crucí-fera e, finalmente, teríamos o campaniforme com a sua variante arquetípica internacional e, depois, os «estilos compósitos» (V. Gonçalves,
1971 ).
À questão, inevitável, a qual deles correspon-deria Santa Justa, e à sua desejada resposta contrapõem-se obstáculos excessivos. Vila No-va de S. Pedro foi escaNo-vada sem metodologias que permitam análises seguras. Do Zambujal espera--se a indispensável monografia sobre a sequência cultural e estratigráfica. A Rotura será em breve «revisitada». Quanto ao Lexim, de im-portância indiscutível, persiste ainda o mistério sobre muitos importantes aspectos da sua ocu-pação.
Ainda assim, ao se buscar a mancha artefac-tual a que Santa Justa corresponde, pareceria que o grupo dos fabricantes de folha-de-acácia
é
o que reúne maior número de semelhanças.Mas acredito que o tempo e o progresso das
NOTAS
1 Posteriormente o CAALG viria a ser incluido na Unidade de Arqueologia (UNIARCH), passando a ser um dos seus programas de pesquisa, paralelamente a intervenções de aproximação territorial a diacronias extensas, tal como, projecto ANSOR (cujo objectivo é o estudo da antropização do Vale do Sorraia) ou a outras de índole predominantemente cultural/tecnoló-gica (caso do METCOB, 'programa para o estudo das origens da metalurgia do cobre). No primeiro caso, conta-se como decisiva a contribuição do Centro de Geografia e no segundo .do Centro de Física nuclear da Universidade de Lisboa (INIC).
2 Los Millares foi inicialmente escavado por Pedro
Flores, capataz de Louis Siret, e pelo próprio enge-nheiro belga, ao qual se devem importantes plantas e
BIBLIOGRAFIA
[1] Martin Almagro e António Arribas, 1963 - EI
Poblado y la Necrópolis megalíticos de Los
Mil/a-res (Santa Fe de Mondújar) , Madrid .
[2] Antonio Arribas, Fernando Molina, Leovigildo Saez, Francisco de la Torre, Pedro Aguayo e
Tri-nidad Najera, 1979 - Excavaciones en Los
Mil/ares (Santa Fe, Almeria). Campaflas de 1978
e 1979., Cuadernos de Prehistoria de la Universi-dade de Granada, 4, Granada, pp. 61-110
[3] R.M. Clark, 1975 - A calibration curve for
radi-ocarbon dates, Antiquity XLIX, Cambridge, pp.
251-266
[4] G. Delibrias, J. Evin e Y. Thommeret, 1976 - IX
Conférence internationale du Radiocarbone et correction des dates 14C, BSPF, 73, pp. 268-269
[5] Victor Gonçalves, 1971 - O Castro da Rotura e o
~aso Campaniforme, Setúbal. .
[6] Victor Gonçalves, 1979 - Megalitismo e inicias
da metalurgia no Alto Algarve Oriental. Notas a
uma exposição, Setúbal
[7] Victor Gonçalves, 1980a - Cerro do Castelo de
Santa Justa, Descobertas Arqueológicas no Sul
de Portugal, Lisboa, pp. 27-35
[8] Victor Gonçalves, 1980b - Cerro do Castelo de
Santa Justa (Alcoutim). Escavações de 1979,
Clio 2, Lisboa, pp. 133-139
[9] Victor Gçmçalves, 1981 a - Cerro do Castelo de
Santa Justa (Alcoutim). Campanha 2(80).
Relató-pesquisas se encarregará de matizar, sincrónica e diacronicamente, esta demasiado ampla compartimentação, introduzindo outros dados que justificarão outros comentários.
Santa Justa, Outono de 1982*
notações. Os materiais e as estruturas foram posteri-ormente redesenhados pelo casal Leisner que não efectuaria, no entanto, qualquer escavação no local e que escassa importância atribuiria ao povoado. Este viria a ser objecto, tal como a necrópole, de um ex-tenso estudo devido a Almagro e Arribas, onde se encontra a mais acérrima defesa do orientalismo até então redigida a propósito de um sítio pré-histórico peninsular. Defesa, aliás, muito provavelmente da responsabilidade de apenas um dos autores, a não ser que se possa falar de espectacular recuo a propó-sito de posições que mais tarde António Arribas viria a assumir. E é justamente Arribas, com Fernando Moli-na e a excelente equipa da Universidade de GraMoli-nada, que retomaria os trabalhos nos Millares, desta vez numa nova perspectiva de aproximação.
rio prévio e notações do Caderno de Campo.,
Clio 3, Lisboa, pp. 165-170
[10] Victor Gonçalves, 1981 b, Cerro do Castelo de
Santa Justa (Alcoutim). Campanha 3(81)., Clio 3,
Lisboa, pp. 171-176
[11] Victor Gonçalves, 1982a - Cerro do Castelo de
Santa Justa: um povoado calcolítico no Alto Al-garve Oriental., Arqueologia 6, Porto, pp. 42-48
[12] Victor Gonçalves, 1982b - Cerro do Castelo de
Santa Justa. Relatório da Campanha 4(82), Clio
4, Lisboa
[13] M.J. Almagro Gorbea, 1973 - EI poblado y la
necrópolis de EI Barranquete (Almeria) , Madrid
[14] J. Klein, J~. Lermann, P.E. Damon & E.K. Ralph,
1983 - Calibration des dates radiocarbone, Rev.
d'Archéometrie, Supplément 1983, Rennes, 1983, pp. 3-46
[1~] Celin Renfrew, 1976 - Megaliths, Territories and Populations, Acculturation and continuity in
At-hlantic Europe, Brugge, pp. 198-220
[16] Hermanfrid Schubart, 1977 - Datas do
radio-carvão para o castro do Zambujal, XIV
Con-gresso Nacional de -Arqueologia, Zaragoza; pp. 259-266
[17] Vários, 1978 - C - 14 Y Prehistoria de la
Penin-sula Ibérica, Fundación Juan March, Madrid
92 AP~NDICE
Calibrações das datas 14C obtidas para o Cerro do Castelo de Santa Justa
Recentes deliberações divulgadas na Europa por responsáveis ligados à direcção de laborató-rios de radiocarbono (Delibrias e outros, 1976) apontavam a necessidade de fornecer as data-ções obtidas pelo método do radiocarbono. em anos radiocarbono antes do presente, assIna-lando-se sempre de forma explícita toda e qual-quer calibragem.
Em princípio, caberia ao Laboratório que pro-cede às datações tal tarefa. Como Granada não o fez, entendi, apenas a título indicativo, forne-cer a calibragem das datas 14C de Santa Justa, de acordo com as tábuas do Grupo de Tucson (Klein e outros, 1983).
Na coluna da esquerda, os 'anos de radio-carbono, na da direita, os anos de calendário. UGRA-75 : 3990 ± 130 BP UGRÀ-76A : 3920 ± 125 BP UGRA-76B: 3890 ± 170 BP Ly-3229 : 4250 ± 110 BP Ly-3230 : 4400 ± 140 BP UGRA-77 : 3960 ± 180 BP UGRA-85 : 3885 ± 130 BP UGRA-86 : 3910 ± 120 BP UGRA-90 : 4310 ± 170 BF UGRA-91 : 4100 ± 140 BP UGRA-131 : 4390 ± 150 BF--2905/-2160 -2875/-2095 -2855/-1985 -3340/-2640 -3490/-2675 -2930/-1980 -2855/-1985 -2770/-2155 -3365/-2640 -3035/-2315 -3485/-2665 De acordo com estes" dados, o início do po-voamento de Santa Justa poderia ter-se iniciado ainda no quarto milénio, desenvolvendo-se so-bretudo no terceiro. Parecem negligenciáveis os três pontos terminais que se referem ao segun-do milénio: 1980 e 1985.
Recórda-se que as datas de Los Millares cali-bradas por Renfrew (C. Renfrew, 1976) são
-3025 (H 204) e -3155 (KN 72), portanto muitc.. próximas das de Santa Justa, se bem que as dos Millares se não refiram explícita e necessa-riamente às suas fases mais antigas, o que já não poderá ser dito a propósito das de Santa Justa.
Estas mesmas datas de Los Millares seriam agora ligeiramente diferentes, se as calibrásse-mos de acordo com os quadros do Grupo de Tucson. H 204 (que Renfrew calibrou em 3025) seria -3350/-2655 e KN 72 (que Renfrew cali-brou em 3155) seria -3365/-2870. 4000
I
3500 3000 2500)
2000 w m m o m N'"
N N '" ~ ~ Ir Ir C> C> ~ ::J ::J ~ ~Fig, 6 - Datas calibradas segundo as tábuas do Grupo de Tucson,