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Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção

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Academic year: 2020

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UMinho | 2015

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

Ana Rita Barros Pereira

Dificuldades de expansão da infografia

interativa: um problema de produção e

receção

Outubro de 2015

Ana Rita Barros Pereira

Dificuldades de e

xpansão da infog

rafia interativ

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Ana Rita Barros Pereira

Dificuldades de expansão da infografia

interativa: um problema de produção e

receção

Outubro de 2015

Dissertação de Mestrado

Mestrado em Media Interativos

Trabalho efetuado sob a orientação do

Professor Doutor Luís António Martins dos Santos

Universidade do Minho

Instituto de Ciências Sociais

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DECLARAÇÃO

Nome: Ana Rita Barros Pereira

Endereço eletrónico: ritapereira_27@hotmail.com Número do Bilhete de Identidade: 13851273 6ZZ2

Título dissertação: “Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção.”

Orientador: Professor Doutor Luís António Martins dos Santos Ano de conclusão: 2015

Designação do Mestrado: Mestrado em Media Interativos

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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iii AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, sem eles, era impossível concluir este ou qualquer outro dos meus objetivos.

Ao meu avô, que me acompanhou em parte deste processo. Estarás sempre no meu pensamento.

A toda a minha família, obrigada por serem um exemplo.

Ao Rui Miguel, pelo apoio, incentivo e pela compreensão. És o meu porto seguro.

À Joana e à Paula, por me trazerem felicidade, por serem o meu amparo e por me espevitarem. São o melhor de mim.

Aos meus amigos, que, por trás de reclamações, compreenderam que nem sempre pude estar presente.

Ao professor Luís Santos pela orientação e pela compreensão ao longo deste projeto.

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Dificuldades de expansão da infografia interativa: um problema de produção e receção

RESUMO

Quando pensamos em jornalismo vem-nos à ideia um conjunto de informação que foi organizada com o intuito do público perceber mais facilmente um acontecimento ou uma certa temática. Essa forma de organização e transmissão de dados tem vindo a sofrer alterações com o passar dos anos. A consulta de informação passou a ser facilitada e a sua disseminação feita em tempo real. Novas formas de transmitir informação, que passam pela hipertextualidade e convergência, têm sido estudadas e concebidas para melhorar a experiência do leitor/ visualizador.

A transmissão visual de informação iniciou-se com o surgimento da arte rupestre, e agora, mais que nunca, está a ser valorizada. Este reconhecimento trouxe as infografias. Apesar de não haver um consenso sobre quando começaram a ser utilizadas, foi na última década que este recurso mais evoluiu. São capazes de agrupar texto, imagem, som e vídeo tornando a informação mais interessante e clara para o público. No meio de tantas potencialidades encontramos um problema: a mudança a que assistimos parece ser lenta e quase impercetível em alguns países, dos quais faz parte Portugal.

Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de expansão da infografia interativa no jornalismo digital, e que vão muito para além do custo de produção. As dificuldades presentes na rotina de produção de uma infografia, assim como as questões sociais que não permitem que esta seja corretamente percebida por todos, vão ser também alvo de análise.

Palavras-chave: Infografias; interatividade; multimedialidade; literacia mediática

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The expansion difficulties of interactive infographics: a production and reception problem

ABSTRACT

When we think about journalism comes to the idea a set of information that has been organized with the purpose that the public understands easily an event or a certain theme. This form of organization and data transmission has undergone changes over the years. The

information query came to be facilitated and its spread done in real time. New ways of

transmitting information, that pass through hypertextuality and convergence, have been studied and designed to improve the reader’s/viewer’s experience.

The visual transmission of information started with the appearance of rock art, and now, more than ever, is being valued. This recognition brought the infographics. Although there is no consensus on when they began to be used, it was in the last decade that this resource more evolved. They are able to group text, image, sound, video, making information more interesting and clear to the public. Amongst all the capabilities it can be found a problem: the change we are watching appears to be slow and almost imperceptible in some countries, of which is part of Portugal.

With this work we intend to explore all the difficulties that are in the expansion process of an interactive infographic in digital journalism, and that go far beyond the production cost. The difficulties in the production routine of an infographic, as well as the social issues that do not allow it to be correctly understood by all, who will also be analysis of target.

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ix ÍNDICE 1 - NOTA INTRODUTÓRIA ... 1 2- O PODER DA IMAGEM ... 6 3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO ... 10 3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO ... 13

3.1.1 - História da infografia - O caso Português ... 18

3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal ... 19

3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA ... 20

3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE ... 22

3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO? ... 27

3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS? ... 28

3.6 - O QUE INFOGRAFAR ... 30

3.7 - PRINCÍPIOS PARA UMA BOA INFOGRAFIA ... 32

3.7.1 - Arquitetura de informação e usabilidade ... 34

4 - DIFICULDADES DE PRODUÇÃO E RECEÇÃO DA INFOGRAFIA ... 38

4.0.1 - Entraves ao estabelecimento da infografia em Portugal ... 41

4.1 - EDUCAR PARA OS MEDIA E LITERACIA MEDIÁTICA ... 43

5 – PERCEÇÂO SOBRE INFOGRAFIAS ... 49

5.1 - MODELO DE ANÁLISE PARA QUESTIONÁRIO ... 49

5.2 - OS RESULTADOS ... 52 6 - PRODUÇÃO DA INFOGRAFIA ... 63 6.0.1 – Ideia ... 63 6.0.2 – Esboço ... 64 6.0.3. - Produção criativa ... 65 6.1 - A ANÁLISE DE UM PROFISSIONAL ... 66

6.2 - A OPÇÃO DE UMA NOVA INFOGRAFIA ... 67

6.2.1 - O esboço ... 67

6.2.2 - Produção criativa ... 69

6.3 - A ANÁLISE DOS GRUPOS DE FOCO ... 72

6.3.1 – Publicação... 75

7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 79

8 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 84

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ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS, QUADROS E TABELAS

Quadro 1- Modelo de análise ... 49

Gráfico 1- Dispositivos que possuí em casa (coletiva)... Erro! Marcador não definido. Gráfico 2- Sabe o que é uma infografia interativa? ... 57

Gráfico 3 - Como avalia a experiência de interagir com essa infografia?... 59

Gráfico 4- Qual a maior dificuldade ao interagir com essa infografia? ... 60

Tabela 1- Dispositivos que possuí em casa (individual) ... 53

Tabela 2- Relação entre a idade e o grau de facilidade em encontrar/perceber conteúdo online54 Tabela 3- Relação entre a idade e o meio favorito para seguir a atualidade informativa ... 55

Tabela 4- Relação entre o sexo e o meio favorito para seguir a atualidade informativa ... 56

Tabela 5 - Relação entre a idade e o conhecimento das infografias interativas ... 58

Tabela 6 - Relação entre o sexo e o conhecimento das infografias interativas ... 59

Figura 1- Esboço da primeira infografia ... 64

Figura 2- Página inicial - primeira infografia ... 65

Figura 3- Gráfico de despesas - primeira infografia ... 66

Figura 4- Portugal e Espanha - Um retrato dos dois países em números ... 68

Figura 5- Esboço da segunda infografia ... 69

Figura 6- Página inicial - segunda infografia ... 71

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1 - NOTA INTRODUTÓRIA

As tecnologias da informação e da comunicação têm mostrado nos últimos anos um grande desenvolvimento. As evoluções vieram facilitar a difusão de conteúdo mas também permitiram que este chegasse até nós de uma forma mais dinâmica, com múltiplas possibilidades de leitura, trazendo ao público uma experiência mais rica e diversa (Mello apud Sousa 2014: 4). Muitos foram os anos em que o jornalismo devotou mais recursos à informação textual mas, recentemente, o panorama, tem vindo a ser alterado. A forma de se fazer jornalismo tem sido repensada, de tal modo, que o papel dos seus profissionais é questionado. Mas o comportamento do público também se redefiniu. Há um novo consumidor, que anseia por informação constante, íntegra, mais aprofundada. Os nomes “leitor”, “recetor” e “emissor” foram esquecidos, agora falamos antes de “usuários”, de “inter-atores” e de “tele-agentes” (Manovich apud Ribas 2004: 9).

Ranieri (2008: 261) diz-nos que a maneira tradicional de fazer notícia têm sido revista e reelaborada de acordo com os progressos da tecnologia, com os mecanismos disponibilizados pelo online e com as exigências feitas pela receção. A forma como o jornalismo chega até nós alterou-se, correntemente escrito, agora assume uma faceta mais visual, retirando ao textual parte da relevância que lhe havia sido dada. As tecnologias da informação e comunicação colaboraram para o progresso e para as inovações na impressão, a entrada do computador nas redações apresentou-se como uma contribuição exemplar, para que a ilustração conquistasse um maior destaque na imprensa, “dando origem a uma linguagem jornalística mais imagética e com textos reduzidos” (Nogueira 2013: 9).

Com a era digital o jornalismo começou a transferir a sua informação, que era anteriormente paga, para domínios web, dando assim, a possibilidade aos leitores de usufruir dos seus conteúdos gratuitamente.

Um dos problemas que existiu até muito recentemente apontava-se como a baixa velocidade de conexão da Internet. Portanto a chegada da Web fez-se ressentir de uma grave limitação que impossibilitava um uso claro e integral das suas potencialidades. A melhor forma

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dos conteúdos chegarem aos leitores seria, então, através de texto pois ocupava um menor espaço, como nos explica Palacios apud Amaral (2010: 33-34):

“Era comum os sites oferecerem alternativas de versões text only (...) para usuários conectados a baixas velocidades. Tal situação, evidentemente, restringia a utilização não só de fotos, mas de todo o qualquer recurso não textual, fazendo dos sites, de um modo geral, (hiper) textos num sentido estrito, complementados subsidiaria e optativamente por outros médias, a depender das possibilidades de conexão dos usuários” (Palacios apud Amaral 2010: 33-34). As limitações eram diversas. Não é, assim, de estranhar que a massificação da world wide web tenha demorado alguns anos, apesar da sua criação se ter dado em 1989. Depois de alcançados os avanços com as ligações de banda larga a audiência cresceu. Com o aumento de subscritores acabaram por aparecer gráficos cada vez mais realistas (Sabbatini & Maciel 2004: 7). O online trouxe aos profissionais do jornalismo um conjunto interminável de ferramentas multimédia que, neste momento, “permitem tornar os conteúdos mais inteligíveis para os leitores, sintetizando a informação e tornando-a mais clara e objetiva” (Nogueira 2013: 1).

Nogueira (ibidem) explica-nos que a web facilitou a difusão de dados e permitiu que se agrupasse num só meio tudo o que fora explorado e utilizado pelos outros veículos. A imagem, usada pela televisão, o som, usado pela rádio e a escrita, usada pela imprensa, apareciam agora reunidos para agarrar os leitores e auxiliar na compreensão da informação. Velho (2009: 6) enumera os recursos que começaram a ser utilizados e que conduziram ao aparecimento da infografia:

“a atividade jornalística vem se utilizando cada vez mais da mistura de gráficos, tabelas, ilustrações, diagramas, resultando num texto informativo particular, que se une ao texto verbal, apresentado em blocos. Este texto é a infografia” (Velho 2009: 6).

Som, imagem, vídeo, animações, gráficos, ilustrações e texto começaram a ser utilizados ao mesmo tempo, num único meio. O ambiente digital deu a oportunidade ao narrador de usar

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um ou todos estes recursos para apresentar os seus trabalhos. Assim nasceu o que nós hoje chamamos de multimédia (Paul apud Ranieri 2008: 263). Esta facilidade da web, de aglomerar vários recursos no mesmo espaço, permitiu a reconfiguração do jornalismo (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 2). O novo modelo de jornalismo passou também a exigir uma atualização mais ligeira da informação, conteúdos totalmente claros, transmitidos com exatidão, e a maior contextualização possível (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 4).

Apesar das potencialidades que são encontradas na infografia e do termo estar na “moda” (Joaquim Guerreiro)1, as pesquisas sobre o tema são escassas. Se procurarmos investigações sobre a infografia multimédia, encontram-se apenas bons exemplos a nível internacional. Segundo Nogueira (2013: 1) este lapso pode ser explicado pela novidade do produto. Diz-nos que a infografia é um recurso jornalístico que se popularizou recentemente, há cerca de uma década.

Pacheco (1995: 67) diz-nos que todas as investigações têm por base um problema inicial, que se vai complexificando até que surja uma interpretação válida ou solucionadora para esse problema. Daí, não é apenas importante escrever sobre a temática que é a infografia, é importante perceber os problemas que esta possuí e percebê-los, encontrando, se possível, uma solução. É nisto que estamos empenhados ao realizar esta investigação.

Com este trabalho pretendemos explorar todas as dificuldades que estão no processo de introdução e permanência da infografia interativa no jornalismo digital e nos websites de divulgação de conteúdo informativo (a que não se pode chamar jornalismo). É nosso objetivo identificar as dificuldades que estão presentes na rotina de produção de uma infografia, desde o custo à necessidade de mão de obra qualificada, assim como as questões sociais onde se encontram a iliteracia mediática e digital.

A metodologia consistiu, primeiramente, em pesquisa bibliográfica sobre as infografias estáticas e as infografias interativas, partindo do princípio que as leituras ajudar-nos-iam a fazer um “balanço dos conhecimentos relativos ao problema de partida” (Quivy & Campenhoudt 2008: 69). Não existindo dados sobre o grau de conhecimento dos portugueses sobre o tema, optamos por inquirir diretamente a população portuguesa, de forma a trabalharmos com resultados

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recentes e que nos aproximam da realidade. Quando percebemos, através dos questionários, que a percentagem de inquiridos que são conhecedores das infografias interativas era realmente reduzida, seguimos para a entrevista a jornalistas. Segundo o que nos diz Quivy e Campenhoudt (ídem) é importante inquirir pessoas, que pela sua ação, posição ou cargo tenham uma boa compreensão do problema. Foi isto que fizemos. Nesta fase tentamos perceber, se internamente, há a ideia dos entraves à publicação de uma infografia ou das dificuldades do público em compreendê-la. Estas entrevistas vieram complementar as ideias que tínhamos ficado através da leitura de bibliografia. De seguida começamos a desenvolver uma infografia. Esta foi apresentada a um designer profissional com experiência, o Dr. Leonardo Pereira. Dado o feedback optamos por realizar uma nova infografia com as sugestões deste designer em mente. Submetemos a segunda infografia à avaliação de grupos de foco para percebermos se tinha qualidade para ser publicada online. Por último, contactamos websites, empresas e organizações para colocar a infografia online e posteriormente tiramos as nossas conclusões.

A dissertação é composta por dez capítulos, subdivididos em vários tópicos. Este primeiro capítulo é dedicado a algumas explicações sobre a temática da investigação e da sua relevância. Esclarece também o papel que o jornalismo desempenha na atualidade. A metodologia utilizada e os objetivos de trabalho são também abordados.

No capítulo dois falamos sobre o poder da imagem, abordando a sua crescente importância. Fazemos uma revisão histórica para perceber os seus primórdios, passamos pelo conceito de universalidade e pelo papel próspero que a ilustração vem a ocupar em todos os meios de comunicação.

O capítulo três aborda os conceitos teóricos mais importantes sobre a infografia, desde as definições, à sua história e evolução, onde discutimos também o caso português. Fazemos também uma passagem pelo mundo do jornalismo e das plataformas de divulgação de conteúdo informativo, enumerando grande parte das mudanças que se foram verificando com o passar dos tempos. Neste capítulo são também debatidas questões que se foram colocando com a leitura de bibliografia: desde o papel do jornalista, no presente e no futuro; o papel que a infografia ocupa no jornalismo; o estatuto dado aos profissionais da infografia e algumas regras básicas para se fazer boa infografia.

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No quarto capítulo são abordadas as dificuldades de implementação de uma infografia, da produção à receção. As dificuldades técnicas dos profissionais, e as dificuldades de um público, que se espera menos passivo, para perceber uma nova forma de transmissão de conteúdos, que não é mais aquela a que se habituaram. Mais uma vez fazemos uma abordagem do caso português, para perceber a realidade que nos é mais próxima. Por fim, falamos da necessidade de uma educação para os media, para criar um cidadão ativo, atento e crítico.

No quinto capítulo começamos a desenvolver a nossa metodologia. Este capítulo é dedicado ao questionário, da preparação, à execução e resultados. No sexto capítulo dedicamo-nos à descrição da parte mais prática desta investigação, que se trata da realização de duas infografias interativas. São descritas todas as fases, da ideia à produção, assim como as dificuldades sentidas, e a necessidade de uma nova infografia. É também neste capítulo que apresentamos a análise de um profissional e de dois grupos de foco sobre o trabalho realizado.

No sétimo capítulo são apresentadas todas as considerações finais retiradas da investigação e a possibilidade da adaptação deste tema a dissertações ou investigações futuras.

Vamos utilizar o termo infografia interativa e infografia multimédia como equivalentes para designar a infografia multimédia interativa. Embora a infografia multimédia possa não ser interativa, e a infografia interativa possa não ser multimédia, são-no na maior parte das vezes. Poderíamos optar por outros termos como infografia online ou infografia digital, mas autores, como Salaverría (2009: 156) dizem que são termos imprecisos, pois hoje as infografias de imprensa também são feitas com ferramentas digitais e uma infografia estática também pode ser colocada online. Com interatividade referimo-nos à capacidade do leitor de definir o que quer ver quando quer ver, escolhendo também se quer seguir uma leitura linear ou não linear. Com multimédia referimo-nos à utilização de médias distintos e diversificados que permitem apreender uma realidade de forma multissensorial. A combinação de diferentes médias como texto, imagem e vídeo, permitem que o leitor visualize, leia e compreenda melhor as informações que lhe são transmitidas (Sabbatini & Maciel 2004: 6; Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 1).

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2- O PODER DA IMAGEM

“A informação visual é o mais antigo registo da história humana. As pinturas das cavernas representam o relato mais antigo que se preservou sobre o mundo tal como ele podia ser visto há cerca de trinta mil anos” (Dondis, 1997: 5-6).

Ochoa (2009: 13) diz-nos que as imagens fazem parte do quotidiano do homem desde sempre. Os primeiros seres humanos relacionavam a imagem de um objeto com a sua própria existência, ou seja, identificavam-no com base na realidade que lhe era mais próxima, com o objeto real. O pensamento visual é algo preeminente e inato no ser humano, vem naturalmente, sem a necessidade de trabalharmos isso. Para Dondis (1997: 8) ver é ter a capacidade de produzir imagens mentais. Há aqui uma diferença entre ver e olhar, ver exige mais do homem, olhar é algo natural e impõe apenas que tenhamos o sentido da visão ativo. Cairo (2012: XV) diz-nos que o nosso cérebro tem várias regiões relacionadas com a perceção visual. Os neurônios interligam-se formando grupos que se vão dedicar ao processamento de informação que é recolhida através dos olhos, exigindo a maior utilização dos nossos recursos mentais. Refere também que somos espécimes visuais (ibídem).

Huyghe (1986: 9) refere que, anteriormente, os homens podiam ser vistos como senhores do pensamento, cuja vida interior se alimentava de textos, mas a perspetiva mudou. Vivemos numa era em que o visual predomina, os nossos sentidos são postos à prova com os choques sensoriais que o dia-a-dia nos oferece. Realmente a forma mais fácil de comunicar é através da representação de imagens. Sabe-se, indubitavelmente, que o ser humano compreende melhor determinados factos ou assuntos quando lhes é mostrada uma explicação visual (Módolo 2007: 11) A necessidade de recorrer à ilustração para comunicar é cada vez maior, especialmente numa época visual e não mais literal, numa altura “em que se pode entender as coisas com apenas uma vista de olhos, por mais complexas que estas sejam” (Valero Sancho apud Sousa 2014:24). Os desenhos e as representações gráficas servem para clarificar assuntos complexos que não se conseguem esclarecer através de informação textual ou até oralmente. Daí a celebre pergunta “Percebeste ou queres que te faça um desenho?”.

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As imagens são universais, superam as barreiras linguísticas e surgiram mesmo antes da invenção da linguagem. Percebe-se assim porque são vistas como um dos modos mais simples de transmitir conhecimento. Ochoa (2009: 21) esclarece-nos porque considera a imagem uma das formas comunicativas mais importantes:

“estamos inmersos en la cultura que ella propicia y nos invade en todo momento hasta el punto de que a veces se entromete en nuestras vidas. Por eso siempre es más fácil que recordemos o relacionemos a partir de ella la información que, de manera más automática, se

almacena en nuestro cerebro” (Ochoa 2009:21).

Nogueira (2013: 7) refere que para além de a imagem superar a pluralidade de idiomas dispersos pelo mundo ela é, também, eficaz na comunicação com um recetor não-alfabetizado, pois não é necessário saber os códigos da escrita para ler uma imagem. Por sua vez Dondis (1997: 9) diz-nos que a quantidade de línguas existentes no mundo é realmente vasta, são todas independentes e únicas e, portanto, mesmo sendo a linguagem visual intrincada, a sua universalidade consegue ser maior, e a sua complexidade não deve ser vista como algo impossível de ultrapassar.

Dondis (1997: 8) diz-nos que nos textos impressos, a palavra surgia como componente essencial, e em segundo plano, ou como apoio, surgiam os fatores visuais. Peltzer apud Calegari & Perfeito (2013: 294) refere que a informação gráfica sempre esteve presente no jornalismo impresso, mas tinha um papel meramente decorativo ou aparecia como um aditivo ao conteúdo principal, que se apresentava de forma textual. No entanto, no jornalismo digital o panorama é outro, a imagem já não serve apenas para ilustrar o texto, apresenta-se hoje como informação principal, ou então assume um protagonismo dividido de forma igualitária com o texto.

“A precedência da imagem sobre o texto muda a importância da matéria escrita e submete-a a leis mais impressionistas e aleatórias. A aparência e a dinamicidade da página é que se tornam agora decisivas” (Marcondes Filho apud Velho 2009: 4).

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Nos modernos meios de comunicação, a imagem é valorizada em relação ao textual. A forma como olhamos para uma notícia mudou, já não segue uma ordem tão marcada, não somos mais obrigados a ler de cima para baixo, da esquerda para a direita. A escolha, agora é do leitor.

“O visual predomina, o verbal tem a função de acréscimo. A impressão ainda não morreu, e a linguagem já se deslocou sensivelmente para o nível icônico. Quase tudo em que acreditamos, e a maior parte das coisas que sabemos, aprendemos ou compramos, reconhecemos e desejamos, vem determinado pelo domínio que a fotografia exerce sobre nossa psique. E esse fenômeno tende a intensificar-se” (Dondis 1997: 8).

A informação visual está a tornar-se, com a evolução do jornalismo, uma necessidade para o homem, está já tão enraizada nele que é impossível ignorá-la (Módolo 2007: 7). Neste momento a imagem predomina em relação às outras técnicas de comunicação, isto comprova que somos “animais visuais por natureza” (Nogueira 2013: 6), com a capacidade de assimilar melhor aquilo que nós vemos do que aquilo que lemos ou que nos contam. Tal podemos constatar com o exemplo que Huyghe (1986: 9) nos dá:

“O automobilista vai demasiado depressa para ler painéis, e apenas obedece aos sinais vermelhos e verdes. O peão, empurrado, apressado, capta simplesmente de passagem o aspeto de uma montra, a ordem expressa de um cartaz” (Huyghe 1986: 9). Uma das razões para percebermos com maior facilidade uma imagem, é que esta se assemelha com a realidade, tal não acontece na escrita. Nada na palavra “lápis” se assemelha visualmente com o objeto que é o lápis. Daí que a imagem tenha mais êxito do que o texto quando é necessário transmitir uma informação mais específica (Nogueira 2013: 5). López (1998:37) dá um exemplo: um mapa, só muito dificilmente conseguirá passar a informação correta sem uma imagem gráfica. “Una fotografía proporciona una información que no se puede obtener por otro medio”(ibidem).

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3 - INFOGRAFIA E JORNALISMO

“um dos principais objetivos dos infográficos seria mostrar a notícia em lugar de somente falar sobre ela” (Módolo 2007: 5).

A palavra “infografia” vem do inglês “Informational graphics”, se buscarmos uma tradução à letra poderemos interpretar como “gráficos que informam”. No caso Português, podemos dividir em “info” que nos remete para informação e “grafia” que se traduz em algo visual. A tradução literal da palavra indica-nos, portanto, que infografia é uma forma de transmitir informação e para isso utiliza recursos visuais. Normalmente estes recursos visuais são desenhos, gráficos, fotografias, ilustrações, vídeos e animações. Colle apud Ranieri (2008: 261) descreve a infografia muito sucintamente como uma disciplina que expõe a informação através de meios visuais descomplicados e que não é um produto exclusivo do jornalismo. O objetivo da infografia é informar de uma forma descomplicada, possibilitando ao público uma leitura rápida. Sendo criada para esse fim, vale por si só, ou seja, não há a necessidade de o leitor procurar uma outra fonte de informação textual ou visual para que a mensagem se faça entender. Mas uma infografia bem concebida provoca no leitor um interesse de saber mais sobre o seu assunto. Normalmente a forma de uma infografia comunicar passa por uma narrativa, que se associa a diferentes códigos linguísticos:

“Podemos, então, entender a infografia com um instrumento intertextual - que utiliza diferentes códigos - para compor um quadro informacional (...) com o objetivo de aumentar a qualidade informacional de matérias jornalísticas ou esquematizar factos ou processos” (Velho 2009:2).

Valero Sancho (2008: 2) diz-nos que a infografia é uma das salvações do jornalismo impresso. Uma das grandes potencialidades da infografia é servir de recurso visual e esquematização quando há escassez de outros recursos, como a fotografia, para comprovar ou descrever certo acontecimento. Também se torna imprescindível quando estamos numa situação de difícil explicação para um público leigo, onde, se apenas estivessem presentes elementos textuais, correríamos o risco de nos perder num “redemoinho de palavras” (Leturia apud Sabbatini & Maciel 2004: 2-3).

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No jornalismo impresso sabe-se que a informação textual é mais utilizada e é um elemento fundamental, enquanto a imagem aparece a acompanhar ou a esclarecer o texto, como uma espécie de complemento. Quando falamos dos meios de comunicação online a imagem ganha uma maior importância assumindo um papel predominante e quase autónomo no papel de informar. A infografia multimédia surge hoje na web de duas formas - uma como informação complementar, que ajuda a perceber a notícia principal, que aparece na forma textual, ou então como informação principal, sendo a própria notícia, sem necessidade de um acréscimo textual para ajudar na compreensão. Contudo esta última ainda não ocorre com muita frequência (Ribas 2004: 2). Para Julio apud Ribas (2004: 4) nas infografias que são criadas apenas como apoio de uma notícia textual, as qualidades informativas deixam de ser consideradas e os valores que regem a infografia desprezados. Este autor considera que a infografia perfeita deve conter todos os elementos de uma notícia, sendo possível ser a própria notícia, sem necessidade de um texto de acompanhamento.

A infografia apresenta caraterísticas distintas dos gráficos. Estes últimos são uma forma transparente de organizar a informação, não deixam espaço para qualquer tipo de opinião pessoal. Já a infografia, que recorre correntemente a gráficos para compor a sua narrativa, aproxima-se mais de uma história, que vai ser contada e repassada ao leitor (Amaral 2010: 28), normalmente também não deixa muito espaço para opiniões, mas é menos “pura”. Se, através desta narrativa, o processo de comunicação tiver sucesso, para além do fator positivo que é a atração visual, podemos falar de uma compressão mais fácil do conteúdo.

A infografia é extremamente útil pela sua capacidade de apresentar a informação de uma forma sistematizada e dinâmica, tornando-se assim mais apetecível que a tradicional informação escrita. A sua componente central é o diagrama, uma forma normalmente abstrata de reproduzir diversos temas (Neves 2014: 13). A aposta no visual vem da intenção de atrair e persuadir os leitores, para que permaneçam agarrados à leitura/visualização de uma determinada notícia. Contudo nem tudo se resume ao dinamismo e ao interesse que as infografias captam. Se este método tem vindo a ser utilizado em muitos países é pela capacidade de compreensão gerada nos leitores. Segundo Bello apud Cardoso (2010: 30) o sucesso da infografia está em clarificar, de maneira muito simples os factos complicados. Por sua vez, Amaral (2010: 26) diz-nos que a

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infografia não retira a complexidade das informações, ela utiliza uma forma distinta de apresentar os dados:

“apresenta-as (as informações) de modo diferenciado, onde é possível visualizar processos complexos e termos técnicos restritos de uma área, sem os quais, por meio de texto “puro”, o leitor não teria o recurso visual para auxiliar a compreensão” (Amaral 2010: 26). Também Lopéz (1998: 37) defende que é através de elementos visuais que se consegue transmitir uma informação de forma mais rápida e acessível, e em alguns casos a única forma viável. É realmente mais fácil perceber o que nos diz uma representação/ imagem, desde que tenha sido bem-feita e construída para esse fim, do que o tradicional texto noticioso. Nogueira (2013: 19) refere que a infografia dá tempo aos leitores. Dá-lhes a oportunidade de compreender e assimilar a informação mais rapidamente, sem dificuldades. Ganha assim um novo público, aquele que não gosta de perder tanto tempo a ler informação noticiosa, nem folhear um jornal.

Uma das discussões que estão presentes na investigação sobre este tema está relacionada com o uso simultâneo de imagem e texto na infografia. Colle apud Ranieri (2008: 261) define a infografia como uma unidade, dentro da qual se coloca uma combinação de mensagens visuais e verbais. Estas transformar-se-ão numa informação ampla e precisa, que seria impossível de transmitir eficientemente se fosse utilizado apenas o discurso verbal. Também Sojo (2002) diz que a infografia se deve utilizar de imagens e textos pois pede-se que seja abrangente e esta, é a melhor forma de se comunicar. Cecilio & Pegoraro (2011:1) fala do binómio imagem-texto e diz que os dois se fundem formando significado. A imagem facilita assim a perceção do conteúdo e pode acompanhar ou substituir o texto informativo. Amaral (2010:21) refere a importância de conjugar imagem e texto, pois cada elemento é crucial para um bom resultado final, sendo que a sua ausência diminui a eficácia do processo comunicativo. Também Ribas (2004:10) acredita que o texto pode tornar-se um complemento ao modelo da infografia multimédia. Identicamente Lívia Cirne apud Cecilio & Pegoraro (2011: 3) defende que a infografia não é composta só por imagens nem apenas de texto, deve haver uma relação entre os dois, de forma a criar uma conjugação simétrica, para que que nenhum dos dois tenha uma representação mais relevante do que o outro. Módolo (2007: 6) é da mesma opinião, diz-nos que para o correto funcionamento de uma

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infografia, esta precisa de um texto objetivo, dividido por assuntos e com uma linguagem clara, para ser corretamente compreendido.

“Apesar de o potencial comunicativo da imagem prevalecer sobre o da escrita, a complementaridade entre estas duas linguagens resulta claramente numa maior capacidade interpretativa, uma vez que amplia o seu raio de abrangência e de explicação dos factos perante o público” (Nogueira 2013: 7).

Já Cairo apud Ranieri (2008: 269) tem a opinião contrária, diz-nos que nem sempre uma infografia necessita de um texto de apoio, já que este, por vezes, pode atrapalhar o entendimento do conteúdo.

A estrutura de uma infografia noticiosa é igual ou idêntica à estrutura de uma notícia textual. É composta pelo título, pelo texto introdutivo, pelo corpo, pela fonte e, por último, chegam os créditos da autoria. Contudo, na infografia o leitor lê o que quer primeiro, não segue a ordem descrita, pode avançar algumas etapas, não é linear. A finalidade é também igual à de uma notícia, informar os leitores sobre determinado assunto, para isso espera-se que dê resposta às seis questões jornalísticas: quem? O quê? Onde? Quando? Como? Porquê? (Neves 2014: 27).

No meio de todas as definições e de algumas divergências de opinião, surgem alguns consensos: a infografia apareceu para facilitar a compreensão dos dados jornalísticos, transmitindo, de uma forma simples, informação com que o público não está familiarizado; trouxe-nos novas formas de leitura jornalística e uma maneira distinta de assimilar a informação (Neves 2014: 14); no final, o mais importante, é que se verifique a qualidade.

3.1 - HISTÓRIA E EVOLUÇÃO

“A infografia não é produto da era atual da informática, mas sim da vontade humana de aprimorar a sua comunicação” (Nogueira 2013: 2).

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Peltzer apud Rinieri (2008: 262) diz-nos que as imagens já eram importantes referências para os homens das cavernas que tentavam comunicar com os seus semelhantes. Contudo Cairo apud Neves (2014:15) não considera, ainda, estas pinturas como um primórdio da infografia, pois refere que não se percebe a informação que estes homens queriam transmitir, ou até mesmo se queriam comunicar algo ou seria apenas uma forma de diversão. Posteriormente, ao lado das mensagens, começaram a nascer símbolos escritos, para ajudar a compreender o que estava presente nas gravuras. Até à revolução francesa, nos finais do século XVIII, o poder ficou limitado aqueles que conheciam os códigos da escrita, os cidadãos alfabetizados (Velho 2009:2), mas já vem destes homens das cavernas, a tentativa de explicar fenómenos de uma forma mais visual. Foi assim que nasceu a infografia “fruto dos desejos da humanidade para comunicar-se melhor” (De Pablos apud Rinieri 2008: 262).

Não há total consenso sobre a primeira infografia de imprensa que foi publicada. Caixeta apud Módolo (2007: 6) diz-nos que foi em 1702 no primeiro jornal diário Inglês, o “The Daily Courant” onde, num mapa, se tentou representar a invasão da baía de Cádis pelas tropas britânicas. Por sua vez Peltzer apud Velho (2009: 4) refere que o primeiro mapa publicado na imprensa data de 1740, e apareceu no “Daily Post”, de Londres. Este mapa apresentava-se sob a forma de um desenho e expunha o ataque realizado por um almirante inglês a uma cidade das Caraíbas. Cerca de uma década mais tarde, em 1754 surgiu uma imagem de uma cobra cortada em 8 partes com o nome “Join, or Die” que foi publicada no “The Pensylvania Gazette”, sem um consenso entre a forma como a imagem deveria ser nomeada, as opiniões divergiram entre uma infografia, uma caricatura ou uma ilustração (Rico 2009: 30). A grande parte dos teóricos e investigadores dizem que a data da primeira infografia consta do ano de 1806. Esta representava o cenário do assassinato de Isaac Blight e apareceu no jornal “The Times” de Londres (Cecílio & Pegoraro 2011: 2). Teixeira (2007: 1) refere que esta infografia foi publicada no início do século XIX, mas o seu uso só começou a tornar-se expressivo a partir da década de 80 do século passado. Também Velho (2009: 4) é da opinião que a infografia parou durante 150 anos, restringindo-se, durante esse tempo a informações secundárias e pouco relevantes, como o uso de informação meteorológica, mapas e rotas. Até à segunda metade do século XX, poucos eram os planos para a infografia, que ocupava um papel acessório na redação. A fotografia só começou a ser amplamente divulgada nos jornais a partir do final do século XIX. Foi nesta fase que se estabeleceram e desenvolveram as tecnologias de reprodução de informação (Velho 2009: 3). A

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ressurgência da infografia deveu-se às investigações militares, aéreas e náuticas realizadas, nos anos 70, pela NASA (Piñuela apud Velho 2009: 4).

“En la década de los setenta, el número de lectores de prensa

descendió globalmente, lo que obligó a las empresas editoras de prensa a invertir de forma importante en tecnología, apoyándose en la propia evolución tecnológica en sectores de tecnología punta, como la

microelectrónica” (Sancho 2001: 53).

Concebiam-se infografias sempre que havia uma falta de imagens para complementar um texto, mas a qualidade e o rigor das representações ainda não era uma preocupação dos editores e designers. Estas “serviam apenas para embelezar as páginas, e não como ferramentas de utilidade informativa para o leitor” (Neves 2014: 23). A mudança verificou-se quando os jornais decidiram adaptar as suas linguagens a um tipo de leitor que se familiarizou com o mundo do audiovisual. Mudaram assim o aspeto dos jornais e revistas de forma a imitar a informação que o leitor via na televisão. Começaram a contratar profissionais com formação e conhecimentos em informação gráfica e mapas, os departamentos de arte passaram por estruturações (Módolo 2007: 6). Em 1982, nasceu o “USA Today”. O seu criador, através de diversas investigações, percebeu que os leitores preferiam o uso de cores e imagens, ao invés do texto escrito a que se foram acostumados. Depois de sucessivas buscas de opinião, este visionário, valorizou o design e criou um novo modelo para o jornalismo impresso, com mais informação visual e textos curtos, e revolucionou a imprensa escrita com a sua descoberta (Velho 2009; Teixeira 2007: 1).

“Las técnicas de diseño en cualquiera de sus facetas han

experimentado un gran impulso desde la aparición de los microprocesadores, dando la posibilidad de retocar imagenes de forma

mas cómoda y sencilla” López (1998: 37).

Para Lopez a importância destes avanços tecnológicos deveu-se à necessidade de modificar algumas imagens, de forma a conseguir o resultado ideal, algo que antes apenas se via no desenho ou na pintura. Também Sancho (2001: 54) diz-nos que o aparecimento dos gráficos explicativos na imprensa escrita, nos anos 80, teve uma forte influência dos computadores. Estes

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foram decisivos na consagração da infografia e da produção multimédia pois eram dotados de softwares específicos que ajudavam a gerar e editar imagens.

Só em 1989 a infografia passou a ser considerada um género informativo. Os editores começaram a perceber que a infografia facilitava realmente o entendimento da informação. Assim os jornais passaram a dar mais atenção ao seu conteúdo do que à sua estética (Neves 2014: 23-24). Foi em 1991, com a cobertura mediática da Guerra do Golfo Pérsico, “que a infografia se consolidou definitivamente na imprensa mundial” (Nogueira 2013: 12). Apareciam constantemente infografias com mapas das regiões, com explicações sobre as complexas armas que eram utilizadas e as estratégias dos soldados (Rodrigues 2010: 2). Ribas (2004: 3) explica porque é que a Guerra do Golfo Pérsico é um marco: havia uma escassez de fotografias que comprovassem e completassem a notícia, a infografia encontrou aqui a sua rampa de lançamento. Quadros apud Amaral (2010: 62) diz que esta necessidade, do uso da infografia, foi em grande parte incentivada pela censura imposta pelos Estados Unidos em relação às imagens que eram sendo captadas no campo de batalha. De nada valia falar apenas sobre o acontecimento se o público não conseguia ter qualquer tipo de visualização sobre este. Esta guerra motivou, ainda, o uso de “infografias em jornais latino-americanos” (Sousa 2014:29) e também o aparecimento das “mega infografias” (ibidem).

Alguns anos depois efetuou-se a passagem da infografia estática para a infografia interativa. Numa primeira fase verificou-se uma reprodução das infografias impressas, sem grandes alterações, apenas uma transposição. Depois, em 1996 começaram a personalizar-se os conteúdos, surgindo websites informativos com uma qualidade mais elevada e certo grau de personalização. Por último, a tendência a que assistimos atualmente, é a criação de conteúdo específico e exclusivo para o meio digital e a experimentação de novas formas de narrar os acontecimentos, reescrevendo uma nova forma de comunicação online (Pérez-Luque & Perea-Foronda, 1998). Realmente, só no final dos anos 90 é que a Society of News Design começou a premiar as infografias de natureza multimédia:

“Em 1999, los premios Malofiej que otorga la SND (Society for News

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Universidad de Navarra juzgaron por primera vez infográficos

multimedia” (Salaverria 2009: 158).

Foi na viragem de século (inícios do século XXI) que a consolidação da infografia multimédia se deu no jornalismo online. A principal causa para este fenómeno foram os atentados de 11 de Setembro e na sequência destes a Guerra entre o Iraque e os Estados Unidos (Rodrigues 2010: 2).

“Entender como havia acontecido o atentado tornou-se mais fácil a partir da utilização de infografias, que explicavam em etapas detalhadas com informações sobre as aeronaves, as torres gémeas e os locais em que aconteceram os impactos e as consequências”

(Amaral 2010: 66).

Sancho (2001: 54) diz-nos que as reconstruções de alguns feitos notáveis, como batalhas, compostas por mapas ou diagramas formavam elementos visuais eficazes, que permitiam contemplar um mapa com um olhar mais geral, abrangendo toda a situação e dando ao leitor uma visão mais alargada.

Estamos, no presente, perante uma nova geração de infografias (Rodrigues 2010: 9). É a chamada infografia em base de dados. A habitual infografia tornou-se mais dinâmica, sofisticada e interativa, mais complexa. Pode sofrer uma atualização constante, permite o cruzamento e comparação das informações, a personalização do conteúdo por parte do leitor e incorpora variadas formas de visualização. Também pede mais do leitor do que as outras infografias estáticas pois requer mais atenção, exploração e nível de interação. Este tipo de infografia surgiu como resposta a uma emergência de visualizar grandes quantidades de dados complexos, necessidade cada vez maior na sociedade e no jornalismo. (idem)

Neves (2014: 43) referia, há um ano atrás, que a maioria das infografias digitais era realizada em Adobe Flash, um dos softwares que fez com que a produção das infografias interativas aumentasse. Pouco tempo passado, o cenário mudou, devido às incompatibilidades entre o formato Flash e os sistemas operativos de alguns dos mais recentes dispositivos móveis,

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este entrou definitivamente em desuso. Espera-se agora que os infografistas saibam programar em HTML5.

As infografias sofreram grandes mas lentas alterações, com o passar dos tempos, como nos dizem Cecilio e Pegoraro (2011:13):

“Pode-se dizer que o infográfico teve uma lenta e gradual evolução, começando com o seu modo artesanal e como um simples complemento, e até ao que temos hoje, apontando como uma nova maneira de se fazer jornalismo” (Cecilio & Pegoraro 2011: 13). 3.1.1 - História da infografia - O caso Português

Neves (2014: 22) diz-nos que a primeira infografia portuguesa foi publicada no dia 21 de janeiro de 1723, na Gazzeta de Lisboa Ocidental e retratava uma baleia que teria entrado no rio Tejo. Cardoso (2010: 24) refere que o diário Público é, entre os órgãos de imprensa escrita nacionais, o pioneiro na criação e publicação de infografias multimédia. Foi em 2001, o primeiro diário português, a publicar online uma infografia relacionada com a ponte de Entre-Os-Rios.

“O jornal Público, em 2001, foi o primeiro a publicar uma infografia multimédia online, seguindo-se o Expresso em 2008 e, em 2009, Jornal de Notícias, Diário de Notícias e Sol” (Cardoso 2010: 74). Neves (2014: 57) refere que em 2007 o “Público” inaugurou a secção de infografia, onde eram realizadas maioritariamente infografias impressas. Também no campo das infografias em bases de dados foi o “Público” o primeiro a mergulhar, em 2008, durante as eleições americanas, inaugurando assim esta nova fase de produção de infografias (Rodrigues 2010:12).

Para Cardoso (2010: 22) a carência de informações sobre as infografias multimédia nos mais variados aspetos da sociedade, e os seus poucos anos de existência, só poderão levar à conclusão de que este ainda é um produto que terá de evoluir bastante. Mas é evidente que há um esforço de investigadores e os estudos sobre o tema têm evoluído consideravelmente na última década, pelo menos além-fronteiras.

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3.1.2 - A atualidade das infografias em Portugal

A realidade da comunicação social do nosso país difere em muito de outros países desenvolvidos, como é o caso dos Estados Unidos da América e da Espanha. Estes países mostram um grande vigor nesta área e é, portanto difícil comparar os nossos níveis de desenvolvimento com os deles. Quando falamos da infografia interativa a distância entre Portugal e estes países é ainda maior. Em Espanha, por exemplo, a infografia já está consagrada e é uma realidade há vários anos. Os estudos sobre infografias, em língua portuguesa, são poucos, sendo os de maior expressão aqueles que são realizados por profissionais norte-americanos, sul-americanos, ou espanhóis (Ranieri 2008: 261).

No site “meios e publicidade” (2006) encontramos um artigo sobre os nossos profissionais. Os jornalistas entrevistados referem que temos bons técnicos na área da infografia. Estes vão crescendo com as possibilidades que o nosso país vizinho lhes dá, como certames e congressos. Sabe-se portanto que temos profissionais aptos, qualificados e motivados para melhorar o panorama da infografia em Portugal. No mesmo artigo encontramos um depoimento de Susana Lopes que nos explica o atraso em relação a outros países: “A formação ao nível da infografia em Portugal é ainda muito deficitária, existindo alguns cursos isolados e alguns congressos mas ainda sem a força que se pretende para impulsionar este veículo de comunicação” diz-nos Susana Lopes2 num artigo de “Meios e Publicidade”. No mesmo artigo Joaquim Guerreiro3 constata uma recente aceitação por parte das redações, que só agora se apercebem que a infografia é extremamente positiva para um artigo, não podendo ser encarada como rival da escrita.

Com os olhos postos na vizinha Espanha, uma das referências no mundo das infografias multimédia, Cardoso (2010: 2) diz-nos que Portugal dá os primeiros sinais de estar a ficar ciente das vantagens da infografia multimédia, começa a notar-se a emergência de uma aposta neste universo infográfico que é reconhecido pelo seu potencial. Ricardo Castro4 não duvida que a aposta

2Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 3 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 4 Através de entrevista, ver apêndice 2

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em conteúdos multimédia permite um maior e mais notório alcance de número de leitores, confirmando contudo, que as infografias são uma lacuna evidente no ComUM. Cardoso (2010: 26) investigou as editorias de vários órgãos jornalísticos e, através de declarações dos editores multimédia, constatou que em nenhuma delas existia uma editoria exclusiva para a infografia. Remata com a conclusão de que as condições socioeconómicas do mercado da Internet, em Portugal, não são estáveis e não faz sentido produzir conteúdos com maior qualidade.

3.2 - MUDANÇAS NO JORNALISMO E NO PAPEL DO JORNALISTA

O jornalismo mudou definitivamente com a introdução das novas TIC. Muitas são as alterações que se conhecem nas variadas fases, da produção à receção:

“Hoy las salas de redacción están llenas de ordenadores y equipos que

facilitan cada vez más la producción, pero a su vez la hacen más compleja gracias a las múltiples possibilidades que ofrecen para

producirla en el menor tiempo posible” (Ochoa 2009: 198).

Mielniczuk (2003) distingue as etapas de evolução do jornalismo online. Numa primeira fase, no web jornalismo de primeira geração, assiste-se a um trabalho muito idêntico ao da imprensa. A atualização é diária e os conteúdos são praticamente os mesmos, há apenas uma transposição e adaptação ao meio. O conteúdo mantém-se estático e linear. No web jornalismo de segunda geração observa-se uma tentativa de utilizar melhor as caraterísticas oferecidas pelo meio, a web. Apesar do jornalismo continuar ancorado ao modelo impresso começam a aparecer links para notícias que aparecem entre as edições. Na última fase, no web jornalismo de terceira geração, observamos um real esforço para produzir conteúdo exclusivo para o meio, aproveitando muitas das suas potencialidades. Utilizam-se recursos multimédia, interatividade e hipertexto e há uma atualização contínua dos conteúdos. Amaral (2010: 36) é um dos autores que acrescenta uma nova fase, a quarta geração do web jornalismo, que se carateriza pela presença das infografias em base de dados. Esta dá a possibilidade ao leitor de cruzar dados e personalizar o seu conteúdo.

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O jornalista atual tem a necessidade de pegar em um conjunto de informações e transformá-las num material visual de qualidade, que facilidade a sua compreensão. Assim chega ao leitor de forma mais rápida e simples. Tem de criar notícias e reportagens com maior dinamismo e com uma compreensão mais acessível, tornando-as mais cativantes (Pedroza; Lima & Nicolau 2013: 12). Ricardo Castro5 refere que hoje pede-se mais de um jornalista. Anteriormente não se exigia tanta versatilidade a um profissional da área, “hoje em dia qualquer recém-licenciado tem (quase) a obrigação de ter um conhecimento e domínio crescente das várias técnicas” (ibidem).

Diz-se que o profissional do jornalismo pode deixar de existir, pois hoje, todos produzimos conteúdo informativo. Anteriormente, os media tradicionais produziam mensagens para o público, a lógica da oferta, agora todos produzem conteúdo para todos, a lógica da demanda (Wolton apud Palácios 2003: 5).

“The promise of so much easily accessible information quickly

transforms into peril as we wonder just how to make sense of all that

abundance, how to find the signal amidst all the noise.” (Craft; Maksl

& Ashley s.d: 1)

Contudo, com este acréscimo de informações, o papel do jornalista não pode ser esquecido, aliás, deve ser valorizado pois há uma maior necessidade de filtragem. Aparece assim como um moderador, que diz ao público qual o material que é confiável e qual será nocivo (Palácios 2003: 6). Como nos diz Nogueira (2013: 29) mais informação não quer dizer que haja, necessariamente, uma maior facilidade em encontrar o que pretendemos:

“O emergir da Internet veio quebrar com as barreiras do espaço e do tempo, contribuindo para a rápida disseminação de informações e para a facilidade de comunicação à escala mundial. Porém, é possível afirmar que o seu crescimento, paradoxalmente, pode ter dificultado o acesso às informações realmente pertinentes aos utilizadores.”

(Nogueira 2013: 29).

5 Através de entrevista, ver apêndice 2

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À sobrecarga de informação a que os humanos começaram a estar expostos dá se o nome de “Síndrome da Fadiga Informativa” (David Lewis apud Vietta 2012). Bustamante (s.d.: 24) mostra-nos um exemplo muito prático:

“Consultar un término cualquiera en un metabuscador como Google

arroja una cantidad extraordinaria -casi inmanejable a veces- de referencias. Es algo que casi todos hemos experimentado. Es la sensación de quien está perdido en el desierto, sediento, pide agua y llega un camión de bomberos con una manguera de alta presión

apuntada directamente al rostro” (Bustamante s.d.: 24).

Se tivermos apenas em atenção a boa informação e compreendermos as notícias que são credíveis estaremos a caminhar, indiscutivelmente, para uma forma mais razoável de tomar decisões, mais sábias e informadas.

3.3 - A IMPORTÂNCIA DA INFOGRAFIA E DA INTERATIVIDADE

Joaquim Guerreiro6 entrevistado por “Meios e Publicidade” denota que vivemos num século em que o tempo para atividades de distração é escasso, sendo, portanto, uma ótima altura para a aposta na infografia. Há um novo estilo de vida. O tempo para leitura é extremamente reduzido e é mais fácil e rápido esclarecer o leitor com uma boa infografia do que com um texto complexo e longo. Pois como nos diz Ochoa (2009:28):

“siempre la percepción visual es más rápida y exige menos trabajo

mental que la lectura que implica además que establezcamos relaciones diferentes dependiendo del significado que adquieren o no los signos y de que el medio y nosotros como lectores compartamos el

código” (Ochoa 2009: 28).

Com todas as mudanças exigidas pelo público, o jornalismo teve de inovar, uma tendência que nos dias de hoje é irreversível. Nasceu o jornalismo visual, que tem como um dos elementos

6Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

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mais marcantes a infografia. Esta nova forma de transmitir conteúdo jornalístico adotou técnicas esteticamente agradáveis, “com maior legibilidade possível, somada à incorporação de elementos gráficos e a redução de textos escritos, visando uma leitura mais rápida e fácil” (Sabbatini & Maciel 2004: 2). A eficácia na leitura da infografia está relacionada com a sua forma de apresentação, pois tem a capacidade de agrupar múltiplas semioses, facilitando a sua compreensão (Calegari & Perfeito 2013: 292-293).

“As infografias não só se fazem valer pelo seu poder explicativo como também pelo seu potencial de sedução estética, servindo muitas vezes como porta de entrada para os textos” (Nogueira 2013: 10). Este poder explicativo e de sedução assegura um conjunto de leitores que gosta de absorver a informação com celeridade. Para além de ser lida rapidamente, a infografia é predominantemente visual, sendo mais fácil de compreender para a generalidade da população, que apreende melhor os dados recebidos (Nogueira 2013: 13). Também Módolo (2007: 4) tem a mesma opinião, revela que a linguagem jornalística vai dando, nos dias de hoje, preferência ao uso da imagem, nomeadamente na utilização de infografias, o que se adequa perfeitamente ao estilo de vida das populações modernas. A facilidade de apreensão dos variados assuntos assume uma importância enorme e torna as infografias produtos ainda mais atraentes pois, “a maior força da linguagem visual está no seu caráter imediato, na sua evidência espontânea” (Dondis apud Calegari & Perfeito 2013: 294).

A infografia também é extremamente útil para explicar assuntos complicados a um público leigo, onde geralmente se precisa de facilitar a comunicação. Um exemplo disto é o jornalismo científico, que muitas vezes utiliza expressões próprias que não são familiares à grande maioria do público (Cecilio & Pegoraro 2011: 2).

A infografia estática mereceu, durante algum tempo a atenção do jornalismo. Este utilizava-a como um dos pontos mais importantes da sua linguagem visual. Com as mudanças tecnológicas a infografia começou a incorporar a interatividade. Temos de perceber o que é realmente uma infografia interativa e porque se distingue da infografia estática. Sancho apud

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Teixeira (2007: 6) fala dos seus atributos - a interatividade, o movimento, o hipertexto e desenho gráfico - e define-a como:

“uma aportación informativa, en la mayoria de los casos sucesiva, que se

elabora en las publicaciones digitales, basicamente visuales, pero também audiovisuales, realizada mediante unidades elementales icônicas (estáticas o dinâmicas), com el apoyo de diversas unidades tipográficas y/o sonoras,

normalmente verbales” (Sancho 2003 apud Teixeira 2007: 6).

A infografia impressa, que algumas vezes era vista apenas como um complemento à notícia textual migrou, com o avançar das tecnologias, para o ambiente digital, acrescentando aos seus benefícios a interatividade, a animação e a multimedialidade. Desta forma deixou de ser encarada como um complemento, passando a ser utilizada, muitas vezes, de forma autónoma. Ranieri (2008: 260) é um dos autores que nos explica a importância da infografia no jornalismo atual. Refere que num contexto de jornalismo em mudança, a informação que assume um caráter visual começa a ganhar o seu espaço. A importância é maior quando se acrescenta o valor da interatividade. A interatividade é a oportunidade dada ao leitor para escolher o conteúdo que quer ver, controlando também o momento em que quer ver, podendo optar por uma leitura não linear. A interatividade é possibilitada pelo meio onde a infografia se insere, a web, que apresenta uma enorme quantidade de vantagens relativamente ao impresso.

“A infografia já utilizada no jornal impresso aparece no web jornalismo com outra roupagem e mais paramentada de possibilidades facilitadoras de emissão de uma grande gama de informações antes dificultada pela falta de ferramentas ágeis; com capacidade de armazenamento; fácil manuseio e visualização de vários bancos de dados” (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 5).

Salaverría (2009: 47) afirma que a infografia multimédia é certamente um género com imensas potencialidades devido a todos os recursos que possuí, entre os quais se encontra a interatividade:

“La hipertextualidad, la multimedialidad, la interactividad y la

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dinamismo que los convierte en entes exclusivos, situados en el mismo

nivel ontológico que prensa, radio y televisión.” (Salaverría 2009:47)

Ribas (2004: 2) compara as infografias estáticas com as infografias multimédia. Diz-nos que na passagem do estático para a infografia de web, as caraterísticas essenciais mantêm-se, mas, por agregar as potencialidades que o meio oferece, alargam a sua função, é-lhes alterada a lógica e passam a agregar novas feições culturais. Teixeira (2007: 2) e Valero Sancho (2008) alertam para as dificuldades e as limitações da infografia impressa, como as técnicas e o espaço. Já quando se fala de infografia interativa estamos a falar do suporte da web e estes impedimentos deixam de fazer sentido pois dissolvem-se nas próprias características do meio. Encontramos, assim, mais potencialidades relativamente à infografia impressa.

A interatividade transforma a infografia num produto com enorme “polivalência estrutural e riqueza expressiva” (Salaverria apud Rinieri 2008: 264). Quando assistimos a uma infografia interativa não nos limitamos a ouvir, ver ou ler aquilo que alguém preparou para nós, podemos escolher o conteúdo interagindo com ele. A informação deixa de ser linear. O leitor tem a oportunidade de se envolver com a informação e o conteúdo, este pode filtrar o que quer ver de acordo com os seus interesses, pode compartilhar e até deixar a opinião (Pedrosa; Lima & Nicolau 2013: 3).

“Fazendo jus à máxima “Uma imagem vale mais do que mil palavras”, uma infografia multimédia abre um universo de perspetivas (...) e, mais importante, a possibilidade do utilizador interagir com a informação que possui diante de si, aumentando os níveis de interesse e permitindo a existência de várias camadas de conhecimento”

(Cardoso 2010:2)

A interatividade assume grande importância, hoje em dia, pela falta de tempo que se vislumbra na generalidade das sociedades desenvolvidas. Uma infografia interativa dá a possibilidade ao leitor/visualizador de escolher aquilo que quer ver, servindo assim de filtro para o que não é tão interessante. Com a interatividade é também possível interligar e manusear a informação, para que o leitor fique mais conectado com o que se está a passar. Assim usufrui de uma nova experiência cheia de potencialidades e não apenas de uma leitura.

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Com o aumento da difusão de dados e informações, a maioria do público deixou de ter tanto tempo para ler todas as notícias, “passando apenas os olhos pelas páginas e pelos elementos gráficos” (Nogueira 2013: 9). Os leitores informam-se agora, apenas sobre o que faz parte da sua lista de interesses. As infografias fazem parte, ao mesmo nível que as fotografias e os títulos, do primeiro nível de leitura de todos os meios impressos, ou seja, é nelas que o leitor deposita, primariamente a sua atenção, e pode ser através delas que ele escolherá se quer ou não continuar a ler sobre determinada matéria (Scalzo apud Módolo 2007: 5).

A infografia interativa, sendo jornalismo, tem o objetivo de transmitir informação, para além de oferecer ao leitor a “possibilidade de selecionar, organizar e visualizar a informação de acordo com as suas necessidades e em concordância com o seu ritmo de apreensão de informação” (Sousa 2014: 33). Discute-se o imediatismo de uma infografia, o tempo que esta demora para estar disponível na web. Neves (2014: 46) diz-nos que esta é realmente uma das grandes diferenças que se verificam entre a infografia realizada para papel e outra para a web. Na internet o conteúdo é colocado instantaneamente, e a atualização não é feita de forma diária, semanal ou mensal como acontece na imprensa. Novos dados pedem atualização imediata.

Uma das principais razões para que a infografia seja facilmente entendida pelos leitores pode estar relacionada com reminiscências de infância. A junção de imagem com desenho traz à memória a banda desenhada (Susana Lopes)7.

Ana Serra8 entrevistada por “Meios e Publicidade” diz-nos que a infografia tem a mais complicada das funções – demonstrar a verdade pura com base nos factos, não deixando espaço para a opinião. Assim, retira ao leitor todos os obstáculos que poderiam surgir e separá-lo da verdade. O que apesar de complicado é um fator muito positivo, pois não permite que os leitores se percam por entre opiniões e mostra-lhes apenas a verdade. Para além disto, segundo Nogueira (2013: 10), é possível mostrar mais dados num menor espaço:

7 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006) 8 Meios e Publicidade : Infografia: a informação visual (2006)

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“A sua capacidade de condensar e simplificar a informação, através de uma linguagem verbal mais simples e uma linguagem visual mais atraente, permite um melhor aproveitamento do espaço da página e torna o conteúdo mais acessível ao seu público-alvo, independentemente das camadas sociais” (Nogueira 2013: 10).

Palacios (2003: 2) diz-nos que algumas das potencialidades da infografia multimédia se prendem com as possibilidades que o meio oferece. Essas possibilidades são a multimedialidade/ convergência, interatividade, hipertextualidade, customização do conteúdo/personalização, memória, instantaneidade/ atualização contínua. Tudo isto são fatores positivos que colocam a infografia interativa num patamar acima da infografia estática.

A infografia interativa tem valor pedagógico. Os estudantes mudaram e o sistema educativo de há umas décadas deixou de ser o ideal (Prensky 2001). Percebeu-se que é mais simples para um estudante aprender com a personalização do conteúdo. Sabbatini & Maciel (2004: 13) defendem que se uma infografia usar elementos um pouco abstratos, com realismo reduzido, os estudantes são obrigados a imaginar parte da situação e não apenas a visualiza-la de forma passiva, contribuindo, assim, para aumentar a criatividade dos jovens. Reinhardt (2010), num estudo sobre Infografia Didática, chegou à conclusão que um grupo de alunos conseguiu descodificar mais facilmente a informação transmitida por uma infografia, comparando com o texto escrito, que arrecadou uma percentagem de descodificação mais diminuta. Também a informação que é transmitida pela infografia fica mais tempo na memória do leitor do que a informação passiva, aquela com que não necessitam de interagir.

3.4 - INFOGRAFIA. UM GÉNERO?

Para Prado apud Pedrosa; Bezerra & Nicolau (2013: 3) não são as diferenças dos veículos, de meios, produções e plataformas que vão fazer do jornalismo atual menos jornalismo do que o tradicional. Discute-se o papel da infografia, que se insere neste jornalismo atual, pois ainda não há total consenso da designação que deverá ser-lhe atribuída. Alguns profissionais e estudiosos assumem-na como uma técnica jornalística, outros nomeiam-na de “modalidade discursiva” (Teixeira 2007: 1) e outros elevam-na a género jornalístico. A grande razão para se falar de género é esta capacidade que a infografia tem, de hoje, já sobreviver independentemente.

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Autores como Colle; Clapers; Leturia e Cairo discordam da classificação de género jornalístico e “referem-se à infografia como uma técnica, uma disciplina, um recurso, uma ferramenta informativa, uma ilustração, uma unidade espacial” (Ribas 2004: 2). Amaral (2010: 26) diz-nos que podemos classificá-la como género, mas prefere utilizar o termo “modalidade jornalística” ou sub-género. Cecilio & Pegoraro (2011: 2) dizem-nos que a infografia tem sido vista, muitas vezes, como um mero recurso de estética ou como forma de complementar aquilo que o texto principal diz e rematam dizendo que a essência da infografia não é idêntica à do jornalismo.

Paulo Ranieri (2008: 260) refere a constante necessidade de se verificar uma mudança nos média. Com o espaço que a infografia vem a ocupar no campo hipermediático vem-se tornando “uma ferramenta autónoma com médias combinadas, e não seria exagerado dizer um género jornalístico independente” (ibidem). Teixeira apud Cecilio & Pegoraro (2011: 12) diz-nos que a infografia, assumindo o papel de narrativa jornalística, terá de adotar obrigatoriamente os princípios do jornalismo, tanto os técnicos quanto os deontológicos, assim como os seus limites. Portanto, se não se distingue das outras formas de fazer jornalismo terá de ser encarada, tal como as restantes, como um género. Rico & Rodrigues (2009: 26) também preferem adotar e concordam com o termo “género jornalístico”. Valero Sancho (2001) também se refere à infografia como sendo um género. Justifica que se deve ao facto da infografia ter funções jornalísticas particulares. Assume que pode ser encarada como um género diferente, por ser mais visual, mas a essência dela é narrar uma informação, assim como os outros géneros. Sojo (2002) explica-nos porque considera que a infografia é um género jornalístico:

1) Tem uma estrutura claramente definida; 2) Tem um propósito;

3) Tem marcas formais que se repetem em diferentes trabalhos; 4) Faz sentido por conta própria.

3.5 - INFOGRAFIA E PROFISSIONAIS: JORNALISTAS OU DESIGNERS?

Até há bem pouco tempo a infografia ainda não era respeitada dentro e fora das redações. As direções não faziam qualquer tipo de investimento, e as infografias que apareciam na imprensa e nos jornais digitais eram maioritariamente compradas a agências. Com a descoberta das suas

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Referências

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