.ff
UI{IVERSIDADE
DE
EYORA
MESTRADO EM
CONTABILIDADE
EAIJDITORIA
axÁr,rsn
r
cnsrÃo
Do
Rrsco:
UMA
APLICAÇÃo
nnnpÍnrc.l
À
AUDITORIA
Dissertação de Mestrado sob a orientação da Doutora Maria do Rosário Conceição Mira Carvalho
t8
6
ü
\4
MARrA
DAcoNCErÇÃo Dos sAryros
coNTRETRAS SALEMAALErxo
DUARTEEVORA
Aos meus pais Isabel e José,
Ao meu marido Hugo
O
meu primeiro
agradecimentoé
dirigido
aos
meus
pais
pelo
amor,
cariúo
ecompreensão que me deram ao longo da vida e especialmente durante esta etapa.
À
miúa
filha
Matilde,
a mais sacrificada durante a elaboração deste trabalho, que nãousufruiu da atenção necessiíria.
Ao
meu maridoHugo
pela paciência, amor e reconforto que me demonstrou em todosos momentos deste percurso.
A
minha orientadora, DoutoraMaria do
Rosário Carvalho pela imprescindível ajuda edisponibilidade que sempre demonstrou na orientação desta dissertação.
Ao
ProfessorDoutor
Francisco Carreirae
ao
Dr. Aníbal
Loureiro
dirijo
um
especial apreço pelaarnizade e apoio que sempre me dedicaram.A
Escola Superiorde
Ciências Empresariaisdo Instituto
Politécnicode
Setúbal pelas condições proporcionadas e aos colegas que directa ou indirectamente contribuíram paraa elaboração deste trabalho.
A
EuronextLisbon
S.A. quepossibilitou
a recolha dos dados das empresas cotadas em Bolsa de Valores.A
todos os meus sinceros agradecimentos.Íxurcn
DE
euADRos
...ÍNorcr
DE
FIGURAS
...Íxurcr
DE
TABELAS
...LISTA
DE
SIGLAS
EABREVIATURAS...
RESUMO
ABSTRACT
...2.1.
Breves considerações sobre a auditoria2.1.1.
Conceito e objectivo2.1.2.
Antecedentes Históricos ...2.1.3.
A
auditoria em Portugal2.1.4.
Perspectivas da auditoria interna2.1.4.I.
A
auditoria interna e a estratégia empresarial ...'Auditoria
tradicional versus auditoria baseada no riscoO controlo interno e a gestão do risco empresarial
2.1.4.4.
A
função de auditoria interna e o comité deauditoria..
2.2.
A
análise e gestão do risco em auditoria ...2.2.1.
O conceito de risco2.2.2.
A
análise evolutiva da gestão do risco (riskmangement)2.2.3.
A
relevância da gestão do risco ...2.2.4.
A
análise/avaliação do risco2.2.5.
A
prevenção do risco ...2.2.6.
A
gestiio do risco2.2.7.
Organismos emissores de standards de gestão do risco2.2.7.1.
The Committeeof
Sponsoring Orgaruzations of the TreadwayCommission (COSO)
VII
VIII
IX
XII
xIIr
XIV
I.
rNTRODUÇAO
1 2.REVISÃO DA LITERATURA
2.t.4.2. 2.1.4.3. 5 5 5 8 202t
23 25 28 28 35 35 36 42 45 46 48 50Análise e GesüIo do Risco: uma aplicação empírica àauditoria IV 51
2.2.7.3. 2.2.7.4. 2.2.7.5. 2.2.8.
,)ro
2.3. 2.3.1. 2.3.2. 2.3.3. 2.3.4.The Institute of Internal Auditors
(IIA)
.Internati on al Or ganization
for
Standardization (I S O)
. .Associação Portuguesa de Gestão de Riscos e seguros (APOGERIS) .... O controlo interno e a gestão do risco ...
Planos de gestão de riscos e a fraude
Levantamento de estudos empíricos
já
desenvolvidosEstudos empíricos sobre a abordagem da auditoria baseada no risco ...
Estudos empiricos sobre a auditoria interna em Portugal
Estudos empíricos sobre a auditoria interna baseada no risco em Portugal
Regulamentação sobre o Controlo Interno e Gestão de Risco em Portugal
53 54 54 58
6l
62 78 81 823.
ESTUDO
EMPÍRICO
... 3.1 Objectivos do Estudo Metodologia de investigação 86 86 86 86 87 88 90 919l
92 92 92 92 95 108 122t24
t32
t32
3.2.3.2.1 Método de recolha de dados
3.2.3.
Estrutura do Questionario3.2.4.
Técnica para análise de dados ...3.3.
População e Amostra3.3.1.
População3.3.2.
Seleccção da Amostra ....3.4.
Apresentação e análise dos resultados3.4.1.
Anrílise descritiva3.4.1.1.
Caracteização geral da amostra3.4.1.2.
Análise dos resultados-
SROC's ...3.4.1.3
Análise dos resultados-
Empresas cotadas em Bolsa3.4.2.
Análise estatística dos dados3.4.2.1.
Dimensão das Empresase
Gestão do risco3.4.2.2.
Análise comparativa das amostras3.4.2.2.1.
Hipótese 1 ...3.4.2.2.3. 3.4.2.2.4 3.4.2.2.s. Hipótese 3 136 137 139 Hipótese 4... Hipótese 5
4.
CONCLUSOES
4.1.
Conclusões Finais4.2.
Limitações do Estudo4.3.
Propostas para investigações futurasBIBLIOGRÂFIA
APENDICES
...Apêndice
I
-
Carla de Apresentação ...Apêndice 2
-
Questionariodirigido
às Empresas Cotadas em BolsaApêndice 3
-
Questionríriodirigido
às Sociedades de RevisoresOficiais
de Contas ..Apêndice 4
-
Lista das Empresas Cotadas em BolsaApêndice 5
-
Lista das Sociedades de Revisores Oficiais de ContasApêndice 6
-
Caracterizaçáo da amostra das Empresas Cotadas em Bolsa Apêndice 7-
Histograma ...Apêndice 8
-
Normal Q-Q Plot e DetrendedNormal
Q-Q Plot Apêndice 9-
Testes efectuados às hipótesesr42
142 144 144 145 154 155 156t66
175 176 179 180 181t82
Quadro 2.1
-
Análise evolutiva da auditoriaQuadro 2.2
-
Evolução da auditoria na detecção de fraude Quadro 3.1-
Questões para testar a hipóteseI
Quadro 3.2
-
Questões para testar a hipótese 2 Quadro 3.3-
Questões para testar a hipótese 3 ... Quadro 3.4-
Questões para testar a hipótese 4 Quadro3.5
Questões para testar a hipótese 5l6
58 133 135t36
138 139Figura 2.1
-
Avaliação da eficácia dos comités de auditoriaFigwa2.2
-
As relações do comité de auditoria... Figura 2.3-
Evolução dorisk
management ...Figura2.4
-
Abordagem integrada do risco Figura 2.5-
Avaliação do riscoFigtxa2.6
-
Auditoria
interna versus risco ...Figura2.7
-
Gestão do risco ...Figura 2.8
-
Iúatriz
do COSO ...Figura 3.1
-
Etapas da investigação empírica30 32 39 44 44 47 50 57
r23
ocupam...
Tabela 3.5
-
Distribuição dos inquiridos segundo a função desempenhada nasSROC'S
Tabela 3.6
-
Distribuição dos inquiridos segundo a função desempenhada nasempresas
Tabela3.7
-
Distribuição dos inquiridos segundo a antiguidade ...Tabela 3.8
-
Distribuição
das respostas segundoa
importânciaatribuída
àanálise e gestão do risco
Tabela 3.9
-
Distribuição
das respostas segundoa
importância da existência de um Departamento/Secção de análise e gestão do riscoTabela3.l0-
Distribuição das
respostassegundo
quem deve assumir
aresponsabilidade pelo Departamento/Secção do risco ... Tabela 3.11
-
Distribuição
das respostas segundoo
recurso a especialistas deanálise de riscos ..
Tabela 3.1
-
População e amostra do estudo .... Tabela3.2Tabela 3.3
-Tabela3.4
-Distribuição dos inquiridos segundo a sua idade ...
Distribuição dos inquiridos segundo as habilitações literiírias ...
Distribuição
dosinquiridos
segundoa
posição hierrírquica quesobre
a 92 93 93 94 94 94 95 95 96 96 97 98 98 99 99 100 100Tabela 3.12
-
Distribuição
das
respostas segundo
a
opiniãoidentificação e quantificação das causas dos riscos ...
Tabela 3.13
-
Distribuição das
respostassegundo
a
responsabilidade pela gestão de riscoTabela 3.14
-
Distribuição
das respostas segundoa
necessidade deum
planode gestão do risco ...
Tabela 3.15
-
Distribúção
das respostas segundoa
importância da existênciade meios para mitigar os riscos
Tabela 3.16
-
Distribuição
das respostas segundoa
existência deum
controlo interno para prevenir os riscosDistribuição
das respostas segundoa
opinião
relativamente à empresa estabelecer acordos contrafuais parapartilhar,
evitar,mitigar
os riscos Tabela 3.17Tabela 3.19
-
Distribuição
das
respostas segundo
a
opinião
sobre
acomunicação do risco ...
Tabela 3.20
-
Distribuição das
respostas segundoa
responsabilidade pela elaboração do relatório de risco ..Tabela
3.21-
Distribuição
das respostas segundoa
contribuição da análise egestão do risco
Tabela 3.22
-
Distribuição
das respostas segundoa
importânciado
risco
denegócio
Tabela 3.23
-
Distribuição das
respostas segundoa
responsabilidade pela avaliação do risco de negócioTabela 3.24
-
Distribuição das respostas segundoo
papel desempenhado pelo ROC perante o riscoTabela 3.25
-
Distribuição das
respostas segundoa
necessidadedo
ROCidentificar os riscos
Tabela 3.26
-
Distribuição
das respostas segundo a responsabilidade do ROC perante a continuidade ...Tabela 3.27
-
Distribuição das
respostassegundo
as
razões
válidas
paraadoptar
uma
abordagem
da
auditoria
baseadano
risco
de101
t02
103 104 105 105 106 106 107 negócioTabela 3.28
-
Distribuição das respostas das empresas segundo a sua estruturainterna 108
Tabela 3.29
-
Distribuição das respostas segundo a avaliação dosriscos
109 Tabela 3.30-
Distribuição das respostas segundo a identificação dos riscos...
Il0
Tabela 3.31-
Distribuição das respostas segundo as potenciais fontes de riscoda envolvente externa ....
n1
Tabela 3.32
-
Distribuição das respostas segundo a avaliaçáo do riscott2
Tabela 3.33
-
Distribuição
das respostas segundoa
importáncia da gestiÍo dorisco ...
ll3
Tabela 3.34
-
Distribúção
das
respostas segundoos
métodosutilizados
namitigação dos riscos
tt4
Tabela 3.35
-
Distribuição das respostas segundo a função do controlointerno
Il5
Tabela 3.37
-
Distribuição das respostas segundo a comunicação do risco ... Tabela 3.38-
Distribuição das
respostassegundo
a
responsabilidade pelaelaboração do relatório de risco
Tabela 3.39
-
Distribuição
das respostas segundoa
contribuição da análise egestão do risco de negócio na tomada de decisão estratégica ... Tabela 3.40
-
Distribuição
das respostas segundoa
importânciada
análise egestão do risco .
Tabela 3.41
-
Distribuição das
respostas segundoas
razõesválidas
para
a auditoria adoptar uma abordagem baseada no risco de negócio ...Tabela 3.42
-
Fiabilidade da variável dimensão ...Tabela 3.43
-
Coeficiente de frabilidade da variável dimensão Tabela 3.44Tabela 3.45
-Assimetria
I
achatanento da variável dimensãocolaboradores, Volume de negócios e Total do
Activo
Tabela 3.46
-
}:y'ratnzde
correlaçãoentre
a
dimensãoe
a
existênciade
umdepartamento interno de auditoria ...
Tabela 3.47
-
Matnz de
correlaçãoentre
a
dimensãoe
a
existênciade
umdepartamento de análise e gestão do risco .
tt7
118 119 120t2l
Tabela 3.48 Tabela 3.49 Tabela 3.50 Tabela 3.51 Tabela 3.52 Tabela 3.53 Tabela 3.54 Tabela 3.55-t25
t26
t27
Teste
sobre
a
normalidade
das
variáveis:
No
médio
de128
129
131
Frequências observadas
/
frequências esperadas-
Hipótese 1...
133134
137
Chi-Square Tests
-
HipóteseI
Frequências observadas
/
frequências esperadas-
Hipótese2
...
135Chi-square Tests
-
Hipótese2
... 135Frequências observadas
/
frequências esperadas-
Hipótese 3...
137 Chi-square Tests-
Hipótese 3 ...Frequências observadas
/
frequências esperadas-
Hipótese4
...
138Chi-square Tests
-
Hipótese 4 ... 138Tabela 3.56
-
Chi-Square Tests-
Hipótese 5 ... 140AAA
- American Accounting AssociationABR
- Auditoria baseada no RiscoAICPA
- American Institute of Certified Public AccountantsCAEs
- ChiefAudit
ExecutivesCBOK
- Common Bodyof
KnowledgeCEE
- Comunidade Económica EuropeiaCIA
- Certified InternalAuditor
CMVM
- Comissão de Mercado de ValoresMobiliários
COSO
- Committeeof
Sponsoring Organizations of the Treadway CommissionCPC
- Conselho de Prevenção da ComrpçãoDRA
-Directriz
de Revisão/AuditoriaERM
- Enterprise Risk ManagementFERMA
- Federation of European Risk Management AssociationIFAC
- Intemational Federation of AccountantsIIA
-
Institute of InternalAuditors
IOSCO
- International Organi zationof
Securities CommissionsIPAI
- Instituto Português de Auditores InternosISA
- Intemational Standard onAuditing
I S
O
- Internation al Or ganizati onfor
Standardi zationISP
- Instituto de Seguros de PortugalNTR/A
- Normas Técnicas de Revisão/AuditoriaPCGA
- Princípios contabilísticos geralmente aceitesOROC
- Ordem dos Revisores Oficiais de ContasR/CSA
- Control Risk Self-AssessmentROC
- RevisorOficial
de ContasSAS
-
Statements onAuditing
StandaÍdsSEC
-
Securities and Exchange CommissionSPSS - Statistical Package for the Social Sciences
SROC's -
Sociedades de Revisores Oficiais de ContasEU
- União EuropeiaUEC
- Union Européenne des Experts Comptables, Economiques et FinanciersAnálise
e Gestão do Risco:uma
aplicação empírica àauditoria
A
análise e gestão do risco têm merecido nosúltimos
anos especial atençãopor
parte das organizações, que estão expostas regularmente a viírios riscos de natureza interna e externa.O
objectivo
desta dissertaçãoé
salientar a importância da análise e gestão dorisco
para as
organizaçõese
para
o
trabalho
desenvolvidono
âmbito da
auditoria, especialmente no que se refere ao desempenho organizacional.O
estudoempírico
incidiu
sobre uma Írmostra constituída pelas empresas cotadas em mercado contínuo na Bolsa de Valores de Lisboa e pelas de Sociedades de RevisoresOficiais
de Contas.A
metodologiautilizada
consistiu no envio de questionarios com o objectivo de obter as informações necessárias para testar as hipóteses formuladas.Os resultados obtidos do estudo demonstram que as opiniões das empresas cotadas e das
Sociedades de Revisores
Oficiais
de Contas face à importância da análisee
gestão do risco nas organizações são semelhantes.Palavras-chave: Análise e Gestão do Risco;
Auditoria
Interna; Controlo Interno.Analysis
and Management ofRisk:
anempirical
study toaudit
work
In
last yearsthe
analysis and managementof risk
has received special attentionfrom
those organizations that are usually exposed
to
intemal and external risks. The purposeof this
study
is
to
underline the
importanceof
analysis and managementof
risk
for
orgartizations and for audit
work,
especially concerning the organization perforÍnance.The empirical
studyis
focusedon a
sampleof
Companies quotedon the
ContinuousMarket
of the Lisbon
Stock
Exchangeand SROC's. The
methodology consisted onsending
questionnairesin
order
to
obtain
the
necessaryinformation
to
test
the hypotheses.The results show that
the
opinionsof
Companies and SROC's aresimilar
concerning the importanceof
analysis and management ofrisk in
organizations.Keywords:
Risk Management; InternalAuditing;
Internal Control.I.
rNTRODUÇÃO
A
globalização da economiae o
desenvolvimentocientífico
e tecnológico que se vemregistando
nas últimas
décadas, associadoas
exigências cada
vez
maiores
dosutilizadores
da
informação financeira provocam
profundas alteraçõesna
conjunturaempresarial
trazendo riscos
acrescidos
às
organizações.Neste âmbito,
toma-seimperativo a definição de uma abordagem pró-activa de gestão do
risco,
que permitiráàs empresas potencializar a sua competitividade,
minimizar
a sua exposição ao risco eidentificar oportunidades paÍa o seu desenvolvimento contínuo e sustentável.
O conhecimento do negócio e dos riscos a ele associado tenderá a ser uma das maiores preocupações dos gestores e consequentemente dos auditores pois a avaliação do risco
permite identificar, medir e prrorrzar os riscos, possibilitando a focalização dos gestores e responsáveis pela gestão do risco para as áreas auditáveis mais significativas. Para o
auditor
serámais
fácil
delinearo
programa deauditona
capazde
testaros
controlosmais importantes
ou com
maior profundidade, deforma
acontribuir
paraa
eficácia e efi ciência da gestão organizacional.Uma auditoria
centradana
análisee
identificação dos riscos acrescenta maisvalor
àorgarrizaçãq proporcionando
uma maior
amplitude
nos
aspectosque
interessam àgestão.
O
próprio modelo
do
COSO (Committeeof
Sponsoring Organizationsof
theTreadway Commission) estabelece
um
novo
paradigmade
eventos paÍaa
gestão deprocessos
de
negócioem
ambientede controlo,
nomeadamentea
avaliaçãodo
risco através da sua identificação, mediçãoe
priorizaçáoe
a gestão dorisco
atravésdo
seu controlo, redução e partilha.A
auditoria
baseada apenasno
controlo não
responde às novas exigênciasda
vida
empresarial
e
o
paradigma de uma auditoria baseadano risco
começae
acabacom
aconsideração
do
risco
de
negócio.
O
controlo intemo
é
sem dúvida uma
parteimportante da mitigação de riscos, mas não é a solução completa.
O
risco em auditoriapaÍece ter uma natttreza dupla e interdependente: por um lado, o risco de auditoria, por outro lado,
o
risco associado à continuidade da empresa. Istosignifica
que, a análise egestão
do risco
deve
permitir
aos
gestorese
auditoresuma
avaliação das decisões tomadas, assimcomo,
um
apoio nas decisões futuras. Esta abordagemdo risco
deveaind4
proporcionar informação
adequadae
atempada,de forma
a
alcançar
maisfacilmente os objectivos definidos e constituindo um factor chave de diferenciação e de
sucesso organizacional.
A
gestão do risco está a apaÍecer cadavezmais como um tópico-chave de conferências e alvo de literatura e debate polémico em auditoria. Dadoo
aumento da incerteza, hojeem
di4
muitos
negócios procuram novasformas de
analisaÍe gerir
o
risco.
O
que interessa éa
focalização das acções nofuturo, logo
a análise dos riscos proporcionaráuma auditoria mais
vocacionada para
cobrir toda
a
amplitude
dos
aspectos que interessamà
gestão.O
grandeobjectivo
seráa
identificaçãodos riscos
testando os meios pelos quaisa
gestão podemitigar
esses mesmos riscos, atravésda
sua própria gestão.O presente trabalho tem como objectivo analisaÍ a problemática da análise e gestão do risco nas organizações numa perspectiva de auditoria e indagar da importância da gestão do risco como factor de informação relevante para a tomada de decisão, estabelecendo a
ligação/conexão
com
a Auditoria
Internano
seio
empresarial. Pretende-seanalisaÍ
a opinião e a importância que as empresas cotadas em bolsa e as sociedades de revisoresoficiais
de contas atribuem à análise e gestão do risco nas organizações, evidenciando agestão
do risco
como nova
tendênciada auditoria
e
o
seuimpacto
na
definição
da estratégia empresarial. Acresceo
objectivo deidentificar
as metodologias e estruturasutilizadas pelas empresas relativamente
à
análise, controlo, comunicaçãoe
gestão dorisco, procurando especificar se as mesmas são adequadas às exigências da envolvente global.
Pretende-se ainda estudar como a análise e gestão do risco nas organizações reflecte a
sua importância
na definição
da estratégia empresarial, estabelecendoa
convergênciaentre
os
conceitos teóricos
e
as reais
necessidadesde
informação,
de uma
formadiversificada
e
comparativ4
podendoconstifuir-se como
um
poderoso mecanismo personalizado de gestão.Neste sentido, a obtenção de resposta para algumas questões consideradas relevantes no que concerne à problemática da aniilise e gestão do risco ntrma perspectiva de auditoria
é objectivo fulcral. Para tanto equacionam-se as seguintes questões:
.
A
análise e gestão do risco são objecto de análise pelas empresas cotadas?.
As empresas cotadas e as Sociedades de Revisores Oficiais de Contas (SROC's)têm a mesma opinião sobre a importância da análise e gestão do risco?
.
HéLuma relação entre a dimensão da empresa e a existência de auditoria interna ede análise e gestão do risco?
2 Análise e Gestão do Risco: uma aplicação empírica à auditoria
.
A
análisee
gestãodo risco
podemcontribuir
paÍa a formulação estratégica da empresa?.
Análise
e
gestãodo risco: factor de
aumentode
competitividadee
sucessoempresarial?
A
auditoria interna e os auditores intemos assurnem um papel determinante na medidaem
que outras questões se impõem, comoé
o
caso da análisee
gestão dos riscos denegócio, actualmente uma das temáticas em grande debate na vida das organizações.
É
desta
reflexão que
surge
o
interessee
as
motivações para
a
realização
destainvestigação que constitui
um
desafio parao
desenvolvimento de novos saberes numaátrea ainda pouco explorada
em
Portugal. Esta temáticaé
de extrema relevância poispermite
o
entendimentosobre
os
factores
de
risco
associadosà
organização nodesenvolvimento
da
sua gestãoe do
trabalhode auditoria intema
baseadano
risco.Permite ainda
estabelecer mecanismosde
gestão
dos
riscos que
proporcionam,consequentemente,
melhorias
significativas
nos
processos
de
orientação
eimplementação estratégicos.
Consideramos que este estudo é bastante pertinente e dado que
o
actual estado da arteem
Portugal está aindapouco
explorado, poderá lançar novas pistasde
investigaçãonuma
iírea
fundamentalpara
o
desenvolvimentodas
organizaçõesnuma
sociedadeglobal.
Este trabalho de investigação esta estruturado em quatro capítulos distintos.
No
segundocapítulo
é
efectuada
a
revisão
da
literatura
iniciada
por
uma
abordagem
aos fundamentosteóricos
da
Auditoria,
evolução
histórica
e
objectivos, explorando
eprecisando alguns focos de tensão permanente:
Auditoria
Tradicional versusAuditoria
Baseada no Risco, Gestão versus
Auditoria
Interna. Segúdamente é abordada a análise e gestÍÍo do risco em auditoria através do enfoque na sua análise, gestão e a importânciaque
assumena
auditoria intema
a
na
tomada
de
decisão
estratégica.São
aindaapresentados alguns estudos empíricos sobre
a
análisee
gestilodo risco
e
sobre a auditoria interna baseada no risco.No
terceiro capítulo é realizado um estudo empírico,cuja
metodologia
setraduz
na
realizaçãode
questionáriosàs
empresas cotadas em mercado contínuo na Bolsa de Valores de Lisboa e as Sociedades de Revisores Oficiaisde Contas com o objectivo de identificar a existência de áreas departamentais de anrálise
e
gestãodo risco e
mecanismose
indicadores de gestãoe
mitigação dos riscos. Serárealizado
um
estudodas
diferençase
semelhanças existentesentre
as
empresas na abordagem desta temática e sobre o relacionamento entre diferentes variáveis utilizandoJ
testes de hipóteses
com
o
recurso ao tratamento estatístico dainformação
através dosoftware
informático
Statistical Packagefor
the
Social Sciences (SPSS) analisando ainformação quantitativa e qualitativa considerada relevante para a amostra em estudo.
Por
fim,
serão apresentadosno último
capítulo
as conclusõesrelativas
à
revisão daliteratura e do estudo empírico realizado, sendo também tecidas algumas considerações
sobre
as
limitações
do
estudo
e
apresentadasalgumas orientações
para
futuras investigações.4
2.
REVISÃO DA LITERATURA
Este
capítulo
pretendefazer
umarevisão
da
literatura
sobrea
temárticaem
estudo,através
da
análisede
uma vasta literatura que
inclui
alguns estudosempíricos
quepermitem evidenciar o estado da arte.
2.1. Breves considerações sobre
auditoria
2.1.1. Conceito e
objectivo
O termo auditoria evoluiu ao longo dos anos, alargando os seus horizontes à medida que
se
expandia
pelos
países
latinos
e
anglo-saxónicos.É
actualmenteum
conceito completo da modema economia segundo a opinião de Suarez (1991, p.1).O
conceitode
auditoria deixou de
designar apenasa
revisãoda
contabilidade mas,também
toda
a
actividade
de
controlo
relacionadacom
a
actividade
económico-financeira das organizações públicas ou privadas.A
sua
origem deriva da palavra inglesa
"to
oudit"
cujo
significado
é
verificar,
inspeccionar, investigar.
A
auditoria data de há mais de 2000 anos,primeiro
no Egiptoe,
posteriormente,na
Grécia
e
Roma.
Mais
tarde,
expandiu-separa outros
lugaresdevido
à
necessidadede
apresentaçãopública das
contas confiadas
a
cidadãos responsáveis pela gestão dos capitais públicos (Porter et al, 2003, p.3).O
conceito
de
auditoria
tem
sido objecto
de
estudode
diversos autoresque
desde sempre têm apresentado signiÍicados idênticos mas com algumas particularidades. Para Stamp eMoonitz
(cit. in Costa, 2007, p.50):"umo auditoria
é
um
exame independente,objectivo
e
competentede
umconjunto de demonstrações
/inanceiras
de uma entidade, iuntamente com toda aprovq
de suporte necessária, sendo conduzida como
intenção deexprimir
umaopinião
informada
efidedigna,
atravésde
um
relatório
escrito, sobre se
as demonstraçõesfinanceiras
apresentam apropriadamente a posiçãofinanceira
eo progresso da entidade, de acordo com os normas de contabilidade geralmente
aceites
(....)."
O conceito mais generalizado, segundo
Flint
(1988, p.5), é o mencionadopelalmerican
Accounting Association
(AAA)
em
1973,que
encaÍaa
auditoriacomo
um
processo5
sistemático que permite obter e avaliar as evidências relativas às asserções subjacentes
às
acções económicas,de
forma
a
avenguaro
graude
correspondênciaentre
essasasserções
e
os
critérios
estabelecidose
ainda
a
comunicaçãode
resultados
aosinteressados.
Em
1978,a
Union
Européenne desExperts
Comptables, Economiqueset
Financiers(UEC) apresenta no seu normativo (cit.
in
Costa, 2007, p.50):"o
objecto de umaauditoria
de demonstraçõesfinanceiras
é a expressão de umaopinido
sobre
se
ou
não
estas
demonstrações/inanceiras
apresentam uma imagem verdadeira eapropriada
do estado dos negócios da empresaà
data dobalanço
e
dos seus resultadosdo
anofinanceiro,
tendo em atençõoa lei
e as convenções do país no qual a empresa está registada."Em
1980a International Federation
of
Accountants(IFAC)
é
mais preciso:define
a auditoria como o exÍrme ou verificação dos documentos de prestação de contas realizadopelo
auditor
com
o
objectivo
de
expressaÍa
suaopinião
sobrea
credibilidade
dosmesmos. Segundo Carmichael
et
al
(1996, p.4)
"(...) a
auditoriaé
uma
investigação independente de uma actividade particular(...)."
De referir a
relevânciacientífica
da
estruturateórica
da
auditoria
expressanos
oitopostulados básicos da auditoria estabelecidos por Mautz e Sharaf
(l
961, pp.43-61):As
informações
e
os
dados contidos nas
demonstraçõesÍinanceiras
são verificáveis;Não existe necessariamente
conÍlito
de interesse entre o auditor e a administraçãodas organizações submetidas a auditoria;
As
demonstrações financeiras e outras informações submetidas a verificação sãoelaboradas
liwes
de erros intencionais e irregularidades;Um
sistema de controlo interno satisfatório elimina a probabilidade de existirem inegularidades;A
aplicação consistente dos princípios contabilísticos geralmente aceites permitea apresentação adequada da posição financeira e dos resultados da empresa;
Na falta
de
evidênciaem
contriário,aquilo
quejá
foi
considerado verdade no passado também constituirá verdade para o futuro;6 Análise e Gestão do Risco: uma aplicação empírica à auditoria
-
Quandoo
auditor
examinaas
demonstrações financeirascom
o
propósito
deexpressar
uma opinião
independente,o
auditor
recoÍre
simplesmenteà
suacapacidade de auditor;
-
O
estatutoprofissional do auditor
independente impõe obrigações profissionaisadequadas.
No
que concerne aos objectivos de auditoria, as opiniões têm-sedividido
ao longo dosanos. VráÍios organismos internacionais de prohssionais de contabilidade e auditoria têm
vindo
a declarar objectivos diferentes. Cita-se paÍa o efeito aIFAC
(2006,cit.
in
Costa,2007, p.50)
"o
objectivo
de uma auditoria de demonstrações financeiras éo
depermitir
que
o
auditor
expresseuma opinião
sobre
se as
demonstraçõesfinanceiras
estãopreparada, em todos os aspectos materiais, de acordo com uma estrutura conceptual de
relato Íinanceiro aplicável."
Em Julho
de
2002
a
Lei
de
Sarbannes-OxleyActl
veio
legislar
a
prática
de
boa governação corporativa, requerendo às empresas cotadas, nosEUA,
o relato da eficáciados controlos internos. Esta
Lei
surgiucom
o intuito
de recuperara credibilidade
dainformação financeira
apresentadapelas
empresas,que
devido aos
escândalosfinanceiros ocorridos
no final da
decadade 90
naEnron
e naWorldcom, a
título
deexemplo,
ficou
abalada.Ao
nível de legislação, a União Europeia(UE)
temvindo
a publicar diversas DirectivasComunitrárias relacionadas
com
a
actividade
empresariale
consequentemente comaspectos relacionados
com
a
contabilidade
e
auditoria.
Em
1984
foi
publicada
aDirectiva
85l253lCEE2que
abordapela primeíra
vez
aspectos relacionadoscom
aauditoria,
nomeadamenteno
que
se refereà
aprovaçãode
responsáveispela
revisãolegal
das contas.
Em
Junho
de 2006
a
UE
publicou
a
Directiva
20061431CE que estabelece de uma formamuito
mais pormenoizada ao longo de 12 capítulos as regrasrelativas à revisão
legal
das contas anuaise
consolidadas das empresas, que revoga aDirectiva
85l253lCEE
e
altera
as
Directivas
78/66O!CEE3e
83l349lCEEa.
Maisrecentemente, em
Março
de 2008foi
emitida aDirectiva
20081301C8 que faz algumas alterações às anteriores.t
"Guia para melhorar a governança corporativa através de eficazes controles intemos", EUA
2 8'Directiva
da Comunidade Económica Europeia (CEE)
3
4" Directiva relativa às contas anuais de determinadas formas de sociedades
4
7" Directiva relativa às contas consolidadas
De
salientar outros autores que completam ainda mais estalinha
de ideias, comoé
ocaso
de
Valderrama
(cit.
in
Almeida,
1998b)que
apontaa
detecçãode
fraudes einegularidades,
a
confirmaçãodo
cumprimento de todas as disposições vigentese
daexistência
de
sistemasde
controlo
adequadosque
garantem
a
razoabilidade dasdemonstrações financeiras como os principais objectivos de auditoria. Neste contexto, é
válido
pensar queo objectivo
de auditoria é sobretudo expressaÍ uma opinião sobre seas demonstrações financeiras apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os
aspectos materialmente relevantes,
a
posição financeirada
entidadee
o
resultado dassuas operagões de acordo com os Princípios contabilísticos geralmente aceites (PCGA).
Esta análise permite evidenciar o alargamento do âmbito da auditoria no que respeita ao
seu
objectivo.
Emboraa
detecção de errose
fraude seja detodo
o
interesse, nãoé
oprincipal
objectivo da auditoria. Relativamente a esta questãoAlmeida
(1998a) defendea existência de dois tipos de objectivos da auditoria, realçando que o objectivo básico da
auditoria
se relaciona
com
a
necessidadede
o
auditor
deter todas
as
informações necessárias paraemitir a
suaopinião
sobrea
credibilidadeda
informação financeira.Como
objectivos
secundiírios apontaa
detecçãode
erros
e
fraudes,
a
emissão derecomendações para melhorar o controlo intemo e a assessoria económico-financeira no sentido de perspectivar o futuro da empresa. O autor preconiza ainda que o objectivo de
auditoria
é
actualmentemais
alargado,não se limitando
apenasà
comprovação everificação
dos registos contabilísticos, mas tambémà
análiseda
empresa como um todo(Almeid4
2000, p.5a5).Poder-se-á
dizer
que
estas
novas
tendênciasda
auditoria
estão
de
certo
modorelacionadas
com
a
necessidadede
resolver problemas advindos
do
processo deinternacionalizaçáo e globalização que contribuíram em larga escala paÍa a difusão do conceito e dos objectivos de auditoria.
2.1.2. Antecedentes
Históricos
Segundo Carmichael (1985), a compreensão da auditoria enquanto profissão passa pela
análise
da
sua
perspectivahistórica, uma vez que
os
objectivos
e
técnicas
destaprofissão sofreram grandes alterações desde a
recoúecida
existência dos auditores.8
Browns
(cit. in
Carmichael, 1985, p.46) também refere a revisão da história de auditoria como a base de análisee
interpretação das mudanças ocorridas nos seus objectivos etécnicas.
Dificilmente
se consegue precisar quando começaa
históriada auditoria,
pois
actoscomo
verificar a
legitimidade da informação
económico-financeirae a
prestação decontas a
um
superior hieriírquicojá
poderia ser considerada auditoria. Desde os tempos mais remotos que é reconhecida a sua importância, existindo indícios da sua utilizaçãona longínqua
civilização
Suméria.Segundo Porter
et
al
(2003), nosimpérios
egípcios, gregos e romanoshá indícios
desistemas
de
verificação
da
contabilidade,no
sentido
de
averiguara
utilização
doscapitais
públicos.
Tambémno Império
Romanoera
práticacomum
os
imperadoresencarregarem
funcioniírios
de
altos
cargosda
supervisão das operaçõesde
naturezacontabilística
e
financeira.
A
prevenção
de
actos
fraudulentos
era
a
principalpreocupação, facto que sofreu algumas alterações com a queda deste Império.
Na época medieval, em Inglaterra, os funcionários govemamentais visitavam as grandes propriedades com o objectivo de conferir as contas apresentadas (Porter et al, 2003).
Segundo Carmichael et
al
(1996, p.2), a história da auditoria data pelo menos do séculoXV. E
sabido
que
nesseséculo
os
auditores erÍIm
chamadospelos
mordomos
depropriedades domésticas ricas, na
Inglaterra,
püà
assegurffa
ausência de fraude nos registos efectuados.Suarez (1991,
p.3)
vai
mais longe quando alega que a história daAuditoria
desde osseus primeiros antecedentes remonta a muitos anos atrás, sendo quase
tilo
antiga como aprópria história da humanidade.
Brown (citado
in
Carmichael
et al,
1985)
faz
uma
abordagemhistórica
bastante interessante que permite analisar detalhadamente a evolução dos objectivos e técnicasde auditoria. Nesta óptica, refere
um
período anteriorao
ano 1500em
quea
grande preocupação daauditoria
era a detecção de fraude nas transacções efectuadas, sendo os'
Brown, R. Gene (1962), Changing Audit Objectives and Techniques, The Accounting Review, vol.37,n.o 4, pp. 696-703
9 Análise e Gestão do Risco: uma aplicação empírica à auditoria
registos contabilísticos apenas comprovados pelos invenkírios periódicos efectuados. De
notar que
a
auditoria
consistia
basicamentena
verificação
detalhadade
todas
astransacções existentes,
pois
o
conceito de prova
ou
amostracomo
procedimento de auditoria era totalmente desconhecido nesse período.Em
1547
foi
publicado
em
língua
inglesa
um
livro
sobre
escrituração comercialdirigido,
entre outros, aos auditores, escritopor
um
autor anónimo. Desdeo final
doséculo
XVII
que
na
Grã-Bretanhafoi
reconhecidoo
contabilista profissional
comoindivíduo habilitado atratar de casos de falências, liquidações, insolvências.
O
âmbito da auditoria foi-se
expandindo, embora duranteum
longo
períodoa
regratomada como
válida
consistissena
verificação
detalhadadas
transacções, sendo adetecção de fraude tida como o principal objectivo. Segundo
Brown (cit. in
Carmichael, 1985, p.46) as mudanças nas atitudes reconhecerÍrm a necessidade deum
"sistema decontabilidade ordenado
e unificado de
informação
e
de
prevençãoda
fraude",
e
a"aceitação geral da necessidade de uma revisão independente das contas" para todas as
empresas, independentemente da sua dimensão.
A
partir da
segunda metadedo
séculoXIX
equipasde
stakeholdersvisitavam
asorganizações
com
o
objectivo de verificar
os
dadoscontabilísticos.
Esta
situação suscitou a necessidade de profissionais especializados nestas matérias afim
de garantira
fidedignidade dos registos analisados(Brown,
citadoin
Carmichael, 1985,p.a8).
O autor refere ainda queo
controlo interno era pouco relevante paÍa a auditoria. SegundoCosta (2007,
p.54)
o "primeiro
organismoprofissional de
contabilistase
auditores anível
mundial"
surgiu em 1854 com a criaçãoThe
Society of Accountants in Edinburgh,que desde 1951 é
o
The Instrtute of Chartered Accountants of Scotland .Mais
tarde,em
l9l7
foram
publicados os primeiros documentos técnicos de auditoria pelo organismo American Institute of AccountanÍs6 que apartir de
1948foi
substituídopelo
actualAmerican Institute
of
Certified Public
Accountanrs(AICPA).
Esteúltimo
emitiu
atravésdo
seu
normativo
diversos
documentostécnicos interpretativos
dasnorÍnas de
auditoria-
Statements on Auditing Standards (SAS).ó
Este organismo foi criado em 1887
Esta prática eÍa
manifestamenteineficiente
e
demasiado dispendiosa,justificando
algumas mudanças
no
sistema
contabilístico
e
a
incrementaçãode
técnicas
deamostragem no trabalho a desenvolver pelos auditores,
o
quejâ
era evidenteem
1895em Inglaterra e nos Estados Unidos devido ao rápido crescimento dos negócios (Brown,
cit.
in
Carmichael, 1985). Contudo, é de salientar que neste períodoo
objectivo basilarda auditoria continuava
a
sera
detecção de fraude, não havendo grande incidência nocontrolo interno.
O
verdadeiro reconhecimento do controlointemo
comoa
base de decisão da extensãoda análise e verificação dos registos apareceu na versão americana de Dicksee
(cit. in
Carmichael, 1 985, p.50).
No
entanto, o reconhecimento da auditoria como actividade profissional surgiu na Grã-Bretanha pelaLei
das Sociedadesde
1862.A
este propósito, Suarez (1991, p.3) refere que estaLei
estabelecia o interesse das empresas num "sistema metódico e normalizadode contabilidade e a necessidade de efectuar uma revisão independente das suas contas."
Mais
tarde,em
1879,foi
imposto às "entidades bancarias a obrigação de submeter ascontas anuais ao
juizo
de um auditor independente" (Suarez, 1991, p.3).Um
ano depoisa
Raiúa
Vitoria
concedeu otítulo
"Chartered AccountanÍ.s"
aos auditores de Inglaterrae Gales.
A
profissãode auditor
coúeceu um
desenvolvimento excepcionalem InglateÍra,
noperíodo
de
1862
a
1900,
sendo nesteúltimo
ano
alargadoaos
EstadosUnidos
daAmérica
(Suarez, 1991). Pode mesmo dizer-se quea
Inglaterrafoi
o
país
que mais desenvolveu a auditoria, devido ao seudomínio
sobre os maÍes e controlo do comérciomundial e também pelas necessidades decorrentes da Revolução Industrial.
Brown
(cit.in
Carmichael,
1985,p.48)
faz
uma
crítica
semelhante, afirmandoque
a
RevoluçãoIndustrial forneceu
o
impulso
necessáriopaÍa
a
reestruturaçãodas
empresas econsequente amadurecimento da profissão de auditoria.
De
acordocom
o
referido
por
Porter
el
al
(2003),
no
período antesda
RevoluçãoIndustrial era pouco
visível
a necessidade de auditar as contas, até porque os pequenosnegócios existentes (propriedades)
erÍrm
basicamente
explorados
pelos
seus proprieüírios,não
sendo necessiíriaa
apresentação de relatóriosa
outras entidades.A
auditoria tinha como
objectivo
a detecção de fraude na utilização dos capitais públicosatravés de um exame detalhado às contas traduzido apenas na confirmação aritmética e
na autorização pela custódia dos frrndos.
As
transformações tecnológicase
o
acréscimoda
dimensãodas
empresas,aliada
àcriação das sociedades anónimas, fomentarÍIm os investimentos das empresas britânicas.
Esta
situaçãoimplicaria
o
recurso aos
auditoresno
sentido
de
analisaÍ
a
situaçãofinanceira das empresas, com
o
objectivo de se certificaÍem da inexistência de erros ou fraudes que pudessem prejudicaÍ os interesses dos proprietiários e accionistas.Brown (cit.
in
Carmichael, 1985, p.50) refere que"os
objectivos e técnicas de auditoriaexistentes na Grã-bretanha formaram as bases para
o
desenvolvimento da proÍissão deauditoria
americana" queprogtediu nos
anos seguintes, independentemente das suasorigens. O autor realça ainda que os objectivos de auditoria e a abordagem empreendida
pelos auditores britânicos não se adequavam às características
do
negócio americano.Neste
sentido,Montgomery
(cit.
in
Carmichael, 1985,p.50) refere
quea
análise da posição financeira da empresa passou a ser o grande objectivo de auditoria, ao contrário da detecção de fraude e de errostida
até então como única prioridade.Carmichael et
al
(1996) tecem também alguns comentiírios, salientando que a"origem
da
função
de
auditoria na América do
Norte é
decididamentebritânicd'.
Faz
ainda alusão à profissão de contabilidade introduzida neste continente pelos britânicos durantea
segunda metadedo
século
XIX,
referindo
que os
contabilistas norte-americanosadoptaram os procedimentos britânicos
na
realizaçáo das auditorias. Naúltima
décadado
séculoXIX
tornou-se prática a implementação de testes como um procedimento deauditoria,
com
a
vantagem
de
testar
apenas
algumas
transacções previamente seleccionadas (Brown, cit.in
Carmichael etal,
1985).No final
do
séculoXIX,
o
incremento de empresas comerciaise
industriais, sobretudo sociedades anónimas, alargaram os horizontes da auditoria, pois novas necessidades seavizinharam,
nomeadamente
ao
nível
da
implementação
de
procedimentoscontabilísticos e medidas de controlo interno eficientes.
No
período que se
seguiuà
RevoluçãoIndustrial
verificaram-se alteraçõesao
nívelsócio-económico, nomeadamente
no que
concerne
ao
aparecimento
de empreendimentoscomerciais
e
industriais
que
segundoPorter
et
al
(2003, p.2l),
provocaÍÍrm
'oavançossignificativos
na
auditoria."
As
diferentes
necessidades eexpectativas da sociedade constituíram factores sugestivos de novos
objectivos
paÍa a auditoria, sobretudo a protecção dos accionistas e dos banqueiros relativamente a certosactos
sem
escrupulos. Neste sentido,Porter
et
al
(2003)
referemque
os
objectivos estavam centradosna
detecçãode
fraude
e elros e
na verificação
de
solvência dasdemonstrações financeiras.
É
importante salientar que apartir de
1900o
desenvolvimento da formajurídica
dassociedades anónimas contribuiu amplamente para o progresso da profissão de auditoria,
garantindo aos stakeholders umamaior fiabilidade da informação financeira.
O período
entre
1920e
1960foi
marcado,na
opinião de Porter
et
al
(2003),
pelocrescimento
contínuo das
organizaçõese
pelo
desenvolvimentodas instituições
de crédito que satisfaziam as necessidades financeiras das organizações. Para responder decerta
forma às
novas
exigências
socio-económicas,a
auditoria
conheceu
váriasmudanças.
Devido
ao
crescimentoem volume
e
complexidades das transacções dasorganizações e, sendo inviável a verificação de todos os documentos, desenvolveram-se as técnicas de amostragem que
permitiram um novo
enfoque ao trabalho de auditoria.A|ém
disso, as empresas implementaram sistemasde controlo interno
no
sentido deprever ou detectar situagões fraudulentas e eventuais erros ou irregularidades.
Outra particularidade
foi
enfatizada, nomeadamente na evidência da auditoria externa e nos objectivos de auditoria, cujo enfoque na prevenção e detecção do risco começou adar lugar apenas à veracidade da informação apresentada nas demonstrações financeiras
das empresas.
Porter
et
al
(2003) explicam ainda queo
declínio
da detecção de erros e fraude comoprincipal
objectivo
de
auditoria se deveu
sobretudo,ao
crescimento fomentado dasorganizações que definiram sistemas de
controlo
interno para prever e detectar fraude eerros. Por outro lado, as mudanças nos procedimentos de auditoria passÍuÍrm a combinar
técnicas
de
amostragemcom
a
revisãoe
avaliaçãodos
sistemasde controlo
intemoimplementados.
Estas mudanças constituíram sem
dúvida
novas oportunidades paraos
auditores que,pela revisão
do
sistemade
controlo interno
e coúecimento do
negócio
do
cliente, estavam em posição ideal para sugestionar formas de melhoria da eficiênciae
eficâcia no sistema contabilístico e de controlo interno.No
século
XX
a
difusão
e
aperfeiçoamentotécnico
elevado existentenos
EstadosUnidos
e
Canadâlevam
à
expansãoda auditoria
parana América Latina devido
ao progressivo avanço das grandes multinacionais norte-americanas. Porém, na Europa, odesenvolvimento da auditoria não
foi
tão
pronunciado, embora os paísesdo
Centro e Norte estivessem mais avançados que os países latinos.Verificou-se
quea
auditoria também se instalou noutros países quevêm
sofrendo asinfluências
económicasdos
grandes países industrializados.Esta
situação
sucedeu sobretudo no Japão, Austrália eÁfrica
do Sul.Contudo,
o
desenvolvimento daauditoria
foi
mais acentuado apósa
crise económicaamericana de1929. Posteriormente,
foi
criadono início
dosanos 30o
famoso ComitéMay
constituído por um grupo de trabalho cuja finalidade era estabelecer regras para associedades cotadas em bolsa tomando assim obrigatória
a
auditoria às demonstrações financeiras dessas sociedades(Martinelli
auditores, 2002). Eram nomeados funcioniíriosdas sociedades que acompanhavam os auditores independentes existindo assim alguns
indícios de auditoria interna.
O
início
deste períodofoi
marcadopor
diversas opiniões relativamente aos objectivosde auditoria
tendosido
também evidenciadode uma forma mais
patentea
auditoria interna. Atguns autores apontavam a detecção de fraude como oprincipal
objectivo deauditoria, enquanto outros pouco enfatizavam a sua importância.
Apesar da disparidade de opiniões relativamente aos objectivos de auditoria, a questão das técnicas de auditoria eram uniformemente aceites. Todavia, no
final
dos anos 40 amaioria dos
autores defendiaque
a
detecçãode
fraude
nãopodia nem devia ser
a preocupação primordial da auditoria (Carmichael etal,
1985).Mais
tarde,
na
segunda metadedo
séculoXX
o
AICPA
expressavao
seguinte:"o
primeiro propósito
do
exame das
demonstraçõesfinanceiras efectuado
por
um independenteCerti/ied Public
Accountant
é
habilita-lo
para
expressztÍuma
opiniãosobre a verdade das demonstrações
(...)."
Segundo
Almeida
(1998b,p.9),
apartir
dos anos 50 a complexidade das organizaçõesaumenta
devido ao
processoda
concentraçãode
actividades económicase
fusões,implicando
mudançasna
auditoria
sobretudo
ao nível da
selecçãode
algumas transacções.Esta
alteraçãooriginou um novo
conceito
de
extrema importância
naauditoria
-
o
chamadorisco de auditoria
focadona
existênciade
errose
fraudes nasdemonstrações financeiras.
A
partir
dos anos 60 vrários estudos vieram ressaltar a importância atribuída à fraude no caso de a mesma ser relevante e afectar a opinião sobre as demonstrações financeiras.A
redefinição dos testes de auditoria também sofreu os necessiírios ajustes, pois
impunha-se ao
auditor
arealização de testes que permitissem descobrir eÍros e inegularidades nasdemonstrações financeiras no sentido de melhorar a credibilidade da sua opinião.
Para
Brown
(cit.
in
Carmichael, 1985)
a
profundidade
e
extensão
dos
testes dependeriam da análise e avaliação do controlo interno, constituindo o ponto de partida para o trabalho de auditoria.Na
opinião deAlmeida
(2002, p.406),o
exercício profissional da auditoria começou aser questionada pela sociedade nas décadas de 70 e 80 no que se refere à sua finalidade
e
utilidade pública.
O
autor
mencionaque
estaproblemática "alcança
uma
maior intensidadenos
países anglo-sa<ónicos", sendo estesos
países impulsionadores daauditoria
e
que revelam uma
maior
experiência nestas matérias.Por outro
lado,
"a
autoregulação
profissional
implicou um nível
superiorde
exigênciasocial",
tendo"a
detecção da fraude sido um dos principais objectivos exigidos à auditoria".
A
análise evolutiva do conceito de auditoria pode ser sintetizada no quadro seguinte:PerÍodo
(anos) Objectivos de auditoria
Extensão da
veriÍicaçâo
Importância do
controlo interno
Antes de 1500 Detecção de fraude Detalhada
Não era reconhecida 1500 - l8s0 Detecção de fraude Detalhada
Não era reconhecida
1850 - 1905
Detecção de fraude Detecção de erro de escrita
Detalhada
Alguns testes
Não era reconhecida
1905 - 1933
Determinação da veracidade da posição da informação financeira
Detecção de fraude e elros
Detalhada Testes
Reconhecimento desprezado
1933-1940
Determinação da veracidade da posição da informação financeira
Detecção de fraude e eÍros
Testes
Interesse despertado
1940-1960
Determinação da veracidade da posição da informação furanceira
Testes Ênfase significativa
Quadro 2.1
-
Análise evolutiva daAuditoria
Fonte: Adaptado e traduzido de Carmichaerl, D.R. e Willingham, John J., 1985,p.47
Os avanços tecnológicos fomentaram
o
crescimento das organizações que se tomaramforças potentes na sociedade, como referem Porter et
al
(2003, pp.30-31):"os
maiores desenvolvimentos nas técnicas de auditoria ocorreram" precisÍrmente neste período:-
aumento
da
ênfasena
evidência
de auditoria
derivada
de
fontes
internas
eextemas;
- o
aparecimento
e
desenvolvimento
dos
computadorescomo
ferramenta
deauditoria;
-
o desenvolvimento da auditoria baseada no risco.Esta nova abordagem de uma auditoria baseada
no risco
surgiu, segundo Porteret
al(2003),
da
necessidadede os
auditores
compreenderemo
negócio
do
cliente
queenvolvia também o conhecimento profirndo do sistema de controlo interno para prever a
eventual ocorrência de erros nas demonstrações financeiras.
A
prática
de
auditoria
tem
estado desde sempre
estritamenteligada
ao
sistemacontabilístico. Neste âmbito,
Almeida
(1998b,
p.9) faz
notar
que
antesde
1990
acontabilidade era explicada à
luz
das "teorias personalistas e pseudo personalistas, queexplicavam os movimentos contabilísticos com base nas relações
jurídicas
estabelecidas entreo
proprietário e os seus agentes." Justifica-se assim queo
principal objectivo
daauditoria
eraa
detecçãode
fraudee
erros,o
que implicava
a
realizaçáode
diversastarefas
por
parte
do
auditor,
tais
como
observaçãofisica
dos
bens, análiseda
suaexistência
e a
verificação
da
propriedade.
Nesta auditoria
a
problemática
doconhecimento
do
negócio
"baseava-se
na
compreensão
das
regÍas
digráficas,procedimentos contabilísticos,
coúecimentos
dos custos e dos valores de mercado dasmercadorias transaccionadas
pelos
comerciantesou na
segurançadas
transacçõeslevadas a efeito pelos administradores" (idem, p.9).
Porter
et
al
(2003) referem queo início
dos anos90
testemunhouo
aparecimento de uma abordagem do risco de negócio na auditoria. Anteriormentejá
Lemon et al., (2000,citado
in
Porter
etal,2003)
haviam
caracteizado o período entre os anos 70 e 80 pelodesenvolvimento
da
abordagemdo
risco
de
auditoria.
Foi
assim
desenvolvida
a necessidade de uma abordagem ao risco de negócio, considerado então como relevante para a auditoria e aparecendo como uma perspectiva holística de negócio.Segundo Lemon et
al
(2000), dois factores foram responsáveispelo
desenvolvimento eadopção da abordagem do risco de negócio, nomeadamente:
-
factores relacionados com a eficácia e eficiência da auditoria;-
o valor adicionado à dimensão da auditoria.Para
Lemon
et
al
(2000,
p.lO)
"factores
como
o
ambiente
de
negócio,
assuntos governamentaise a
nabxezado
controlo administrativo
seriamsignificativos paÍa
ͧ
demonstrações financeiras"
ao
nível
da
"precisão, assuntosde
fraudee
continuidade(going concern)." O autor refere ainda, que as empresas que adoptaram esta abordagem
concluíram que uma auditoria efectiva requer
uma
especial atençãono
conhecimento dos riscos de negócio. Por outro lado, segundoo
autor, os assuntos associados ao riscode
negócio
aumentamas
oportunidadesdos
auditoresno
que se refere
a
evenfuaisproblemas
que poderiam
ameaçaros
objectivos
ou
até
mesmoa
sobrevivência dasempresas a auditar.