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Superintendência Regional da Receita Federal do Brasil
da 10ª RF
Solução de Consulta nº 116 - SRRF10/Disit
Data 14 de junho de 2012
Processo Interessado CNPJ/CPF
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP
LUCRO PRESUMIDO. REGIME DE CAIXA. DUPLICATAS
DESCONTADAS.
As pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido que adotam o regime de caixa para fins de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e descontam duplicatas junto a instituições financeiras apenas tributarão os valores provenientes da quitação desses títulos no momento do seu efetivo recebimento.
Dispositivos Legais: Decreto nº 4.524, de 2002, art. 14; IN SRF nº 247, de 2002, art. 85.
ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE
SOCIAL - COFINS
LUCRO PRESUMIDO. REGIME DE CAIXA. DUPLICATAS
DESCONTADAS.
As pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido que adotam o regime de caixa para fins de incidência da Cofins e descontam duplicatas junto a instituições financeiras apenas tributarão os valores provenientes da quitação desses títulos no momento do seu efetivo recebimento.
Dispositivos Legais: Decreto nº 4.524, de 2002, art. 14; IN SRF nº 247, de 2002, art. 85.
1. A interessada, pessoa jurídica de direito privado, tendo como atividade preponderante a [...], formula consulta sobre a Contribuição para o PIS/Pasep e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins). A questão basilar posta está relacionada à obrigatoriedade ou dispensa de serem oferecidas à tributação as importâncias que ingressam no caixa da interessada em decorrência do desconto de duplicatas junto a instituições financeiras, as quais são originadas da venda de mercadorias a prazo. Tal dúvida está ligada ao fato de que a peticionante opta pelo regime de caixa para apurar a base de cálculo dessas contribuições sociais.
2. Aduz que objetivando manter o seu fluxo de caixa se “utiliza de operações de descontos que possuem, basicamente, negociações com títulos representativos, em momento anterior à data de seu efetivo vencimento. Exemplificando: A Duplicata é descontada no Banco
em 01/março, porém, seu vencimento está para 05/abril. Ademais, caso o adquirente deixe de cumprir a obrigação assumida na Duplicada, a Consulente terá de restituir o valor ao Banco, arcando, assim, com o ônus das taxas administrativas e os impostos pagos quando do desconto”.
3. Informa que é optante pelo regime cumulativo e adota o regime de caixa na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins. Menciona o art. 85, II, § 3º, da Instrução Normativa SRF nº 247, de 21 de novembro de 2002, o qual disciplina a matéria em exame.
4. Em suma, a dúvida da interessada está redigida nestes termos:
Com base na transação demonstrada, qual seja, Operação Bancária de Desconto de título, in casu, Duplicata, surge o seguinte questionamento sobre a base de cálculo para a incidência da contribuição do PIS e da COFINS, pois:
a) Estes deverão incidir quando do crédito dado pelo Banco que, diga-se de passagem, assume um caráter de empréstimo?
Ou
b) Estes deverão incidir no momento da efetiva quitação do título por parte do adquirente?
Fundamentos
5. A empresa optante pelo lucro presumido como forma de tributação do Imposto
de Renda da pessoa jurídica pode adotar o regime de caixa, a teor do art. 14 do Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, e da IN SRF nº 247, de 2002.
6. Transcrevem-se, inicialmente, os arts. 14 e 85 da IN SRF nº 247, de 2002, os quais dispõem (destacou-se):
Art. 14. As pessoas jurídicas optantes pelo regime de tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido poderão adotar o regime de caixa para fins da incidência do PIS/Pasep e da Cofins.
Parágrafo único. A adoção do regime de caixa, de acordo com o caput, está condicionada à adoção do mesmo critério em relação ao Imposto de Renda e à Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
(...)
Art. 85. A pessoa jurídica, optante pelo regime de tributação do Imposto de Renda com base no lucro presumido, que tenha adotado o regime de caixa na forma do disposto no art. 14, deverá:
I – emitir documento fiscal idôneo, quando da entrega do bem ou direito ou da conclusão do serviço; e
II – indicar, no livro Caixa, em registro individualizado, o documento fiscal a que corresponder cada recebimento.
§ 1º Na hipótese deste artigo, a pessoa jurídica que mantiver escrituração contábil, na forma da legislação comercial, deverá controlar os recebimentos de suas receitas em conta específica, na qual, em cada lançamento, será indicado o documento fiscal a que corresponder o recebimento.
(...)
§ 3º Na hipótese deste artigo, os valores recebidos, a qualquer título, do adquirente do bem ou direito ou do contratante dos serviços serão considerados como recebimento do preço ou de parte deste, até o seu limite.
7. Anote-se que, no caso em tela, o contribuinte efetua uma venda a prazo de mercadoria gerando receita no momento da emissão da correspondente nota fiscal de venda. Contudo, devido à opção pelo regime de caixa, essa receita auferida apenas será tributada pela Contribuição para o PIS/Pasep e Cofins à medida do recebimento da respectiva importância vinculada a tal operação mercantil.
8. A emissão de duplicata, constituída a partir da precitada venda mercantil, é título de crédito passível de ser descontado, ou seja, que pode ser cedido a uma instituição financeira objetivando antecipar os recursos que só ingressariam no caixa da peticionária na data do respectivo vencimento consignado na duplicata. Portanto, cuida-se de uma relação jurídica entre a instituição financeira e a consulente o desconto de duplicata, não produzindo efeitos tributários, em princípio, para as pessoas jurídicas optantes pelo regime cumulativo e que adotam o regime de caixa na apuração da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, porquanto, nesse momento, inexiste a geração de receitas decorrentes da atividade da peticionante.
9. Assim sendo, nos termos do art. 85 da IN SRF nº 247, de 2002, a tributação pelas contribuições sociais em foco só ocorrerá por ocasião do recebimento dos valores relativos às referidas vendas a prazo, os quais representam, em verdade, as efetivas importâncias que ingressam no caixa da interessada.
10. A propósito, a peticionante consigna que adota o “regime cumulativo de apuração pelo regime de caixa”, mas não afirma explicitamente que opta pelo lucro presumido. Contudo, tal opção é ratificada em decorrência de valores declarados em DCTF (Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais), as quais constam em banco de dados
II, da Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003, permanecem sujeitas às normas da legislação da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins, vigentes anteriormente a essas leis, não se lhes aplicando as disposições relativas à incidência não-cumulativa dessas contribuições sociais previstas nos seus arts. 1º a 6º e 1º a 8º, respectivamente, as pessoas jurídicas tributadas pelo imposto de renda com base no lucro presumido.
Conclusão
11. Ante o exposto, conclui-se que as pessoas jurídicas submetidas ao regime de tributação com base no lucro presumido que adotam o regime de caixa para fins de incidência da Contribuição para o PIS/Pasep e da Cofins e descontam duplicatas junto a instituições financeiras apenas tributarão os valores provenientes da quitação desses títulos no momento do seu efetivo recebimento.
Ordem de Intimação
Publique-se no Diário Oficial da União extrato da ementa desta Solução de Consulta em atendimento ao disposto no art. 48, § 4º, da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996, e no art. 13 da Instrução Normativa RFB nº 740, de 2 de maio de 2007.
Encaminhe-se este processo ao [...] da Delegacia da Receita Federal do Brasil de [...] para ciência desta Solução de Consulta à interessada, mediante cópia, e adoção das medidas adequadas à sua observância, nos termos do art. 6º, inciso IV, da IN RFB nº 740, de 2007.
Na forma do disposto no art. 48 da Lei nº 9.430, de 1996, os processos administrativos de consulta são solucionados em instância única, não comportando, assim, a presente solução, recurso voluntário ou de ofício, nem pedido de reconsideração.
Excepcionalmente, se a interessada vier a tomar conhecimento de outra solução de consulta, divergente desta, relativa à mesma matéria e fundada em idêntica norma jurídica, caberá recurso especial, sem efeito suspensivo, para a Coordenação-Geral de Tributação (Cosit), em Brasília (DF), em conformidade com o art. 16 da IN RFB nº 740, de 2007.
O prazo para interposição do recurso é de trinta dias, contado da ciência desta solução, ou da solução divergente, se publicada posteriormente à ciência desta, competindo à interessada comprovar a existência das soluções divergentes acerca de idênticas situações, mediante juntada das correspondentes publicações.
[assinado digitalmente]
JORGE AUGUSTO GIRARDON DA ROSA Auditor-Fiscal da Receita Federal do Brasil
Delegação de Competência Portaria SRRF10 nº 299, de 09.04.2009
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