Universidade Federal da Para´ıba
Centro de Ciˆ
encias Exatas e da Natureza
Programa de P´
os–Gradua¸c˜
ao em Matem´
atica
Mestrado em Matem´
atica
Desigualdades de Sobolev e
Equa¸c˜
oes El´ıpticas n˜
ao Lineares
Leon Tarquino da Costa
Universidade Federal da Para´ıba
Centro de Ciˆ
encias Exatas e da Natureza
Programa de P´
os–Gradua¸c˜
ao em Matem´
atica
Mestrado em Matem´
atica
Desigualdades de Sobolev e
Equa¸c˜
oes El´ıpticas n˜
ao Lineares
por
Leon Tarquino da Costa
sob a orienta¸c˜ao do
Prof. Dr. Jo˜
ao Marcos Bezerra do ´
O
C837d Costa, Leon Tarquino da.
Desigualdades de Sobolev e equações elípticas não lineares / Leon Tarquina da Costa.- João Pessoa, 2016. 102f.
Orientador: João Marcos Bezerra do Ó Dissertação (Mestrado) - UFPB/CCEN
1. Matemática. 2. Desigualdade de Sobolev. 3. Pontos críticos. 4. Condição de Neumann.
Agradecimentos
`
A Deus.
A minha fam´ılia, em especial a minha m˜ae Maria do Socorro Padilha da Costa, ao meu pai Jos´e Tarquino da Costa Filho e a minha esposa Ivanilde Carlos Tarquino Moureira Neta que sempre me motivaram e me incentivaram nos momentos que mais precisei, e est˜ao sempre ao meu lado nas decis˜oes que tomo.
Ao professor Jo˜ao Marcos Bezerra do ´O por ter orientado este trabalho, pelo co-nhecimento transmitido, pelo tempo que dedicou a mim, por me motivar, transmitindo sua experiencia de forma s´abia e precisa, e principalmente, pela confian¸ca depositada. Aos professores da UFPB, em especial a professora Fl´avia Jerˆonimo Barbosa, e aos professores Everaldo Souto de Medeiros e Uberlˆandio Batista Severo.
A todos os meus colegas do milˆenio, mestrado e doutorado com os quais pude contar nessa jornada, em especial `aqueles que transpassaram a barreira do coleguismo e se tornaram amigos como Rayssa, Ricardo, Ageu, Mariana, Thiago, Wendel, Rodrigo, Esteban, Suelena, Aparecida, e n˜ao poderia deixar de citar um que considero como irm˜ao, Victor Jos´e Ara´ujo de Carvalho.
A banca examinadora: Prof. Dr. Jefferson Abrantes dos Santos, Prof. Dr.
Uberlˆandio Batista Severo e Prof. Dr. Everaldo Souto de Medeiros por aceitarem participar da avalia¸c˜ao deste trabalho.
Resumo
Neste trabalho, estudaremos primeiramente algumas generaliza¸c˜oes interessantes da famosa desigualdade de Sobolev para dom´ınios limitados. Em seguida, iremos es-tudar a existˆencia de solu¸c˜oes positivas para uma equa¸c˜ao el´ıptica n˜ao linear, sob uma certa condi¸c˜ao de Neumann e impondo algumas condi¸c˜oes restritivas sobre a n˜ao linea-ridade. Para considerarmos hip´oteses mais gerais, assumiremos condi¸c˜oes na fronteira do dom ˜Anio.
Abstract
In this work we first study some interesting generalizations of the famous inequality Sobolev to limited domains. Then, we will study the existence of positive solution for a nonlinear elliptic equation on a certain condition Neumann, by imposing certain restricitive condition in the nonlinearity. To we consider more general hypotheses we will assume conditions on the boundary of domain.
Sum´
ario
Introdu¸c˜ao 2
1 Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares 6
1.1 Espa¸cos Lp . . . . 6
1.2 Espa¸cos de Sobolev . . . 10
1.3 T´ecnicas de Rearranjamento . . . 16
1.4 Capacidade . . . 17
2 Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev 18 2.1 O caso f ⌘0 sobre a fronteira de Ω . . . 18
2.2 O caso f 6⌘0 sobre a fronteira de Ω . . . 33
3 Problemas de Neumann Semilineares El´ıpticos com crescimento cr´ıtico 49 3.1 Um Teorema de Existˆencia Geral . . . 49
3.2 Existˆencia de Solu¸c˜ao para (3.19) . . . 70
Introdu¸c˜
ao
Nosso objetivo neste trabalho ´e compreender dois artigos que s˜ao de grande re-levˆancia. No primeiro, que ´e o artigo do Brezis-Lieb [6], estudaremos essencialmente a famosa desigualdade de Sobolev e apresentaremos algumas generaliza¸c˜oes interessantes da mesma. No segundo, que ´e o artigo do Wang [19], utilizaremos a desigualdade de Sobolev para demonstrar a existˆencia de solu¸c˜oes positivas para um determinado pro-blema com condi¸c˜ao de fronteira de Neumman, sob certas condi¸c˜oes que especificaremos a seguir.
A desigualdade de Sobolev emRn,n ≥3, para a normaL2 do gradiente ´e dada por
||rf||2
L2(Rn) ≥Sn||f||2L2⇤
(Rn) (1)
onde 2⇤ = 2n/(n−2), para toda fun¸c˜ao f com rf 2L2, e com f tendendo a zero no
infinito no sentido fraco, isto ´e, |{x;|f(x)| > a}| < 1 para todo a > 0 (ver [5]). A melhor constante Sn´e conhecida como sendo
Sn=⇡n(n−2)
Γ(n/2) Γ(n)
"2/n
. (2)
A constante Sn ´e atingida em (1) se, e somente se,
f(x) = a
[✏2+|x−y|2]n−2/2 (3)
para alguma2R, ✏6= 0, y 2Rn. Ver por exemplo [1], [3], [11], [15], [17], [18].
Nosso primeiro objetivo ´e realizar algumas modifica¸c˜oes na desigualdade de Sobo-lev (1), substituindo Rn por um dom´ınio limitado Ω ⇢ Rn. Com isso, surgem dois
problemas principais:
PROBLEMA A:Se f ⌘0 sobre @Ω, (1) continua v´alido, basta considerar ˜
f =
(
f em Ω,
Note que neste caso temos
||rf˜||2
L2(Rn) > Sn||f˜||2L2⇤
(Rn)
uma vez que a igualdade em (1) s´o ocorre sef for do tipo (3). No entanto, Sncontinua sendo uma constante ´otima para esta desigualdade (1), uma vez que
J(f) = ||rf||
2
L2(Rn)
||f||2
L2⇤
(Rn)
´e um invariante escalar, isto ´e, se λ >0, temos
J(λf) = J(f).
Referente a este problema A, provaremos as desigualdades (4) e (6):
||rf||2L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+C(Ω)||f|| 2
Lpω(Ω), (4)
ondeC(Ω) ´e uma constante que depende de Ω e den,p=n/(n−2) = 2⇤/2, e! denota
a norma Lp fraca definida por
||f||Lpω(Ω)= sup
A |
A|−1/p0
Z
A|
f(x)|dx, onde A´e um conjunto que tem medida |A| finita.
A desigualdade (4) foi motivada pela seguinte desigualdade, mais fraca, encontrada em [7],
||rf||2L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+Cp(Ω)||f||2Lp(Ω), (5)
que ´e v´alida para todo p < n/(n −2) (com Cp(Ω) ! 0 quando p ! n/(n −2)). Observe que (5) n˜ao continua v´alida se p =n/(n−2). De fato, tomando f como em (3), aplicando uma fun¸c˜ao de corte para fazer f tender a zero na fronteira, e ent˜ao expandindo as integrais (como em [7]) perto de ✏ = 0, obtemos o resultado. Nesse sentido, a desigualdade (4) ´e a melhor poss´ıvel.
Uma desigualdade mais forte que (4), e que envolve a norma do gradiente ´e
||rf||2
L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+D(Ω)||rf|| 2
Lqω(Ω) (6)
PROBLEMA B: Se f 6⌘ 0 sobre @Ω, ent˜ao (1) n˜ao ´e v´alida em geral em Ω (basta tomarf = 1 em Ω). Agora vamos supor que al´em de Ω ser limitado, a fronteira de Ω ´e suave. Ent˜ao pode-se esperar que (1) se mantenha, adicionando integrais de fronteira adequadas do lado esquerdo. Provaremos que para f = constante ⌘Cf sobre @Ω
||rf||2L2(Ω)+E(Ω)|Cf|2 ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω). (7)
Por outro lado, se f n˜ao ´e constante em @Ω ent˜ao as duas desigualdades a seguir s˜ao verdadeiras:
||rf||2
L2(Ω)+F(Ω)||f||2H1/2(@Ω)≥Sn||f||2L2⇤
(Ω), (8)
||rf||L2(Ω)+G(Ω)||f||Lq(@Ω) ≥Sn1/2||f||L2⇤
(Ω). (9)
Se Ω ´e uma bola de raio R, estabeleceremos que a melhor constante em (7) ´e E(Ω) = σnRn−2(n−2), onde σn ´e a ´area da superf´ıcie da bola unit´aria de Rn. Para
este E(Ω), (7) ´e uma desigualdade estrita. Dado este fato, podemos pressupor (tendo em vista a solu¸c˜ao do problema A) que algum termo pode ser adicionado no lado direito de (7). No entanto, tal termo n˜ao pode ser nenhuma normaLp(Ω) de f, como mostraremos.
Para concluir o estudo da primeira parte, estudaremos a demonstra¸c˜ao de mais uma desigualdade associada a estes problemas, a saber se Ω =BR(0), pode-se obter
Z
Ω|r
f|2dx+I(Ω)||f||2L2(@Ω) ≥2−2/nSn||f||2L2⇤
(Ω). (10)
Uma vez encerrada as demonstra¸c˜oes das generaliza¸c˜oes da desigualdade de Sobolev, nosso segundo objetivo nesta disserta¸c˜ao ´e estudar a existˆencia de solu¸c˜ao para dois problemas el´ıpticos. Iniciaremos estudando o problema:
8 > > <
> > :
−∆u = up+f(x, u) em Ω,
u > 0 em Ω,
@u
@⌘ +↵(x)u = 0 sobre @Ω,
(11)
onde⌘´e o vetor normal exterior a@Ω,p= 2⇤−1 = (n+2)/(n−2), ↵2L1(Ω), ↵(x)≥
0, f(x, u) ´e mensur´avel em x e cont´ınua em u e para todo M > 0, sup{f(x, u) : x 2
Ω,0uM}´e finito.
pontos cr´ıticos do seguinte funcional:
J(u) =
Z
Ω
1 2|ru|
2
− p+ 11 up++1−F(x, u)
"
dx+ 1 2
Z
@Ω
↵(x)u2dS, (12)
onde F(x, u) =
Z u
0
f(x, s)ds eu+ = max{u,0} e u− = min{u,0}. Em seguida,
prova-remos um de nossos teoremas principais, a saber:
Teorema 0.1. Suponha que (3.2)−(3.4) s˜ao v´alidas e que c < 1
2nS n/2
n . (13)
Ent˜ao existe uma solu¸c˜aou de (3.1) tal que
J(u)c. Em seguida, abordaremos o problema
8 > > <
> > :
−∆u = up−λu em Ω, @u
@⌘ = 0 sobre @Ω,
u > 0 em Ω,
(14)
onde λ > 0, p = (n+ 2)/(n−2) e Ω ⇢ Rn ´e um dom´ınio limitado com fronteira de
classe C2, n≥3. Mostraremos que a fun¸c˜ao wλ(x) =λ1/(p−1) ´e uma solu¸c˜ao constante
do problema acima, e em seguida demonstraremos um resultado, onde ficar´a expl´ıcita a existˆencia de solu¸c˜oes n˜ao constantes, finalizando assim nossos estudos.
Cap´ıtulo 1
Defini¸c˜
oes e Resultados
Preliminares
Nosso objetivo neste cap´ıtulo ser´a enunciar algumas defini¸c˜oes e resultados impor-tantes que nos auxiliar˜ao no entendimento deste trabalho.
1.1
Espa¸cos
L
pSeja Ω⇢Rnum conjunto aberto, e sejap2R com 1p <1definiremos o espa¸co
Lp(Ω) =
⇢
f : Ω!R;f ´e mensur´avel e Z
Ω|
f(x)|pdx <1
*
,
com a norma
||f||Lp(Ω)=
✓Z
Ω|
f(x)|pdx
◆1/p
.
Al´em disso, definiremos
L1(Ω) =
(
f : Ω!R
-f ´e mensur´avel e existe uma constanteC > 0 tal que |f(x)| C q.t.p. em Ω
)
com a seguinte norma
||f||L1(Ω) = inf{C;|f(x)| C q.t.p. em Ω},
onde consideramos a classe de fun¸c˜oes iguais q.t.p. em Ω. Ent˜ao, Lp(Ω) ´e um espa¸co de Banach separ´avel, para 1p <1, e reflexivo para 1< p <1 (veja [4], p´ag. 103). Observamos que|f(x)| ||f||L1(Ω) q.t.p. em Ω.
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
´e, p0 ´e o n´umero tal que
1 p +
1 p0 = 1.
Observa¸c˜ao 1.1. Algumas vezes, quando formos tratar de expoente conjugado usare-mos outra letra, por exemplop eq.
Vejamos agora duas desigualdades elementares sobre espa¸cos Lp, pois a ´ultima destas ser´a bastante usada neste trabalho.
Lema 1.1 (Desigualdade de Young). Sejam p > 1 e p0 >1 reais tais que 1
p +
1
p0 = 1.
Dados os n´umeros reais a≥0 e b ≥0 teremos ab a
p
p +
bp0
p0 .
Demonstra¸c˜ao. Sea = 0 ou b = 0, a desigualdade ´e ´obvia. Suponhamos que a, b >0,
ent˜ao usando a concavidade da fun¸c˜ao logar´ıtimo temos
ab = eln(ab)
= eln(a)+ln(b)
= e1pln(ap)+
1
p0ln(bp 0
)
eln(1pap+p10bp 0
)
= a
p
p +
bp0
p0 .
Lema 1.2(Desigualdade de H¨older).Suponhamos quef 2Lp(Ω) e g 2Lp0
(Ω) onde 1p+
1
p0 = 1 e com 1p 1. Ent˜aof g 2L
1(Ω) e
Z
Ω
|f g|dx ||f||Lp(Ω)||g||Lp0
(Ω).
Demonstra¸c˜ao. Dividiremos a prova em dois casos.
Caso 1: (p= 1 e p0 =1)
Sabemos que |g(x)| ||g||L1
(Ω) q.t.p. em Ω. Da´ı, |f(x)g(x)| ||g||L1
(Ω)|f(x)|.
Portanto,
Z
Ω|
f(x)g(x)|dx ||g||L1
(Ω)
Z
Ω|
f(x)|dx = ||f||L1(Ω)||g||L1(Ω)
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Suponhamos sem perda de generalidade que ||f||Lp(Ω)6= 0 e ||g||Lp0
(Ω)6= 0. Usando
a Desigualdade de Young coma = ||f|f||Lp(x)|
(Ω) eb =
|g(x)| ||g||Lp0
(Ω)
obtemos
|f(x)g(x)|
||f||Lp(Ω)||g||Lp0
(Ω)
1p
✓
|f(x)|
||f||Lp(Ω)
◆p
+ 1
p0
|g(x)|
||g||Lp0
(Ω)
!p0
.
Integrando em Ω teremos
1
||f||Lp(Ω)||g||Lp0
(Ω)
Z
Ω|
f(x)g(x)|dx 1
p||f||pLp(Ω)
Z
Ω|
f(x)|pdx+ 1 p0||g||p0
Lp0
(Ω)
Z
Ω|
g(x)|p0dx = ||f||
p Lp(Ω)
p||f||pLp(Ω)
+ ||g|| p0
Lp0
(Ω)
p0||f||p0
Lp0
(Ω)
= 1
p + 1 p0
= 1,
e portanto,
Z
Ω|
f(x)g(x)|dx ||f||Lp(Ω)||g||Lp0
(Ω)
Vejamos agora alguns resultados sobre espa¸cos Lp.
Proposi¸c˜ao 1.1 (Teorema da Convergˆencia Dominada de Lebesgue). Seja (fn) uma sequˆencia de fun¸c˜oes em L1(Ω) que satisfaz
a) fn(x)!f(x) q.t.p. em Ω,
b) existe uma fun¸c˜ao g 2L1(Ω) tal que para todo n,|fn(x)| g(x) q.t.p. em Ω.
Ent˜aof 2L1(Ω) e
||fn−f||L1(Ω)!0.
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 90.
Proposi¸c˜ao 1.2 (Teorema de Fischer-Riesz). O espa¸coLp(Ω) ´e um espa¸co de Banach, para todo 1p 1.
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 93.
Proposi¸c˜ao 1.3. Seja (fn) uma sequˆencia em Lp(Ω) e sejaf 2Lp(Ω) tal que
||fn−f||Lp(Ω) !0.
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
a) fnk(x)!f(x) q.t.p. em Ω,
b) |fnk(x)| h(x) 8k, q.t.p. em Ω.
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 94.
Definiremos agora a convolu¸c˜ao de uma fun¸c˜ao f 2 L1(Rn) com uma fun¸c˜ao g 2 Lp(Rn).
Proposi¸c˜ao 1.4 (Teorema de Young). Seja f 2 L1(Rn) e seja g 2 Lp(Rn) com 1 p 1. Ent˜ao para quase todo x 2Rn a fun¸c˜ao y 7!f(x−y)g(y) ´e integr´avel sobre Rn e definimos
(f ? g)(x) =
Z
Rn
f(x−y)g(y)dy. Al´em disso, f ? g2Lp(Rn) e
||f ? g||Lp(Rn) ||f||L1(Rn)||g||Lp(Rn).
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 104.
Uma generaliza¸c˜ao da proposi¸c˜ao anterior ´e o seguinte resultado:
Proposi¸c˜ao 1.5(Teorema de Young). Suponha quef 2Lp(Rn) e g 2Lq(Rn) com 1 p 1, 1q 1 e 1r = 1p +1q −1≥0.Ent˜ao f ? g2Lr(Rn) e
||f ? g||Lr(Rn) ||f||Lp(Rn)||g||Lq(Rn).
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 117.
Definimos o suporte de uma fun¸c˜ao, e denotamos por suppf, o fecho do conjunto
{x;f(x) 6= 0}. Podemos tamb´em compreender a defini¸c˜ao de suporte atrav´es do se-guinte resultado.
Proposi¸c˜ao 1.6 (Defini¸c˜ao de Suporte). Seja f : Rn ! R uma fun¸c˜ao. Considere a
fam´ılia (!i)i2I de todos os conjuntos abertos em Rn tal que para cada i 2 I, f = 0 q.t.p. em !i. Seja ! = [i2I!i. Ent˜ao f = 0 q.t.p. em !. Definimos o suppf como sendo o complementar de! em Rn.
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 106.
Defini¸c˜ao 1.2. Seja Ω ⇢ Rn um conjunto aberto e seja 1 p 1. Dizemos que a
fun¸c˜ao f : Ω ! R pertence a Lp
loc(Ω) se f 2 Lp(K) para todo subconjunto compacto
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Defini¸c˜ao 1.3. Dizemos que uma sequˆencia {fk}1
k=1 ⇢ Lq(Ω) converge fraco a f 2
Lq(Ω), e escrevemos
fk * f em Lq(Ω),
se
Z
Ω
fkgdx!
Z
Ω
f gdx, quando k ! 1, para cada g 2Lq0
(Ω).
Proposi¸c˜ao 1.7. Sejam (fn) uma sequˆencia em Lq(Ω) e f 2 Lq(Ω). Suponha que fn * f em Lq(Ω) e fn(x)!f(x) q.t.p. em Ω onde 1q <1. Ent˜ao,
lim n!1(||fn||
q
Lq(Ω)− ||fn−f||
q
Lq(Ω)) =||f||
q Lq(Ω).
Demonstra¸c˜ao. Ver [9] p´agina 14.
1.2
Espa¸cos de Sobolev
Considere Ω⇢Rn um conjunto aberto. Suponha que u, v2L1
loc(Ω), e seja↵2Nn.
Denote |↵| = Pn
i=1↵i. Dizemos que v ´e a ↵-´esima derivada parcial fraca de u e
escrevemosv =D↵u, quando
Z
Ω
uD↵'dx= (−1)|↵|
Z
Ω
u'dx,
para toda ' 2 C1
0 (Ω), onde C01(Ω) denota o conjunto de todas as fun¸c˜oes de classe
C1 de suporte compacto em Ω.
Defini¸c˜ao 1.4. Dadosk 2N ep2R, com 1< p <1, definimos o espa¸co de Sobolev
Wk,p(Ω) como sendo formado por todas as fun¸c˜oes de Lp(Ω) que admitem derivadas parciais fracas at´e ordemk em Lp(Ω), isto ´e,
Wk,p(Ω) ={u2Lp(Ω);D↵u2Lp(Ω), para todo |↵| k}, munido da norma
||u||Wk,p(Ω)=
0
@ X
|↵|k
Z
Ω|
D↵u|pdx
1
A
1/p
.
Em particular, quando k = 1 e p2R com 1p 1, definimos o seguinte espa¸co
W1,p(Ω) =
(
u2Lp(Ω)
-9g1, g2, . . . , gn2Lp(Ω) tal que
R
Ωu
@'
@x dx=−
R
Ωgi'dx 8'2Cc1(Ω), 8i= 1,2, . . . , n
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Parau2W1,p(Ω) definimos @u
@xi =gi. Com isso, podemos escrever
ru=
✓
@u @x1
, @u @x2
, . . . , @u @xn
◆
.
Podemos equipar o espa¸coW1,p(Ω) com a norma
||u||W1,p(Ω) =||u||Lp(Ω)+
n
X
i=1
||@u
@xi||Lp(Ω).
Para o decorrer deste trabalho, iremos dar maior ˆenfase ao caso k = 1 e p = 2. Para este caso especial, daremos a seguinte nota¸c˜ao para o espa¸co de Sobolev
W1,2(Ω) =H1(Ω).
Dadau, v 2H1(Ω) definiremos o produto interno
hu, viH1(Ω) =
Z
Ω
uv+hru,rvidx, e a norma
||u||H1(Ω) =
✓Z
Ω|
u|2+|ru|2dx
◆1/2
.
Definimos tamb´em
W01,2(Ω) =H01(Ω) =C1 0 (Ω)
||·||W1,2(Ω)
.
Se Ω = Rn, consideremos o espa¸co de Sobolev D1,2(Rn) definido como sendo o fecho
do espa¸co C1
0 (Rn) em rela¸c˜ao a norma de Dirichlet
||u||2
D :=
Z
Rn|r
u|2dx =||ru||2
L2(Ω),
isto ´e,D1,2(Rn) =C1 0 (Rn)
||·||D
.
Observa¸c˜ao 1.2. Os elementos deD1,2(Rn) se anulam no infinito, no sentido que para todoa >0,
|{x2Rn;|f(x)|> a}|<1.
De fato, dadaf 2D1,2(Rn), seja A={x2Rn;|f(x)|> a}, ent˜ao
|A| =
Z
Rn
χAdx
= 1
a2⇤
Z
Rn
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
como em A, |f(x)|> a, segue que
Z
Rn
a2⇤
χAdx
Z
Rn|
f(x)|2⇤
dx,
al´em disso, do Teorema 1.1 abaixo temos
Z
Rn|
f(x)|2⇤dxC
Z
Rn|r
f|2⇤dx. Logo,
|A|<1. Seja Ω ⇢ Rn um dom´ınio limitado, considere W1,2
0 (Ω) = H01(Ω) = C01(Ω) ||·||D
. Se u2H1
0(Ω), ent˜ao por defini¸c˜ao existeun 2C01(Ω) tal que ||un−u||D !0. Defina, ˜
un =
(
un se x2Ω 0 se x2Rn\Ω
ent˜ao ˜un2C1
0 (Rn) e supp˜un = suppun.
Proposi¸c˜ao 1.8. W1,p(Ω) ´e um espa¸co de Banach para 1 p 1, ´e reflexivo para 1< p <1 e ´e separ´avel para 1p <1. Al´em disso, H1(Ω) ´e um espa¸co de Hilbert
separ´avel.
Demonstra¸c˜ao. Ver [4], p´agina 264.
Teorema 1.1. (Desigualdade de Gagliardo-Nirenberg-Sobolev.) Suponha que 1p < n. Existe uma constante C, que depende apenas dep e n, tal que
||u||Lp⇤
(Rn) C||ru||Lp(Rn), (1.1)
para todau2C1
c(Rn).
Demonstra¸c˜ao. Dividiremos a prova em dois casos.
1) Primeiramente, suponha que p= 1.
Comou tem suporte compacto, para cada i= 1,2, . . . , n ex2Rn temos
u(x) =
Z xi
−1
@u
@xi(x1, . . . , xi−1, yi, xi+1, . . . , xn)dyi,
logo,
|u(x)|
Z 1
−1|r
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Consequentemente
|u(x)|n/(n−1) n
Y
i=1
✓Z 1
−1|r
u(x1, . . . , yi, . . . , xn)|dyi
◆1/(n−1)
. (1.2)
Integrando esta desigualdade com respeito a x1 temos
Z 1
−1|
u|n/(n−1)dx 1 Z 1 −1 n Y i=1 ✓Z 1 −1|r
u|dyi
◆1/(n−1)
dx1
✓Z 1
−1|r
u|dy1
◆1/(n−1)Z 1
−1 n Y i=2 ✓Z 1 −1|r
u|dyi
◆1/(n−1)
dx1
✓Z 1
−1|r
u|dy1
◆1/(n−1) n Y i=2 ✓Z 1 −1 Z 1 −1|r
u|dx1dyi
◆1/(n−1)
, (1.3)
onde a ´ultima desigualdade resulta da desigualdade de H¨older generalizada. Agora integrando (1.3) com respeito a x2 obtemos
Z 1
−1
Z 1
−1|
u|n/(n−1)dx
1dx2
✓Z 1
−1
Z 1
−1|r
u|dx1dy2
◆1/(n−1)Z 1
−1
n
Y
i=1,i6=2
Ii1/(n−1)dx2,
onde
I1 :=
Z 1
−1|r
u|dy1, Ii :=
Z 1
−1
Z 1
−1|r
u|dx1dyi (i= 3, . . . , n). Aplicando mais uma vez a desigualdade de H¨older generalizada, encontramos
Z 1
−1
Z 1
−1|
u|n/(n−1)dx1dx2
✓Z 1
−1
Z 1
−1|r
u|dx1dy2
◆1/(n−1)✓Z 1
−1
Z 1
−1|r
u|dy1dx2
◆1/(n−1)
n Y i=3 ✓Z 1 −1 Z 1 −1 Z 1 −1|r
u|dx1dx2dyi
◆1/(n−1)
.
Continuando integrando com respeito a x3, . . . , xn obteremos
Z
Rn|
u|n/(n−1) n
Y
i=1
✓Z 1
−1· · ·
Z 1
−1|r
u|dx1. . . dyi. . . dxn
◆1/(n−1)
=
✓Z
Rn|r
u|dx
◆n/(n−1)
, (1.4)
logo,
||u||L1⇤
(Rn) ||ru||L1(Rn). (1.5)
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Aplicando a estimativa (1.4) para v :=|u|γ, onde γ >1 ´e escolhido convenientemente, e usando a desigualdade de H¨older, obtemos
✓Z
Rn|
u|(γn)/(n−1)dx
◆(n−1)/n
Z
Rn|r| u|γ|dx
= γ
Z
Rn|
u|γ−1|ru|dx
γ
✓Z
Rn|
u|(γ−1)p/(p−1)
◆(p−1)/p✓Z
Rn|r u|p
◆1/p
.
(1.6)
Devemos escolher γ de forma que
γn
n−1 = (γ−1)
p
p−1.
Isto ´e,
γ = p(n−1)
n−p >1;
no caso em que
γn
n−1 = (γ−1)
p
p−1 =
np
n−p =p
⇤,
a estimativa (1.6) nos fornece
✓Z
Rn|
u|p⇤
◆1/p⇤
C
✓Z
Rn|r
u|p
◆1/p
.
Observamos que a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg-Sobolev vale em D1,2(Rn).
Proposi¸c˜ao 1.9 (F´ormula de intergra¸c˜ao por partes). Sejam u, v 2C1(Ω). Ent˜ao
Z
Ω
@u
@xivdx=−
Z
Ω
u@v
@xidx+
Z
@Ω
uv⌘idS (i= 1, . . . , n).
Demonstra¸c˜ao. Ver [10] p´agina 628.
Vejamos agora um resultado que ser´a demansiadamente usado neste trabalho.
Proposi¸c˜ao 1.10 (F´ormulas de Green). Sejam u, v 2C2( ¯Ω), ent˜ao
i)
Z
Ω
∆udx=
Z
@Ω
@u
@⌘dS.
ii)
Z
Ωhr
u,rvidx=−
Z
Ω
u∆vdx+
Z
@Ω
u@v
@⌘dS.
iii)
Z
u∆v −v∆udx=
Z
u@v
@⌘ −v
@u
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Demonstra¸c˜ao. Ver [10] p´agina 628.
Observamos que o item (ii) na proposi¸c˜ao acima ´e tamb´em conhecido como Teorema da Divergˆencia de Green.
Proposi¸c˜ao 1.11 (Coordenadas Polares). Seja f : Rn ! R uma fun¸c˜ao cont´ınua e
integr´avel. Ent˜ao
Z
Rn
f dx=
Z 1
0
✓Z
@B(x0,r)
f dS
◆
dr,
para cada pontox0 2Rn.
Demonstra¸c˜ao. Ver [10] p´agina 628.
Proposi¸c˜ao 1.12 (Teorema do Tra¸co). Suponha que Ω ´e limitado e que @Ω ´eC1.
Ent˜ao existe um operedor linear limitado
T :W1,p(Ω)!Lp(@Ω) tal que
i) T u=u|@Ω se u2W1,p(Ω)\C(Ω).
ii) ||T u||Lp(@Ω)C||u||W1,p(Ω),para cadau2W1,p(Ω), com a constanteCdependendo
apenas de p e Ω.
Demonstra¸c˜ao. Ver [10] p´agina 258.
Defini¸c˜ao 1.5. Chamamos T uo tra¸co de u sobre @Ω.
Vimos que a desigualdade de Gagliardo-Nirenberg-Sobolev implica na imers˜ao de W1,p(Ω) emLp⇤
(Ω) para 1 p < n, p⇤ = pn/(n−p). Em nosso pr´oximo resultado
veremos que W1,p(Ω) est´a de fato compactamente contido (imerso) em Lq(Ω) para 1q < p⇤
Defini¸c˜ao 1.6. Sejam X eY espa¸cos de Banach, X ⇢Y. Dizemos que X est´a com-pactamente contido emY, e escrevemos
X ⇢⇢Y,
se
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Proposi¸c˜ao 1.13 (Teorema de Compacidade de Rellich-Kondrachov). Suponha que Ω ´e um subconjunto aberto e limitado de Rn e suponha tamb´em que @Ω ´eC1. Suponha
que 1p < n. Ent˜ao
W1,p(Ω)⇢⇢Lq(Ω),
para cada 1q < p⇤.
Demonstra¸c˜ao. Ver [10] p´agina 272.
1.3
T´
ecnicas de Rearranjamento
Seja A um subconjunto de Rn que tem medida finita. O rearranjamento sim´etrico
deA denotado por A⇤ ´e uma bola aberta, cuja medida coincide com a medida de A,
A⇤ ={x2Rn:σn|x|n <|A|}.
Seja f uma fun¸c˜ao mensur´avel n˜ao negativa que tende a zero no infinito, no sentido que
|{x2Rn:f(x)> t}|<1 para todot >0.
Definimos o rearranjamento sim´etrico decrescentef⇤ def simetrizando seus conjuntos
de n´ıvel,
f⇤(x) =
Z 1
0
χ{f(x)>t}⇤dt.
Ent˜aof⇤ ´e semicont´ınua inferiormente (visto que seus conjuntos de n´ıvel s˜ao abertos),
e ´e unicamente determinado pela fun¸c˜ao de distribui¸c˜ao
µf(t) =|{x:f(x)> t}|.
Por constru¸c˜ao,f⇤ ´e equimensur´avel `af, isto ´e, os conjuntos de n´ıvel correspondentes
das duas fun¸c˜oes tem a mesma medida,
1. Defini¸c˜oes e Resultados Preliminares
Devido as t´ecnicas de rearranjamento temos:
Lema 1.3. i) ||rf⇤||
L2(Ω⇤) ||rf||L2(Ω). ii) ||f⇤||
L2(Ω⇤) =||f||L2(Ω). iii) ||f⇤||
Lpω(Ω⇤) =||f||Lpω(Ω).
Demonstra¸c˜ao. Ver [13] e [2].
1.4
Capacidade
Sejam Ω ⇢ Rn, n ≥ 3, um dom´ınio limitado, com fronteira @Ω suave, e u uma
fun¸c˜ao harmˆonica definida no complementar do conjunto Ω e satisfazendo a condi¸c˜ao de fronteira u = 1 sobre @Ω, e u = 0 no infinito. A existˆencia de u ´e facilmente estabelecida (de forma ´unica), como limite de fun¸c˜oes harmˆonicasu0 em uma sequˆencia
crescente de dom´ınios limitados, tendo@Ω como uma fronteira interior, na qualu0 = 1,
e com fronteiras exterior, nas quais u0 = 0, tendendo ao infinito. Se Σ denota a
fronteira de Ω, ou qualquer superf´ıcie suave, fechada, envolvendo Ω. Ent˜ao definimos a capacidade do conjunto Ω, e denotaremos por Cap(Ω), da seguinte forma:
Cap(Ω) =−
Z
Σ
@u
@⌘dS =
Z
Rn\Ω|r
u|2dx, (1.7)
Cap´ıtulo 2
Melhores Constantes nas
Desigualdades de Sobolev
Nosso objetivo nesse cap´ıtulo ´e demonstrar as desigualdades (4) e (6) enunciadas na Introdu¸c˜ao deste trabalho. Para tal, precisamos de ferramentas auxiliares, a saber, as t´ecnicas de rearranjamento sim´etrico decrescente que foram abordadas no cap´ıtulo anterior.
2.1
O caso
f
⌘
0
sobre a fronteira de
Ω
Teorema 2.1. Seja Ω ⇢ Rn um dom´ınio limitado, n ≥ 3. Para toda f 2 H1(Ω) tal
quef ⌘0 sobre@Ω, vale a seguinte desigualdade
||rf||2L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+C(Ω)||f|| 2
Lpω(Ω), (2.1)
ondeC(Ω) ´e uma constante que depende apenas de Ω e de n, e p=n/(n−2) = 2⇤/2.
Demonstra¸c˜ao. Seja f⇤ um rearranjamento sim´etrico decrescente de uma fun¸c˜ao f,
onde f ´e extendida como sendo zero em Rn \Ω. Pelas t´ecnicas de rearranjamento,
sabemos que:
||rf⇤||
L2(Ω⇤
) ||rf||L2(Ω)
||f⇤||L2⇤
(Ω⇤
) = ||f||L2⇤
(Ω)
||f⇤||Lpω(Ω⇤
) = ||f||Lpω(Ω)
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
problema
(
∆u = g em Ω,
u = 0 sobre @Ω. (2.2)
Seja
φ(x) =
(
f(x) +u(x) +||u||1 em Ω,
||u||1(R/|x|)n−2 em Rn\Ω. (2.3)
Aplicando a desigualdade de Sobolev emφ, obtemos
||rφ||2
L2(Rn)≥Sn||φ||2L2⇤
(Rn).
Por um lado,
||rφ||2
L2(Rn) =
Z
Rn|r
φ|2dx
=
Z
Ω|r
φ|2dx+
Z
Rn\Ω|r
φ|2dx =
Z
Ω|r
(f +u+||u||1)|2dx+
Z
Rn\Ω
-r ||u||1
✓
R
|x|
◆n−2 ! -2 dx, como, -r ✓ R
|x|
◆n−2 !
-= (n−2)R
n−2
|x|n−1 ,
temos
Z
Rn\Ω
-r ✓ R
|x|
◆n−2!- -2 dx= Z
Rn\Ω
R2(n−2)(n−2)2
|x|2n−2 dx.
Usando coordenadas polares, segue que
Z
Rn\Ω
R2(n−2)(n−2)2
|x|2n−2 dx=
Z
@(Rn\Ω)
dσ
Z +1
R
R2(n−2)(n−2)2
r2n−2 r
n−1dr.
Resolvendo esta integral obtemos
Z
@(Rn\Ω)
dσ
Z +1
R
R2(n−2)(n−2)2
r2n−2 r
n−1dr = σnR2(n−2)(n−2)2
Z +1
R 1 rn−1dr
= σnR2(n−2)(n−2)2
r−n+2
−n+ 2
"+1
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
substituindo os valores acima ficamos com
Z
Rn\Ω
-r ✓ R
|x|
◆n−2 !
-2
dx = σnR2(n−2)(n−2)2
−R−
n+2
−n+ 2
"
= σn
R2(n−2)(n−2)2 Rn−2(n−2)
= σnRn−2(n−2). Logo,
||rφ||2
L2(Rn) =
Z
Ω|r
(f +u+||u||1)|2dx+||u||2
1σnRn−2(n−2). E por outro lado,
||φ||2
L2⇤
(Rn) =
✓Z
Rn|
φ|2⇤
dx
◆2/2⇤
=
0
@ Z
Ω|
f +u+||u||1|2
⇤
dx+
Z
Rn\Ω
-||u||1
✓
R
|x|
◆n−2 -2⇤ dx 1 A
2/2⇤
≥ ||f||2
L2⇤
(Ω),
poisu+||u||1≥0. E portanto,
Z
Ω
|r(f +u)|2dx+||u||2
1Rn−2(n−2)σn ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω), (2.4)
onde,
σn =
2(π)n/2
Γ(n/2)
´e a ´area superficial da bola unit´aria em Rn. Desenvolvendo (2.4), encontramos
Z
Ω|r
f|2dx+ 2
Z
Ωhr
f,ruidx+
Z
Ω|r
u|2dx+||u||21Rn−2(n−2)σn≥Sn||f||2L2⇤
(Ω).
Da identidade de Green temos,
Z
Ω
f(∆u)dx=
Z
@Ω
f∂u
∂ηdS−
Z
Ω
hrf,ruidx,
e como por hip´otesef ⌘0 sobre∂Ω temos
Z
Ωhr
f,ruidx=−
Z
Ω
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
usando o fato que ∆u=g em Ω obtemos
Z
Ω|r
f|2dx−2
Z
Ω
f gdx+
Z
Ω|r
u|2dx+K||u||12 ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω), (2.5)
ondeK =Rn−2(n−2)σ
n. Substituindog porλg eu por λue otimizando com respeito
aλ obtemos
Z
Ω|r
f|2dx−2λ
Z
Ω
f gdx+λ2
✓Z
Ω|r
u|2dx+K||u||21
◆
≥Sn||f||2L2⇤
(Ω).
Chamando
a=
✓Z
Ω|r
u|2dx+K||u||2 1
◆
e b=−2
Z
Ω f gdx,
obtemos, pelo completamento de quadrado, que
aλ2+bλ = a
✓
λ2+ b
aλ
◆
= a
λ2+ b
aλ+ b2
4a2 −
b2
4a2
"
= a
" ✓
λ+ b
2a
◆2
− b
2
4a2
#
= a
✓
λ+ b
2a
◆2
− b
2
4a.
Agora, fazendo λ! −b/2a teremos
aλ2+bλ! −b
2
4a =−
;
−2R
Ωf gdx
<2
4;R
Ω|ru|2dx+K||u||21
< =−
;R
Ωf gdx
<2 ;R
Ω|ru|2dx+K||u||21
<.
Portanto,
Z
Ω|r
f|2dx ≥S
n||f||2L2⇤
(Ω)+
;R
Ωf gdx
<2 R
Ω|ru|2dx+K||u||21
. (2.6)
Na desigualdade (2.6), podemos maximizar o lado direito com respeito a g. Tendo em vista a defini¸c˜ao da norma fraca, devemos de fato restringir a nossa aten¸c˜ao para
g = χA, ou seja, a fun¸c˜ao caracter´ıstica de algum subconjunto A de Ω. Agora, va-mos estabelecer algumas estimativas para alguns valores em (2.6). Denoteva-mos por Cn constantes que dependem apenas de n. As estimativas s˜ao:
Z
Ω
f gdx=
Z
A
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Z
Ω|r
u|2 Cn|A|1+2/n (2.8)
||u||1Cn|A|2/n (2.9)
De fato, a equa¸c˜ao (2.7) ´e apenas porque estamos considerando g = χA. Para verifi-carmos (2.8) vamos multiplicar (2.2) poru e integrar. Com isso
Z
Ω
(∆u)udx=
Z
Ω
gudx,
mas, utilizando a identidade de Green temos
Z
Ω
(∆u)udx=
Z
@Ω
@u
@⌘udS−
Z
Ωhr
u,ruidx.
Comou= 0 sobre @Ω, segue que,
Z
Ω
(∆u)udx=−
Z
Ω|r u|2dx,
logo,
−
Z
Ω|r
u|2dx=
Z
Ω
gudx=
Z
A
udx.
Ent˜ao,
Z
Ω|r
u|2dx = −
Z
A
udx
--−
Z
A
(u)1dx
-
Z
A|
u||1|dx.
Agora, usando a desigualdade de H¨older obtemos,
Z
A|
u||1|dx
✓Z
A|
u|2⇤
dx
◆1/2⇤✓Z
A|
1|2n/(n+2)dx
◆(n+2)/2n
,
da´ı,
Z
Ω|r
u|2dx
✓Z
A|
u|2⇤
dx
◆1/2⇤✓Z
A|
1|2n/(n+2)dx
◆(n+2)/2n
= ||u||L2⇤
(Ω)|A|(n+2)/(2n)
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
logo,
||ru||L2(Ω) Sn−1/2|A|(1/2)+(1/n),
e portando,
Z
Ω|r
u|2dxCn|A|1+2/n o que resulta em (2.8). Agora, fixando y2Ω, seja
Γ(x−y) = Γ(|x−y|) = 1
n(2−n)σn|
x−y|2−n.
Uma vez que u ´e solu¸c˜ao do problema (2.2), podemos escrever, pela representa¸c˜ao de Green,
u(y) =
Z
Ω
Γ(x−y)∆u(x)dx
=
Z
Ω
1
n(2−n)σn|
x−y|2−ng(x)dx,
sendo assim,
|u(y)| =
-1
n(2−n)σn
Z
Ω|
x−y|2−nχA(x)dx
- Cn0
Z
A|
x−y|2−ndx. Usando a desigualdade de H¨older temos
Cn0
Z
A|
x−y|2−ndx C0
n
✓Z
A
;
|x−y|2−n<n/(n−2)
dx
◆(n−2)/n✓Z
A
(1)n/2dx
◆2/n
= Cn0
✓Z
A|
x−y|−ndx
◆(n−2)/n
|A|2/n.
Desde que |x|2−n pertence a Ln/(n−2)
! (Ω),
✓Z
A|
x−y|−ndx
◆(n−2)/n
<1,
logo,
|u(y)| Cn0
✓Z
A|
x−y|−ndx
◆(n−2)/n
|A|2/n
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Da´ı,
||u||1 Cn|A|2/n. Como|A| |Ω|=σnRn/n, obtemos
Z
Ω|r
u|2dx+K||u||2
1 Cn|A|1+(2/n)+Cn2K|A|4/n
|A|4/nCn
✓
|A|1+(2/n)
|A|4/n +C
0
nRn−2
◆
Cn|A|4/nRn−2. (2.10)
Logo, substituindo (2.10) em (2.6) obtemos
Z
Ω
|rf|2dx ≥ S
n||f||2L2⇤
(Ω)+
;R
Af dx
<2 R
Ω|ru|2dx+K||u||21
≥ Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
;R
Af dx
<2
CnRn−2|A|4/n = Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
1
CnRn−2
✓ R
Af dx
|A|2/n
◆2
.
Tomando o supremo em|A|ficamos com
||rf||2
L2(Ω) ≥ Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
1
CnRn−2 sup
A
✓ R
Af dx
|A|2/n
◆2
≥ Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
1
CnRn−2
✓
sup A
1
|A|2/n
Z
A
f dx
◆2
.
Usando a defini¸c˜ao da norma fraca,
||rf||2L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
1
CnRn−2||
f||2Lp ω(Ω).
Uma vez que |Ω|=σnRn/n, temos
|Ω|2−nn = σ
2−n n
n R
n(2−n)
n
n2−nn
= σ
2−n n
n
n2−nn
1
Rn−2,
donde,
1
Rn−2 =
n2−nn
σ
2−n n
n
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Usando o fato acima obtemos,
||rf||2
L2(Ω) ≥ Sn||f||2L2⇤
(Ω)+C− 1
n
n2−nn
σ2
−n n
n
|Ω|2−nn||f||2
Lpω(Ω)
= Sn||f||2L2⇤
(Ω)+Cn0|Ω|
2−n
n ||f||2
Lpω(Ω)
= Sn||f||2L2⇤
(Ω)+C(Ω)||f|| 2
Lpω(Ω).
Portanto (2.1) est´a provado (para todo Ω) com a constante
C(Ω) =Cn0|Ω|2−nn. (2.11)
O teorema anterior foi motivado pelo estudo da seguinte desigualdade, encontrada em [7],
||rf||2
L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+Cp(Ω)||f|| 2
Lp(Ω)
que ´e v´alida para todop < n/(n−2), e al´em disso, Cp(Ω) !0 quandop!n/(n−2). Esta desigualdade ´e considerada mais fraca que a do Teorema 2.1. Isto decorre do fato que a desigualdade acima n˜ao ´e v´alida se p=n/(n−2).
Agora, faremos um resultado, considerado mais forte que o Teorema 2.1, que envolve a norma do gradiente.
Teorema 2.2. Seja Ω ⇢ Rn um dom´ınio limitado, n ≥ 3 e seja f 2 H1(Ω) tal que
f ⌘0 sobre @Ω. Ent˜ao,
||rf||2
L2(Ω) ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+D(Ω)||rf|| 2
Lqω(Ω), (2.12)
com q= n
n−1.
Demonstra¸c˜ao. Poder´ıamos tentar reproduzir a prova do Teorema 2.1, no entanto, para
este caso, a t´ecnica de rearranjamento n˜ao ´e v´alida, uma vez que n˜ao ´e verdade que
||rf||Lqω(Ω) ||rf⇤||Lqω(Ω). Todavia, ainda podemos supor que f ≥0, pois trocando f
por|f|, n˜ao alteramos nenhum das normas em (2.12). Consequentemente teremos que usar uma aproxima¸c˜ao direta, e a constanteD(Ω) em (2.12) n˜ao depender´a apenas de
|Ω|. Na verdade, ela vai depender da capacidade de Ω. Isto ´e,
D(Ω) = Cn
Cap(Ω). (2.13)
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Analogamente ao que fizemos na prova do Teorema 2.1, seja g 2L1(Ω) e defina u
como a solu¸c˜ao do problema (2.2), por´em vamos substituir (2.3) por
φ(x) =
(
f(x) +u(x) +||u||1 em Ω
||u||1v(x) em Rn\Ω. (2.14)
onde v ´e uma solu¸c˜ao do problema
(
∆v = 0 em Rn\Ω,
v = 1 sobre ∂Ω, (2.15)
com v !0 no infinito. Por defini¸c˜ao, Cap(Ω) =
Z
Rn\Ω|r
v|2dx. (2.16)
Aplicando a desigualdade de Sobolev para φ obtemos
||rφ||2
L2(Rn)≥Sn||φ||2L2⇤
(Rn).
Note que, por um lado
||rφ||2
L2(Rn) =
Z
Rn|r
φ|2dx
=
Z
Ω|r
φ|2dx+
Z
Rn\Ω|r
φ|2dx,
usando a defini¸c˜ao deφ, segue que
||rφ||2L2(Rn) =
Z
Ω|r
(f +u+||u||1)|2dx+
Z
Rn\Ω|r
(||u||1v)|2dx
=
Z
Ω
|r(f +u)|2dx+||u||2 1
Z
Rn\Ω|r
v|2dx,
e desde que
Z
Rn\Ω|r
v|2dx= Cap(Ω)
temos
||rφ||2L2(Rn) =
Z
Ω|r
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Por outro lado,
||φ||2L2⇤
(Rn) =
✓Z
Rn|
φ|2⇤dx
◆2/2⇤
=
✓Z
Ω|
φ|2⇤
dx+
Z
Rn\Ω|
φ|2⇤
dx
◆2/2⇤
,
usando novamente a defini¸c˜ao de φ, segue que
✓Z
Ω|
φ|2⇤
dx+
Z
Rn\Ω|
φ|2⇤
dx
◆2/2⇤
≥
✓Z
Ω|
f +u+||u||1|2
⇤
dx
◆2/2⇤
= ||f +u+||u||1||2L2⇤
(Ω),
da´ı, como u+||u||1 >0 segue que
||φ||2
L2⇤
(Rn) ≥ ||f||2L2⇤
(Ω).
Logo,
Z
Ω|r
(f+u)|2dx+||u||21Cap(Ω)≥Sn||f||2L2⇤
(Ω).
Sendo assim, por uma conta an´aloga `a que foi feita na demostra¸c˜ao do Teorema 2.1, observamos que a desigualdade (2.6) continua v´alida, por´em com a constanteK subs-titu´ıda por K = Cap(Ω). Al´em disso, note que podemos reescrever (2.6) da seguinte maneira
Z
Ω|r
f|2dx ≥S
n||f||2L2⇤
(Ω)+
;R
Ωhrf,ruidx
<2 R
Ω|ru|2dx+K||u||21
, (2.17)
que ´e v´alida para todo u 2 C1
0 (Ω). Por densidade, temos que (2.17) ´e v´alida para
todau2H1
0(Ω)\L1(Ω) (a raz˜ao ´e que para todau2H01\L1, existe uma sequˆencia
uj 2C01(Ω) tal que uj !u em H01(Ω) e ||uj||1! ||u||1).
Agora escolhamos u para ser a solu¸c˜ao de (2.2) onde g ´e dada por
g(x) = ∂
∂xi
✓
sgn∂f
∂xi (x)
◆
χA(x)
"
. (2.18)
Esta fun¸c˜aou est´a emL1(Ω). De fato, podemos escrever
u=w+h,
onde wsatisfaz ∆w=g em todoRn, a saber,
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Desta formah ´e harmˆonica em Ω, pois
∆u= ∆(w+h)
implica que
g =g+ ∆h
o que resulta em
∆h= 0
eh=−w sobre @Ω, pois u= 0 sobre @Ω. Nestas condi¸c˜oes,
||h||L1(Ω) ||h||L1(@Ω)
= ||w||L1(@Ω)
||w||L1
(Ω),
com isso, usando a desigualdade triangular obtemos,
||u||L1
(Ω) = ||w+h||L1
(Ω)
||w||L1(Ω)+||h||L1(Ω).
Usando o fato que
||h||L1(Ω) ||w||L1(Ω),
temos
||u||L1(Ω) 2||w||L1(Ω).
Por outro lado,
w = Cn|x|2−n? g
= Cn|x|2−n?
✓
@ @xi
✓
sgn@f
@xi
◆
χA
"◆
= Cn
✓
@ @xi|
x|2−n
◆
?
✓
sgn@f
@xi
◆
χA
"
,
e como
@ @xi|
x|2−n = (2−n)|x|1−n,
segue que
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Uma vez que |x|1−n 2Ln/(n−1)
! , obtemos
||u||1 2||!||1 C0
n|A|1/n. (2.21)
Agora, vamos dar uma estimativa para
Z
Ω|r
u|2dx. Multiplicando (2.2) por u e integrando temos
Z
Ω
(∆u)udx=
Z
Ω gudx
mas, usando a identidade de Green,
Z
Ω
(∆u)udx=
Z
@Ω @u
@⌘udS−
Z
Ωhr
u,ruidx.
Comou= 0 sobre @Ω,
Z
Ω
(∆u)udx=−
Z
Ω|r u|2dx.
Logo,
Z
Ω|r
u|2dx = −
Z Ω gudx = − Z Ω @ @xi ✓ sgn@f @xi ◆ χA " udx,
usando integra¸c˜ao por partes e o fato que u= 0 sobre @Ω vemos que
−
Z
Ω @ @xi
✓
sgn@f
@xi
◆ χA " udx= Z Ω ✓
sgn@f
@xi
◆
χA
"
@u
@xi
dx. Note que, Z Ω ✓ sgn@f @xi ◆ χA " @u @xi dx -Z Ω ✓ sgn@f @xi ◆ χA " @u @xi dx - Z Ω --sgn @f @xi -@u @xi
--|χA|dx
= Z Ω -@u @xi
--|χA|dx.
Usando a desigualdade de H¨older obtemos,
Z Ω -@u @xi --|
χA|dx
Z Ω -@u @xi -2 dx
!1/2 ✓Z
Ω|
χA|2dx
◆1/2
= ||@u
@xi||L
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
como
||@x@u
i||L
2(Ω) ||ru||L2(Ω)
segue que Z Ω -@u @xi --|
χA|dx
✓Z
Ω|r u|2dx
◆1/2
|A|1/2
e portanto,
Z
Ω|r
u|2dx |A|. (2.22)
Finalmente, comof = 0 sobre @Ω, usando novamente a identidade de Green obtemos,
Z
Ωhr
f,ruidx =−
Z
Ω
f(∆u)dx
como ∆u=g em Ω, segue que
−
Z
Ω
f(∆u)dx=−
Z
Ω
f gdx,
e como
g = @
@xi
✓
sgn@f
@xi
◆ χA " temos, − Z Ω
f gdx=−
Z
Ω
f
✓
@ @xi
✓
sgn@f
@xi
◆
χA
"◆
dx.
Usando integra¸c˜ao por partes obtemos,
− Z Ω f ✓ @ @xi ✓ sgn@f @xi ◆ χA "◆ dx= Z Ω ✓ @f @xi ◆ ✓ sgn@f @xi ◆ χA " dx. Como ✓ @f @xi ◆ ✓ sgn@f @xi ◆ = -@f @xi -segue que Z Ω ✓ @f @xi ◆ ✓ sgn@f @xi ◆ χA " dx= Z Ω -@f @xi
-χAdx.
E portanto,
Z
Ωhr
f,ruidx=
Z Ω -@f
@xi
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Usando estas estimativas e o fato que |A|1−(2/n) |Ω|1−(2/n) S−1
n Cap(Ω) obtemos,
Z
Ω|r
u|2dx+K||u||2
1 |A|+ Cap(Ω)Cn0|A|2/n
= |A|2/n(|A|1−2/n+ Cap(Ω)Cn0)
|A|2/n(S−1
n Cap(Ω) +Cn0Cap(Ω)) = |A|2/nKnCap(Ω),
logo,
1
R
Ω|ru|2dx+K||u||21
≥ 1
|A|2/nKnCap(Ω)
≥ Cn |A|2/nCap(Ω). E portanto (2.17) torna-se
Z
Ω|r
f|2dx≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
Cn
⇣ R
A
-@f @xi
--dx
⌘2
Cap(Ω)|A|2/n . (2.23)
Para verificar que|A|1−(2/n) S−1
n Cap(Ω) considere agora a fun¸c˜ao
˜
v(x) =
(
1 em Ω
v(x) em Rn\Ω
aplicando a desigualdade de Sobolev a esta fun¸c˜ao obtemos
||rv˜||2L2(Rn) ≥Sn||v˜||2L2⇤
(Rn)
mas, por um lado
||˜v||2L2⇤
(Rn) =
✓Z
Rn|
˜
v|2⇤dx
◆2/2⇤
=
✓Z
Ω|
˜
v|2⇤
dx+
Z
Rn\Ω|
˜
v|2⇤
dx
◆2/2⇤
,
usando a defini¸c˜ao de ˜v, segue que
✓Z
Ω|
˜
v|2⇤
dx+
Z
Rn\Ω|
˜
v|2⇤
dx
◆2/2⇤
≥
✓Z
Ω
1dx
◆2/2⇤
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
como 2/2⇤ = 1−(2/n), temos
||v˜||2L2⇤
(Rn)≥ |Ω|1−(2/n).
Por outro lado,
||r˜v||2L2(Rn) =
Z
Rn|r
˜
v|2dx
=
Z
Ω|r
˜
v|2dx+
Z
Rn\Ω|r
˜
v|2dx.
Como|rv˜|= 0 em Ω e ∆˜v = 0 emRn\Ω segue que Z
Ω|r
˜
v|2dx= 0 e
Z
Rn\Ω|r
˜
v|2dx= Cap(Ω).
Portanto,
||rv˜||2L2(Rn) = Cap(Ω).
Logo,
Cap(Ω)≥Sn|Ω|1−(2/n) ou seja,
Sn−1Cap(Ω)≥ |A|1−(2/n).
Desta forma, somando em (2.23) temos
n
X
i=1
Z
Ω|r
f|2dx ≥
n
X
i=1
Sn||f||2L2⇤
(Ω)+ n X i=1 Cn ⇣ R A -@f @xi --dx ⌘2
Cap(Ω)|A|2/n = nSn||f||2L2⇤
(Ω)+
Cn
Cap(Ω)|A|2/n n X i=1 ✓Z A -@f @xi -dx ◆2
≥ nSn||f||22⇤+
Cn
Cap(Ω)|A|2/n
Z A n X i=1 -@f @xi -dx !2
≥ nSn||f||22⇤+
Cn
Cap(Ω)|A|2/n
Z
A|r
f|dx.
Tomando o supremo em|A|obtemos
n
Z
Ω|r
f|2dx ≥ nS
n||f||2L2⇤
(Ω)+
Cn
Cap(Ω)supA |
A|−2/n
✓Z
A|r
f|dx
◆2
= nSn||f||2L2⇤
(Ω)+
Cn
Cap(Ω)||rf||
2
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
e portanto, dividindo a equa¸c˜ao acima por n concluimos que
Z
Ω|r
f|2dx≥Sn||f||2L2⇤
(Ω)+
Cn
Cap(Ω)||rf||
2
Lqω(Ω).
Isto completa a prova de (2.12) com a constante dada em (2.13).
2.2
O caso
f
6⌘
0
sobre a fronteira de
Ω
Nesta se¸c˜ao, estudaremos o caso em que f 6⌘0 sobre a fronteira de Ω. Iniciaremos com a prova da desigualdade (7). No entanto, precisaremos do seguinte lema:
Lema 2.1. Seja Ω ⇢ Rn um dom´ınio limitado com fronteira suave. Para toda f 2
H1(Ω), existe w definifa em Rn\Ω tal que w´e harmˆonica, coincide com f sobre @Ω e quando |x| ! 1, w(x)!0.
Demonstra¸c˜ao. Suponhamos primeiramente que Ω ´e uma bola centrada na origem e
de raioR, neste caso,
w(x) = CfR
n−2
|x|n−2 ,
onde f(x) = Cf ´e constante sobre @Ω. De fato, note que se x 2 @Ω ent˜ao |x| =
R, da´ıw(x) =CfRn−2/Rn−2 =Cf, al´em disso,
@w
@xi
(x) = CfRn−2
@ @xi
(x21+x22+· · ·+x2n)(2−n)/2 = CfRn−2
2−n
2 (x
2
1+x22+· · ·+x2n)((2−n)/2)−12xi = CfRn−2(2−n)|x|−nxi.
Ent˜ao,
@2w @x2
i
(x) = CfRn−2(2−n)
@ @xi
(|x|−nxi) = CfRn−2(2−n)
|x|−n+x i
@ @xi
(x2
1+· · ·+x2n)−n/2
"
= CfRn−2(2−n)
h
|x|−n+xi
⇣
−n2⌘|x|−(n+2)2xi
i
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
Donde,
n
X
i=1 @2w @x2
i
(x) = CfRn−2(2−n)|x|−n n
X
i=1
(1−n|x|−2x2
i)
= CfRn−2(2−n)|x|−n(n−n|x|−2|x|2) = 0,
ou seja, w ´e harmˆonica. Al´em disso, da defini¸c˜ao de w vemos que quando |x| ! 1
segue quew(x)!0.
Para a constru¸c˜ao da fun¸c˜ao w, onde Ω ´e um dom´ınio geral ver [14].
Teorema 2.3. Seja Ω ⇢Rn um dom´ınio limitado com fronteira @Ω suave. Para toda
f 2H1(Ω) constante e n˜ao nula sobre a fronteira de Ω vale a desigualdade
||rf||2L2(Ω)+E(Ω)|Cf|2 ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω). (2.24)
Demonstra¸c˜ao. Inicialmente vamos definir a seguinte fun¸c˜ao
φ(x) =
(
f(x) em Ω
w(x) em Rn\Ω (2.25)
onde w ´e uma fun¸c˜ao harmˆonica que tende a zero no infinito e coincide com f sobre
∂Ω.
Suponhamos primeiramente que Ω ´e uma bola centrada na origem e raio R. Neste caso, como foi mostrado no Lema 2.1,
w(x) = CfR
n−2
|x|n−2 ,
onde f(x) =Cf ´e constante sobre ∂Ω.
Aplicando a desigualdade de Sobolev para todoRn a estaφ obtemos
||rφ||2
L2(Rn)≥Sn||φ||2L2⇤
(Rn).
Mas, por um lado
||rφ||2
L2(Rn) =
Z
Rn|r
φ|2dx=
Z
Ω|r
f|2dx+
Z
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
No entanto, como sabemos,
Z
Rn\Ω
-r
✓
R
|x|
◆n−2-
-2
dx=σnRn−2(n−2), logo,
Z
Rn\Ω|r
w|2dx =
Z
Rn\Ω|
Cf|2
-r
✓
R
|x|
◆n−2
-2
dx
= |Cf|2σnRn−2(n−2). Portanto,
||rf||2L2(Rn) =
Z
Ω|r
f|2dx+|Cf|2σnRn−2(n−2). Por outro lado,
||φ||2L2⇤
(Rn) =
✓Z
Rn|
φ|2⇤dx
◆2/2⇤
=
✓Z
Ω| f|2⇤
dx+
Z
Rn\Ω| w|2⇤
dx
◆2/2⇤
≥
✓Z
Ω
|f|2⇤
dx
◆2/2⇤
= ||f||2L2⇤
(Ω).
Observe que
Z
Rn\Ω|r
w|2dx= Cap(Ω), pois
(
∆w = 0 em Rn\Ω
w = constante sobre ∂Ω
Portanto, chamando
E(Ω) =σnRn−2(n−2) = Cap(Ω) (2.26)
temos
||rf||2
L2(Ω)+|Cf|2E(Ω)≥Sn||f||2L2⇤
(Ω),
ou ainda,
||rf||2
L2(Ω)+ Cap(Ω)|Cf|2 ≥Sn||f||2L2⇤
(Ω).
2. Melhores Constantes nas Desigualdades de Sobolev
isto, aplicamos (2.24) com f = f✏ dada por (3) com a = 1 e y = 0 = centro da bola. Ou seja,
f✏(x) = 1
[✏2+|x|2](n−2)/2.
Desta forma temos
Z
Rn|r
f✏|2dx=Sn||f✏||2L2⇤
(Rn). (2.27)
Seja
w(x) = CfR
n−2
|x|n−2 ,
com isso temos,
Z
Rn|r
f✏|2dx =
Z
Ω|r
f✏|2dx+
Z
Rn\Ω|r
f✏|2dx =
Z
Ω|r
f✏|2dx+
Z
Rn\Ω|r
w|2dx+
Z
Rn\Ω|r
f✏|2dx−
Z
Rn\Ω|r
w|2dx.
Uma vez que
Z
Rn\Ω|r
w|2dx=|C
f|2Cap(Ω), temos,
Z
Rn|r
f✏|2dx=
Z
Ω|r
f✏|2dx+|Cf|2Cap(Ω) +
Z
Rn\Ω
(|rf✏|2− |rw|2)dx. Desde que
rf✏(x) = −
(n−2)
(✏2+|x|2)n/2xe rw(x) =
−Cf(n−2)Rn−2
|x|n x, segue que
|rf✏(x)|2 = (n−2)
2
(✏2+|x|2)n|x|
2 e
|rw(x)|2 = (n−2)
2|C
f|2R2(n−2)
|x|2n |x|
2.
Sendo assim,
|rf✏|2− |rw|2 =
✓
1
(✏2+|x|2)n −
|Cf|2R2(n−2)
|x|2n
◆
(n−2)2|x|2.
Ent˜ao, fixadox em Ω e fazendo✏!0 temos
|rf✏(x)|2− |rw(x)|2 !
✓
1
|x|2n −
|Cf|2R2(n−2)
|x|2n
◆
(n−2)2|x|2
=
✓
1− |Cf|2R2(n−2)
|x|2n−2
◆