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Boa e má colocação para a equação de Schrödinger não-linear

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Academic year: 2017

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG CURSO DE MESTRADO EM MATEMÁTICA

BOA E MÁ COLOCAÇÃO PARA A EQUAÇÃO DE

SCHRÖDINGER NÃO-LINEAR

Carlos Manuel Guzmán Jiménez

(2)
(3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS - UFMG MESTRADO EM MATEMÁTICA

Carlos Manuel Guzmán Jiménez

Orientador:

Prof. Luiz Gustavo Farah

BOA E MÁ COLOCAÇÃO PARA A EQUAÇÃO DE

SCHRÖDINGER NÃO-LINEAR

Dissertação submetida à banca exa-minadora, designada pelo Programa de Pós-Graduação em Matemática da UFMG, como requisito parcial para a obtenção do título de mes-tre em Matemática.

(4)

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradecer ao meu Deus, que nunca desiste de minha vida e insiste em me abençoar mesmo sem eu merecer. Tenho plena consciência que sem Ele não estaria aqui, sem Ele não sou nada e não posso nada.

Gostaria de agradecer aos meus pais, Antonio Guzmán e Modesta Jiménez, que são as pessoas mais importantes para min e sempre fizeram o possível e até o impossível para que eu prossiguesse os estudos. Agradeço também aos meus irmãos Roxana, Uber e Diana, pelo grande amor que me dão.

Queria igualmente agradecer a Eduardo Cabrera, Alberto Sarmiento e Ana Cristina pela ajuda, os conselhos e pela amizade.

Os amigos foram peças fundamentais que ajudaram à tornar a vida longe de casa bem mais agradável. Gostaria de agradecer a todos os colegas da UFMG, mas gostaria de mencionar alguns em particular. Farley, Danilo, Celso, Luiz, Vitor, Monique, Joselmo, Marcio, Camila, Juliano, Weler, Antônio, Leandro, Jailton, Carlos, Mario, Renato, José e Miguel sempre estiveram presentes ao longo desses anos. Acredito que formamos uma grande família e com certeza levarei isso para o resto da vida.

Agradeço a todos os professores que tive na UFMG pela qualidade dos cursos minis-trados. Sem dúvida, eles foram fundamentais para minha formação matemática. Gostaria de agradecer a Viviane, Marcio, César, Susana, Hamilton e Marcos.

Ao meu orientador, professor Luiz Farah, dedico meus agradecimentos. Não só pela excelente orientação matemática, mas também pela confiança que depositou em mim desde a nossa primeira conversa. Sem dúvida, foi uma das pessoas responsáveis pelo sucesso deste trabalho.

Agradeço à toda estrutura administrativa da UFMG por proporcionar um excelente ambiente de trabalho e de pesquisa. Queria agradecer em especial a Kelli e Andréa.

(5)

v

Linares e Jussara de Matos.

(6)
(7)
(8)

Resumo

O propósito deste trabalho é estudar aboa e má colocaçãodo problema de valor inical (PVI) associado a equação de Schrödinger não linear

i∂tu+ ∆u+λ|u|αu= 0, t∈R, x∈RN, (1)

em que 0< α < 4

N (caso subcrítico) e α= 4

N (caso crítico).

No primeiro capítulo, apresentaremos alguns resultados importantes de Análise Harmô-nica e estudaremos os espaços de SobolevHs(RN), que serão a base fundamental de nosso

trabalho.

No segundo capítulo, mostraremos, no caso subcrítico, boa colocação local e global do PVI associado a equação (1) com dado em L2(RN). Além disso, no caso crítico,

mostraremosboa colocação local e, em caso particular, boa colocacão global.

Finalmente, no capítulo 3, estudaremos o PVI associado a equação (1) em Hs(RN)

para índice negativos. Mostraremosmá colocação para s(N 2 −

2

α,0) emá colocação do

PVI com dado inicial a função Delta de Dirac.

(9)

Abstract

The purpose of this work is to study well-posedness and ill-posedness of the initial-value problem (IVP) for the nonlinear Schrödinger equation

i∂tu+ ∆u+λ|u|αu= 0, t∈R, x∈RN, (2)

for, 0< α < 4

N (subcritical case) and α= 4

N (critical case).

In the first chapter, we present some important results of Harmonic Analysis and we study the Sobolev spacesHs(RN), which provide the fundamental basis of our work.

In the second chapter, we will show, in the subcritical case, local and global well-posedness of the (IVP) associated to equation (2) with data in L2(RN). Furthermore,

in the critical case, we will show local posedness and, on special case, global well-posedness.

Finally, in the chapter 3, we study the (IVP) associated to equation (2) in Hs(RN)

for negative indicess. We will show ill-posedness for s (N 2 −

2

α,0) and ill-posedness of

the (IVP) with the Delta function as initial datum.

Keywords: Harmonic Analysis. Local well-posedness. Ill-posedness. Nonlinear

(10)

Sumário

Notações 1

Introdução 2

1 Preliminares 6

1.1 Espaços Funcionais . . . 6

1.2 Interpolacão de Operadores . . . 10

1.3 A Transformada de Fourier . . . 17

1.3.1 A Transformada de Fourier em L1(RN) . . . 18

1.3.2 A Transformada de Fourier no Espaço de Schwartz . . . 19

1.3.3 Distribuições Temperadas . . . 21

1.4 Os Espaços de Sobolev . . . 24

2 Boa Colocação Para a Equação de Schrödinger não Linear 29 2.1 Equação de Schrödinger Linear . . . 29

2.2 Estimativas Strichartz . . . 31

2.3 Boa Colocação em L2(RN) . . . 39

2.3.1 Caso Subcrítico . . . 39

2.3.2 Caso Crítico . . . 46

3 Má Colocação Para a Equação de Schrödinger não Linear 50 3.1 Má Colocação em Hs(RN), para N 2 − 2 α < s <0 . . . 50

3.1.1 Introdução . . . 50

3.1.2 Prova do Teorema 3.1 . . . 52

3.2 Má Colocação do Problema de Cauchy com a Função Delta como Dado Inicial . . . 56

Referências Bibliográficas 64

(11)

1

Notações

• (x, y) = x1y1 +x2y2+...+xNyN: Produto interno emRN;

Br(x) = {y∈RN :|yx|< r}: Bola aberta de raio r e centro em x∈RN;

M[u] =ku(t)kL2: Massa de u;

C(R:X): Espaço das funções contínuas de Rem X; • kukC(R:X)= supt∈Rku(t)kX;

• NN ={α= (α

1, ..., αN) : αi ∈N}: Conjunto de Multi-índices;

=xα1

1 , ..., xαNN;

= ( 1)

α1, ...,(

∂N)

αN;

u(x) = (∂x1u(x), ..., ∂x2u(x)): Gradiente de u; • ∆u(x) =PN

i=1∂x22

iu(x): Laplaciano de u;

p= p

p−1: Expoente conjugado de p;

X: Espaço dual deX;

τhu(x) =u(xh): Translação de upor h∈RN;

δau(x) =u(ax): Dilatação de u pora >0;

• (f g)(x) = RRNf(xy)g(y)dy: Convolução de f e g;

c(N, α, p) denota uma constante que depende deN, α e p;

ab é equivalente ac1abc2a, onde c1 ec2 são constantes positivas;

kTkLpLq = sup

kfk6=0k T fkLp

kfkLq ;

(12)

Introdução

Neste trabalho estudaremos o problema de Cauchy, também chamado de problema de valor inicial ou simplesmente PVI, associado a equação de Schrödinger não linear

    

i∂tu+ ∆u+λ|u|αu= 0, t ∈R, x∈RN,

u(0, x) =u0(x),

(3)

em que λ=±1, 0 < α < N4 (caso subcrítico) e α= N4 (caso crítico).

A equação de Schrödinger não linear, denotada simplesmente por NLS, recebeu esse nome em homenagem ao Físico Austríaco Erwin Schrödinger que foi um dos primeiros pesquisadores da Mecânica Quântica. Essa equação tem sido o motivo de intensa pesquisa, pois ela modela vários problemas físicos (veja [17], [20] e [24]). Devido a sua grande aplicabilidade em fenômenos físicos, essa equação também tem sido de grande interesse para os matemáticos e tem-se desenvolvido rapidamente nos últimos anos.

Pelo princípio de Duhamel,

u(t, x) = U(t)u0(x) +

Z t

0 U(tt

) (|u(t, x)|αu(t, x))dt(4) é a equação integral associada a equação de Schrödinger (3), em que U(t) é o grupo

associado a equação de Schrödinger linear e é definido por

U(t)u0 =u0∗(ei|y|

2t )∨.

Definição 0.1. Dizemos que o PVI (3) é localmente bem colocado se para todo u0 ∈

Hs(RN), existe T > 0 e uma única função u tal que

1. u é solução da equação integral (4);

2. uC([−T, T] :Hs(RN)) (Persistência);

3. Há a dependência contínua com relação aos dados iniciais

un0 u0 em Hs(RN) =⇒unu em C([−T, T] :Hs(RN)). (5)

(13)

3

Se estas três propriedades podem ser estendidas para qualquerT >0, dizemos que o PVI

(3) églobalmente bem colocado. Por outro lado, se alguma das condições 1,2,3 é violada,

dizemos que émal colocado. Surgem questões importantes:

• Existe s∈R tal que o PVI (3) é bem colocado emHs(RN)?

• Qual o menor s∈R onde temos boa colocação?

Essas questões foram respondidas por Ginibre e Velo [9], Cazenave e Weissler [7] e Tsutsumi [23]. Eles mostraram que o PVI (3) ébem posto local e globalmente em Hs(RN)

para s 0. Sendo s = 0, ou seja, H0(RN) = L2(RN) o menor valor s onde temos boa

colocação. Por argumentos de scaling, é esperado que se s > N

2 − 2

α, então teríamos

boa colocação. No entanto, Kenig, Ponce e Vega [13], provaram que se λ = 1, N = 1 e

α= 2, ou seja, se 1

2 < s <0, não há boa colocação, pois o item 3 da Definição 0.1 não é verificado. Além disso, no mesmo artigo, foi mostrado que se u0 = δ (função delta de

Dirac), o problema de Cauchy (3) não ébem colocado se N = 1 e α = 2 pois, neste caso,

o item 2 não é verificado.

O objetivo desta dissertação é estudar a boa colocação em L2(RN) do PVI (3) e

generalizar os dois resultados demá colocação sugeridos em [13] para dimensãoN. A fim

de obter boa colocação para o problema de Cauchy (3) usaremos o teorema de ponto fixo de Banach, para encontrar um ponto fixo do seguinte operador

G(u)(t) =U(t)u0+

Z t

0 U(tt

)(|u|αu(t))dt. (6) Para amá colocação, com s∈ (N

2 − 2

α,0), demonstraremos que a aplicação dado-solução

não é uniformemente contínua, isto é,

δ >0,c >0 tal queku01−u20kHs(RN) < δ , mas ku1−u2kC([T,T]:Hs(RN))c. (7)

Para o problema de Cauchy (3) com u0 = δ, provaremos que a Persistência (item 2 da

Definição 0.1) não é verificada, isto é, a solução u não pertence a C([0, T] :S′(RN)), em

queS′(RN) é o espaço das distribuições temperadas.

Esta dissertação é composta de três capítulos, além desta introdução. Descrever-se-á abaixo, o conteúdo de cada capítulo.

(14)

4

espaços. Também definiremos a transformada de Fourier e enunciaremos alguns resul-tados importantes dela. Finalmente, serão apresenresul-tados os espaços de Sobolev Hs(RN),

ferramenta fundamental do nosso estudo (veja [18], [16], [5], [2], [1], [11] e [6]).

O Capítulo 2 é dedicado ao estudo do PVI (3) para a equação de Schrödinger linear, obtendo uma família de soluções a qual denotaremos por U(t)u0 e demonstraremos que

essa família é um grupo unitário em Hs(RN), para s 0. Em seguida, mostraremos as

estimativas de Strichartz, o que será fundamental para provar aboa colocaçãodo problema de Cauchy (3). Especificamente demonstraremos os seguintes resultados:

1. Caso Subcrítico

Teorema 0.1. Considere o PVI (3). Se 0< α < 4

N, então para todo u0 ∈ L 2(RN),

existe T = T(ku0kL2, N, α) > 0 e uma única solução u da equação integral (4) no intervalo [0, T] com

u[0, T] :L2(RN) \Lr[0, T] :Lα+2(RN),

em que r= 4(α+2)N α .

Corolário 0.1.1. Com as mesmas condicões do Teorema 0.1, temos que o PVI (3) é bem posto globalmente.

2. Caso Crítico

Teorema 0.2. Considere o PVI (3). Seα= N4, então para todou0 ∈L2(RN), existe

T =T(u0, α)>0 e uma única solução u da equação integral (4) no intervalo [0, T]

com

uC[0, T] :L2(RN) \Lr[0, T] :Lr(RN),

em que r= 2 + 4 N.

Corolário 0.2.1. Existe 0< ǫ0 =ǫ0(N)tal que para todo u0 ∈L2(RN)com a norma

ku0k< ǫ0, temos que a solução dada no Teorema 0.2 é global e ainda

uCR:L2(RN) \LrR:Lr(RN), (8)

em que r= 2 + N4.

No capítulo 3, iremos expor o argumento de scaling que nos fornece uma intuição para boa colocação do PVI (3) emHs(Rn), e serão mostrados dois resultados de má colocação.

(15)

5

Teorema 0.3. Considere o PVI (3), λ = 1 e u0 ∈ Hs(RN). Se 0 < α < N4 e s

(N 2 −

2

α,0), então a aplicação dado-solução não é uniformemente contínua.

Teorema 0.4. Considere o PVI (3). Se u0 = δ e αN2, então não há solução fraca u

na classe

u,|u|αuL∞([0,) :S′(RN)) com lim

t→0+u(t, .) =δ em S ′(RN);

(16)

CAPÍTULO 1

Preliminares

Neste capítulo temos como objetivo apresentar a teoria básica necessária a ser uti-lizada no estudo do problema de Cauchy (3). Estudaremos conceitos e resultados da Análise Harmônica e as propriedades principais do operador transformada de Fourier que tem um papel fundamental na teoria que será desenvolvida neste trabalho. Algumas demonstrações serão omitidas, mas indicaremos precisamente onde encontrá-las.

1.1

Espaços Funcionais

Nesta seção estudaremos alguns espaços funcionais, assim como teoremas e desigual-dades que serão aplicados nos próximos capítulos. Resultados importantes como as desi-gualdades de Hölder e Minkowski e o teorema do Ponto Fixo de Banach.

Definição 1.1. Sejam (X,A, µ) um espaço de medida e 1≤ p≤ ∞. Definimos o espaço

Lp(X) = Lp(X,A, µ) como sendo o conjunto das funcões f : X C mensuráveis, tais

que

kfkLp =

Z

X|f| p

1

p

< , se 1 ≤ p < e

kfkL∞ = sup

xXess|f(x)|= inf{C :|f(x)| ≤C, µq t p em X} <.

Observação 1.1. Lp(X) é um espaço de Banach e quandop= 2, L2(X) é um espaço de

Hilbert com o produto interno definido por

hf, gi=

Z

Xf(x)g(x)dµ.

Além disso, denotaremos Lp

(X) o espaço dual de Lp(X) onde p e psão expoentes conjugados, isto é,

1

p+

1

(17)

Espaços Funcionais 7

Definição 1.2. Sejam 1 ≤ p <. Denotaremos por LpLoc(X) = LpLoc(X,A, µ) o espaço das funções pertencentes a Lp(X), localmente sobre cada subconjunto compacto E X,

isto é,

LpLoc(X) ={f :X C mensurável : Z

E|f| pdµ <

∞}.

Teorema 1.1. (Desigualdade de Hölder Generalizada). Sejam(X,A, µ)um espaço de medida e pi ≥1 (i= 1,2, ..., m) tais que

m

X

i=1

1

pi

= 1.

Se fiLpi(X) para todo i= 1, ..., m. Então Qmi=1fiLp1(X) e vale a desigualdade

k

m

Y

i=1

fikL1 ≤

m

Y

i=1

kfkLpi.

Demonstração. Veja [5], página 57.

Corolário 1.1.1. (Desigualdade de Hölder). Sejam fLp(X) e g Lq(X), então

f g Lr(X) e vale

kf gkLr ≤ kfkLpkgkLq,

em que

1

p+

1

q =

1

r.

Corolário 1.1.2. (Desigualdade de Cauchy-Schwarz). Sejamf e gL2(X), então

f gL1(X) e vale

kf gkL1 ≤ kfkL2kgkL2.

Corolário 1.1.3. (Interpolação entre espaços Lp(X)). Sejam 1 p r q ≤ ∞

tais que

1

r = θ p +

1−θ q

para algum θ [0,1]. Suponha que f Lp(X)TLq(X), então f Lr(X) e vale

kfkLr ≤ kfkLkfkLq1−θ.

A seguir, vamos a definir os espaços mistos denotado por Lp(X1, Lq(X2)).

Definição 1.3. Sejam (X1,A1, µ1) e (X2,A2, µ2) dois espaços de medida. Defina-se para

1p, q ≤ ∞ o espaço misto

Lp(X1, Lq(X2)) ={f :X →C mensurável : kfkLpX

1L

q

(18)

Espaços Funcionais 8

em que

kfkLpX

1L

q

X2 =kkf(x1, .)kL

q X2kL

p X1 =

Z

X1

Z

X2|

f(x1, x2)|qdµ2

p q

1

!1

p

, se1 p <

e

kfkL

X1L q

X2 =kkf(x1, .)kL q

X2kLX1 = maxx1∈X1k

f(x1, .)kLqX

2.

Observação 1.2. Lp(X

1, Lq(X2)) é um espaço de Banach e quandop=q = 2,L2(X1, L2(X2))

é um espaço de Hilbert com o produto interno definido por

hf, giL2(X1,L2(X2)) =

Z

X1

hf(x1, .), g(x1, .)iL2(X2)1.

Notação. Denotaremos o espaço Lp(X

1, Lq(X2)) simplesmente porLpX1L

q

X2 e quando

p= q por LpX1X2. Além disso, LpX1LXq2 denota o espaço dual de LpX1LXq2 onde pe qsão os expoentes conjugados dep eq respectivamente.

No que segue provaremos a Desigualdade de Hölder para os espaços mistos.

Teorema 1.2. Sejam (X1,A1, µ1) e (X2,A2, µ2) dois espaços de medida. Se fLpX11L

q1

X2 e fLp2

X1L

q2

X2, então f gL

p X1L

q

X2. Além disso, vale a desigualdade

kf gkLpX

1L

q

X2 ≤ kfkL p1 X1L

q1 X2kgkL

p2 X1L

q2

X2, (1.1)

em que 1 p = 1 p1 + 1 p2 e 1 q = 1 q1 + 1 q2 .

Demonstração. Usando duas vezes o Corolário 1.1.1, segue-se

kf gkLpX

1L

q

X2 =

kf g(x1, .)kLqX

2 Lp X1 ≤

kf(x1, .)kLq1

X2kg(x1, .)kL

q2 X2

LpX

1

kf(x1, .)kLq1

X2

Lp1

X1

kg(x1, .)kLq2

X2

Lp2

X1

= kfkLp1

X1L q1

X2kgkL p2

X1L q2

X2,

em que 1 p = 1 p1 + 1 p2 e 1 q = 1 q1 + 1 q2 .

Agora vamos a enunciar um resultado dos espaçosLp(X), que será usado para provar

(19)

Espaços Funcionais 9

Lema 1.1. Sejam(X,A, µ)um espaço de medida , 1≤p≤ ∞ef uma função mensurável.

Se

sup kgkLpp61

Z

X |f.g|dµ <,

então f Lp(X). Além disso,

kfkLp = sup

kgkLp′61

Z

Xf.gdµ

.

Demonstração. Veja [2], página 2.

Teorema 1.3. (Desigualdade de Minkowski). Sejam(X1,A1, µ1) e (X2,A2, µ2)dois

espaços de medida. Se f : X1 ×X2 −→ C é uma função mensurável, então para todo

16p6q6∞ vale a desigualdade

kfkLqX

2L

p

X1 ≤ kfkL p X1L

q X2.

Demonstração.

1. Se q=∞, o resultado é claro. 2. Se q < então fazendo r= q

p, segue que

kfkLqX

2L

p

X1 =

Z

X2

Z

X1

|f(x1, x2)|pdµ1

q p 2 !1 q = Z X2 Z

X1|

f(x1, x2)|pdµ1

r

2

1

rp

= Z

X2|

F(x2)|rdµ2

1

rp ,

em queF(x2) = RX1|f(x1, x2)|

p

1. Assim usando o Lema 1.1, Teorema de Fubini

e a Desigualdade de Hölder com expoentes conjugados r e r, temos

kfkLqX

2L

p

X1 = kFk

1 p Lr X2 =     sup

kgkLr

X2

1{

Z

X2

F(x2)g(x2)2}

    1 p ≤     sup

kgkLr

X2

1{

Z

X1

Z

X2

|f(x1, x2)|prdµ2

1

r

kgkLrX21}

    1 p ≤ Z X1 Z

X2|

f(x1, x2)|qdµ2

(20)

Interpolacão de Operadores 10

Portanto,

kfkLqX

2L

p

X1 ≤ kfkL p X1L

q X2.

Observe que, sep= 1 então

Z

X2

Z

X1

|f(x1, x2)|1

q

2

1

q

Z

X1

Z

X2

|f(x1, x2)|qdµ2

1

q

1. (1.2)

O próximo teorema é análogo ao Lema 1.1 para os espaços mistos.

Teorema 1.4. Sejam (X1,A1, µ1) e (X2,A2, µ2) dois espaços de medida, 16 p, q 6∞ e

f :XX2 −→C é uma função mensurável. Se

sup kgk

Lp p x1Lq

p X2

61

Z

X1

Z

X2

f(x1, x2).g(x1, x2)2 1 <,

então f pertence a LpX1LqX2. Além disso, vale a igualdade

kfkLpX

1L

q

X2 = sup

kgkLp

x1LqX2

61{

Z

X1

Z

X2

f(x1, x2).g(x1, x2)2 1}. (1.3)

Demonstração. A demostração é análoga à do Lema 1.1.

Encerramos esta seção enunciando um resultado que usaremos para nosso estudo de boa colocação.

Teorema 1.5. Seja S um espaço métrico completo, onde S 6= , e f : S S uma contração, ou seja,

d(f(x), f(y))≤α d(x, y),x, ySeα <1.

Então, f possui um único ponto fixo em S, isto é, existe xS tal que f(x) = x.

Demonstração. Veja [15].

1.2

Interpolacão de Operadores

(21)

Interpolacão de Operadores 11

Definição 1.4. Sejam X, Y espaços de Banach. Denotamos por L(X, Y) o espaço dos

operadores lineares contínuos, isto é,

L(X, Y) ={T :X Y :Té linear e contínua}.

QuandoX =Y, denotaremos L(X, Y) simplesmente porL(X).

Teorema 1.6. Sejam X, Y espaços de Banach. Então,

i) L(X, Y) é um espaço de Banach com a norma definida por

kTk= inf{C >0 :kT(x)kYCkxkX,xX}= sup{kT(x)kY :kxkX ≤1}.

ii) O operador T ∈L(S, Y) admite única extensão Te L(X, Y), onde S é um

subcon-junto denso em X, e vale

kTk=kTek.

Demonstração. Veja [19], capítulo 8.

O lema que enunciaremos a seguir é conhecido como o Teorema das Três Linhas.

Lema 1.2. (Teorema de Phragmen-Lindelöf). Seja F uma função contínua e

limi-tada definida na faixa

S ={x+iy: 0x1}

tal que F é analítica no interior de S. Se para todo yR

|F(j+i)| ≤Aj onde j ∈ {0,1}

então, para todo zS, tem-se

|F(z)| ≤A10xAx1.

Demonstração. Veja [16], página 26.

Agora vamos a provar o teorema de interpolação de Riesz - Thorin para o caso dos espaços mistos.

Teorema 1.7. (Teorema Interpolação de Riesz - Thorin). Sejam(Xk,Ak, µk)1≤k≤3

três espaços de medida e 1 6 pj, qj, rj 6 ∞ para todo j = 0,1. Se T : LpXj1L

qj

X2 → L

rj

X3 é um operador contínuo com norma Mj respectivamente para todo j ∈ {0,1}. Então

T :Lpθ

X1L

X2 →L

X3 é um operador contínuo com norma tal que

(22)

Interpolacão de Operadores 12 em que 1 , 1 , 1 !

= (1θ) 1 p0 , 1 q0 , 1 r0 !

+ θ 1 p1 , 1 q1 , 1 r1 !

, θ[0,1].

Demonstração.

Considere f Lpθ

X1L

X2 e fL

X3. Usando o Teorema 1.4 é suficiente provar que

Z

X3

(T f)(x)g(x3)3 ≤M01−θM1θkfkLpθX

1L

X2kgkLrθ X3

.

Sejaz S, onde S={x+iy: 0≤x1}. Defina

fz(x1, x2) =

f(x1, x2)

|f(x1, x2)|

f(x1, x2)

kf(x1, .)kLqθX

2

 

(1qz

0 +

z q1)

kf(x1, .)k

(1p0z+pz1)

LqθX

2 e

gz(x3) =

g(x3)

|g(x3)||

g(x3)| r

θ(1r−′0z+ z r1) ,

sez =θ, temos que fz =f e gz =g. Agora, considere a função

F(z) =

Z

X3

T fz(x3)gz(x3)3.

Temos que F é contínua e limitada em S e é analítica em seu interior. Como F(θ) =

R

X3T f(x3)g(x3)3, pelo teorema das Três Linhas, é suficiente mostrar que

|F(j +i)| ≤Ajj = 0,1

e assim, obtemos o resultado desejado.

Afirmação 1: fLpj

X1L

qj

X2 para todo j = 0,1 e vale a igualdade

kfj+iykLpj

X1L qj

X2 =kfk pj

LpθX

1L

X2 . (1.4)

De fato, usando que|ait|= 1 para todo a >0 e tR, temos

|fj+iy(x1, x2)| =

f(x1, x2)

kf(x1, .)kLqθX

2

 

(1−jq0iy+ j+iy

q1 )

kf(x1, .)k

(1−pj0iy+j+p1iy)

LqθX

2 = 

 |f(x1, x2)|

kf(x1, .)kLqθX

2

 

qj

kf(x1, .)k

pj

LqθX

2

.

Logo, usando o fato quekfmk

Lp =kfkmLpm temos

kfj+iykLpj

X1L

qj X2

= kfj+iy(x1, .)k

LqjX

2

LpjX

1 =

k|f(x1, .)|

qjk

LqjX

2k

f(x1, .)k

pjqθqj

LqθX

2 Lpj X1 =

kf(x1, .)k

qj

LqθX

2

kkf(x1, .)k

pjqθqj

LqθX

2 Lpj X1 = kf(x1, .)kL

X2 pj

LpθX

1 = kfk

pj

LpθX

1L

(23)

Interpolacão de Operadores 13

Isto mostra a afirmação fLpj

X1L

qj

X2 e vale (1.4).

Continuando com a prova, note também que |gj+iy(x3)| = |g(x3)|

rθ

rj. Daí, usando a

Desigualdade de Hölder com expoentes conjugados rj e rj. Segue-se

|F(j+iy)| ≤

Z

X3|

T fj+iy(x3)||gj+iy(x3)|3 =

Z

X3|

T fj+iy(x3)||g(x3)|

rθrj

3

≤ kT fj+iykLrj

X3k|g| rθ rj

k

Lr

j X3

Mjkfj+iykLpj

X1L qj X2kgk

rθrj

LrθX3 = Mjkfk

pj

LpθX

1L

X2k

gk rθ rj

Lr

θ X3

,

onde na penúltima desigualdade usamos que T ∈L(LpXj

1L

qj

X2, L

rj

X3) e na última igualdade a Afirmação 1. Assim, se j = 0 e j = 1, tem-se respectivamente

|F(iy)| ≤M0kfk

p0

LpθX

1L

X2kgk

rθ r

0

Lrθ X3

=A0

e

|F(1 +iy)| ≤M1kfk

p1

LpθX

1L

X2kgk

rθ r1

Lrθ X3

=A1.

Portanto, usando 1 =

1−θ p0 +

θ p1 ,

1 r

θ =

1−θ r

0 +

θ r

1 e a estimativa do teorema das Três Linhas obtemos o resultado desejado:

|F(θ)|=|

Z

X3

T f(x3)g(x3)3| ≤A10−θAθ1 =M01−θM1θkfkLpθX

1L

X2kgkLr

θ X3

.

PortantoM01−θM1θ.

Corolário 1.7.1. Sejam (Xk,Ak, µk)1≤k≤2 dois espaços de medida e 1 6 pj, qj 6 ∞ para

todoj = 0,1. Se T :Lpj

X1 →L

qj

X2 é um operador contínuo com norma Mj respectivamente para todo j ∈ {0,1}. Então T : Lpθ

X1 → L

X2 é um operador contínuo com norma tal que

M01−θM1θ,

em que 1 , 1 !

= (1−θ) 1 p0

, 1 q0

!

+ θ 1 p1

, 1 q1

!

(24)

Interpolacão de Operadores 14

Corolário 1.7.2. Sejam (Xk,Ak, µk)1≤k≤2 dois espaços de medida e 1 6 pj, qj 6 ∞ para

todo j = 0,1. Se T : Lpj

X1L

qj

X2 → C é um operador contínuo como norma Mj respectiva-mente para todo j ∈ {0,1}. Então T :Lpθ

X1L

X2 →C é um operador contínuo com norma

tal que

M01−θM1θ,

em que

1

, 1

!

= (1θ) 1 p0

, 1 q0

!

+ θ 1 p1

, 1 q1

!

, θ[0,1].

As demonstrações dos dois últimos corolários seguem diretamente do Teorema 1.7.

Observação 1.3. Daqui em diante (X1,A1, µ1) e (X2,A2, µ2) serão os espaços de medida

de Lebesgue na reta e noRN respectivamente, onde (X

1,A1, µ1) será o espaço da variável

temporal e (X2,A2, µ2) será o espaço da variável espacial.

Uma consequência importante do Teorema 1.7 é a seguinte desigualdade.

Teorema 1.8. (Desigualdade de Young). Sejam fLp(RN), g Lq(RN) e 1

p, q ≤ ∞ com 1 p +

1

q ≥1. Então fgL

r(RN) onde 1 p +

1

q = 1 + 1

r. Além disso,

kfgkLr ≤ kfkLpkgkLq. (1.5)

Demonstração. Para gLq(RN) definamos o operador

T(f(x)) = Z

Rnf(xy)g(y)dy = (fg)(x).

Logo, pela Desigualdade de Minkowski (1.2) e usando que a convolução é comutativa, temos

kT fkLq =

Z

RN

Z

RN g(xy)f(y)dy

q

dx

1

q

Z

RN

Z

RN |g(xy)|

q

|f(y)|qdx

1

q dy

= kgkLqkfkL1.

Por outro lado, usando a desigualdade de Hölder temos

kT fkL∞ ≤ kgkLqkfkLq.

Assim, T ∈LL1(RN), Lq(RN) TLLq′(RN), L∞(RN) com norma limitada por kgkLq,

logo pelo teorema de Riesz-Thorin implicaT ∈L(Lp(RN), Lr(RN)), em que

1

p =

1θ

1 +

θ

q′ = (1−θ) +θ(1− 1

q) = 1− θ

(25)

Interpolacão de Operadores 15

1

r =

1−θ

q + 0 =

1

q −(1−

1

p) =

1

p +

1

q −1.

Além disso,

kTkL(Lp,Lr) ≤ kTk1Lθ

(L1,Lq)kTkLθ(Lq,L) ≤ kgk1LkgkLθq =kgkLq ,

e portanto,

kT fkLr =kfgkLr ≤ kfkLpkgkLq.

Agora vamos a definir a função maximal e o potencial de Riesz, ferramentas ne-cessárias para mostrar o Teorema de Hardy-Littlewood-Sobolev que será determinado posteriormente.

Definição 1.5. Seja f L1

loc(RN), definimos a função Maximal associada a f denotada

por M(f)

M f(x) = sup

r>0

(

1

|Br(x)|

Z

|Br(x)|

|f(y)|dy

)

= sup

r>0

(

1

ωN

Z

|B1(0)|

|f(xrz)|dz

)

= sup

r>0

f 1

|Br(0)|

IBr(0)

!

.

Observação 1.4. Se f L(RN), entãokM fk

L∞ ≤ kfkL∞.

Proposição 1.1. (Teorema de Hardy-Littlewood). Seja 1 < p ≤ ∞. Então M : Lp(RN)Lp(RN) é um operador quase-linear contínuo, isto é,

kM fkLpc(p)kfkLp , para todo fLp(RN). (1.6)

Demonstração. Veja [16], página 37.

Lema 1.3. Seja g L1(RN) uma função radial, positiva e não crescente de r = kxk.

Então

sup

t>0 |gtf(x)| ≤ kgkL

1M f(x), onde gt(x) = 1

tNg(

x t).

Demonstração. Veja [16], página 38.

Definição 1.6. (Potencial de Riesz). Seja 0< α < N. O potencial de Riesz de ordem α, denotado por é definido por

Iαf(x) =

Z

RN

f(y)

|xy|Nαdy =cαkαf(x), (1.7)

onde

=π

N

22αΓ(α 2)Γ(

N

2 −

α

2), kα(x) = 1

|x|Nα e Γ(x) =

Z

0 t

x−1etdt, x

(26)

Interpolacão de Operadores 16

Teorema 1.9. (Teorema de Hardy-Littlewood-Sobolev). Sejam 0 < α < N e

1< p < q <tal que 1 q =

1 p

α

N. Então :Lp(RN)→Lq(RN) é um operador linear e

contínuo, isto é,

kIαfkLqc(N, α, p)kfkLp , para todo fLp(RN). (1.8)

Demonstração. Dividimos o kernel(x) = ′ (x) + ∞(x),

kα(x) =

    

0 , se|x|> ǫ (x) , se|x| ≤ǫ,

onde ǫ >0 será determinado. Assim,

|Iαf(x)| ≤(|′ ∗f(x)|+|kαf(x)|) =(I+II). (1.9)

Observe que k

αL1(RN) pois

Z

RN|k

α(x)|dx=

Z

|x|≤ǫ|(x)|dx=c(N, α)

Z ǫ 0

rN−1

rNαdr=c(N, α)ǫ

α <.

Logo considerandoϕ(x) = |x|N1−αχ[|x|≤1] e usando o Lema 1.3 temos

I =|kαf(x)| =

1

|.|Nαχ[|.|≤ǫ]

!

f(x)

= ǫα

1

ǫNϕ(

. ǫ)∗f

(x)=ǫα|(ϕǫf)(x)|

ǫαkϕkL1M f(x) = c(N, α)ǫαM f(x), ou seja,

I c(N, α)ǫαM f(x). (1.10)

Por outro lado, considerando fLp(RN) e usando a Desigualdade de Hölder, segue-se

II =|kαf(x)|=|

Z

RNk

α (xy)f(y)dy| ≤ kfkLpkkα∞k

Lp

mas,

kkα kLp′ =

Z

|x|

1

|x|(N−α)pdx

!1

p

=c(N, p)

Z

ǫ

rN−1

r(N−α)pdr

!1

p

= c(N, p)rNp′−N+α |

ǫ .

Como 0< α < N e 1p +p1′ = 1, temos que Np′ −N +α <0, isto implica

kk

(27)

A Transformada de Fourier 17

Assim,

IIc(N, p, α)ǫNp′−N+αkfk

Lp . (1.11)

Agora escolhemos ǫ=ǫ(x) tal que as estimativas (1.10) e (1.11) sejam iguais, ou seja,

ǫαM f(x) = ǫNp′−N+αkfk

Lp ,

logo, já quep e psão expoentes conjugados temos que N

p′ −N =−Np, e assim,

ǫNp = M f(x)

kfkLp (1.12)

combinando (1.9), (1.10), (1.11) e (1.12), tem-se

|Iαf(x)| ≤ c(N, p, α)(ǫαM f(x) +ǫ

N

p′−Nαkfk

Lp)

= c(N, p, α)ǫαM f(x)

= c(N, p, α) M f(x)

kfkLp

!− N

M f(x)

= c(N, p, α)(M f(x))1−pαNkfk N

Lp

= c(N, p, α)(M f(x))1−θkfkθLp θ =

N ∈(0,1).

Finalmente, pelo Teorema de Hardy-Littlewood e tomando a normaLq(RN)

concluí-mos que

kIαfkLqc(N, p, α)kfkθLpk(M f)1−θkLq =c(N, p, α)kfkθLpk(M f)k1Lq(1θθ)

c(N, p, α)kfkθ

Lpkfk1Lq(1θθ) . Note que (1θ)q= (1 N)q =p, pois 1

q = 1 p

α

N. Portanto,

kIαfkLqc(N, α, p)kfkLp.

1.3

A Transformada de Fourier

Nesta seção estudaremos a transformada de Fourier. Começamos estudando tal con-ceito para funções em L1(RN) e posteriormente veremos que a transformada pode ser

(28)

A Transformada de Fourier 18

1.3.1

A Transformada de Fourier em

L

1

(

R

N

)

Definição 1.7. Seja f L1(RN). A transformada de Fourier de f, denotada por F(f)

ou fb, é a função dada por

F(f)(y) = fb(y) =

Z

RNe

i(x,y)f(x)dx , para todo y RN, (1.13)

em que (x, y) =x1y1+...+xNyN.

Teorema 1.10. Seja f L1(RN). Então

i) A lei que associa f fb, define um operador linear de f L1(RN) em L(RN),

satisfazendo

kF(f)kL∞ ≤ kfkL1. (1.14) ii) A função fb:RN C é contínua.

iii) fb(y)0 quando y → ∞ (Lema de Riemann - Lebesgue).

iv)

d

τhf(y) = ei(h,y)fb(y), onde τhf(x) = f(xh) e (1.15)

\

ei(h,y)f(y) =fb(yh) =τ

hfb(y). (1.16)

v)

d

δaf(y) =aNfb

y

a

, onde δaf(x) =f(ax). (1.17)

Demonstração. veja [11], capítulo IV.

Observação 1.5. Note que se f 0, então em (1.14) vale a igualdade

b

f(0) =kfbkL∞ =kfkL1.

Na tentativa de caracterizar a transformada de Fourier em L1(RN), uma questão

natural surge: será que a transformada também pertence aL1(RN)? A reposta é negativa,

veja o seguinte exemplo.

Exemplo 1.1. Sejam N = 1, f(x) =χ[−1,1](x). Então fbnão pertence a L1(R).

De fato, é claro que f L1(R). Logo,

b

f(y) =

Z

Re

ix.yf(x)dx=Z 1

−1e

ix.ydx= 2sen(y)

y .

(29)

A Transformada de Fourier 19

O próximo teorema mostra a relação existente entre a transformada de Fourier da convolução e a transformada das funções envolvidas.

Teorema 1.11. Sejam f, gL1(RN), então

\

(fg)(y) =fb(y)gb(y) (1.18)

Demonstração. Utilizando o Teorema de Fubini e uma mudança de variáveis, obtemos

\

(fg)(y) = Z RNe

i(x,y)(f

g)(x)dx=Z RNe

i(x,y)Z

RNf(xz)g(z)dzdx

= Z RN

Z

RNe

i(x,y)f(x

z)g(z)dxdz

= Z

RNg(z)e

i(z,y)dzZ

RNe

i(xz,y)f(x

z)dx

= Z RNe

i(w,y)f(w)dwZ

RN g(z)e

i(z,y)dz

= fb(y)gb(y).

1.3.2

A Transformada de Fourier no Espaço de Schwartz

Nesta subseção apresentaremos o espaço de Schwartz denotado por S(RN), que será

a ferramenta básica para estender a transformada de Fourier a uma classe maior de dis-tribuições.

Definição 1.8. Definimos o espaço de Schwartz ou das funções Crapidamente decres-centes por

S(RN) ={f :RN C:f C(RN)e sup x∈RN|x

αDβf(x)|<∞}

para quaisquer multi-índices α, β NN.

Observações.

i) C

0 (RN) ( S(RN). Note que a função f(x) = e−|x|

2

pertence a S(RN) mas não a

C

0 (RN).

ii) O conjunto S(RN) é um espaço vetorial sobre os complexos e tem uma topologia

natural induzida pela família de seminormas kfkα,β definidas por

kfkα,β = sup x∈RN|

(30)

A Transformada de Fourier 20

Mais precisamente, S(RN) é um espaço métrico completo, quando munido da

dis-tância

d(f, g) =X

α,β

2−(|α|+|β|) kfgkα,β

1 +kfgkα,β

. (1.19)

iii) S(RN) é um subespaço denso emLp(RN), para todo 1p <.

Agora vamos introduzir uma noção de convergência em S(RN), para definir o espaço

das distribuições temperadas.

Definição 1.9. Dizemos que a sequência (ϕn)n∈N em S(RN) converge a ϕ ∈ S(RN) se, somente, se

lim

n→∞kϕnϕkα,β = 0 ∀α, β ∈N

N.

Teorema 1.12. Suponha que fnf em S(RN). Então fnf na norma Lp(RN) para

todo p[1,].

Demonstração. Veja [11], página 200.

No próximo teorema trataremos da relação existente entre f, f e a transformada

de Fourier def no espaço S(RN).

Teorema 1.13. Seja f ∈ S(RN), então fb, xαf e Dαf pertencem a S(RN). Além disso,

para todo multi-índice α NN

d

f(y) =i|α|yαfb(y). (1.20)

Dαfb(y) = (−i)|α|xdαf(y). (1.21)

Demonstração. Veja [18], página 103.

Teorema 1.14. (Teorema de Inversão). Se f ∈ S(RN), então vale o teorema de

inversão

f(x) =

Z

RNe

i(x,y)fb(y)dy, para todo x

∈RN. (1.22)

Demonstração. Veja [11], página 196.

Corolário 1.14.1. f, g∈ S(RN), então

i) RRNf(x)g(x)dx=

R

RNfb(y)gb(y)dy (fórmula de Parseval)

ii) RRNfb(x)g(x)dx=

R

RNf(y)g(y)

dy

(31)

A Transformada de Fourier 21

Definição 1.10. Seja f ∈ S(RN), definimos a transformada inversa de Fourier por

F−1(f)(x) = (f)∨(x) =Z RNe

i(x,y)f(y)dy para todo x

∈RN. (1.23)

Observação 1.6. Note que F−1 está bem definida pois S(RN) L1(RN). Além disso,

tem-se

(f)∨(x) = fb(−x) ∀x∈RN

(fb)=f = (fb)f ∈ S(RN).

A Transformada de Fourier em L2(RN)

A transformada de Fourier não pode ser definida em L2(RN), através de (1.13),

uma vez que a integral não faz sentido em geral sef L2(RN) .

Exemplo 1.2.

f(x) =

    

0 , sex(−∞,1] x−1 , sex(1,)

temos quef L2(RN), mas não pertence a L1(RN).

Não entanto, pelo Teorema 1.13 e a identidade de Parseval temos que a transfor-mada de Fourier define um operador linear e contínuo F : (S,k.kL2) −→(S,k.kL2), que é uma isometria na normaL2(RN). Deste modo, como S(RN) é denso em L2(RN) o

Te-orema 1.3 (ii) nos afirma queF pode ser estendido como un operador contínuo deL2(RN).

Observação. O mesmo concluímos com a transformada de Fourier inversa.

Definição 1.11. Definimos a transformada de Fourier em L2(RN) dada por

F :L2(RN)

−→L2(RN)

f 7−→ F(f) =f ,b

em que fbé a única extensão da transformada em S(RN).

Teorema 1.15. A transformada de Fourier F: L2(RN) L2(RN) é um isomorfismo

topológico, isto é, ela e a sua inversa são contínuas.

1.3.3

Distribuições Temperadas

Referências

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