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uma oficina em um espaço Não Escolar

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Academic year: 2021

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Introdução

A formação dos professores de história sempre é levada a debates de enfretamentos sobre questões que muitas vezes são impertinentes a própria categoria. Questionamentos estes que são refletidos e analisados nas seguintes perguntas: até onde as teorias acadêmicas serão aplicadas na prática de um determinado projeto? Quais são os resultados alcançados após a realização do mesmo?

As demandas educacionais têm nos provocado a mergulhamos por diferentes saberes. Segundo Fonseca (2003, p.60), a formação do professor de história se processa ao longo de toda sua vida pessoal e profissional, nos diversos tempos e espaços socioeducativos. Neste quesito, a proposta de lidar com a criação de uma oficina no Estágio Supervisionado em Espaços Não Escolares proporciona ao futuro docente possibilidades múltiplas em relação a promover uma consciência histórica voltada a um aprendizado efetivo. Surge então a oportunidade de se trabalhar o processo histórico de um determinado local através da fotografia suscitando o debate sobre a história, memória e espaço. Sendo assim, a oficina Poesia dos Olhos foi elaborada com a pretensão de mostrar o uso das imagens enquanto registro de diferentes processos, tempos e testemunhas das diversas modificações urbanas através das fotografias, que compreenderam as múltiplas faces da cidade de Eunápolis, no sul da Bahia. Atividade esta que nos possibilitou a contextualização das mesmas, e que beneficiaram em questões a investigação histórica: Olhar as imagens como objeto de estudo, assim partimos do ponto de vista que:

[...] a fotografia lança um grande desafio: Como chegar aquilo que não foi revelado pelo olhar fotográfico. Tal desafio impõe-lhe a tarefa de desvendar uma intricada rede de significações, cujos elementos – homens e signos – interagem dialeticamente na composição da realidade. Uma realidade que se formula a partir do trabalho de homens como produtores e consumidores de signos; um trabalho cultural, cuja compreensão e fundamental para se operar sobre esta mesma realidade. (CARDOSO, 1997, p. 405)

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contexto em que vivem, utilizando da fotografia como materialização deste processo: Sujeito e Espaço.

A oficina A Poesia dos Olhos: Os múltiplos ângulos da cidade de Eunápolis-Ba

através das fotografias, tomou a cidade como um conjunto de características que a torna

peculiar, a qual recebe pessoas dos quatro cantos do país com as suas diferenças culturais, costumes e tradições que se misturam e se confirmam nas edificações, avenidas e bairros que revelam a sua história. Na atualidade a fotografia tem reproduzido representações notáveis, que deram suporte a algo que Kossoy (1989, p.101) apresenta:

Memória visual do mundo físico e natural, da vida individual e social. Registro que cristaliza, enquanto dura, a imagem de uma ínfima porção de espaço do mundo exterior. É também a paralisação súbita do incontestável avanço/ dos ponteiros do relógio: pois o documento que retém a imagem fugidia de um instante da vida que flui ininterruptamente. (KOSSOY,1989, p. 101)

A fotografia trouxe suporte à memória e com ela se confunde tornando-se uma fonte inesgotável de informação, conhecimento e emoção. Nessa perspectiva, o seguinte a oficina pedagógica buscou avaliar de que forma a fotografia pode ser usada como metodologia didática ou como fonte para ser analisada como fonte historiográfica.

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A poesia dos olhos: uma Possibilidade Educacional através de

uma oficina em um espaço Não Escolar

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histórica pessoal estará intimamente ligada ao que o individuo recebe de influência externa. Neste sentido, Rüsen (2011) afirma que a consciência histórica está intimamente ligada também à cultura, às ideias, símbolos e signos, ou seja, tudo que permeia a vida dos sujeitos e suas relações sociais, que permitem estes serem produtos e também produtores de uma cultura.

É fato que, independentemente do ambiente em que estão inseridos e do processo de construção histórica pelo qual passaram, todos os indivíduos possuem uma certa cultura, sendo esta fundamental para sua própria identidade social. Dentro deste processo, todas estas cargas de informações independem dos ambientes nos quais são recebidos, mas exigem a necessidade de uma adaptação pelo qual permitam uma melhor absorção. Segundo Gohn (2006) ao explorar esses espaços, a ampliação destes conhecimentos históricos significativos, surgiram com mais naturalidade e desenvolveram processos como: a construção e reconstrução de concepções de mundo e do mundo, contribuição para um sentimento de identidade com uma dada comunidade, os indivíduos adquirem conhecimento de sua própria prática e os indivíduos aprenderam a ler e interpretar o mundo que estão inseridos. Sendo assim, as fotografias se tornaram um recurso didático de alta eficiência e se constituíram numa excepcional fonte de pesquisa e incentivo aos sujeitos, os quais passaram a se interessar mais por este tipo de documento.

Em uma perspectiva geral, vivemos num mundo dominado pelas imagens, e por esta razão este instrumento deve ser mais explorado pelo professor que precisa estar atento à velocidade das transformações de valores, hábitos e costumes, submetendo os indivíduos a consequentes perdas de contato com a história e a memória do mundo que os cerca. Jacques Le Goff (2003) nos afirma que:

A memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro. Devemos trabalhar de forma a que a memória coletiva sirva para a libertação e não para a servidão dos homens (LE GOFF,1990, p. 412)

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aparente sobre sua cidade. As informações imagéticas discutidas temáticas sobre a história local e seus espaços de sociabilidades, despertam o sentimento de identidade e de pertença à comunidade. Para Bittencourt

Imagens diversas produzidas pela capacidade artística humana também nos informa sobre o passado das sociedades, sobre suas sensações, seu trabalho, suas paisagens, caminhos cidades, guerras. Qualquer imagem é importante, e não apenas aquelas produzidas por artistas. [...] são marcas de uma história. (BITTENCOURT, 2008, p.65 )

Portanto, a fonte fotográfica utilizada para o ensino de história teve uma perspectiva metodológica para além de uma mera exposição de imagens antigas e atuais da cidade Eunápolis. Além do aporte teórico já discutido aqui, utilizou-se ainda Ana Maria Mauad (2004).

3. A Poesia dos olhos: A experiência didática através das fotos num espaço não escolar.

Ao idealizar a temática coube ao grupo analisar qual seria o melhor e mais adequado objetivo. Muitas foram às tentativas de se constituir o mesmo, até que se chegou ao mais pertinente objetivo geral, analisando a realidade do público ao qual esperávamos alcançar e tendo em vista o pensamento de Gohn (2006):

Na educação formal espera-se, sobretudo que haja uma aprendizagem efetiva (que, infelizmente nem sempre ocorre), além da certificação e titulação que capacitam os indivíduos a seguir para graus mais avançados. Na educação informal os resultados não são esperados, eles simplesmente acontecem a partir do desenvolvimento do senso comum nos indivíduos, senso este que orienta suas formas de pensar e agir espontaneamente. (Gohn, 2006, p.30)

Sendo assim, os resultados buscados por este projeto, no qual toda a manifestação de absorção do conhecimento proposto está diretamente relacionada com a capacidade individual dos agentes envolvidos, procurou proporcionar estado ativo aos mesmos dentro das atividades colocadas.

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novos olhares para a cidade. Sendo sucedido por mais três objetivos específicos que a confirmaria, respectivamente: identificar as fotos que são suportes para a história de Eunápolis, historicizar o processo da formação de Eunápolis até os dias atuais e proporcionar as novas gerações à oportunidade de conhecer um mundo, na qual estão inseridos através da fotografia. Após os objetivos estabelecidos foi crucial a definição de um público-alvo. Entre várias indicações em relação ao mesmo foi escolhidos alunos da Educação Básica, oriundos das diversas instituições escolares, que participam do Departamento de Desbravadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

4. Saberes em construção: Análise e reflexão da oficina como objeto didático. A construção de uma oficina pedagógica tem por objetivo desenvolver um trabalho metodológico em grupo. Candau (1993) afirma que a construção coletiva de um determinado saber, da análise da realidade e da confrontação e intercâmbio das experiências não serão constituídas apenas no resultado final do processo de ensino e aprendizagem, mas também estarão envolvidas no processo de construção do conhecimento.

Neste sentido, todo este trabalho teve como fio condutor as indagações em relação as permanências e rupturas da cidade de Eunápolis/BA através das diversas fotografias pesquisadas e como estas mesmas imagens são analisadas e interpretadas por indivíduos que estão inseridos no contexto sociocultural deste ambiente, deixando espaço para a expressão individual diante das latentes transformações ocorridas com o passar do tempo, assim como fatos ali abordados que são de relevância histórica fundamental para a construção social destes mesmos indivíduos, que por vezes poderia ser inteiramente desconhecido para o mesmo.

Iniciamos a oficina com as apresentações de fotos de familiares, visando incitar nos participantes a identificação de mudanças proporcionadas pelo passar do tempo, tanto no ambiente, quanto nos sujeitos ali expostos. Tendo isso em vista, a elaboração desta atividade tem respaldo nas palavras de Kossoy (1989), afirmando o seguinte:

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porção de espaço do mundo exterior. É também a paralisação súbita do incontestável avanço/ dos ponteiros do relógio: pois o documento que retém a imagem fugidia de um instante da vida que flui ininterruptamente. (KOSSOY,1989, p. 101)

Partindo deste pressuposto acredita-se que a fotografia ainda seja um elemento de pouca importância. Nessa perspectiva, buscamos evidenciar que a fotografia pode ser usada como metodologia didática ou objeto para ser analisada como fonte historiográfica.Tendo isso como base, levamos os alunos para uma exposição em varal com diversas fotografias da cidade de Eunápolis-Ba, mostrando-lhes a história e o processo de transição da mesma através das fotos recolhidas pelo grupo. Depois deste momento, solicitamos aos sujeitos que para o dia seguinte, os mesmos trouxessem fotografias deles ou da família em algum/qualquer lugar da cidade de Eunápolis, com o objetivo de aproximar de maneira consistente os agentes da foto e o ambiente no qual estava e ainda estão inseridos.

Esse processo nos remete à importância da memória e do resgate da mesma na construção histórica de um indivíduo. Com base nisto, Le Goff (2003) em um dos seus trabalhos afirma que a memória se constituirá como uma representação do passado, sendo ele histórico e social, onde o documento é monumento, e cabe ao historiador respeitar suas especificidades. A ativação dessa memória intrínseca na fotografia dar-se-á através de questionamentos suscitados no indivíduo para que sua memória seja submetida a um exercício que lhe proporcione uma melhor identificação e absorção de todo o contexto que está inserido na imagem, tais como: Quais os personagens? Aonde foi retirada a fotografia? Quando foi tirada? O que você lembra-se do dia da foto? Qual ou quais as modificações ocorreram no lugar onde foi tirada a foto? Tudo para proporcionar no sujeito uma compreensão mais aprofundada da imagem que está sendo por ele analisada.

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desejo. Por esta razão, o aparecer e desaparecer das imagens são muito rápidos, não permitindo o desenvolvimento da capacidade para uma apropriação mais minuciosa. Surgindo assim, a necessidade da “educação do olhar”, através do uso da imagem para um pensar histórico, percebendo-a como um lugar de perpetuação da memória e o resgatar das lembranças.

No desenvolvimento do projeto, fazendo-se uso de questionamentos, foi discorrido sobre a história da cidade de Eunápolis-Ba utilizando o apoio de slides apresentando fotografias antigas e atuais da cidade dando ênfase assim para a exposição de fotografias presentes no espaço, incluindo as fotografias que os sujeitos levaram e fazendo uma comparação se as mesmas possuem alguma semelhança.

Segundo Barthes (2008, p. 13) “[...] o que a fotografia reproduz ao infinito só ocorreu uma vez: ela repete mecanicamente o que nunca mais poderá repetir-se existencialmente”. Partindo do pressuposto de que as fotografias podem ser comparadas a fragmentos de tempos históricos e registros imagéticos de traços culturais, a fotografia se constituiu numa importante fonte para o conhecimento histórico, fonte de pesquisa e tem a capacidade de possibilitar “informação e conhecimento, instrumento de apoio nos diferentes campos da ciência e também como fonte de expressão artística” (KOSSOY, 2001, p. 25).

Assim, tudo o que esta experiência procurou proporcionar está diretamente vinculada ao que uma fotografia pode proporcionar a um sujeito inserido em qualquer contexto sociocultural, criando a esfera propícia para o desenvolvimento da reflexão e da análise crítica do mesmo para com todas as transformações ocorridas, como isso se deu e como as coisas podem tomar rumos diferentes em determinados casos, dado a nova percepção que o sujeito obterá destes ambientes.

5. Conclusão

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religiosidade, arquitetura, cultura e etc. Os estudantes, analisando as mudanças e transformações da cidade podem compreender que através da fotografia é possível indagar, construir, desconstruir e mediar os diversos conhecimentos que se tem em um espaço-tempo local.

Esse trabalho possibilitou encontros inesquecíveis com produtores e suas imagens, com sujeitos e suas lembranças, com trajetórias e seus projetos. Ainda assim, é de grande surpresa como a infindável riqueza que a reflexão sobre a prática e a experiência fotográfica pode revelar.

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6. Referências

AMORIM, A. R. A. de. As imagens e o ensino de História: uma proposta metodológica para o ensino da História. Apresentado no IV Seminário do Ensino de História: Recife, abril de 2001.

BARTHES, Roland. A Câmara Clara. Nota sobre a fotografia. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.

BITENCOURT, Circe. Cidadania Como Meta para o Ensino de História. IN: O Saber Histórico na Sala de Aula. BITENCOURT, Circe (0rg.). 11 ed., 1ª Reimpressão – São Paulo: Contexto, 2008.

CARDOSO, Ciro Flamarion. Domínios da história: ensaios de teoria e metodologia/ Ciro Flamarion Cardoso, Ronaldo Vainfas (orgs). – Rio de Janeiro: Elsevier, 1997 – 15º Reimpressão.

FONSECA, Selva Guimarães. Como Nos Tornamos Professores de Historia: A Formação Inicial e Continuada. In Didatica e Pratica de Ensino. São Paulo – Papirus, 2003.

GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas colegiadas nas escolas. Ensaio: Avaliação e Politica Públicas em Educação. Rio de Janeiro, v.14, n.50, p. 27-38, jan./mar. 2006.

KOSSOY, B. Fotografia e história. São Paulo: Ática, 1989.

KOSSOY, Boris, Fotografia e História São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 2003.

Manual Administrativo do clube de Desbravadores. São Paulo: Ed. Sobre Tudo, 2013. MAUAD, Ana M. Fotografia e História: possibilidades de análise. In: Maria CIAVATTA; Nilda Alves. (Org.). A Leitura de Imagens na Pesquisa Social: História, comunicação e Educação. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2004, v. 1, p. 19-36.

MONTEIRO, Ana Maria F. C. Professores de história: entre saberes e praticas. 2º Ed. – Rio de Janeiro: Mauad, 2007

SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA, Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende. Jörn Rüsen e o ensino de história. Curitiba: Ed. UFPR, 2010.

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