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Centro de Ciências Sociais Departamento de Ciências da Educação Mestrado em Ciências da Educação - Inovação Pedagógica Rosaine Lima Santos

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Academic year: 2018

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Centro de Ciências Sociais Departamento de Ciências da Educação

Mestrado em Ciências da Educação - Inovação Pedagógica

Rosaine Lima Santos

A relevância da educação ambiental diante do desafio do desenvolvimento sustentável e (re) estruturação da escola como agente mediador de um novo

paradigma: desenvolvimento sustentável e preservação ambiental

Dissertação de Mestrado

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Rosaine Lima Santos

A relevância da educação ambiental diante do desafio do desenvolvimento sustentável e (re) estruturação da escola como agente mediador de um novo

paradigma: desenvolvimento sustentável e preservação ambiental

Dissertação apresentada ao Conselho Científico do Centro de Competência de Ciências Sociais da Universidade da Madeira, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação.

Orientadores: Professor Doutor Carlos Manuel Nogueira Fino

Professor Doutor Robson França

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Agradecimentos

Agradeço a todos aqueles que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho.

Agradeço de forma muito especial ao meu amigo Neidson que pela sua generosidade e humildade sempre me ajudou nos momentos de dúvidas e inquietudes técnicos para elaboração deste trabalho. Neidson eu serei eternamente grata pela sua ajuda incondicional.

Agradeço ao meu amado e dedicado esposo que não me deixou desistir e que sempre esteve ao meu lado me dando apoio e conforto. Agradeço aos meus amados filhos – Lucas e Victor – pela paciência, amor e tolerância. Agradeço aos meus irmãos e irmãs pelo fato de serem sempre tão carinhosos e atenciosos comigo.

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Dedicação

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RESUMO

A Educação Ambiental já apresenta uma “exigência” da sociedade e tende a se tornar uma realidade institucional. Tal realidade se mostra na rotina de determinadas escolas que estão instaurando e instalando uma prática pedagógica inovadora. A Educação Ambiental no contexto escolar ainda precisa ser pensada e organizada de forma coletiva, entre todos os atores que formam o corpo escolar. A sustentabilidade do planeta e a relação homem/natureza são discussões relevantes no atual contexto da ordem mundial que está inserida numa crise universal de paradigmas. A escola aparece, nesse contexto, como elemento imprescindível e capaz de efetivar a Educação Ambiental. Porém, é sabido que a escola passa por uma crise de paradigmas em todas as suas esferas e que não tem conseguido alicerçar uma nova proposta de educação que a insera no mundo pós-moderno - já que a escola continua ancorada no longíquo e defasado modelo fabril de educação - ou seja, a escola sofre de referências em sua práxis pedagógica e dessa forma se faz urgente e necessário que uma nova pedagogia seja inserida nesse momento em que a escola sofre de uma crise que vai além de uma crise de valoresm mas também passa por um momento de estresse em sua pedagogia. E nesse contexto que surge a necessidade de uma Inovação Pedagógica com a proposta de romper com as práticas em educação que já não são requeridas na atualidade; as práticas tradicionais já não atendem ao atual contexto do mundo o qual encontra-se inserido na ótica do paradigma da complexidade, e esta Inovação deve criar situações novas capazes de criar aprendizagens significativas em um arranjo combinado na relação ensino-aprendizagem capaz de atender às novas demandas desse novo paradigma que se delineia. Neste novo mundo o professor não é mais um mero transmissor de saberes e o aluno deixa de ser um

mero ouvinte: o foco deve ser a construção autônoma e significativa do conhecimento pelo estudante. Este trabalho aqui apresentado tem como propósito fazer uma análise das práticas que foram observadas na turma do Segundo Ano do Ensino Fundamental I, onde a da Educação Ambiental é trabalhada durante todo o ano letivo e a partir das diversas

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Palavras-chave: inovação pedagógica, educação ambiental, novo paradigma.

Abstract

Environmental education already has a "requirement" of society and tends to become an institutional reality. This fact is shown in the routine of certain schools that are introducing and installing an innovative pedagogical practice. Environmental education in the school still needs to be thought out and organized collectively between all the actors who make up the school body. The sustainability of the planet and the human / nature discussions are relevant in the current context of world order that is inserted into a universal crisis of paradigms. The school appears in this context as an essential element and able to carry out Environmental Education. However, it is known that the school is going through a crisis of paradigms in all its spheres and which has failed underpin a new education proposal that the insert in the postmodern world - since the school remains anchored in faraway and outdated industrial model education - ie, the school suffers from references in their pedagogical praxis and thus is urgent and necessary that a new pedagogy is inserted at this point in the school suffers from a crisis that goes beyond a crisis but also passes valoresm for a moment of stress in their pedagogy. And in this context that the need for Pedagogical Innovation with the proposal to break with the practices in education that are no longer required today, traditional practices no longer meet the current world context which is inserted into the optical paradigm complexity, innovation and this should create new situations capable of creating meaningful learning in an arrangement combined in the teaching-learning can meet the new demands of this new paradigm that emerges. In this new world the teacher is no longer a mere transmitter of knowledge and the student ceases to be a mere listener: the focus should be to build autonomous and meaningful knowledge by the student. The work presented here aims to analyze the practices that were observed in the group of the Second Year of Teaching Elementary, where environmental education is worked throughout the school year and from various observations, interviews with students, teachers, coordenadors and readings on the subject, concludes that if indeed there inserted practices refer to a Pedagogical Innovation.

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Résumé

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lectures sur le sujet, conclut que si effectivement il ya des pratiques insérés référence à une innovation pédagogique.

Mots-clés: l'innovation pédagogique, l'éducation environnementale, nouveau paradigme.

Resumen

La educación ambiental tiene ya un "requisito" de la sociedad y tiende a convertirse en una realidad institucional. Este hecho se muestra en la rutina de ciertas escuelas que están

introduciendo y la instalación de una práctica pedagógica innovadora. La educación ambiental en la escuela todavía necesita ser pensado y organizado en conjunto entre todos los actores que conforman el cuerpo de la escuela. La sostenibilidad del planeta y de los debates humano / naturaleza son relevantes en el contexto actual de orden mundial, que se inserta en una crisis universal de los paradigmas. La escuela aparece en este contexto como un elemento esencial y capaz de llevar a cabo la Educación Ambiental. Sin embargo, se sabe que la escuela está pasando por una crisis de paradigmas en todos sus ámbitos y que no ha podido sustentar una propuesta nueva educación que la inserción en el mundo posmoderno - ya que la escuela sigue anclada en el modelo industrial lejano y anticuado educación - es decir, la escuela sufre de referencias en su praxis pedagógica y por lo tanto es urgente y necesario que una nueva pedagogía se inserta en este punto de la escuela sufre de una crisis que va más allá de una crisis, pero también pasa valoresm por un momento de estrés en su pedagogía. Y en este contexto, la necesidad de innovación pedagógica con la propuesta de romper con las prácticas en materia de educación que ya no son necesarios hoy en día, las prácticas tradicionales ya no cumple con el contexto mundial actual, que se inserta en el paradigma óptico situaciones de complejidad, la innovación y la creación de nuevos deberían capaces de crear un aprendizaje significativo en un arreglo combinado en la enseñanza-aprendizaje puede satisfacer las nuevas exigencias de este nuevo paradigma que emerge. En este nuevo mundo del profesor ya no es un mero transmisor de conocimientos y el alumno deja de ser un mero oyente: el foco debe ser la construcción de conocimiento autónomo y significativo por parte del alumno. El trabajo que aquí se presenta tiene como objetivo analizar las prácticas que se observaron en el grupo de Segundo Año de la Enseñanza Primaria, donde la educación ambiental se trabaja durante todo el año escolar y de diversas observaciones, entrevistas con estudiantes, profesores, coordenadors y las lecturas sobre el tema, concluye que si bien hay prácticas introducidas se refieren a una innovación pedagógica.

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Sumário

1.0.Introdução ... 01

1.1 Problemática ... 05

1.2. Objetivos ... 05

1.2.1 Objetivo Geral... .. 05

1.2.2Objetivos Específicos... 05

1.3 Justificativa ... 05

2.0 Fundamentação Teórica Um paradigma emergente ou crise de paradigmas? ... 10

2.1 Crise e mudança de paradigmas no modelo educacional na pós-modernidade ... 10

2.2A Preponderância do modelo newtoniano- cartesiano na educação ... 18

2.3 O paradigma emergente ou da complexidade e suas implicações na escola do século XXI ... 19

2.4 Inovação pedagógica: esclarecendo a definição ... 20

2.5 A educação ambiental como referencial metodológico: tecendo os fios da Inovação Pedagógica? ... 23

2.6 Esclarecendo os objetivos da educação ambiental ... 29

2.7 Sustentabilidade e Educação Ambiental ... 35

2.8 Definindo ou (re) desenhando o conceito de desenvolvimento sustentável ... 36

2.9 A crise ambienta: terreno fértil para debates internacionais ... 45

3 Metodologia ... 60

3.1 O campo de estudo: o palco das atividades empíricas desta pesquisa ... 61

3.2 Estudo de caso ... 64

3.3 A delineação do estudo de caso como método de pesquisa ... 65

3.3.1. Definindo “estudo de caso” ... 65

3.4 A entrevista ... 67

3.4.1. A relevância da entrevista na etnopesquisa ... 67

3.5. Observação direta... 69

3.6. Abrindo caminhos para a pesquisa em educação: o procedimento estratégico ... 69

3.7. O pesquisador como fio condutos da pesquisa ... 73

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4.1. O primeiro contato com a professora S ... 83

4.2. O segundo encontro com a professora S – observação participante do cotidiano – a sala de aula ... 87

4.3. O retorno dos alunos do intervalo – primeiro momento: o resultado da pesquisa. ... 93

4.4. um contato mais próximo com a professora S. ... 96

4.5. Um novo encontro com a professora S. ... 103

4.5.1. Explicando o significado de Atividades Sequenciadas ... 103

4.5.2. Analisando as atividades sugeridas pela Sequência de Atividades ... 108

4.6. Outros encontros com a professora S – observação direta em sala de aula 111 5.0. Considerações finais ... 114

6.0. Referências ... 119

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1.0. INTRODUÇÃO

O diálogo sobre a questão ambiental vem suscitando na atualidade um debate relevante e pontuando agendas de variados segmentos da sociedade no propósito da resolução da crise ambiental que atinge o nosso planeta em todas as escalas, crise que é uma consequência da ação antrópica sobre o meio natural num arranjo combinado entre tecnologia e desenvolvimento econômico. À frente de um conjunto de valores e concepções difundidas a partir de uma ótica focada na filosofia antropocêntrica, os seres humanos, filhos da globalização pós-tradicional da modernidade, minimizam o real valor da natureza e a concebe na argumentação mercantilista e fonte de acumulação de capital.

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A rota para a construção de uma sociedade sustentável se fortalece na medida em que se desenvolvem práticas educativas que, pautadas pelo paradigma da complexidade, ancorem, para a escola uma prática reflexiva em torno da problemática ambiental, bem como as consequências geradas por uma sociedade cada vez mais capitalista, visando a “traduzir o conceito de ambiente e o pensamento da complexidade na formação de novas mentalidades, conhecimentos e comportamentos” (LEFF, 1994, p.77).

A sustentabilidade carece da necessidade de se fomentar os meios e a acessibilidade à informação. E nenhum “instrumento” está mais apto e acessível a tal informação do que a Escola, a qual, em parceria do papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais e informativos de sua oferta, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação sócio-ambiental. Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade da população participar em um nível mais alto no processo decisório como uma forma de robustecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação dos recursos naturais, situação amplamente defendida por Jacobi (2003).

Nesse pressuposto, a problemática ambiental constitui uma temática ampla para debate e um terreno fértil para aprofundar a reflexão e a prática em torno dos problemas ambientais que a sociedade de consumo (re) produz e, na prática continuada de ações predatórias, possa sofrer, através da Educação Ambiental, um processo de desalienação e passe a pensar um ambiente ecológico e socialmente sustentável. Para que tal reação aconteça se faz necessário que sejam criadas possibilidades de abertura de espaços estimulantes para implantar alternativas diversificadas de democracia participativa capaz de garantir o acesso à informação e a consolidação de canais abertos acessíveis para uma participação coletiva, plural. Diante de tal cenário de proposta, é indiscutível a relevância da Escola como promotora de um novo paradigma embasado na sustentabilidade, na valorização da natureza como recurso que garante a reprodução da vida e não como fonte de acumulação de riqueza, de reserva de valor.

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competências e habilidades e na participação dos educandos de forma efetiva e decisória. Isso desafia os atores que fazem a escola a elaborar novas epistemologias que possibilitem mudanças concretas do cenário vigente. Tais mudanças exigem decisões coletivas e desafiadoras, como afirma Morin (2002, p. 99) “não se pode reformar a instituição sem a prévia reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes sem uma prévia reforma das instituições”. Morin (2002, p. 99) acrescenta com veemência que: “Há resistências inacreditáveis a essa reforma, a um tempo,una e dupla. A imensa máquina da educação é rígida, inflexível, fechada, burocratizada. Muitos professores ainda estão instalados em seus hábitos e autonomias disciplinares. Estes, como dizia Curien, são como os lobos que urinam para marcar seu território e mordem os que nele penetram. Há uma resistência obtusa, inclusive entre espíritos refinados. Pra eles, o desafio é invisível” Morin, pensa a complexidade como referencial principal para explicar os novos sentidos do mundo.

Uma mudança paradigmática no universo escolar implica uma mudança de percepção e de valores, que deve nortear, de forma decisiva, a formação das gerações atuais não somente para aceitar a incerteza e o futuro, como também para criar um pensamento complexo e aberto às indeterminações, às mudanças, à diversidade, à possibilidade de construir e reconstruir em um processo continuado de novas leituras e interpretações, configurando novas possibilidades de ação (MORIN, 2001; CAPRA, 2003; LEFF, 2003).

Refletir sobre a complexidade ambiental inaugura um atraente espaço para compreensão e gestação de novos atores sociais que se mobilizem para a apropriação da natureza, para um processo educativo articulado e comprometido com a sustentabilidade e a participação, apoiado em uma lógica que privilegia o diálogo e a interdependência de diferentes áreas do saber. Todavia, também questione valores preestabelecidos e tidos como imaculados e absolutos. Além de questionar premissas subjacentes a práticas sociais prevalecentes, implicando uma alteração na forma de pensar, uma mudança no conhecimento e das práticas educativas.

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pensar a educação como um processo e os educadores orientados para a sustentabilidade. O objetivo da Educação Ambiental para a sustentabilidade é o de propiciar novas atitudes e comportamentos face ao consumo na nossa sociedade e de estimular a mudança de valores individuais e coletivos.

A abordagem do meio ambiente na escola passa a ter um caráter articulador dos conhecimentos nas diversas disciplinas ou áreas do conhecimento, nos contextos onde os conteúdos são resignificados. Ao interferir no processo de aprendizagem e nas percepções e representações sobre a relação indivíduos/educandos/ambiente nas condutas cotidianas que afetam a qualidade de vida, a educação ambiental promove os instrumentos para a construção de uma sociedade sustentável. Dessa forma, entender a educação ambiental como uma prática político-pedagógica e isso nos remete à necessidade da formação de uma escola reflexiva para desenvolver práticas que articulem a educação e o meio ambiente em uma perspectiva de sustentabilidade. Mas, em contrapartida é importante situar a educação como produto e produtora das relações homem-homem e homem-meio, avaliando as concepções que colocam a educação como “salvadora” ou como mera reprodutora da ordem vigente. É sustentada nessa situação que educadores como Paulo Freire vão afirmar que a educação na resolve tudo, mas que sem esta não há possibilidade de mudança; e que a escola e os educadores (de forma especial os professores) precisam atuar politicamente, exercer sua cidadania, conhecer e ter compromisso social para que se eduque, ou seja, se aprimore em sua condição humana produzindo cultura e meio para agir no mundo. Marx e Engels (2002, p. 100), traçaram que “A coincidência da mudança das circunstâncias e da atividade humana ou auto mudança só pode ser considerada e compreendida racionalmente como práxis revolucionária”.

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1.1 PROBLEMÁTICA

Problema: De que forma a Educação Ambiental (EA) na Escola pode contribuir para o desenvolvimento sustentável?

A partir deste trabalho pode-se apontar caminhos para o redirecionamento da escola para o enfrentamento do desafio da Educação Ambiental como um suporte mediador de ações capazes de enfrentar as dificuldades do desenvolvimento sustentável.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Investigar a relevância da Educação Ambiental na escola como uma alternativa de possibilidades capazes de associar o desenvolvimento econômico à preservação ambiental e se as mudanças representam uma inovação pedagógica.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Investigar a relação homem-natureza ao longo da história.

- Demonstrar a importância da educação ambiental na escola na esfera da ótica pós-tradicional da modernidade.

- Definir os conceitos de Educação Ambiental, Desenvolvimento sustentável e preservação Ambiental.

- Elucidar o papel do professor como mediador do processo de ensino-aprendizagem e do aluno como agente produtor do conhecimento.

- Verificar se a inserção da Educação Ambiental na escola é um novo paradigma educacional.

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Vivemos em um momento ímpar da história da humanidade. Não há dúvidas que estamos em um momento de mudança de paradigma, aliás, mudança é a palavra de ordem na nossa atual sociedade globalizada. A educação escolar, consequentemente, não pode, não deve e não está alheia à construção desse novo paradigma: o paradigma da mudança que, assim como em outros momentos históricos, deixou uma sombra de inquietação e incertezas. A inclusão da Educação Ambiental no contexto escolar é fato longe de ser negado e deverá, fatalmente, mudar a maneira como aprendemos a aprender e (re) aprendermos como ensinar os eventos na natureza e sua importância na construção de uma mentalidade capaz de agir de forma crítica e responsável sobre o meio. Podendo, inclusive, ajudar a dar suporte na formação de novos cidadãos críticos, criativos e aptos para sobreviver na competitiva e seletiva sociedade do conhecimento.

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pós-moderna devem tornar a práxis pedagógica realmente efetiva e permeada de propósitos significativos.

A escola em processo de gestação, que se configura na emergência de um novo paradigma, tem um vetor que legitima a necessidade e educar para a proteção ambiental sem sacrificar o desenvolvimento econômico.

A prática dos professores no contexto da sala de aula deve ser coerente com o modo de produção vigente, que é embasado no conhecimento. A análise desta realidade constitui-se num esforço conjunto de auxiliar os professores e os alunos a um exercício reflexivo. E só a reflexão pode nos dar a consciência necessária para a mudança.

A pós-modernidade traz consigo o avanço tecnológico, a globalização da economia, a transnacionalização das estruturas de poder. Cria pilares conceituais do belo e do feio, desenhando a crise da estética, da ética e de valores. Diante do atual cenário de crise de paradigmas e da emergência de uma nova (des) ordem mundial, não é equívoco situar a escola nesse contexto, pelo contrário, a escola está na contra mão da história, agora em construção. Portanto, a educação ambiental, no contexto escolar, precisa alcançar qualidade capaz de responder às demandas decorrentes das transformações globais. Como a escola deve atuar na atual crise ambiental: Como protagonista ou como coadjuvante ou simplesmente como uma espécie de “bobo da corte”; da corte que consome desesperadamente e que produz de forma feroz e mercantilista. Os problemas ambientais chegaram para ficar (até que se prove o contrário) causando risco de morte às mais variadas espécies de vida que habita o planeta. O desenvolvimento de competências para o uso racional do ambiente natural é cada vez mais desafiador. O mais promissor nessas competências não está em buscar na Educação Ambiental o bote salva-vidas do planeta ou uma euforia como se veste uma roupa nova no dia de seu aniversário; ao invés de simplesmente usar, é importante ousar, criar, inventar, sugerir, desafiar ou simplesmente inovar. E a inovação é uma exigência muito peculiar ao atual momento de transição que estamos vivendo ou atravessando. Inovação não deve ser confundida, em nenhuma hipótese, com processos experimentais. Como salienta com conhecimento de causa Vigotsky (1998):

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significado entre estímulos e respostas. Apresentam-se ao sujeito vários estímulos, aos quais ele deve responder de diferentes maneiras: do ponto de vista do sujeito, nem as relações entre o estímulo e a resposta solicitada, nem a sequência na qual os estímulos são apresentados, têm qualquer significado. Quando uma resposta motora é exigida, como, por exemplo, pressionar uma tecla, os indivíduos podem executar o movimento da maneira que quiserem. Essas convenções tornam mecânicas as relações entre os elementos do problema, colocando esses procedimentos no mesmo plano de uma pesquisa sobre a memória que usasse estímulos sem sentido,

Diante desse pressuposto é salutar salientar que a EA e seus diversos mecanismos ao contexto da escola é uma atitude, muitas vezes, embaraçosa. Em que “momento” a inserção da EA pode ser complexa, desafiadora ou embaraçosa? No momento de traçar o debate entre a teoria e a prática.

Cabe aos atores que promovem a educação escolar um diálogo entre o seu “fazer pedagógico” diante do desafio da sustentabilidade ambiental nas atividades que norteiam a escola até como uma proposta de rotina estabelecida no propósito de inclusão ambiental ou de que, a EA não é apenas uma moda ou uma prática que segue uma tendência de sazonalidade, mas um instrumento capaz de auxiliar no processo de formação de crianças e jovens em idade escolar de perceberem seu papel na sociedade de consumo, mercantilista e, sobretudo, criar possibilidades de uma geração não alheia às questões ambientais.

É, portanto, legítimo comungar que a inclusão da Educação Ambiental no ambiente escolar, é sem dúvida uma situação de enorme complexidade. Acarreta entender a contribuição que tal mecanismo pode exercer no processo norteador do processo educativo: o ensino e a aprendizagem, como resposta. Este exercício não é solidamente ligado, além de encerrar, também, uma dependência dos objetivos do educador e dos elementos que norteiam a (des) arrumação da escola que está tatuada nos moldes tradicionais do século XVIII e que precisa atender às demandas do século XXI.

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2.0. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CRISE E MUDANÇA DE PARADIGMAS NO MODELO EDUCACIONAL NA PÓS-MODERNIDADE

Ao longo da história da humanidade e sua consequente evolução esclarece que os paradigmas vão se alterando de tempos em tempos. Na visão de Assmann (1988) não há paradigma permanente, pois eles são historicamente mutáveis, relativos e “naturalmente” seletivos. A evolução do homem em sociedade é permanente e é dinâmica, tem vida própria, dessa forma é latente e esperado que os valores, as crenças, as ideias, os modelos instituídos, em um determinado momento histórico e os conceitos sobre a realidade, sofram modificações, as quais podem ser severas ou brandas. Tais mudanças paradigmáticas estão sincronicamente ligadas ao olhar e à vivência daquele que observa - o observador da realidade apresentada ou vislumbrada.

Segundo Kühn, um paradigma constitui-se “na constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica” (1996, p. 225)

Os paradigmas são imprescindíveis, pois atuam como um referencial criador de possibilidades que garantem a organização da sociedade, em particular a comunidade científica, no momento em que propõem de forma ininterrupta, novos modelos para compreender a realidade do mundo. Em contrapartida, os paradigmas podem limitar a visão de mundo quando os sujeitos resistem ao processo de alteração e insistem em se manter no paradigma conservador. A admissão ou resistência a um paradigma espelha de forma direta a abordagem teórica e prática da ação dos sujeitos em todas as áreas do conhecimento.

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valores, mas de referências para construir o século XXI. Ela deve ser mais aberta, mais experimental”, mais prazerosa.

1.0. Relações do homem com a natureza ao longo do tempo: tecendo o fio da História.

No princípio...

Ao longo da história da humanidade observa-se que a natureza nem sempre foi vista como recurso econômico e sim como fonte de sobrevivência e garantia de mantimento a esta sobrevivência.

Numa retrospectiva histórica dessa relação vemos - no início do nascimento do homem social - um ser frágil e totalmente dependente dessa forte e mítica natureza. Apesar da fragilidade do homem pré - moderno diante do gigantismo da natureza, percebe-se a existência, óbvia, da relação do homem com o meio natural. Só que havia um pensamento permeado de ritos, magia e rituais já que havia uma relação do divino, do sobrenatural nas forças que regiam a natureza e, por isso, o homem percebia os elementos naturais com respeito que os deuses mereciam. Assim, evidencia-se o caráter de “endeusamento” da natureza nas sociedades pré-capitalistas: para cada elemento natural havia um deus embutido nas ações e nas reações ou manifestações associadas. Havia o deus do Sol, da Lua, da chuva, do trovão, das rochas, das águas, das plantações, dos frutos da Terra... Nessa concepção de natureza divina havia o medo latente de vingança da Mãe - Terra - Deusa contra os homens. Esse medo era o moderador do comportamento social de intervenção da natureza: temia-se a fúria dos “deuses”. Por conta dessa mentalidade os recursos naturais não deveriam ser apropriados pelo homem de forma que viesse a modificá-la, impedindo uma intervenção desastrosa ou violenta.

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SANTOS em sua obra – A natureza do espaço: técnica e tempo – razão e emoção, afirma que:

Quando tudo era meio natural, o homem escolhia da natureza aquelas suas partes ou aspectos considerados fundamentais ao exercício da vida, valorizando, diferentemente, segundo os lugares e as culturas, essas condições naturais que constituíam a base material da existência do grupo.

Esse meio natural generalizado era utilizado pelo homem sem grandes transformações. As técnicas e o trabalho se casavam com as dádivas da natureza, com a qual se relacionavam sem outra mediação (p. 187 – 188).

1.2. O (re) nascimento do homem

Com a (re) evolução da espécie humana a partir do nascimento da concepção da razão – Renascimento – com a difusão das ideias antropocêntricas (século XVI), o homem se “divorcia” da “Mãe-natureza” e acaba ganhado o status de senhor da natureza e não mais um apêndice ou um ser inferior ou um ser que vive sujeito aos caprichos e vinganças da sua “genitora”. Com uso da racionalidade o homem passa a ser um ser uno e totalmente distinto dos demais animais.

A partir de agora, o homem rejeita o Deus e um novo pensamento surge, ganha força e expande-se. O homem capacita-se para desprezar a autoridade de um ser invisível, desconhecido, com quem não pode relacionar-se diretamente ou fazer qualquer diálogo ou relação de troca, outorgando em seu lugar sua própria existência. Sua razão. O místico e o mito das sociedades pré-modernas começam a ser sepultados. O homem, dotado de senso crítico e razão, que “nasce” nesse momento da história, destrona Deus e faz-se sentir-se Deus, tomando, portanto, o sentir-seu lugar. O mundo não é mais guiado pelo pensamento teocêntrico. Filho (1994, p.24) afirma que ”Se Deus havia criado o Universo agora é o homem que deverá criar universos”.

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dos fenômenos da natureza, o que é real, irreal, surreal. Tudo, enfim, não passa de produção dos próprios homens, nada existe ou acontece sem a vontade do homem. Neste momento vê a emergência do espaço mecanizado, ou meio técnico.

É nesse cenário onde a técnica prevalece que Santos (1999, p. 189) destaca

Os objetos técnicos, maquínicos, juntam à razão natural sua própria razão, uma razão instrumental que desafia as lógicas naturais, criando nos lugares atingidos, mistos ou híbridos conflitivos. Os objetos técnicos e o espaço maquinizado são lócus de ações superiores, graças à sua superposição triunfante às forças naturais. Tais ações são, também, consideradas superiores pela crença de que ao homem atribuem novos poderes – o maior dos quais é prerrogativa de enfrentar a Natureza, natural ou já socializada, vinda do período anterior, com instrumentos que já não são o prolongamento do seu corpo, mas que representam prolongamentos do território, verdadeiras próteses. Utilizando novos materiais e transgredindo a distância, o homem começa a fabricar um tempo novo, no trabalho, no intercâmbio, no lar. Os tempos sociais tendem a se superar e contrapor aos tempos naturais.

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concretos ou não, intelectuais, mentais ou embasados pelos experimentos. Tudo deve ser explicado de forma racional. É a era das luzes. As luzes da razão. Sendo a ciência e a razão entidades capazes de responder fenômenos. Nessa contextura, embasada na visão etnocêntrica de mundo abrem-se brechas que permitem aos homens o domínio sobre o meio natural; sendo o homem o ser usufrutuário da natureza dominando-a, explorando-a uma vez que esta deixa de ser um espaço sacralizado, ou seja, não há mais deuses em suas manifestações e/ou existência. Assim, na visão etnocêntrica, se perde o medo do pecado ou de punição dos deuses permitindo que o homem se aproprie da natureza.

Veja o que sustenta Filho (1994, p. 25): “O homem dessa época, põe na cabeça que tudo pode ser decifrado, diagnosticado, previsto, controlado, administrado, pré-programado, inclusive fatos da natureza mais ampla e difusa como a própria história. Para esse homem, o desenvolvimento da história da humanidade, é algo que pode ser guiado, como um navio em direção a um porto: na medida em que se define um ponto de chegada, é possível, então, que se organizem as coisas de tal maneira que a humanidade chegue lá”.

A relação homem - natureza a partir da adoção do Capitalismo como modo de produção dominante.

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De acordo com o pensamento do geógrafo Milton Santos, a aquisição de novos conhecimentos e técnicas consentiu ao homem atuar tanto como um controlador ativo da natureza – desviando o curso de um rio, por exemplo - quanto um controlador passivo desta, uma vez em que as forças da natureza ainda não podem ser controladas pelo homem, mas podem ser previstas – a exemplo de um terremoto. Assim, fica muito evidente que o homem é poderoso, é o novo “deus” e conhecedor, decifrador dos enigmas e dos fenômenos da natureza. Hoje, tais fenômenos já não afligem o homem pós-moderno, mas o conduz através do conhecimento científico, a explicar e amenizar os impactos que tais fenômenos naturais possam vir a se transformar em catástrofes, apesar de estas ainda serem inevitáveis, elas são previsíveis, explicadas e até com manuais ou bulas para indivíduos se protegerem de tais situações. Para Milton Santos, portanto, “... a natureza deixa de ser algo que funciona apenas segundo leis naturais, e passa a ser um grande conjunto de objetos dos quais o homem escolhe alguns que aprende a utilizar.”

A dicotomia homem - natureza na conjuntura capitalista: o lucro como elemento norteador.

A relação homem x natureza apresenta-se nos dias atuais como um embate conflituoso e desarmônico cuja característica principal, notadamente assentada nas relações capitalistas, é norteada pela dominação e manipulação do primeiro sobre o segundo. Porém a dominação do homem sobre a natureza é arquitetada, amparada e alicerçada, a partir do avanço da ciência moderna - em bases epistemológicas. Por sua vez, a ciência moderna foi gerada no âmbito dos moldes do modo de produção capitalista. Nesta ótica, é notório que a apropriação da natureza nesse (novo) e peculiar momento da história da humanidade será apenas uma fonte (in) esgotável de recursos para atender ao principal princípio capitalista: o lucro. Assim a natureza é vista como um meio de acumulação e produção de riqueza e não como uma fonte de sobrevivência ou de subsistência: a natureza, nessa contextura, é mercadoria.

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capitalismo considera-o não como algo para ser desfrutado, mas como um meio para a produção de lucro e para uma cada vez maior acumulação de capital" (SWEEZY, 2004, p. 92). Assim, fica óbvio, diante da linha que norteia a argumentação desta dissertação que, Paul Sweezy alerta para a situação de subordinação da natureza diante do modo capitalista de produção, onde a natureza não é vista como elemento e sim como recurso econômico. Dessa forma é conveniente ressaltar que "o ambiente natural – tal como todas as condições necessárias de produção – é dotado de um certo caráter social na medida em que serve como condição do trabalho combinado da comunidade. Este caráter social é capitalista já que a natureza é apropriada, redesenhada e espoliada pelo capital em linha com os imperativos da acumulação monetária" (BURKETT, 1999, p. 178). Assim, é imprescindível a compreensão da interação do sistema capitalista com a natureza, tendo a última um caráter essencialmente de mercadorização, ou seja, a natureza é mercadoria e tem um caráter de ser produto. Neste contexto, o que interessa é entender os processos econômicos que definem a atuação do capitalismo, de forma concreta, sobre os ambientes naturais, os ecossistemas – a natureza, enfim. E para deixar mais transparente essa discussão, é relevante esclarecer que nos moldes capitalistas de produção ou no âmago da natureza deste sistema o objetivo é capitalizar a natureza. Capitalizar, nesta concepção, nada mais é que ajustar o meio ambiente aos propósitos da (re) produção do lucro e, consequentemente, da acumulação de riqueza e na reprodução geométrica do lucro. Eis o paradigma dominante: a natureza como mercadoria ou como recurso econômico. É nesta (des) ordem mundial que Santos (1999, p.201), esclarece

Essas normas são criadas em diferentes níveis geográficos e políticos, mas as normas globais, induzidas por organismos supranacionais e pelo mercado, tendem a configurar as demais. E as normas de mercado tendem a configurar as normas públicas. Assim, graças à competitividade, a tendência atual ao uso das técnicas e à implantação dos respectivos objetos, tende a ser ainda mais anárquica que antes.

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Esses objetos modernos – ou pós-modernos – vão do infinitivamente pequeno, como os microssistemas, ao extremamente grande, como por exemplo, as grandes hidrelétricas e as grandes cidades, dois objetos enormes cuja presença tem um papel de aceleração das relações predatórias entre o homem e o meio, impondo mudanças radicais à natureza. Tanto as grandes hidrelétricas, quando as grandes cidades, surgem como elementos centrais na produção do se convencionou chamar de crise ecológica, cuja interpretação não pode ser feita sem levar em conta, mais uma vez, a tipologia dos objetos técnicos e as motivações de seu uso no presente período histórico.

Ou seja, a escala das construções humanas não é capaz apenas de alterar a paisagem natural transformando-a em paisagem antrópica – tais construções trazem em seu bojo uma repercussão muito mais do que visual ou fotográfica - que se percebe na atuação do homem capitalista no meio natural é uma desestruturação da harmonia peculiar a tal ambiente e esta desestruturação tem consequências gravíssimas e muitas vezes irreversíveis tornando-se impossível que a natureza se reorganize em uma escala de tempo a curto e médio prazo, sem esquecer que há vezes que a natureza perde completamente seu poder de reprodução (exemplos confirmados pelos animais extintos, a desertificação, a extinção de áreas florestais, etc.). O mercado, cada vez mais exigente e consumista, requer mais e mais e a fábrica mundial que vocifera por lucros exorbitantes. Eis a lógica do capitalismo: extrair, transformar, vender e lucrar – lucrar é a seta mágica do sistema. E nesse ambiente mediado pelo sistema capitalista que SANTOS (1992 – p.201) ressalta que

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E assim que funciona o sistema (ou deveria funcionar) como um ciclo, onde tudo é reiniciado. Mas é nesse reiniciar que está o xis da questão: nem tudo na natureza é renovável no prazo de garantir a sobrevivência de muitas gerações de seres humanos e uma vez destruídos esses recursos virão os problemas que podem por em xeque o sistema capitalista e sua lógica e também por em xeque a lógica de reprodução e sobrevivência dos ambientes naturais que servem como fonte de extração de riquezas (matéria-prima). Neste paradigma existencial do sistema capitalista e sua lógica e a validade da manutenção da natureza como fonte de vida e como fonte de riqueza é uma discussão dialética, portanto, conflitante. Daí virem posicionamentos e questionamentos pertinentes como os que são feitos por Santos (1992, p.201)

Mas algo não está certo neste ciclo: a natureza, os bens naturais têm fôlego o suficiente para garantir a manutenção desse sistema? Será quanto tempo resta para a natureza entrar em falência? Quanto tempo resta aos capitalistas reverem seus valores e começarem a traçar planos reais para criar uma sociedade econômica e ambientalmente sustentável?

São de fato questionamentos ousados e provocativos a as respostas não estão prontas, mas a própria natureza já vem se encarregando de dar suas próprias respostas quando percebemos nas diversas escalas geográficas – desde o local, ao regional, ao nacional e ao global – os diversos desequilíbrios ambientais. A ação humana intermediada pelo capitalismo ávido de lucros exorbitantes provoca desastres ambientais dolorosos a ambientes naturais: aquecimento global, derretimentos das calotas polares, elevação dos níveis oceânicos, buraco na camada de ozônio, animais em extinção, rios, mares, lagos, ar, solo s poluídos. (Como exemplo concreto pode ser citado o caso do Mar de Aral - localizado entre o Uzbequistão e o Casaquistão - que pela ação antrópica as águas dos rios Amur Daria a e Sir Daria que abasteciam aquele mar foram desviados para obras de irrigação e construção de hidrelétricas – hoje o mar de Aral tem nível de suas águas reduzido a mais de 50% e a tendência é que aquele mar venha a tornar-se um deserto de sal).

2.2. A PREPONDERÂNCIA DO PARADIGMA NEWTONIANO-CARTESIANO NA EDUCAÇÃO

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coerência lógica nas teorias e a extinção da imprecisão, da incerteza, dos vários sentidos e da oposição dos discursos científicos.

O fracionamento, inerente ao paradigma tradicional, atingiu também a Educação. Dividiu o conhecimento em áreas específicas, fechadas, isoladas. As instituições educacionais passaram a se organizar em departamentos monopolistas, de onde surgem os especialistas, dentre os quais, os professores – considerados pela esfera social – como os detentores do saber.

A ótica tradicional newtoniana-cartesiana da ciência acertou em cheio a educação, a escola e, consequentemente, a práxis pedagógica do professor. Dessa forma, salienta Baherens (2000, p.44.) “O aluno é um ser passivo, receptivo que deve assimilar, memorizar, reter os conteúdos transmitidos pelo professor sem questionar. Nessa relação vertical mantém-se submisso,

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2.3. O PARADIGMA EMERGENTE OU DA COMPLEXIDADE E SUAS IMPLICAÇÕES NA ESCOLA DO SÉCULO XXI

A emergência do paradigma da complexidade tem como alvo o indivíduo integral e complexo. Tal proposta está sujeita ao avanço do paradigma da ciência que revitaliza a (re) visão do processo fracionado do conhecimento na procura de reintegração do todo, unindo as partes, até então fragmentadas. Conjugado a esse desafio, o ensino tratado pela escola, precisa ser reavaliado ou reexaminado, como deixa claro Zabala (2000, p.24), ao argumentar que:

Assim como o processo de progressiva parcialização dos conteúdos escolares em áreas de conhecimento ou disciplinas conduziu o ensino a uma situação que obriga a sua revisão radical, a evolução de um saber unitário para uma diversificação em múltiplos campos científicos notavelmente desconectados uns dos outros levou a necessidade de busca de modelos que compensem essa dispersão de saber.

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com o questionamento intermitente das propostas e problemas e suas possíveis soluções e escolhas. Nesse sentido, argumenta Beherens (2000, p.21) “Na realidade, busca aceitar uma mudança periódica de paradigma, uma transformação na maneira de pensar, de se relacionar e de agir para investigar e integrar novas perspectivas”.

O paradigma, agora em gestação, propõe uma percepção de homem inteiro, indiviso, que faz parte da construção do conhecimento não apenas embasado no uso e discurso da razão, mas também harmonizando as emoções, os sentimentos e as intuições.

Na visão pós-moderna, segundo José Willian Vesentini (2008, p.16) “A escola não é apenas uma instituição indispensável para a reprodução do sistema. Ela é também um instrumento de libertação. Ela contribui – em maior ou menor escala, dependendo de suas especificidades – para aprimorar ou expandir a cidadania, para desenvolver o raciocínio, a criatividade e o pensamento crítico das pessoas, sem os quais não se constrói qualquer projeto de libertação, individual ou coletivo.” Acrescenta adiante que a escola também deve está inteirada e comprometida em (...) discutir os grandes problemas do mundo (2008, p.22). O autor afirma também que “temos que reafirmar aqui a natureza contraditória do social moderno, o ser e o não ser concomitantes dos processos educacionais, enfim a dialética inerente ao sistema escolar” (VESENTINI, 2008, p. 16-17). Enfim, Vesentini propõe que [...] haja no sistema escolar orientações que levem o educando a compreender o mundo em que vive, da escala local até a planetária, dos problemas ambientais (VESENTINI, 2008, p.22).

2.4. INOVAÇÃO PEDAGÓGICA: ESCLARECENDO A DEFINIÇÃO

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pedagógica, requerida pela a atual escola que “sofre de referências para construir o século XXI (como já foi dito) é um desafio cujos atores que vivem o ambiente escolar precisam vencer, sobretudo, os professores e professoras. Para Behrens, a práxis pedagógica do professor convive lado a lado com os paradigmas conservadores e inovadores, gerando uma crise na escola. Dessa forma, se deparam com profissionais da educação que propõem um discurso inovador; mas, manifestam uma prática conservadora. No atual momento transitório de paradigmas, não é fácil uma mudança e depreensão do que seria uma prática inovadora.No entanto está lançada uma oportunidade de sair do modelo educacional centrado na reprodução para enveredar para a produção do conhecimento efetivo. A transformação se molda de forma gradativa, lenta mas em contrapartida, uma longa marcha deve ser iniciada com um primeiro passo de profissionais e instituições educacionais que acreditam e participam da gestação de uma nova mentalidade de educação e Escola.

É inegável que a escola é uma instituição imprescindível para o desenvolvimento do homem em sua totalidade, do ser humano sustentável. Aqui está uma fonte de raciocínio que não justifica uma escola que ensina apenas a reprodução, a cópia, a memorização.

O ser humano está em constante mudança, por isso não é uma realidade pronta, acabada, terminada, perfeita, imaculada. Por essa ótica, apreende-se que a educação não pode achar-se na prerrogativa de reproduzir modelos pré-estabelecidos e que já não atende às demandas de um mundo em ebulição e, muito menos, ainda, por cabrestos nas possibilidades de criatividade tão inerentes ao homem.

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julgamentos críticos, que possam encontrar os seus caminhos através de ambiências novas, que sejam aptos a localizar novos relacionamentos dentro da realidade rapidamente em mutação.

Para uma compreensão mais clara sobre o significado de inovação pedagógica, Fino (2007) aponta a inovação pedagógica “como uma ruptura de natureza cultural, se tivermos como fundo as culturas escolares tradicionais”. Acrescenta também que a inovação pedagógica deve conduzir rumo à “abertura para a emergência de culturas novas, provavelmente estranhas aos olhares conformados com a tradição. Para olhos assim, viciados pelas rotinas escolares tradicionais, é evidente que resulta complicado definir inovação pedagógica, e tornar a definição consensual. No entanto, o caminho da inovação raramente passa pelo consenso ou pelo senso comum, mas por saltos premeditados e absolutamente assumidos em direcção ao muitas vezes inesperado”. Mais adiante, FINO provoca ao afirmar que “[...] se a inovação não fosse heterodoxa, não seria inovação”.

Percebe-se que a escola, assim como outros tantos vetores da sociedade estão agonizando em função da crise de paradigmas. Segundo Kuhm, “um paradigma constitui-se na constelação de crenças, valores e técnicas partilhadas pelos membros de uma comunidade científica”. Isso serve para esclarecer que a escola precisa de um novo rumo, de novo eixos norteadores para poder tornar sua função – produzir conhecimento – eficaz e necessária ao contexto histórico vigente e ora em (de) formação.

S. Papert em a Máquina das Crianças (2008, p. 19) acrescente que: [...] apesar das muitas manifestações do anseio por algo diferente, o sistema educacional vigente, incluindo grande parte da comunidade de pesquisadores, continua bastante comprometido com a filosofia educacional do século XIX e início do século XX. Até agora nenhum dos que desafiam essas sacrossantas tradições foi capaz de afrouxar o domínio do atual sistema educacional sobre a maneira de educar as crianças.

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foram revolucionadas, não vimos mudanças semelhantes na forma de ajudarmos nossas crianças a aprender? Acrescenta Papert (2008, p.18): Pode-se dizer que praticamente não houve mudança na maneira como ministramos educação aos nossos estudantes. Mas é inevitável a percepção de que o modelo escolar vigente precisa de reformas, pois o momento histórico atual contempla e exige que as mudanças aconteçam fazendo-se necessário romper com o ensino focado no industrialismo e tornar a Inovação Pedagógica uma prática docente decente. Diante desse pressuposto é importante refletir sobre o que afirma Toffler (1971, p.111) no seu livro O Choque do Futuro: À medida que a sociedade permanece relativamente estável e modificável, os problemas que oferece aos homens têm a tendência a se inserirem como rotina e se tornarem previsíveis. As organizações atuantes num tal ambiente podem ser relativamente permanentes. Mas quando a transformação se acelera, os problemas inéditos afloram cada vez mais, e as formas tradicionais de organização mostram-se inadequadas para enfrentar as novas situações. Não são mais idôneas as suas finalidades.

2.5 A educação ambiental como referencial metodológico: tecendo os fios da Inovação Pedagógica?

Segundo Fino a inovação envolve obrigatoriamente as práticas, ou seja, as práticas que o professor, como agente mediador da aprendizagem, fundamenta suas ações em mudanças qualitativas nas práticas pedagógicas valorizando o aprendiz, dando a este autonomia para ser um agente da aprendizagem e do conhecimento e não mero receptor de informações. Nesse contexto, Freire (1996, p.26) salienta que: “O educador [...] não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Uma se duas tarefas primordiais é trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se “aproximar” dos objetos cognoscíveis. E esta rigorosidade metódica não tem nada a ver com o discurso “bancário” meramente transferidor do perfil do objeto ou do conteúdo.”

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questões ambientais norteadas por princípios, valores e habilidades indispensáveis aos alunos para resolução de situações problemáticas.

Nessa concepção, Mayer (1998, p.226) salienta que: Um dos objetivos mais importantes da Educação Ambiental, em minha opinião, é justamente educar para enfrentar valores, analisando diferentes pontos de vista, em relação ao problema concreto. Se os estudantes sabem valorizar a complexidade dos temas ambientais, e se têm adquirido um método de análise das posições no campo, podem ser realmente livres e capazes de obter uma posição própria, compreender e revelar razões não formuladas (de ordem política, econômica etc.) que estão posterior da conquista de atitudes por parte de diferentes sujeitos que se enfrentam com o problema.

De posse da argumentação de Mayer (1998), a proposta de educar focada na Educação Ambiental, denota em se esbarrar com os valores que temos frente a questões concretas, como por exemplo, o tratamento dado ao lixo na própria escola. Assim, é necessário que a escola mude sua postura cultural tradicional, fabril. Explicando: a escola necessita abandonar sua “missão” de mera transmissora de saberes para ser um espaço dinâmico e desobstruído a questões locais e planetárias.

Aos professores, cabe a garantia de momentos de discussões, planejamentos, diálogo de compreensão da realidade ambiental em que se está integrado visando alicerçar um panorama de construção de situações para o cumprimento da cidadania e estruture projetos eficazes que conduzam ao conhecimento. Nesse foco ou contexto, a Educação Ambiental deve estar aliada com o dia a dia dos atores: protagonistas e secundários que fazem a escola. Visando clarear as causas e as consequências que produzem os problemas ambientais em escala local a fim de facilitar as propostas de soluções ou de amenizar a situação existente tanto na escala do lugar quanto na planetária.

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sociedade mais justa e engajada na proteção do meio ambiente sem, com isso, sacrificar o desenvolvimento econômico. E que através da Educação Ambiental possamos construir valores de sustentabilidade ambiental, garantindo a vida das gerações futuras de forma confortável e justa. Diante desse contexto escreve Reigota (2007, p. 28 e 29) O desafio da Educação Ambiental é sair da ingenuidade e do conservadorismo (biológico e político) a que se viu confinada e propor alternativas sociais, considerando a complexidade das relações humanas e sociais. Mais adiante, Reigota declara que: A educação ambiental tem contribuído para uma profunda discussão sobre a educação contemporânea em geral, já que as concepções vigentes não dão conta da complexidade do cotidiano em que vivemos.

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais – no item “Ensinar e Aprender em Educação Ambiental” - (p. 187), se esclarece que “A principal função do trabalho com o tema Meio Ambiente é contribuir para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidir e atuar na realidade socioambiental de um modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global. Para isso é necessário que, mais do que informações e conceitos, a escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com ensino e aprendizagem de procedimentos. E esse é um grande desafio para a educação”. Diante desse pressuposto fica esclarecida a relevância do papel da escola e sua contribuição para alicerçar a Educação ambiental como valor.

Ainda nos PCN’s – p. 181 enfatizam que “Todas as recomendações, decisões e tratados sobre o tema, Educação Ambiental, evidenciam a importância atribuída por lideranças de todo o mundo para a Educação Ambiental como meio indispensável para conseguir criar e aplicar formas” e não fórmulas “cada vez mais sustentáveis de interação sociedade/natureza e soluções para os problemas ambientais. Evidentemente, a educação sozinha não é suficiente para mudar os rumos do planeta, mas certamente é condição necessária para isso”.

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ciência econômica estão sendo capazes de criar respostas para os problemas que angustiam a humanidade carente de soluções. Assim, a humanidade continua permanecendo de forma muito básica no mesmo paradigma civilizatório de séculos anteriores.

Para outros indivíduos, a questão do ambientalismo e do meio ambiente revela praticamente uma síntese dos impasses que estão em exercício no atual contexto e/ou modelo de civilização que acarreta não apenas uma crise ambiental, mas civilizatória, é uma crise da humanidade onde se percebe a carência e falência de valores éticos como parâmetros para redirecionar a história da humanidade. Assim, é relevante que a superação de problemas prescreve mudanças profundas e significativas na concepção de mundo, de natureza, de poder, de bem-estar, tendo como alicerce novos valores. Assim, é indispensável que o homem deixe de se conceber como o centro da natureza, e, portanto, deve agir não como seu proprietário mas entender-se como parte integrante dela, e resgatar a idéia de sua sacralidade, honrada e solenizada por diversos povos e culturas tradicionais do passado, do presente e preparando a geração atual para um futuro mais comprometido com a natureza como a grande e principal mantenedora da vida, tal qual a conhecemos em nosso planeta. Em reação a tal comportamento de o homem se comportar como o “centro”, sentencia Reigotta (2007, p. 29) “Sempre resta a esperança do homem descobrir o velho segredo: que o mundo é ele e ele é o mundo”. Ora, se a natureza continuar sendo vista pelo homem apenas como recurso econômico e não como meio de garantir a permanência da vida e do homem na Terra de nada valerá a concepção de vida, pois vida e cultura são intrínsecas e interdependentes. Cabe ao homem se vestir de nova mentalidade a fim de manter nosso planeta compatível na produção da vida e não produção da morte e falência humana.

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planeta, da natureza, da vida. Tal pressuposto implica um novo conjunto de valores no qual a educação ambiental tem um importantíssimo papel a desempenhar, talvez até o papel de protagonista de uma história que se encaminha para o místico, mítico e temido apocalipse, levando a humanidade ao seu extermínio. Nessa contextura acrescenta Reigotta (2007, p. 28)“o desafio da Educação Ambiental é sair da ingenuidade e do conservadorismo (biológico e político) a que se viu confinada e propor alternativas sociais, considerando a complexidade das relações humanas e ambientais”. Sachs (2008, p. 30) acrescenta, destaca e esclarece com ênfase e grande propriedade que: “Nosso problema não é retroceder aos modos ancestrais de vida, mas transformar o conhecimento dos povos dos ecossistemas, decodificado e recodificado pelas etnociências, como um ponto de partida para a invenção de uma moderna civilização de biomassa, posicionada em ponto completamente diferente da espiral de conhecimento e de progresso da humanidade. O argumento é que tal civilização conseguirá cancelar a enorme dívida social acumulada com o passar dos anos ao mesmo tempo que reduzirá a dívida ecológica”.

Desenvolvimento econômico não fez um matrimônio harmonioso com a natureza. A natureza tornou-se mercadoria onde seus recursos são cada vez mais negociados e valorizados pela lógica mercantilista ou mercadológica. A natureza simplesmente foi e continua sendo saqueada pela lógica mercantil, não houve nem há harmonia nas relações homem-natureza ao longo da história capitalista, sobretudos a partir da primeira Revolução Industrial: produção em larga escala, consumo jamais imaginado, reprodução da riqueza transformada em um código das potências industriais dos últimos dois séculos. Sachs (2000, p. 55) faz a seguinte abordagem “A história nos pregou uma peça cruel. O desenvolvimento sustentável é, evidentemente, incompatível com o jogo sem restrições das forças do mercado. Os mercados são por demais míopes para transcender os curtos prazos e cegos para quaisquer considerações que não sejam lucros e a eficiência smithiana de alocação de recursos”.

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qualquer forma de uma sociedade sobreviver, sobretudo uma sociedade dita saudável. Um equívoco lastimável seria compartilhar qualidade de vida simplesmente com riqueza ou bens materiais. A qualidade de vida está intimamente vinculada a uma natureza harmonizada, equilibrada. Para isso é necessário ter água própria para o consumo humano, um ar puro para ser respirado, alimentos livres de agrotóxicos ou de conservantes químicos, solo próprio para a agricultura e da saúde que se adquire a partir da harmonia e não do desequilíbrio. Sem esse conjunto, sem essa interação homem-meio, de nada adiantará toda a riqueza acumulada.

No congresso Íbero-Americano de Educação Ambiental – (2007 p. 27) traçou-se a premissa de que a ideia que a natureza é uma fonte inesgotável de recursos não é só uma ideia que se possa substituir por outra. É uma ideia que conforma as relações sociais e de poder que a conforma. Portanto, não está fora do mundo concreto de homens e mulheres nas suas relações entre si e com a natureza. Ao contrário, sobrevive aos seus críticos, que teimam em permanecer exclusivamente no plano das ideias, ignorando sua articulação com o mundo das relações sociais e de poder. Eis a razão de tanta crítica ao paradigma que se diz em crise e a sobrevida das práticas informadas por esse mesmo paradigma. Afinal, os paradigmas (...) são na verdade, instituídos no movimento movediço (o espaço) da história e, assim, tem processos instituintes e sujeitos que os protagonizam e que lhes dão suporte e sustentação. Não vamos superar os paradigmas que estão em crise, enquanto não formos capazes de identificar as ações e as instituições que os mantém vivos.

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escala jamais vista. Tem que se considerar que a questão ecológica-econômica-social como um problema a ser solucionado pela sociedade atual.

Colesanti (1996, p. 35) defende que a escola enquanto protagonista da educação ambiental é a mais importante das articuladoras de uma nova filosofia ou de uma nova concepção ambiental: “A educação ambiental é um dos eixos fundamentais para impulsionar os processos de prevenção da deterioração ambiental, do aproveitamento dos direitos dos cidadãos a um ambiente sustentável. Ela implica uma nova concepção do papel da própria escola. A articulação de seus conceitos, métodos, estratégias e objetivos é complexa e ambiciosa: dimensões ecológicas, históricas, culturais, sociais, políticas e econômicas da realidade e a construção de uma sociedade baseada em princípios éticos e de solidariedade.”

Assim, a escola estará representando a mudança, a inovação. Mudança de valores, de hábitos, de consumo. A escola, nesse contexto, tem o papel de criar um novo paradigma pedagógico embasado não na transmissão da informação e sim na construção do conhecimento e na formatação de uma geração de pessoas aptas a (re) construir uma nova mentalidade capaz de solidificar a idéia de se construir um patrimônio econômico é crucial para garantir a manutenção capitalista sob a égide do mercado, mas garantir a sustentabilidade da vida, do planeta, da natureza deve ser a prioridade dessa nova escola.

2.6 ESCLARECENDO OS OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

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discussão entre teoria e prática, além de esclarecer que as questões ambientais são criações humanas e são dos seres humanos que virão as soluções. Soluções estas que não virão em forma de mágica ou de feitos geniais de governantes ou tecnocratas e sim de cidadãos comprometidos e engajados nas propostas de um ambiente sustentável.

Reigota (2009, p. 15) aborda que “A educação ambiental como educação política é por princípio: questionadora das certezas absolutas e dogmáticas; é criativa, pois busca desenvolver metodologias e temáticas que possibilitem descobertas e vivências. E inovadora quando relaciona os conteúdos e as temáticas ambientais com a vida cotidiana e estimula o diálogo de conhecimentos científicos, étnicos e populares e diferentes manifestações artísticas; e crítica, muito crítica, em ralação aos discursos e às práticas que desconsideram a capacidade de discernimento e de intervenções de pessoas e dos trabalhos independentes e distantes dos dogmas políticos, religiosos, culturais e sociais e da falta de ética.”

Reigota (2009, p. 14) esclarece que “A educação ambiental deve procurar favorecer e estimular possibilidades de se estabelecer coletivamente uma “nova aliança” (entre os seres humanos e a natureza e entre nós mesmos) que possibilite a todas as espécies biológicas a sua convivência e sobrevivência com dignidade”. Isso significa entender que a educação ambiental é também uma educação política, no sentido que ela dá suporte capaz de preparar os seres humanos para exigir e edificar uma sociedade mais justa, mais cidadã, auto-gestora e ética nas relações da sociedade com a natureza.

Assim, a educação ambiental, na concepção de educação política realça primeiramente a questão “por que” fazer do que “como” fazer. É importante esclarecer que a educação ambiental vem se consolidando num momento da história da humanidade de gigantescas mudanças e incertezas no nosso planeta, ela segue uma tendência que tangencia a questionar as interpretações políticas vigentes e “(...) a própria educação escolar e extra escolar, quando preocupadas em transmitir conteúdos científicos que terão utilidades apenas para os concursos e exames”, alerta Reigota (2009, p. 15).

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o ser humano externaliza o sentimento de pertencimento à natureza, mas um ser à parte, como apenas um observador ou como um forte explorador dela e como detentor do conhecimento capaz de se sentir um ser superior à natureza. Essa distância do ser humano da natureza dá fundamento ao comportamento humano classificado como racional, mas é importante esclarecer que as consequências gravíssimas obrigam, neste começo de século, atitudes e respostas concretas – políticas e pedagógicas para desarticular o raciocínio antropocêntrico. E, desconstruir esse raciocínio (antropocêntrico) é uma das sentenças ou princípios éticos, por assim dizer, da educação ambiental.

Diante desse pressuposto, é lícito perceber a educação ambiental, como uma proposta de um novo paradigma, o qual suscita a um exercício de cidadania capaz de conduzir à mudança de valores individuais e coletivos. Então, a educação ambiental tende a delinear um novo homem, novo no sentido de cidadania, um cidadão pleno, ciente de suas ações e seu papel na sociedade consciente das consequências do seu papel desempenhado perante a sociedade, da qual é construtor e sujeito e seu papel perante suas ações na natureza. Nesse exercício de cidadania, a educação ambiental surge como uma nova forma do homem encarar a relação homem/natureza. O homem, portanto, passa a fazer parte da natureza. A concepção de natureza passa a incluir os seres humanos que são, em caráter distintivo ou conceitual, seres sociais, históricos, e o conceito de homem passa a inserir a natureza biofísica. Isso é de grande relevância no plano da defesa de que é imprescindível a construção de uma nova relação homem/natureza, ou até um novo acordo ou um novo contrato entre ambos, já que, na realidade, os dois são concernentes a uma mesma entidade ontológica. Portanto, indissociáveis.

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sociedade mais justa e em comunhão com a natureza, garantindo a sustentabilidade. Devolvendo à natureza sua capacidade de produzir e reproduzir os bens ou recursos que são imprescindíveis à manutenção da vida em harmonia.

Nesse panorama é lícito afirmar que a educação ambiental é uma das mais importantes exigências educacionais da contemporaneidade.

Reigota (2009, p. 98) salienta que:

... a educação ambiental não pode se limitar ao acúmulo de conhecimentos, mas sim selecionar e interpretar os conhecimentos disponíveis e sem perder de vista que o objetivo principal é fazer com que esse conhecimento possibilite e amplie a participação política e social dos alunos,(...) professores, (...) assim como todos os sujeitos (...) do processo educativo.

A oferta literária mais recente, que busca concentrar as discussões sobre educação ambiental, a exemplo de Isabel Carvalho (1994), determina seu caráter como:

(...) uma ação educativa que deveria estar presente, de forma transversal e interdisciplinar; articulando o conjunto de saberes, formação de atitudes e sensibilidades ambientais. (...) importante mediadora entre a esfera educacional e o campo ambiental, dialogando com os novos problemas gerados pela crise ecológica e produzindo reflexões, concepções, métodos e experiências que visam construir novas bases de conhecimento e valores ecológicos nesta e nas futuras gerações. (...) medição importante na construção social de uma prática político-pedagógica portadora de nova sensibilidade e postura ética, sintonizada com o projeto de uma cidadania ampliada pela dimensão ambiental (CARVALHO, 2004, p. 24, 26 e 27).

Imagem

Foto cedida pela professora S.
Foto da árvore “sacrificada”
Foto cedida pela professora S

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das Teorias da Reprodução Social e Cultural, Biblioteca das Ciências do Homem, Edições Afrontamento, Porto, 1997. W., Sociologia da Educação, 2ª ed., Fundação

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