• Nenhum resultado encontrado

MARÇO, 2007 ANA KARLA FREITAS C. OLIVEIRA

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2023

Share "MARÇO, 2007 ANA KARLA FREITAS C. OLIVEIRA"

Copied!
53
0
0

Texto

(1)

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

ANA KARLA FREITAS C. OLIVEIRA

ABORDAGEM DOS ASPECTOS TECNOLÓGICOS E INOVADORES DO SETOR PRIVADO BRASILEIRO: SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

FORTALEZA MARÇO, 2007

(2)

ABORDAGEM DOS ASPECTOS TECNOLÓGICOS E INOVADORES DO SETOR PRIVADO BRASILEIRO: SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

Monografia, apresentada á Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Economia.

Orientador: Sandra Santos

FORTALEZA 2007

(3)

ABORDAGEM DOS ASPECTOS TECNOLÓGICOS E INOVADORES DO SETOR PRIVADO BRASILEIRO: SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará — UFC e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é penuitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação / /

Nota Prof(a).

Prof. Orientador

Nota Prof(a).--VE L I N C $Pee.SC5A i lk

c)

Membro da Banca Examinadora

Nota Prof(a).

c.—C,Që ISSO

Membro da Banca Examinadora

(4)

Luiza, flores da minha vida, que tanto colaboraram na realização desta monografia.

(5)

Ao bom Deus que me deu coragem e resignação para perseguir os meus sonhos.

À professora Sandra por toda a atenção e orientação que me fez levar adiante na busca pelos meus objetivos.

Aos professores da banca examinadora responsáveis pela minha avaliação.

A minha amiga Joylena Santos pelos comentários preciosos.

E a todos aqueles que com pequenos gestos de apoio, palavras de incentivo, contribuíram na elaboração desta monografia.

(6)

Figura 1 Modelo de Produção — Sistema Nacional de Inovação 21

Figura 2 Composição do Setor de Telecomunicações 39

(7)

Tabela 2 — Brasil: Comparações (PIB) e investimentos em C&T, 2000-2005 31

Tabela 3 - Brasil: Pedidos de patentes 1980/2004 32

Tabela 4 — Resultados pós- privatização — Melhorias Telecomunicações 37 Tabela 5 — Receita Líquida áreas de atividades — Produto 44 Tabela 6 — Receita Líquida áreas de atividades — Serviços 45

Tabela 7 — Empresas que implementaram inovação 46

(8)

i

C&T Ciência e Tecnologia IT Inovação Tecnológica

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico PIB Produto Interno Bruto

SNCT Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

CCT Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

CNPq Conselho Nacional de Pesquisa

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CT&I Ciência tecnologia e Inovação

ICTs Instituições Científicas e Tecnológicas

PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior PNCT&I Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação MEC Ministério da Educação

MDIC Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MS Ministério da Saúde

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento MME Ministério da das Minas e Energia

MD Ministério da Defesa

MIN Ministério da Integração Nacional

PADCT Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico PAPPE Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas

FNDCT Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital

SMC Serviço Móvel Celular

FUNTELL Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações

(9)

CITS Centro Internacional de Tecnologia de Software C.E.S.A.R Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife INATEL Instituto Nacional de Telecomunicações

PTC/USP Depto. De Engenharia de Telecom. e Controle Escola Politécnica Univers. de SP PUC Pontificia Universidade Católica do Paraná

UFPE Universidade Federal de Pernambuco UNB Universidade de Brasília

ERB Estações Rádio-Base

(10)

LISTA DE FIGURAS 05

LISTA DE TABELAS 06

LISTA DE SIGLAS 07

1. INTRODUÇÃO 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO 12

2.1 Tecnologia: Conceitos básicos 12

2.2 Atividades Inovativas 17

3. SISTEMA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 20

3.1 Conceito e Evolução do SNCT 20

3.2 Políticas, programas e parceiros de incentivo a C&T 24

3.3 Panorama das Inovações Brasileiras 30

4. 0 SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES 33

4.1 Contextualização histórica 33

4.2 Lei Geral das Telecomunicações e a reestruturação do setor 34

4.3 Agência Nacional das Telecomunicações — Anatel 36

4.4 Composição do setor brasileiro de Telecomunicações 38 4.5 Inovação tecnológica dos principais agentes — Comportamento Geral 40

5. CONCLUSÃO 48

REFERÊNCIAS 50

(11)

1—INTRODUÇÃO

O Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia tem como desafio a geração de novos negócios de base tecnológica com valor agregado e o aumento do conteúdo tecnológico dentre outros, objetivando criar e manter vantagem competitiva, especialmente na atual fase de globalização e diminuição de fronteiras entre países. É o alicerce na construção de um Sistema Nacional de Inovação complexo capaz de gerar a integração de empresas, instituições de ensino, institutos de pesquisa, governo, agências de fomento e regulação, em prol da construção de uma melhor infra-estrutura tecnológica. (STAL, 2006)

O setor de telecomunicações brasileiro se apresenta como dinâmico e bastante dependente da inovação. A sua história demonstra a capacidade de se adequar às diversas transições e reestruturações que refletiram o novo padrão tecnológico determinando a evolução setorial, a ampliação das parcerias e adoção de medidas favoráveis à modernização.

A desintegração dos monopólios estatais brasileiros, principalmente do Sistema Telebrás, caracterizou um novo momento para o país com reestruturações nas empresas. A privatização do setor propiciou a entrada de novos investimentos, a rápida expansão da oferta de serviço, a modificação no papel de regulação e fiscalização e um novo mercado mais atrativo para as empresas internacionais que instalaram unidades no país. As empresas fornecedoras de equipamentos são os principais agentes do desenvolvimento tecnológico para a cadeia produtiva de telecomunicações (NOBRE, 2004).

Neste setor, as atividades ligadas propriamente a P&D são desenvolvidas na matriz ou em subsidiárias das unidades instaladas no Brasil, ou seja, a maioria dos produtos é fabricada no exterior ou produzida aqui por empresas cuja matriz se encontra em países desenvolvidos. No entanto se verifica que o crescimento dos serviços das operadoras fixas e móveis impulsiona o crescimento da indústria de equipamentos, possibilitando assim novos investimentos e novas parcerias para o setor (GALINA, 2003).

Neste contexto, o objetivo desta monografia é desenvolver um estudo sobre o Sistema Nacional de C&T, demonstrar a importância do setor privado de telecomunicações para a evolução deste Sistema e apresentar as diretrizes para que haja crescimento tecnológico local, aproveitando a fase de expansão deste setor. Para tanto incorpora resultados de dispêndios em

(12)

P&D obtidos, especialmente patentes, por ser esta o melhor indicador na mensuração de gastos em inovação.

Na complementação da análise são também estudados os fatores que atraem atividades de inovação para o país, cooperação com universidades locais e dificuldades levantadas pelas empresas na realização de P&D local. Bem como, os mecanismos de apoio à inovação tecnológica desenvolvidos por instituições governamentais, através de vários programas, que incentivam a inovação de novos produtos ou processos.

O desenvolvimento do trabalho dar-se-á em três capítulos. No primeiro capítulo serão apresentadas algumas definições: o referencial teórico para compor a base dos demais capítulos. Um aprofundamento nos conceitos de inovação e tecnologia, classificando as fontes de inovação e atividades inovativas.

No segundo capítulo, será apresentada a composição do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, a partir do Ministério da Ciência e Tecnologia com sua estrutura organizacional e competências, bem como a importância do setor privado e as parcerias, políticas, programas e mecanismos que contribuem para gerar estímulos nos diversos setores. No panorama das inovações brasileiras se demonstra os indicadores de inovação e os setores que mais investem em inovação, bem como as parcerias.

Por fim, no terceiro capítulo, o setor de Telecomunicações é apresentado com sua trajetória histórica, composição, capacidade tecnológica e os nichos de mercado. Ressalta-se a importância deste capítulo, pois se busca apresentar o perfil inovativo deste setor e os obstáculos para que este seja mola mestra no desenvolvimento do Sistema Nacional de Inovação, a partir da formação de um ambiente propício à introdução de novas tecnologias.

A fundamentação deste trabalho está baseada em pesquisa bibliográfica de documentos e dados secundários obtidos junto a diferentes instituições e entidades, bem como na rede internacional de computadores conforme especificado na bibliografia. A metodologia de pesquisa consistiu na análise desses documentos, inclusive num contexto cronológico.

(13)

2 — REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 — Tecnologia: Conceitos básicos

A realidade do homem contemporâneo inserido na sociedade do conhecimento é desafiadora no intuito de alavancar o chamado desenvolvimento sustentável buscando a transformação do novo em riqueza. O reconhecimento de todos os fatores que contribuam para o alcance de posições estratégicas é fundamental na garantia deste crescimento, assim como a implementação dos mesmos na busca pela integração mundial.

A tecnologia é um desses fatores, onde sua identificação é mais fácil quando se sabe o que esta representa para a expansão dos mercados. Segundo Rosenthal (1995), pode ser definida como um conjunto de processos fisicos que transformam inputs ou outputs juntamente com os arranjos sociais que estruturam as atividades envolvidas na execução de diversas transformações. Logo a tecnologia é relacionada não só nos processos de fabricação, como também nos processos gerenciais e de suporte.

Conhecimento útil é a forma mais simples de se definir tecnologia. O conjunto de conhecimentos científicos, empiricos e práticos adquiridos somente com o exercício da atividade tecnológica é capaz de solucionar os problemas a partir das técnicas que garantam a utilização das teorias na prática. Segundo Dosi (1984) citado por Rosenthal (1995), a tecnologia é o conjunto de conhecimentos, tanto diretamente práticos, quanto teóricos podendo ser visualizada nos métodos, know-how, procedimentos e experiência de sucessos e fracassos e também naturalmente dispositivos e equipamentos fisicos. Assim se insere tecnologia nos bens e serviços a partir da incorporação intensiva do conhecimento agregando valores a produção e comercialização.

As formas básicas de manifestação da tecnologia são as materializadas e as descorporificadas. A materializada é identificada nos bens produzidos de capital empregados em todo o processo de produção como máquinas, equipamentos, materiais, componentes e/ou outros insumos, plantas, layouts, desenhos, manuais e até mesmo em software. A tecnologia descorporificada ou não materializada representa as habilidades específicas, individuais e/ou coletivas dos recursos humanos. Em função disso (ROSENTHAL, 1995), analisa que esta tecnologia envolve todo o conhecimento teórico aliado a experiência acumulada no processo

(14)

produtivo, na tentativa de resolver os problemas garantindo melhores resultados no fim do exercício. A combinação das diversas formas materializadas ou não-materializadas potencializa em cada etapa da produção as diferentes qualificações para que as funções sejam partes integrantes da tecnologia total refletida no produto.

A seleção da tecnologia é realizada a partir dos fatores que serão utilizados priorizando os menores custos para minimizar os gastos na produção. Rosenthal (1995, p.8) relata que "pode haver (e em geral há), em princípio, uma certa variedade de "tecnologias"

que levam a um mesmo resultado genérico — embora apresentando, muito provavelmente, diferentes níveis de efetividade". Desta forma a discussão atribui análises contínuas em torno da diversidade da tecnologia. Contudo Rosenthal (1995) ressalta que apesar da diversidade obtêm-se a mesma finalidade genérica, com resultados em termos de níveis de qualidade e desempenho de um produto específico, níveis de eficiência de processos de produção e geração de um bem diferenciado comprovando que um produto tecnologicamente avançado refletirá em bons resultados para a firma e para a competitividade do mercado.

Uma nação competitiva é aquela capaz de produzir bens e serviços que resistam ao teste dos mercados internacionais e ao mesmo tempo seja capaz de expandir a renda real dos seus cidadãos.

A competitividade refere-se à capacidade de se formular e implementar estratégias concorrências, que permitam conservar de forma duradoura posições sustentáveis, destacando-se particularmente as vantagens associadas à qualidade e produtividade dos recursos humanos e à capacitação produtiva e inovadora das empresas (CASSIOLATO; LASTRES, 2005, p.5).

Franko (1989) citado por Stal (2006) afirmou que a inovação tecnológica é um dos principais determinantes do crescimento econômico no mundo industrializado deste século. Mas foi na primeira metade do século passado que o mundo recebeu a grande contribuição de Schumpeter com a análise intensa da tecnologia em relação ao desenvolvimento econômico.

Schumpeter deu atenção especial aos efeitos positivos das inovações de processo e produto no desenvolvimento econômico definindo o papel da empresa e dos empreendedores no processo.

Ser empreendedor consiste em vencer as resistências que se opões a inovação.

(15)

Na vida econômica, deve-se agir sem resolver todos os detalhes do que deve ser feito.

Aqui, o sucesso depende da intuição, da capacidade de ver as coisas de uma maneira que posteriormente se constata ser verdadeira, mesmo que no momento isso não possa ser comprovado, e de se perceber o fato essencial, deixando de lado o perfunctório, mesmo que não se possa demonstrar os princípios que nortearam a ação.

(SCHUMPETER,1997, p.9)

Aplicar uma nova tecnologia que ofereça um novo produto ou melhoramento do mesmo resultando em um maior grau de aceitação pelo mercado, caracteriza o que se chama de inovação tecnológica. Desta forma a criação de novas oportunidades através de novos produtos e processos é como se defini substancialmente a inovação. Para Schumpeter (1997), a inovação é central no processo de desenvolvimento econômico, impulsionando os ciclos de crescimento da economia. A mesma resulta em um conjunto de atividades relacionadas cujos resultados são freqüentemente incertos, estando envolvido em considerável grau de risco.

[...] a concorrência na economia capitalista passa a ser vista como um processo evolutivo, e, portanto dinâmico, gerado por fatores endógenos ao sistema econômico, notadamente as inovações que emergem incessantemente da busca de novas oportunidades lucrativas por parte das empresas em sua interação competitiva (POSSAS, 2006, p.415).

Rossenthal (1995) também conceitua inovação tecnológica (IT) como sendo a aplicação de novos conhecimentos no processo produtivos que refletem em um novo produto mais aceito no mercado de trabalho elevando os níveis de produtividade na obtenção de vantagem competitiva quando se insere novas formas de elevar os lucros extraordinários dificultando a imitação dos concorrentes. Rosenthal (1995) mostra também que quando uma empresa introduz inovações possibilita uma melhor aceitação de seus produtos permitindo-lhe cobrar preços mais elevados e/ou reduzirem custos gerando maiores lucros garantindo uma posição relativa no mercado.

No atual quadro econômico marcado pela competitividade, qualidade dos produtos e concorrência acirrada cada vez mais o êxito empresarial depende da capacidade da empresa inovar tecnologicamente colocando novos produtos no mercado a um preço

(16)

menor, com uma qualidade melhor e a uma velocidade maior do que seus concorrentes (STAL, 2006, p.39).

A importância de se adquirir um novo produto deve ser compartilhada para toda a empresa, não só nos setores cujas atividades são mais intensivas em tecnologia, mas também no âmbito organizacional da firma garantindo a inserção de tecnologia não materializada.

A IT envolve necessariamente alguma mudança no conjunto dos conhecimentos tecnológicos utilizados pela empresa, que dizem respeito a um, alguns ou todos os seus produtos. A adoção de uma nova forma de organização, ou de um novo layout, por exemplo, consubstanciaria uma IT que afetaria provavelmente todo o leque de produtos (ROSENTHAL, 1995, p.11).

Avançar tecnologicamente segundo a recomendação internacional é implementar produtos (bens e serviços) ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. Isto só ocorre quando o produto é introduzido no mercado ou o processo passa a ser operado pela firma, portanto as empresas produtoras de bens e serviços são cruciais para o sistema de inovação tecnológica. Assim o principal agente da inovação é a empresa, pois é capaz de radicalizar para ser capaz de identificar novas oportunidades de inovações, aperfeiçoando os métodos de fabricação a partir da interação entre os diversos setores e de outras áreas, devendo difundir rapidamente a tecnologia através do aumento do fluxo de informação interna.

Na verdade, a capacidade de inovar depende muito, também, de conhecimentos científicos e práticos que transcendem a área de atividades específica da empresa. Em um número cada vez maior de casos e setores, a IT tende a incorporar ou mesmo basear-se em conhecimentos "importados" de outras áreas, envolvendo, portanto a capacidade de associar conhecimentos aparentemente estanques e de trazer avanços e inovações de outros campos para sua própria área de atuação (ROSENTHAL, 1987, p.14).

A atividade empresarial para introduzir e difundir as ITs, conforme Rosenthal (1995) é relacionada com o dinamismo do mercado influenciada pelos padrões de concorrência prevalecentes nos mercados em que atuam. As inovações podem ser de cunho institucional, tecnológico ou organizacional, sofrendo influência dos seguintes aspectos:

• Políticas de desenvolvimento, que incluam programas de apoio e incentivos;

(17)

• Nível de estabilidade econômica;

• Existência de cooperação entre os atores envolvidos;

• Definição dos modelos de inovação.

Rosenthal (1995) afirma que quanto mais alto for o nível de conhecimentos técnicos e científicos disponíveis bem como a experiência prática acumulada do pessoal envolvido nessas atividades, maior será o manancial de conhecimentos tecnológicos para geração de inovações. É necessário identificar, portanto as principais fontes de inovação tecnológica que correspondem ao acervo de conhecimentos científicos adquiridos em bibliotecas, bancos de dados, centros de pesquisas e universidades. O nível de qualificação profissional da força de trabalho é imprescindível, pos reflete a capacidade dos recursos humanos de dominar as respectivas funções, a partir da experiência prática na solução de problemas relacionados com o processo de produção.

Uma outra importante fonte de inovação tecnológica reside na capacidade empresarial de obter e prever as informações referentes às necessidades do mercado, principalmente para as empresas produtoras de bens e/ou serviços incorporados a outros processos de produção, onde tais informações sinalizam para orientar as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Paralelamente pode-se identificar como mais uma fonte de inovação, os fornecedores de bens de capital, componentes e outros insumos onde o relacionamento usuário-fornecedor constituiu um importante mecanismo de articulação para garantir uma relação bidirecional. (ROSENTHAL,1995), associa esta relação funcional como ponto diretamente associado à questão do desenvolvimento de redes confiáveis de fornecedores para induzir a demanda de inovações nos setores.

A atitude da empresa com relação à tecnologia pode se caracterizar também como uma fonte de inovação tecnológica, quando voltada à qualidade do produto, alocação de recursos para atividades inovativas, aos esforços para gerar e/ou absorver novos conhecimentos, elevar o nível de qualificação profissional e à motivação dos recursos humanos, conforme (ROSENTHAL,1995). Assim um dos principais agentes da inovação é a empresa como um todo, que deve objetivar a identificação de oportunidades tecnológicas futuras, aumentar o fluxo de informação interna, difundir as novas tecnologias e principalmente contribuir na interação entres os componentes dos sistemas de inovação para ampliação do aprendizado contínuo.

(18)

De acordo com o exposto acima a capacidade de inovar depende fundamentalmente da sociedade permitindo que a tecnologia esteja inerente nos seus bens e serviços a partir da incorporação intensiva do conhecimento agregando valores à produção e comercialização. A geração de renda é obtida em função do próprio valor agregado a esses produtos a partir do dinamismo de seus mercados proporcionando um melhor desempenho econômico. "É, contudo, o produtor que, via de regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores, se necessário, são por ele `educados'; eles são, por assim dizer, ensinados a desejar novas coisas, ou coisas que diferem de alguma forma daquelas que têm o hábito de consumir" (SCHUMPETER, 1997, p.10).

O processo de mudança tecnológica para Schumpeter (1997) corresponde a três estágios: invenção, inovação e difusão. A invenção é a idéia em si aberta para a exploração comercial, já a inovação sob o ponto de vista econômico só se concretiza ao se realizar a primeira transação comercial do novo produto ou processo. A difusão é a propagação das inovações nos mercados potenciais.

2.2 — Atividades Inovativas

As atividades inovativas classificadas pela OCDE (1992), citadas por Stal (2006) são:

• Pesquisa e Desenvolvimento — P&D: trabalho criativo para aumentar o estoque de conhecimento existente.

• Engenharia Industrial: Aquisição ou mudanças nos equipamentos, ferramentas, procedimentos de controle de qualidade, métodos e padrões visando à manufatura do novo produto ou aplicação de novo processo.

• Início da produção: Modificações de produto e processo, treinamento de pessoal nas novas técnicas e lote experimental.

• Marketing de novos produtos: Atividades que envolvem o lançamento e adaptação do novo produto em diferentes mercados.

• Aquisição de tecnologia intangível: Tecnologia na forma de patentes, licenças, know-how, serviços de conteúdo tecnológico em geral.

(19)

• Aquisição de tecnologia tangível: Aquisição de máquinas e equipamentos de cunho tecnológico conectado com as inovações de produto e processo introduzidos pela empresa.

• Design: Atividades relativas à definição de procedimentos, especificações técnicas e aspectos operacionais necessários à produção do novo produto ou implementação do novo processo.

Outras atividades são definidas a cada ano demonstrando que a P&D não é a única fonte geradora de tecnologia empresarial, com destaque para atividades de aprendizagem, engenharia reversa e imitação. No entanto a P&D influencia ativamente o processo inovativo das empresas, onde os gastos referentes a ela são capazes de definir juntamente com outros índices de inovação, uma relação positiva entre NB per capita e atividade tecnológica.

As atividades de P&D definidas pelo PINTEC — Pesquisa de Inovação Tecnológica (2006) são pesquisas básicas produzidas nas universidades e nas instituições afins, prosseguindo posteriormente com as pesquisas aplicadas que resultam em inovação tecnológica capaz de agregar valor comercial, pois o conhecimento básico não é considerado como valor econômico, onde raramente encontra viabilidade de execução em bases comerciais.

Esta etapa de produção do conhecimento, a pesquisa básica, conta com subsídios públicos em sua execução em vários países. Estes subsídios estão associados ao alto potencial de geração de externalidades que a atividade encerra. Esta característica começa a mudar no instante em que se agregam às novas descobertas, aperfeiçoamentos e inovações tecnológicas. Estas podem se desdobrar em um grande número de aplicações nos experimentos, analisando as mais variáveis vertentes, sendo assim a chave para a competição e agregação de valor em produtos, buscando fazer frente a tecnologias semelhantes.

Desta maneira se facilita a obtenção de uma parcela do mercado mundial de um produto ou serviço. Já a inovação em produtos e processos, diferentemente da pesquisa básica, é uma atividade desenvolvida no ambiente de produção, com o intuito de tomar a tecnologia descoberta competitiva, buscando uma parcela maior do mercado, além de agregar valor e obter lucratividade. Difere, portanto, da pesquisa básica, na medida em que esta última está dissociada da aplicação imediata à produção de novos ou melhores bens e serviços (PINTEC, 2006).

Quando se gera um invento a partir das atividades acima, ou mesmo um produto com poucas descobertas, mas com um vasto número de inovações agregado a este, deve-se garantir a exclusividade na exploração do bem imaterial conferida pelo direito industrial protegida do uso de terceiros, através de registro de patentes. Esse direito de exclusividade se

(20)

dará a quem pedir a patente em primeiro lugar, conceituada como sendo um monopólio legal, temporário, cedido pelo estado, determinado a propriedade de uma pessoa sobre uma invenção ou modelo de utilidade. A patente representa ao titular o direito exclusivo, por prazo e territórios determinados de fazer uso dessa invenção ou de modelo, impedindo entre outras coisas, de produzir, usar ou vender sem sua autorização.

A inovação pode ser detectada pelo número de patentes produzidas a partir das atividades internas de P&D onde se recomenda mensurar o esforço de cada país na área cientifica e tecnológica a partir dos gastos em P&D, quando as firmas e os países desenvolvem uma capacidade de "absorção" ou um "aprendizado nacional" sendo a medida mais recomendada para comparações internacionais. Assim pode-se identificar este esforço através das atividades de P&D classificadas em:

• Atividades internas de P&D compreendem o trabalho criativo, empreendido de forma sistemática, com o objetivo de aumentar o acervo de conhecimentos e o uso destes conhecimentos para desenvolver novas aplicações, tais como produtos ou processos novos ou tecnologicamente aprimorados. O desenho, a construção e o teste de protótipos e de instalações piloto constituem muitas vezes a fase mais importante das atividades de P&D. Inclui também o desenvolvimento de software, desde que este envolva um avanço tecnológico ou científico.

• Atividades externas de P&D: compreende as atividades descritas acima, realizadas por outra organização (empresas ou instituições tecnológicas) e adquiridas pela empresa;

• Aquisição de outros conhecimentos externos - compreende os acordos de transferência de tecnologia originados da compra de licença de direitos de exploração de patentes e uso de marcas, aquisição de know-how, software e outros tipos de conhecimentos técnico-científicos de terceiros, para que a empresa desenvolva ou implemente inovações (PINTEC, 2006).

(21)

3. SISTEMA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA (SNCT)

3. 1 — Conceito e Evolução do SNCT

Os progressos observados por toda última metade do século XX, principalmente por meio da formação de recursos humanos qualificados e, pelo desenvolvimento e transferência de tecnologia, tiveram como fator fundamental a contribuição da ciência e tecnologia. Nas economias baseadas em conhecimento, sua função é vital particularmente pela construção de elos virtuosos de cooperação entre as empresas, governo e universidades a fim de construir sistemas complexos de inovação.

Segundo Stal (2006), os Sistemas de C&T nos países em desenvolvimento como o Brasil, se caracterizam por serem sistemas incompletos e com infra-estrutura tecnológica reduzida. Os países desenvolvidos que já evoluiram de sistemas de C&T para Sistemas Nacionais de Inovação maduros, se mantêm na fronteira tecnológica mundial.

O conceito de Sistema Nacional de Inovação define um conjunto de agentes e interações em determinado marco de produção, difusão e utilização de novos conhecimentos relacionados a uma área geográfica. "[...] pode ser definido como uma rede de instituições públicas e privadas que interagem para promover o desenvolvimento científico e tecnológico de um país" (STAL, 2006, p.20). Associações empresariais, universidades, escolas técnicas, institutos de pesquisas, governo, agências de fomento e agências de regulação devem fazer parte deste Sistema captando todas as oportunidades para gerar, importar, modificar, adaptar e difundir qualquer fornia de inovação tecnológica.

Os atores públicos e privados conjuntamente com as instituições de ensino serão os alicerces na definição deste sistema. "É interessante ressaltar que, via de regra, no Brasil, o apoio ao segmento tecnológico teve, e ainda tem, com ênfase, as atividades ligadas à pesquisa básica e formação de recursos humanos de alta qualificação, financiados, basicamente, com recursos públicos" (STAL, 2006, p. 270).

Neste sentido um Sistema Nacional de Inovação deve expressar uma estrutura institucional capaz de priorizar as parcerias entre as empresas públicas e/ou privadas em conjunto com as instituições de pesquisa podendo até gerar recursos financeiros adicionais possibilitando um redirecionamento dos escassos recursos do governo para outros setores. Consequentemente

(22)

Institutos de pesquisa e Universidades

Recursos

F- Próprios

Centros P&D usuário

Fomento

Conhecimento 4--

Governo Sistema educacional

Fomento_* Conhecimento --* Inovação Uso

21

garantirá um impulso ao progresso tecnológico e a geração de conhecimento, conforme figura elaborada por Stal (2006) a seguir:

Figura 1: Modelo de Produção - Sistema Nacional de Inovação Fonte: Stal, (2006, p. 271)

A evolução deste sistema é norteada pela expansão da base científica e tecnológica, garantindo a formação de recursos humanos qualificados e estimulando o setor empresarial a investir em atividades de pesquisa e desenvolvimento.

O MCT (2006) é responsável em transformar a ciência, a tecnologia e a inovação em instrumentos do desenvolvimento nacional, como também implementar e formular políticas que priorizem todas as ações voltadas à evolução do SNCT& I, (MCT, 2006). A necessidade de se integrar todas as regiões e setores do país em um único objetivo permite ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT buscar o desenvolvimento da base social de apoio à Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

(23)

Este ministério foi criado em 15 de março de 1985, pelo Decreto n° 91.146, definido como órgão central do sistema federal de Ciência e Tecnologia regido pelas disposições do Capítulo IV da Constituição Federal de 1988. Com ele, o país deu o primeiro passo para a criação de um SNI complexo, tentando superar seus atrasos econômicos e suas deficiências sociais. Desta forma, atendeu um antigo anseio da comunidade científica e tecnológica nacional, pois desde a década de 1960 se lutava pelo aumento do número de cientistas e por um setor empresarial que se desse importância às atividades de inovação.

O MCT (2006) tem como competência o patrimônio científico e tecnológico e seu desenvolvimento; a política de cooperação e intercâmbio concernente a esse patrimônio; a definição da Política Nacional de Ciência e Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a política nacional de pesquisa, desenvolvimento, produção e a aplicação de novos materiais e serviços de alta tecnologia. A sua estrutura organizacional vigente é definida pelo Decreto N°

5.886, de 06 de setembro de 2006 formada por:

a) Órgãos Colegiados - Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia - CCT;

b) Órgãos de Assistência Direta;

c) Órgãos Específicos;

d) Unidades de Pesquisa;

e) Entidades Vinculadas;

f) Organizações Sociais;

Ao ser criado, absorveu em sua estrutura a FINEP, criada em 1967, o CNPq e a CAPES criados em 1951, responsáveis pela construção de um Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia no Brasil nas décadas de 1960, 1970 e 1980. A Finep e o CNPq implantaram diversas modalidades de apoio financeiro que se tornaram bem estabelecidas e conhecidas da comunidade científica e tecnológica, através da concessão de bolsas e auxílios e de financiamentos não- reembolsáveis para centros, institutos ou departamentos acadêmicos (CNPq, 2005).

Os desafios na construção de um SNCT& Inovação, segundo o MCT (2006), são de: gerar e alavancar negócios promissores e de base tecnológica, com alto valor agregado a partir do conhecimento científico e tecnológico desenvolvido no País; aumentar o conteúdo tecnológico e inovativo da indústria brasileira; valorizar os recursos brasileiros; formar recursos humanos em maior número e com maior qualificação em todas as áreas; melhorar a produção

(24)

científica e competir na fronteira do conhecimento — nano ciência e nano tecnologia, biologia molecular, etc.; promover a melhoria do ensino de ciências, aumentar a interação com empresas e a difusão de tecnologia para empresas e pequenos produtores.

As linhas de atuação são P&D e inovação nas empresas, apoio a projetos de pesquisa nas instituições científicas e tecnológicas (ICTs), como também a cooperação desta com empresas e projetos para o desenvolvimento social (MCT, 2006).

O Brasil, apesar de todas as dificuldades históricas, conseguiu construir um Sistema de Ciência e Tecnologia consistente, liderado por mais de sessenta mil pesquisadores com o doutorado que representam a maior e mais qualificada comunidade científica da América Latina, apesar de se ter consciência da limitação deste sistema considerando a dimensão econômica e geográfica do país (CNPq, 2005).

A importância deste sistema para o processo de globalização mundial é facilmente transparente quando se analisa as dificuldades dos países ex-socialistas como a Iugoslávia que busca se integrar na dinâmica econômica mundial a partir da privatização e desestatização. No entanto, não possuem base tecnológica e nem mão de obra qualificada para gerar um Sistema Inovativo, capaz de atrair grandes organizações.

Pires e Dores (2000) afirmam que os conglomerados empresariais, com o imenso potencial econômico-financeiro querem transferir recursos financeiros e know-how por sistemas de comunicações informatizados e via satélite apoiados por poderosos sistemas informatizados, que permitem a perfeita mobilidade do capital em suas operações. São responsáveis por introduzir mudanças estruturais nos processos de produção, baseadas na cultura organizacional e administrativa, tendo disponíveis ativos financeiros superiores aos da maioria dos bancos centrais, com uma extrema mobilidade de capital financeiro, capaz de superar momentos de recessão e crise nesses países através de fusões, incorporações e venda e compra de ativos em transações bilionárias.

Para isso exigem conhecimento científico e tecnológico para implantar suas filiais, com mão de obra receptiva às mudanças na produção, no comércio e na tecnologia. Através destas organizações estes países podem ser inseridos no mundo capitalista com grande possibilidade de crescimento econômico.

(25)

3.2 — Políticas, programas e parceiros de incentivo a C&T

A propensão para formular um problema ou projeto de pesquisa, selecionar, avaliar, negociar e finalmente adotar uma nova tecnologia transfere às empresas o papel principal nos processos de conhecimento. Porém deve existir uma simbiose entre estas, o governo e universidades, de forma a reduzir os riscos assumidos pelo setor empresarial no processo de criação e desenvolvimento de novas tecnologias ou no lançamento de um produto no mercado.

As empresas inovadoras, segundo MCT (2006) despertam para uma nova postura em relação à necessidade de investimentos crescentes em inovação tecnológica. Estas que vêm investindo maciçamente em P&D interno, têm destacado não apenas as vantagens relativas à geração direta de inovações, mas também a necessidade de reconhecer, assimilar e explorar informações externamente disponíveis, criando condições favoráveis para atrair novas empresas para que sejam inseridas no Sistema Nacional de C,T&I, contribuindo para o fortalecimento e expansão deste sistema.

A necessidade de centros de pesquisa próprios ou consorciados com outras empresas e com laboratórios de universidades é imprescindível para que a atuação empresarial seja eficaz. Os grupos distribuídos quase que exclusivamente nas universidades públicas constituem o principal lócus de desenvolvimento de pesquisa e de formação de recursos humanos, apesar de atuarem, em geral, de forma bastante distanciada das necessidades e prioridades do segmento produtivo.

Desta forma o Estado é também fundamental como gerador de políticas de incentivos e programas objetivando o subsídio inicialmente, e o estimulo a novas parcerias para construir vantagens competitivas dinâmicas e sustentáveis a fim de atingir não somente as esferas econômicas e sim gerar impactos sociais.

O governo atuando na criação de recursos humanos mais básicos (ensino médio e fundamental) contribui na formação de um ambiente macroeconômico e institucional favorável.

As universidades e outras instituições de pesquisa são responsáveis pela oferta de conhecimento e formação e treinamento de recursos humanos especializados. "As empresas representam a demanda por conhecimento e utilização desse conhecimento na produção de bens e serviços que ampliem o bem estar social" (STAL, 2006, p. 277).

(26)

O governo federal através do MCT (2006) objetivando a expansão, consolidação e integração do Sistema Nacional de CT&I, implementou políticas como PITCE e a PNCT&I. Esta política é conduzida pelo MCT, mas tem a participação direta, no âmbito do governo federal, de outros Ministérios e suas entidades como o MEC, MDIC, MS, MAPA, MME, MD e MIN.

As ações da PNCT&I são financiadas por recursos disponíveis no orçamento do MCT através da Administração Central do MCT, de entidades vinculadas e unidades de pesquisa, bem como das suas agências de fomento, (CNPq e Finep). O objetivo maior desta política definido pelo MCT é transformar ciência, tecnologia e inovação em instrumentos do desenvolvimento nacional, de forma soberana e sustentável. Seus objetivos gerais, sinteticamente, são:

Consolidar, aperfeiçoar e modernizar o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, expandindo a base científica e tecnológica nacional; criar um ambiente favorável à inovação no país, estimulando o setor empresarial a investir em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação; integrar todas as regiões ao esforço nacional de capacitação para Ciência,Tecnologia e Inovação; desenvolver uma base ampla de apoio e envolvimento da sociedade na PNCT&I; transformar C,T&I em elemento estratégico da política de desenvolvimento econômico e social do país. (MCT, 2006, p.27)

A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior — PITCE também é decisiva. Seu objetivo é ampliar a eficiência e a competitividade da empresa nacional e inseri-la internacionalmente, criando empregos e elevando a renda a partir da inovação. Caracterizada pelo MCT (2006) como uma política contemporânea voltada para o futuro, suas ações contemplam planos que tentam garantir linhas de ações horizontais em busca da inovação, inserção externa, modernização industrial e outras. Conforme ABDI (2006), a PITCE possibilitou a agilização e regulamentação de leis importantes para a inovação como a Lei de Inovação, Lei de e Lei do Bem.

A Lei da Inovação n° 10.973 de 02 de dezembro de 2004 permitiu o investimento público em empresas privadas e cria estímulos para que pesquisadores constituam empresa para desenvolver atividades relativas à inovação. É o que garante o MCT (2006) quando apresenta três vertentes, referente a esta lei, a seguir: constituição de ambiente propício às parcerias estratégicas

(27)

entre universidades, institutos tecnológicos e empresas; estímulo à participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação; incentivo à inovação empresarial. Esta Lei, conforme acima é a garantia que o governo visa aprimorar as parceiras entre os agentes de inovação de forma a estimular o desenvolvimento tecnológico do país.

A Lei do Bem n.° 11.196, de 21 de novembro de 2005 foi outro importante passo na direção de constituir um sistema de incentivos para atividades de P&D empresariais. Prevê benefícios fiscais para exportadores, vendedores de imóveis, compradores de microcomputadores, municípios produtores de leite, micro e pequenas empresas, entre outros, através deduções de Imposto de Renda de dispêndios efetuados em atividades de P&D que podem representar um valor de até o dobro do realizado pelas empresas (ABDI, 2006).

A Lei de Informática - n° 10.176, foi também responsável por incentivar a ampliação de gastos do setor privado em P&D, pois estabelece que as empresas devem aplicar um percentual do faturamento em atividades de P&D realizadas em conjunto com centros de pesquisa ou universidades para serem beneficiadas com incentivos fiscais. Segundo Galina (2003) a Lei contempla:

[...] a ampliação da produção local e desenvolvimento de nova linha de produtos;

ampliação e racionalização dos investimentos em P&D; ampliação dos investimentos em qualidade e produtividade; estabelecimento de parceiros e acordos de cooperação tecnológica com institutos de pesquisa e implantação de certificação IS09000 (GALINA, 2003, p. 135).

Apesar de todos os incentivos nacionais, segundo informações da PINTEC (2006), o gasto em P&D em relação ao PIB no Brasil está bem abaixo, demonstrando que em 2004 conforme tabela 1, esse percentual é de 0,92%, e os gastos do setor empresarial brasileiro foram na ordem de 0,38% do PIB enquanto que os EUA e o Japão em 2003 gastaram 1,64% e 2,34%

respectivamente. É importante também ser verificado através desta tabela, a quantidade de países com o setor privado gastando mais em P&D do que o setor público. Os destaques são para Alemanha, China, Coréia, Espanha, EUA, França, Israel e Japão, representando um grande avanço na participação mundial do setor privado podendo gerar estímulos para que outros países despertem para a importância da inovação e de suas atividades no contexto de competitividade mundial.

(28)

Tabela 1 - Dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), em relação ao produto interno bruto (PIB) em anos mais recentes disponíveis.

Países Anos Setor governo Setor empresarial

Alemanha 2003 0,79 1,69

Argentina 2003 0,28 0,11

Austrália 2002 0,72 0,75

Brasil 2004 0,54 0,38

Canadá 2004 0,67 0,88

China 2003 0,39 0,79

Cingapura 2003 0,89 1,1

Coréia 2003 0,63 1,96

Espanha 2003 0,44 0,53

EUA 2003 0,81 1,64

França 2002 0,87 1,18

Israel 2003 1,2 3,46

Itália 1991 0,61 0,54

Japão 2003 0,56 2,34

México 2001 0,23 0,12

Portugal 2001 0,52 0,27

Reino Unido 2003 0,59 0,83

Rússia 2003 0,77 0,4

Fonte(s):Organisation for Economic Co-operation and Development. Main Science and Technology Indicators, 2005/1 e Brasil: Sistema integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Extração especial realizada pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) e Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - 2000 e 2003.

No entanto apesar deste contexto já se verifica uma nova postura no país, com a introdução de programas de incentivos a parceria entre empresas e instituições científicas e tecnológicas, que buscam focalizar a relação entre demandas do setor produtivo por novas ou melhores tecnologias (em produtos, processos e serviços) com as ofertas de conhecimento científico construído por equipes especializadas. O caso mais importante é o do PADCT (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico), criado pelo Governo Brasileiro em 1984 como um instrumento complementar a política de fomento à Ciência e Tecnologia, que vigorou de 1985 a 1999.

O PADCT utilizou recursos de empréstimos do Banco Mundial (BIRD) e contrapartidas do Tesouro Nacional. Este programa introduziu caracteristicas novas como priorização de áreas para financiamento, seleção por editais e múltiplas agências de fomento. Em 1999, o PADCT, que já se encontrava em sua terceira versão, foi desativado, apesar de haver saldo nos recursos do empréstimo do BIRD e ter significado notáveis avanços em algumas áreas, como a química e a biotecnologia.

(29)

Outro programa lançado pelo MCT e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) em 2006 foi o Programa de Subvenção Econômica, que torna possível a aplicação de recursos públicos não-reembolsáveis diretamente nas empresas. Os recursos serão aplicados no custeio das atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico de produtos e processos inovadores nas empresas nacionais, com vistas a atender aos objetivos e às prioridades da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE (MCT, 2006).

Segundo o MCT (2006), a previsão de investimento da Finep para o periodo de 2007 a 2009 é de R$ 510 milhões neste novo programa. Do total deste recurso, R$ 300 milhões serão destinados às áreas estratégicas da PITCE, entre elas fármacos e medicamentos, software, microeletrônica e arranjos produtivos locais. Outros R$ 150 milhões irão para o PAPPE, operado pela Finep em parceria com agentes regionais, como fundações de amparo à pesquisa, secretarias de estado e bancos de desenvolvimento. Também serão apoiados projetos de TV digital, que seguirão o padrão japonês de modulação, mas terão tecnologia nacional. Os R$ 60 milhões restantes vão subvencionar a contratação de mestres e doutores pelas empresas.

Vale destacar como mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema nacional de C&T, os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, que além de ampliar o financiamento são responsáveis pela criação de um novo modelo de gestão, na participação de vários segmentos sociais. Segundo MCT (2006) os fundos setoriais representam a segurança de se ter fontes de recursos mais estáveis para o setor de C&T para financiar o desenvolvimento de setores estratégicos para o país.

Um dos mais importantes é o FNDCT — Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico considerado como o principal instrumento financeiro para as ações mais abrangentes do MCT no Sistema Nacional de CT&I. Os recursos para o FNDCT foram disponibilizados dos outros fundos por meio de ações transversais alinhadas com as prioridades do Governo. Desta forma os recursos deste fundo aumentaram de R$ 343 milhões em 2002 para R$ 628 milhões em 2004, atingindo em torno de R$ 800 milhões em 2005 (ABDI, 2006).

O ministro Sérgio Resende, afirmou que para 2007, o FNDCT por meio dos fundos setoriais, deverá operar um orçamento da ordem de R$ 1,43 bilhão. O valor está previsto em projeto de lei. Assim, através da Lei de Inovação e a Lei do Bem, o beneficio que antes era exclusivo para instituições científicas e tecnológicas será garantido para o setor empresarial.

(30)

Outra iniciativa vivenciada em anos recentes foi o desenvolvimento de estudos sobre TV Digital com o objetivo de subsidiar as decisões para implantação do SBTVD (MCT, 2006).

Juntamente com o FNDCT temos o FUNTELL - Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações. Apesar de estar incluído no orçamento do Ministério das Comunicações e não no FNDCT, este também objetiva a busca pela inovação tecnológica, porém na área de telecomunicações permitindo o acesso a recursos para o empresariado, como também a capacitação em tecnologia e pesquisa aplicada às telecomunicações (ANATEL, 2006).

Como prova disso, este Fundo forneceu em 2004, cerca de R$ 80 milhões para viabilizar a seleção e contratação de 22 consórcios de grupos de P&D, envolvendo 79 instituições e cerca de 1.200 pesquisadores. Os resultados foram apresentados no início deste ano e estão sendo utilizados não apenas para subsidiar as decisões sobre o SBTVD, como também para estimular empresas nacionais a se engajarem no processo de reconstrução da indústria nacional de eletrônica, aproveitando a janela de oportunidade aberta pela TV digital (MCT, 2006).

Outro papel fundamental é o das agências federais e estaduais de fomento como instrumento para desenvolver a pesquisa científica. Os recursos financeiros são canalizados por estas para as atividades de pesquisa de universidades e institutos localizados no Estado destinando uma pequena parcela embora crescente, para as empresas que fazem pesquisas tecnológicas sozinhas ou em parcerias com instituições públicas.

O financiamento estimula a concorrência entre as instituições orientando a competição entre si na busca de maior excelência e produtividade acadêmica e científica. Na orientação para melhor alocar os seus recursos, as agências trabalham com os sistemas de avaliação para melhor definir quem receberá os recursos. No plano nacional o sistema de fomento está quase todo concentrado nas agências federais, pois muito recentemente se consolidou uma rede de agências de fomento estaduais (MCT, 2006).

(31)

3.3 - Panorama das Inovações Brasileiras

O panorama atual das inovações brasileiras é o reflexo do esgotamento de investimento público verificado na chamada década perdida com os anos de 1980. Com um crescimento médio de apenas 2,4% ao ano entre 1995-2004, se verificou que a economia brasileira perdeu o dinamismo das décadas anteriores (STAL, 2006).

Enquanto isso as mudanças nos padrões de produção mundial e no comércio internacional integrou a economia mundial combinada com acelerado processo de inovação tecnológica. A insistência numa estratégia de desenvolvimento "orientado para dentro" deixou o país de fora da fase inicial desse processo, comprometendo a capacidade de competição da economia" (STAL, 2006, p.27).

Com o ritmo globalizado crescente caracterizado pela abertura de mercados e o acirramento da concorrência mundial, o país se sentiu pressionado a modificar o contexto acima.

Novas políticas foram geradas resultantes da preocupação mundial em prol da competitividade.

No entanto a existência de um comportamento ainda derivado da substituição de importações dificulta a identificação de novas formas de alcançar o desenvolvimento tecnológico.

A falta de pessoal qualificado, de informações sobre mercados, falta de cooperação com outras firmas e com as demais instituições do Sistema Nacional de Inovação, dentre outros acentuam os problemas pertinentes à inovação. No entanto Cassiolato e Lastres (1995), afirmam que a situação brasileira confronta-se atualmente com um quadro onde a dimensão, rapidez e complexidade das inovações tecnológicas e institucionais em curso, já avançado nas economias desenvolvidas mostram-se desafiadoras.

A terceira Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação ocorrida em Brasília, MCT (2006, p. 57), apresentou "inegáveis exemplos de sucesso de desenvolvimento tecnológico quando a área de C&T contou com recursos e oportunidades de engajamento". É o que comprovou a Petrobrás com a tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas; a Embraer com o projeto e a fabricação de aeronaves modernas; a Embrapa com a liderança mundial na pesquisa do agronegócio e o domínio do ciclo completo de produção de urânio enriquecido para alimentar as usinas nucleares de geração de energia.

Na área de telecomunicações, a definição de novas tecnologias abrange principalmente a telefonia celular. Segundo Galina (2003, p.92) "atualmente, três são as

(32)

tecnologias possíveis para o Serviço Móvel Celular (SMC) no Brasil: CDMA (Code Division Multiple Acess), TDMA (Time Division Multiple Acess) e GSM (Global System for Mobile Communications)".

A sociedade atual desperta para o valor estratégico da ciência e tecnologia, através da nova postura de muitas empresas, de variados setores em relação à necessidade de investimentos em inovação. É o que se verifica através da tabela 2 onde o setor empresarial demonstra um comportamento estável em relação ao investimento em C&T, apesar do percentual de investimento em C&T em relação ao PIB não ser satisfatório, pois o maior índice foi de 0,60%

em 2002 que corresponde a um total de investimentos de R$ 8.141,40 do setor privado.

Tabela 2 - Brasil: Comparações produto interno bruto (PIB) e investimentos em C&T, 2000- 2005.

(em milhões de R$ correntes)

2000 2001 2002 2003 2004 2005(1)

Produto Interno Bruto - PIB 1.101.255,10 1.198.736,00 1.346.028,00 1.556.182,00 1.766.621,00 1.937.598,30

TOTAL Investimentos em C&T 14.350,40 16.232,60 18.136,80 20.153,10 22.693,10 23.974,60

% em relação ao PIB 1,3 1,35 1,35 1,3 1,28 1,24

GOVERNO FEDERAL

Investimentos em C&T 5.795,40 6.276,00 6.522,10 7.392,50 8.688,20 9.570,30

% em relação ao PIB 0,53 0,52 0,48 0,48 0,49 0,5

GOVERNO ESTADUAL

Investimentos em C&T 2.855,80 3.287,10 3.473,30 3.705,70 3.894,60 4154,2

% em relação ao PIB 0,26 0,27 0,25 0,23 0,22 0,21

Sb 1 OK EMPKESAKIAL

Investimentos em C&T 5.699,10 6.669,50 8.141,40 9.054,80 10.110,40 10250,1

% em relação ao PIB 0,52 0,56 0,6 0,58 0,57 0,53

Fonte(s):PIB: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE); Governo Federal: Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi).

No Brasil as empresas gastam cerca de 50% do montante direcionado para P&D, na compra de máquinas e equipamentos. Na Espanha esse percentual é de apenas 41%. 0 percentual que nossas empresas gastam com projetos industriais, introdução de inovações e treinamento monta 23% do total. A conseqüência é simples, aqui, as atividades de pesquisa e desenvolvimento (internas ou contratadas com terceiros) são muito menos importantes: apenas 25% do esforço privado em nosso país são feito com esse tipo de atividade, contra 47% na Espanha. (PACHECO, 2003).

(33)

Os baixos níveis gastos privados em P&D e a falta de cooperação entre as instituições públicas de pesquisa e o setor produtivo dificultam a evolução do SNCT para um sistema nacional de inovação capaz de superar a atual fragilidade tecnológica.

No que se referem as patentes segue tabela demonstrando o aumento dos pedidos de patentes de invenção depositados por residentes demonstrando o reflexo positivo das mudanças realizadas no Sistema de Inovação Brasileiro, já que as patentes estão ligadas a pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental. No entanto se verifica como o Brasil está distante da fronteira tecnológica, pois enquanto os EUA registraram 189.536 pedidos de patente em 2004 o Brasil só registrou 287.

Tabela 3: Brasil: Pedidos de patentes de invenção depositados no escritório de marcas e patentes dos Estados Unidos da América - alguns países, 1980/2004

Países 1980 1990 2000 2004

EUA 62.098 90.643 164.795 189.536

Japão 12.951 34.113 52.891 64.812

Alemanha 9.669 11.261 17.715 19.824

Coréia 33 775 5.705 13.646

Canadá 1.969 3.511 6.809 8.202

Reino Unido 4.178 4.959 7.523 7.792

França 3.331 4.771 6.623 6.813

Austrália 517 811 1.800 3.000

Itália 1.501 2.093 2.704 2.997

Israel 253 608 2.509 2.693

China 7 111 469 1.655

Singapura 6 36 632 879

Espanha 142 289 549 696

Rússia ... 382 334

Brasil 53 88 220 287

México 77 76 190 179

Argentina 56 56 137 103

Chile 8 13 24 51

Fonte(s):United States Patente and Trademark Office (USPTO). Coordenação-Geral de Indicadores - ASCAV/SEXEC - Ministério da Ciência e Tecnologia.Atualizada em:19/7/2006

(34)

4. 0 SETOR DE TELECOMUNICAÇÕES BRASILEIRO E OS SEUS ASPECTOS INOVADORES E TECNOLÓGICOS.

4.1 — Contextualização histórica

O setor de telecomunicações brasileiro é caracterizado por uma trajetória de crescimento dinâmico através do seu desenvolvimento tecnológico e pelas mudanças organizacionais. Todavia, até o final da década de 1960, mostrava-se incipiente para ampliação e modernização de seus serviços que eram fornecidos por empresas nacionais e estrangeiras.

No final dos anos 70 e durante a década de 1980 cresceram os negócios da indústria de equipamentos e uma boa parte das máquinas e equipamentos elétricos e eletrônicos importados destinou-se ao setor de telefonia e de telecomunicações. Nesse período fortaleceram- se os fabricantes que vieram a dominar o setor na década seguinte, porém, as modificações no cenário político e a piora da situação econômico-social do país na mesma década reverteram o ritmo acelerado de desenvolvimento do setor (GALINA, 2003).

Um marco importante na busca de aprofundamento de um modelo nacional e independente para o setor foi a criação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) da Telebrás, no final da década de 70, visando reunir em um só lugar projetos de pesquisa e desenvolvimento de equipamentos e serviços para a infra-estrutura de telecomunicações do país.

O CPqD propiciou a geração de diversas tecnologias em fibras ópticas e em comutação, gerando conquistas notáveis como a criação de centrais telefônicas digitais, telefone público a cartão e numerosos avanços nas comunicações via satélite, na comunicação de dados e de software (TAKAHASHI, 2000).

Do ponto de vista internacional, também ao longo da década de 1980, iniciaram-se processos de liberalização nos países desenvolvidos, sendo privatizadas as principais operadoras estatais. Os países centrais desenvolveram acelerada digitalização de linhas e sistemas acompanhada do surgimento de novas tecnologias e produtos de comunicação, baseados em novas linguagens e protocolos. Em 1985 e 1986, foram lançados os satélites de comunicação brasileiros e em 1987 começou a ser estudada a implantação da telefonia móvel no país (TAKAHASHI, 2000).

(35)

A reestruturação mais recente ocorreu a partir de 1995, onde os principais fatores foram a quebra do monopólio estatal, as privatizações das empresas de telefonia, o programa de ampliação e recuperação do sistema de telecomunicações e a substituição do Código Brasileiro de Telecomunicações pela Lei Geral das Telecomunicações — LGT. (NOBRE, 2004).

4.2 — Lei Geral das Telecomunicações e a reestruturação do setor

A reestruturação do setor se concretizou a partir da aprovação da LGT, Lei n°

9472, em julho de 1997, conforme aponta Nobre (2004), contendo as diretrizes para a privatização do Sistema Telebrás. Iniciou-se assim a privatização do setor telefônico no Brasil sendo aprovados todos os processos referentes às operações de telecomunicações promovendo a abertura da chamada Banda B de telefonia celular ao setor privado, com a divisão do país em regiões.

Esta Lei dispunha basicamente sobre os princípios fundamentais que regem a exploração das telecomunicações no Brasil; criação, funcionamento e competência do órgão regulador; organização geral dos serviços de telecomunicações. Segundo Nobre (2004), são aspectos necessários para propiciar a livre, ampla e justa competição entre as empresas que exploram os serviços de telecomunicações, aplicando-se ao setor as normas gerais de proteção à ordem econômica, vedada à prática de atos, que possam prejudicar de qualquer forma, a livre concorrência e a livre iniciativa.

Assim privatizou-se em 29 de julho de 1998, o Sistema Telebrás, composto de empresas estatais federais de telecomunicações atuando em todo o Brasil, com a venda das ações de propriedade da União Federal. Como acionista majoritária, exercia o controle dessas empresas por intermédio do Poder Executivo. Os motivos para se reestruturar o Sistema Telebrás, segundo (ANATEL, 2006) foram:

a) Fundar empresas com portes significativos considerando o contexto internacional, com a viabilidade de se gerar recursos próprios e efetuar investimentos em todas as regiões;

b) Gerar novas alianças com empresas globais incorporadas no mercado interno;

c) Possibilitar a ação regulatória para garantir através da comparação entre as operadoras que atuam no mercado, o maior grau de eficiência.

(36)

A Telebrás privatizada foi reorganizada de acordo com Galina (2003), com a divisão em três grandes holdings de concessionárias de serviços locais de telefonia fixa, (Telesp, Tele Norte-Leste e a Tele Centro-Sul), uma operadora de longa distância, (Embratel), e oito operadoras de telefonia celular de Banda A.

Quando a privatização foi consolidada no setor passou-se a existir dois tipos de empresas: a) as originadas do processo de privatização da Telebrás e das anteriormente existentes e que são as novas concessionárias de serviço público; b) as operadoras com autorização para exploração de serviços, selecionadas em processo licitatório após a privatização, que não são concessionárias de serviço público.

Desta forma as grandes empresas internacionais foram atraidas pelas perspectivas de crescimento do mercado brasileiro e latino, pela capacitação tecnológica da mão-de-obra, menor custo para desenvolvimento local, autonomia das subsidiárias, incentivos fiscais, tipo de produto bem como os aspectos históricos (GALINA, 2003).

As empresas prestadoras de serviços de telefonia também foram incentivadas a vir após as alterações promovidas pela LGT, pelo rápido crescimento do mercado e pelo interesse das companhias transnacionais (TNCs) pelo país. Assim intensificaram-se a presença de empresas globais fabricantes de aparelhos de telecomunicações. Essas últimas são as que mais se enquadram no perfil de empresa traçado para este trabalho, uma vez que são, atualmente, as principais responsáveis pelo desenvolvimento tecnológico na cadeia produtiva.

Algumas das empresas fabricantes de aparelhos de telecomunicações montaram unidades no Brasil com a compra de empresas nacionais ou de parte delas. Enquanto algumas dessas aquisições foram responsáveis pela extinção do setor de P&D local, ou pela subutilização deles, outras fizeram com que unidades brasileiras fossem lideres mundiais em algumas tecnologias [...]. (GALINA, 2003, p. 84).

Os avanços mais importantes da privatização e reestruturação do setor foram segundo Galina (2003):

a) Abertura da telefonia celular e telefonia local à competição;

b) Atuação da Anatel no estabelecimento de requisitos fundamentais a privatização fiscalização do setor;

c) Reorganização do Sistema Telebrás;

(37)

d) Divisão do território brasileiro em áreas para telefonia fixa, telefonia celular e telefonia de longa distância;

e) Assinatura de contratos de concessão de serviços de telefonia e leilões de novas empresas.

O resultado pode ser vislumbrado a partir do Relatório Anual da Anatel de 2005, que registra o montante de investimento no setor de telecomunicações de R$ 15,2 bilhões em 2005 justificados pelo crescimento do mercado de telecomunicações com o faturamento da indústria eletroeletrônica brasileira em 2005 de R$ 92,8 bilhões superando 14% o realizado em 2004. Segundo Anatel (2006) este crescimento deve-se ao desempenho da indústria de telecomunicações, devido ao crescimento da telefonia móvel com a chegada de novos fabricantes e a concorrência das operadoras impulsionando o consumo de telefones celulares.

4.3 — Agência Nacional de Telecomunicações - Anatel

A Agência Nacional de Telecomunicações — ANATEL criada em 1997 para exercer o papel do Estado juntamente com o Ministério das Comunicações - MC, assegurou a implantação do novo modelo das telecomunicações pós-privatização com poderes de outorga, regulamentação e fiscalização. Sua missão é "promover o desenvolvimento das telecomunicações do país de modo a dotá-lo de uma moderna e eficiente infra-estrutura de telecomunicações, capaz de oferecer a sociedade serviços adequados, diversificados e a preços justos, em todo o território nacional." (GALINA, 2003, p.80).

É o órgão que realiza assessoria ao MC, como também atividades relacionadas com a proteção do consumidor. Este ministério é encarregado de elaborar e fazer cumprir as políticas públicas do que abrange três áreas: radiodifusão, serviços postais e telecomunicações.

Dentre todas as atribuições desta agência as que mais de destacam são a implementação da política nacional de telecomunicações, administração do espectro de radiofreqüência, o uso de órbitas, estabelecimento de estrutura tarifária de cada modalidade de serviços prestados em regime público e defesa e proteção dos direitos dos usuários (GALINA, 2003).

Como órgão regulador governamental, de acordo com Nobre (2004), estabelece padrões para as operadoras de rede interferindo diretamente nos produtos fabricados pelos fornecedores, influenciando a dinâmica da cadeia produtiva do setor em função da tecnologia

Referências

Outline

Documentos relacionados

c.4) Não ocorrerá o cancelamento do contrato de seguro cujo prêmio tenha sido pago a vista, mediante financiamento obtido junto a instituições financeiras, no

Os autores relatam a primeira ocorrência de Lymnaea columella (Say, 1817) no Estado de Goiás, ressaltando a importância da espécie como hospedeiro intermediário de vários parasitos

Movimentos Políticos Pan-Europeus: os movimentos escolhem também os candidatos principais para mobilizar o eleitorado e organizam a estratégia de campanha em diferentes níveis:

Você está sendo convidado a participar da pesquisa: Um modelo alternativo de gestão do Programa Nacional de Alimentação Escolar no IFSP segundo a Teoria do

Para disciplinar o processo de desenvolvimento, a Engenharia de Usabilidade, também conceituada e descrita neste capítulo, descreve os métodos estruturados, a

Isso significa que Lima Barreto propõe a ressignificação do olhar lançado sobre o futebol, deixando transparecer sua crítica às ten- tativas de padronização cultural e

A Lei nº 2/2007 de 15 de janeiro, na alínea c) do Artigo 10º e Artigo 15º consagram que constitui receita do Município o produto da cobrança das taxas

Instrução: As questões de números 01 a 04 referem-se ao Texto 1 abaixo. Os destaques ao longo do texto estão citados nas questões. A história envolvendo a jovem começou a se