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01/09/2015 OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Rosemeri Reinehr JurisWay

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 Sala dos Doutrinadores ­ Monografias

Autoria:

Rosemeri Reinehr

Brasileira, Catarinense, Advogada Residente nos EUA, Consultora nas línguas:Português, Inglês, Espanhol e Italiano; formada em Direito pela PUC­GO; MBA pela Capella University­EUA; Pós­Graduada pela UGF/RJ em:Direito Adm.,Const.,Civil e Proc.Civil.

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OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NORTEADORES DA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

os  princípios  constitucionais  que  norteiam  a Administração  Públicao:  Legalidade,  Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência

Texto enviado ao JurisWay em 28/03/2013.

 Indique aos amigos

   

OS  PRINCÍPIOS  CONSTITUCIONAIS  NORTEADORES  DA  ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

 

Goiânia­GO, Abril/2013.

         

RESUMO  

   

Considerando  que  a  constituição  federal  é  a  lei  matriz,  a  lei  máxima,  então  o  direito constitucional,  recebe  o  destaque  da  matéria  principal  do  Direito  Público,  que  tem  por escopo  dar  direção  às  leis  infraconstitucionais  e  reger  o  estado.  Servindo  como  fundamento do  ordenamento jurídico  e para que assim aconteça, esse direito se ampara nos princípios constitucionais que servem como guia  ao sistema jurídico nacional, pois todos  os  ramos  do  direito  e  da  administração  pública  neles  se  orientam    e  a  eles obedecem,  mesmo  eles  não  sendo  lei,  deverão  ser  respeitados  e  obedecidos  já  que trazem  como  sua    finalidade  última,  o  bem  estar  e  os  interesses  coletivos  gerais  da população.  É  por  meio  deles  que  se  resolvem  e  se  harmonizam  as  relações  jurídicas, justamente  por  serem  nos  princípios  constitucionais  que  os  aplicadores  do  direito  se amparam pois eles são a luz que orientam e guiam o estado para que sempre prevaleça o  interesse  público,  sem  contanto  ferir  de  morte  os  direitos  humanos  fundamentais garantidos pela Carta Magna. Por causa dessa  vital  importância  dos  princípios  para  o direito  constitucional  bem  como  para  todo  o  sistema  jurídico  nacional,  este  trabalho abordará  os  Princípios  Constitucionais  Norteadores  da  Administração  Pública,  os  quais também são considerados os princípios gerais de direito, pois toda administração pública, direta ou indireta, bem como todos os ramos do direito deverão se basear e segui­los.

Eles  estão  contidos  no  artigo  37  Caput  da  Constituição  Federal  de  1988,  que  são  os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência e servem de bússola para esse imenso navio carregado de milhões de pessoas, chamado Brasil.

 

Palavras­chave:  Princípios.  Norteadores.  Direito.  Constitucional.

Administração. Pública.

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ABSTRACT: Considering  that  the  federal  constitution  is  the  law  matrix,  the  supreme law,then  the  constitutional  right,  receives  the  main  emphasis  of  the  subject  of  public law,which  seeks  to  give  direction  under  the  Constitution  and  the  laws  governing  the state,serving  as  the  foundation  of  the  legal  system  and  that  this  happens,this  right sustains the constitutional principles that guide the national legal system as all branches of law and public administration orient themselvesin the principles andobeythem,because even if they are not law, should be  respected  and  obeyed  because  they  have  as  their ultimate goal,welfare and collective iteresses of the general population, it is thru them that resolve and harmonize the  legal  relationships,being on  the  constitutional  principles  that are the executors of the law are founded because they are the light that provide guidance and steer the state so that the public interest always prevails,as long as without hurting of the death the fundamental human rights guaranteed by the Constitution.Precisely because of the vital importance  of  the  principles for constitutional law as  well  as  all  the  national legal  system,this  work  will  discuss  the  Constitutional  Guiding  Principles  of  Public Administrationthat  are  also  considered  the  general  principles  of  law,  for  all  public administration, direct or indirectas well as all branches of law should rely and follow. They are  contained  in  Article  37  Caput  of  the  Federal  Constitution  of  1988,which  are  the principle  of  legality,  impersonality,  Publicity  and  Efficiency,because  they  serve  as  a compass  to  guide  and  steer  this  huge  ship  that  carries  millions  of  people  in  it,  called Brazil.

     

KEY  WORDS:  GUIDING.  PRINCIPLES.  CONSTITUTIONAL.  LAW.  PUBLIC.

ADMINISTRATION.

     

SUMÁRIO  

   

1 INTRODUÇÃO...  

   

2 FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA...  

2.1 Conceito geral de princípio...  

2.2 Princípios constitucionais fundamentais...  

2.3 Colisão dos direitos fundamentais...  

2.3.1 Colisão entre princípios e colisão entre regras jurídicas...  

2.3.2 Ponderação e proporcionalidade...  

2.3.3 Sopesamento entre direitos individuais e entre direitos coletivos...  

2.4 Princípios fundamentais implícitos e explícitos no art. 5º. §2º da C.F...  

2.4.1 Ramificação dos princípios...  

2.5 Surgimento dos princípios em alguns países...  

2.5.1 Due Process of Law no direito comparado………...  

2.5.2 O devido processo legal na Constituição Federal de 1988...  

2.5.3  Due process of law e as medidas de freios e contrapesos...

2.5.4 A Declaração universal dos direitos humanos (The Bill of Rights) e a Convenção americana de direitos humanos……….

2.5.5  Tutela da vida, da propriedade e da liberdade...

 

   

3 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA...  

 

3.1 PRINCÍPIO DA LEGALIDADE...

  3.1.1 Princípio da Legalidade e suas origens...  

3.1.2 Princípio da Reserva Legal...  

3.1.3 O princípio da estrita legalidade para a administração pública...  

3.1.3.1 A não vinculação dos particulares...  

3.1.3.2 A vinculação da administração pública...  

3.1.4 Legalidade no Direito Penal...  

3.1.5 Legalidade no Direito Tributário...  

3.1.5.1 A estrita legalidade nas normas tributárias...  

3.1.6 Restrições ao princípio da Legalidade...  

   

3.2 PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE...  

3.2.1 Conceito de Impessoalidade...  

3.2.2 Fundamentos do princípio da Impessoalidade...  

3.2.3 Faute du Service...  

3.2.4 Impessoalidade, imparcialidade e igualdade...  

(3)

3.3 PRINCÍPIO DA MORALIDADE...  

3.3.1 Definição de Moral...  

3.3.2 Controle da moralidade administrativa...  

3.3.3 Meio de controle pelo judiciário da moralidade administrativa...  

3.3.4 Súmula Vinculante nº 13………..

3.3.4.1 Processo de produção a edição de súmula vinculante...

  3.3.5 Moralidade e nepotismo...  

3.3.6 Nepotismo cruzado...  

3.3.7 Espécies de desvio de poder...  

3.3.8 Lei da Ficha Limpa (135/2010) ...  

3.3.8.1 Processo para a criação de uma lei...  

3.3.8.2 Iniciativa de lei ...  

3.3.8.3 Lei de iniciativa Popular...  

 

3.4 PRINCÍPIO DAPUBLICIDADE...

3.4.1 Conceito...

 

3.4.2 Exceções ao princípio da publicidade...  

3.4.3 Garantias contra a negativa de oferecimento de informações pelo Poder público...  

3.4.3.1 Lei da Transparência nº 12.527/11………...

 

3.5 PRINCÍPIO DA EFICIÊNCIA...

 

3.5.1 Conceito...  

3.5.2 Nova redação do artigo 37 da CF/88...  

3.5.3 Previsão constitucional...  

3.5.4 A exigência da eficiência na Administração Pública...  

3.5.5 Formas de controle...  

   

4 OUTROS PRINCÍPIOS NORTEADORES DO DIREITO CONSTITUCIONAL....  

4.1 Outros princípios implícitos na Constituição Federal...  

4.1.1 O princípio da segurança jurídica ou da estabilidade das relações jurídicas   4.1.2 O princípio da supremacia do interesse público...  

4.1.3 O princípio da supremacia constitucional...  

4.1.4 O princípio da unidade da constituição...  

4.1.5 Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade...  

4.1.5.1 Razoabilidade...  

4.1.5.2 Proporcionalidade...  

4.1.5.3 Inseparabilidade da razoabilidade e proporcionalidade...  

   

CONCLUSÃO...  

   

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...  

     

1 INTRODUÇÃO  

   

Dia após dia, cresce a preocupação e o interesse dos aplicadores do direito, em empregarem  os  princípios  constitucionais  em  todos  os  ramos  do  direito  e  na administração pública. Mesmo os princípios não sendo lei, para que prevaleça o estado democrático de direito, eles deverão ser respeitados e obedecidos.

 

Não  encontramos  nenhuma  divergência  doutrinária  no  que  tange  ao  Direito Constitucional  ser a principal matéria do Direito Público Brasileiro, que para Silva, (1999, p.1),  esse  direito  “sistematiza  e  interpreta  os  princípios  e  as  normas  fundamentais  do Estado,  pois  ele  é  uma  ciência  positiva  das  constituições,  e  a  constituição  em  seu conteúdo científico, abrange várias áreas do direito.”

 

Desta  forma  a  constituição  federal  seja  como  direito  constitucional  geral, comparado  ou  positivo,  estuda  os  princípios.  A  constituição  federal  é  a  lei  suprema  do nosso país e, portanto deve ser seguida, e o seu desrespeito constitui ofensa ao estado democrático, pois ela é a base que se apoia todo o sistema jurídico nacional em todas as

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relações jurídicas.

 

Assim  sendo,  a  Constituição  federal  trouxe  os  princípios  fundamentais  a  que deverá obedecer, toda a administração pública, seja ela administração direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União (Executivo, legislativo ou Judiciário),  de qualquer um dos  entes  da  unidade  federativa  (Estados,  Distrito  Federal  e  Municípios)  e  esses princípios são o da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

 

Todavia devemos advertir que esses princípios só foram incluídos na Constituição Federal de 1988, quando da reforma administrativa, a fim de organizar a administração pública,  sendo  que  o  princípio  da  eficiência  só  veio  a  fazer  parte    desse  rol  com  a Emenda  Constitucional  de  1998,  ou  seja,  somente  dez  anos  após  a  reforma  administrativa é que se observou que o serviço público também deveria ser eficiente.

 

Devido  à  tamanha  importância  a  respeito  do  assunto,  escolhemos  os  princípios como tema do nosso trabalho. Por isso faremos uma breve abordagem sobre cada um dos cinco princípios contidos no rol do artigo 37 da Constituição Federal bem como de outros princípios não menos importantes para o direito constitucional  e também  para a administração  pública,  pois  são  eles  os  princípios,  a  diretriz,  o  firmamento  e  a  luz  que guiam todo o ordenamento jurídico.

 

Desta  forma,  na  primeira  parte  do  meu  trabalho,  farei  uma  abordagem  sobre  os princípios gerais para toda a administração pública dando ênfase ao artigo 37 da CF/88, que trouxe os princípios da legalidade, que diz quenão há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem prévia cominação legal.

 

Aos particulares é permitido fazer tudo o que a lei não proíbe e à administração pública  só  é  permitido  fazer  o  que  a  lei  permite;  a  impessoalidade  afirma  que  a administração  pública  não  pode  ter  a  qualidade  de  própria,  nem  particular,  não  dar tratamento  personalíssimo  aos  seus  próprios  atos  e  sim  ao  interesse  do  bem  comum, sendo que os seus atos precisam ser impessoais, não podendo trazer a marca pessoal de ninguém, e ser do interesse da coletividade.

 

A moralidade reforça que os atos da administração precisam ser morais, ou seja, baseados  na  probidade,  boa­fé  e  confiança  e,  é  pela  moralidade,  que  a  Administração Pública  faz  o  controle  dos  seus  próprios  atos,  que  é  o  pressuposto  da  validade;

Publicidade,  que  diz  que  todos  os  atos  da  administração  pública  têm  que  ser obrigatoriamente  públicos,  ressalvados  os  atos  referente  à  intimidade  das  pessoas  e aqueles  que  contenham  segredo  de  estado;  eficiência,  que  seria  onão  se  esbanjar  do bem  público,  utilizando­os  de  forma  e  qualidade  condizentes  com  o  serviço  a  ser prestado, primando pela qualidade, mas sem desperdícios.

 

Na segunda parte desse trabalho, abordarei sobre os Outros Princípios Implícitos no Artigo 37 da Constituição Federal, orientadores da administração pública, explicando sobre  os  princípios  da  segurança  jurídica  ou  o  princípio  da  estabilidade  das  relações jurídicas; da supremacia interesse público; da supremacia constitucional; da unidade da constituição; da razoabilidade e da  proporcionalidade e o princípio da segurança jurídica ou da estabilidade das relações jurídicas.

 

O objetivo principal da minha pesquisa foi de estudar e relacionar os princípios que servem  de  base  para  toda  a  administração  pública,  pois  sem  eles  não  poderá  se sustentar  o  estado  do  direito  pós­moderno,  considerando  que  eles  são  o  sustentáculo onde  se  apoia  toda  a  estrutura  do  sistema  jurídico  nacional,  pois  os  princípios  são  o resultado  da  revolução  da  sociedade  (Legalidade,  lgualdade  e  Fraternidade)  e  da transformação da história no mundo jurídico.

(5)

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA  

   

2.1 Conceito geral de princípio  

   

Princípio  vem  do  latim principium  e  tem  significado  variado,  este  pode  ser entendido como o começo de tudo, é o nascedouro das coisas e dos seres, é o que vem antes, início, origem, ponto de partida, regra a seguir, La Norma Primaria.

 

Por  outro  lado,  quando  se  fala  em  princípio  no  Direito,  ou  seja,  como  norma jurídica, este tem a finalidade de organizar o sistema, agindo como liame, como ligação do  conhecimento  jurídico,  com  a  finalidade  de  atingir  os  fins  desejados.  Desta  forma também são normas jurídicas só que com hierarquia superior, e escritas anteriormente as normas comuns, e estas normas são subordinadas aos princípios.

 

As normas servem como a base axiológica que estruturam todo o conhecimento jurídico e para esse sistema, se princípio não for norma, não terá nenhuma relação com o direito, e segundo Plácido e Silva (1991, p. 447):

 

   

Princípios significam normas elementares ou  requisitos primários instituídos como  base  que  mostram  o  conjunto  de  regras  ou  preceitos  que  se  fixaram  para servir de norma a toda espécie de ação jurídica, traçando, assim, a conduta a ser tida em qualquer operação jurídica.

 

O  princípio  é  norma  de  conduta  inabalável,  deverá  ser  aplicado  quando  houver uma  norma  positiva  específica,  pois  em  caso  contrário  caracterizaria  uma  ofensa  ao Estado de direito. Desta forma o princípio saiu do abstrato para o concreto, haja vista que este independe de norma infraconstitucional para a sua aplicação.

 

A  Constituição  Federal  do  Brasil  de  1988  em  seu  artigo  37  trouxe  os  vários princípios que deverão ser seguidos pela administração pública, sendo a moralidade, a impessoalidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência (acrescentado pela EC 19/98).

Esses princípios norteiam todos os atos do administrador público, que não poderá deles se  afastar  sob  pena  de  desvio  do  interesse  público  em  favor  de  terceiros.  Para  Mello (2008. p. 943):

 

   

Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer.

A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência  contra  todo  o  sistema,  subversão  de  seus  valores  fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra.

Isto  porque,  com  ofendê­lo,  abatem­se  as  vigas  que  o  sustêm  e  alui­se  toda estrutura nelas esforçada.

 

   

(6)

Os  princípios  devem  ser  respeitados  e  a  falta  de  observância  a  esses  constitui uma  ilegalidade  inconstitucional,  pois  quando  isso  acontece  abala­se  todo  o  sistema jurídico.

     

2.2 Princípios constitucionais fundamentais   

   

Com  o  passar  da  história  do  direito  no  mundo,  os  princípios  constitucionais fundamentais  sofreram  grandes  mudanças  e  foram  grandemente  questionados  sobre  o que  seriam  os  princípios,  se  seriam  eles  dotados  de  normatividade,  se  seriam  eles regras, e qual seriam as funções destes princípios.

 

Na época do jusnaturalismo, os jusnaturalistas defendiam uma tese, ora superada, onde para eles, os princípios eram conjuntos de verdades objetivas provenientes da lei dos homens e da lei de Deus. Assim para eles, a fonte dos princípios seriam as normas, e eles não consideravam o princípio como norma. Igualmente, os princípios são normas gerais de aplicação imediata, sendo ele a base do sistema jurídico. É o que nos conta Oliveira (2010, p.11):

     

      Os  princípios  são  verdades  jurídicas  universais,  e,  assim  sendo,  são consideradas  normas  primárias,  pois  são  o  fundamento  da  ordem  jurídica, enquanto que as normas que dele derivam possuem caráter secundário. Ainda, os princípios são normas que, por possuírem alto grau de generalidade se diferem das regras, que também são normas, mas não têm nível elevado de generalidade.

 

   

As regras e os princípios, de certa forma, são uma subdivisão das normas. Mas os princípios possuem um grau de abstração mais alto do que as regras. No início, os princípios eram gerais quando se comparavam com o direito, depois de sua evolução e com  o  surgimento  da  ideia  de  Estado  de  Direito  e  sobre  tudo,  com  o  surgimento da  primeira  Constituição  em  sentido  formal  escrita,  os  princípios  se  consolidaram ganhando um constitutional status, e a partir deste ponto as suas normas passaram a ser consideradas  supremas  e  outras  normas  que  surgiram  foram  derivadas  a  partir  dos princípios.

 

Segundo ponto de vista de José Afonso da Silva (2002), normas jurídicas podem ser  divididas  de  duas  formas:  Os  princípios  políticos  constitucionais  e  os  princípios jurídicos constitucionais. Os princípios políticos constitucionais são os que se tratam das decisões  políticas  fundamentais,  ou  seja,  as  normas  ou  princípios  ao  qual  se fundamentam  e  se  derivam  as  demais  normas  particulares  e  se  encontram  na Constituição Federal de 1988, do artigo primeiro ao quarto.

 

Já os princípios jurídicos constitucionais, são os princípios gerais encontrados no ordenamento  jurídico  (ex.  princípio  da  supremaciaconstitucional,  princípio  da  liberdade, etc.). Eles são os princípios fundamentais que visam definir as características ao Estado e  a  sociedade  política,  enumerando  os  principais  órgãos  político­constitucionais.  Eles, podemos dizer que são um resumo das normas constitucionais.

 

(7)

Silva (2002) ainda salienta que na Constituição Federal de 1988, esses princípios se  resumiriam  em  Princípios  relativos  à  existência,  forma,  estrutura  e  tipo  de  Estado;

Princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes; Princípios relativos à organização da sociedade; Princípios relativos ao regime político; Princípios relativos à prestação positiva do Estado; Princípios relativos à comunidade internacional.

 

Haja  vista  ser  justamente  o  Direito  Constitucional  quem  define  as  normas elementares ou  seja os princípios, os requisitos primários que servem de norma a toda espécie  de  ação  jurídica,  a  qual  a  administração  pública  deverá  seguir,  desta  forma, mister se faz trazermos neste trabalho o conceito de constituição que para Silva (2001), nada mais é que o direito público fundamental. A norma fundamental que é a base da organização  do  Estado  e  que  são  fundamentais  aos  seres  humanos  e  ao  estado Democrático de direito.

 

Quer  dizer  que  todo  Estado  democrático  tem  uma  constituição  que,  sendo  a  lei básica,  organizará,  a  partir  dos  direitos  fundamentais,  a  própria  constituição  em consonância com as normas jurídicas e as normas costumeiras.

     

2.3 Colisão dos direitos fundamentais  

   

No  que  tange  a  Colisão  dos  direitos  fundamentais,  devemos  trazer  em  pauta, Robert Alexy (2011), que se tornou bastante citado e conhecido no direito constitucional, por causa da sua teoria da colisão dos princípios fundamentais nas relações jurídicas. Na sua  teoria,  Alexy,  não  procurou  igualar  os  direitos  fundamentais,  mas  sim,  encontrar novos  dogmas  e  princípios  contidos  tanto  nos  códigos,  como  na  Jurisprudência  dos tribunais superiores, pois para esse autor, onde existissem direitos fundamentais poderia haver colisão entre eles, exatamente por não se saber quais seriam os titulares desses direitos, à sua restrição, e qual o tipo e intensidade de controle deveriam ser exercidos sobre o assunto.

     

2.3.1 Colisão entre os princípios e colisão entre as regras jurídicas  

   

Para  Alexy  (1988),  a  colisão  entre  regras  jurídicas  são  aplicadas  por  subsunção (que é a possibilidade de distinção entre o fato que seria a premissa menor, e o direito, que seria a premissa maior), e a colisão entre princípios são aplicados por ponderação (que  é  um  tipo  de  procedimento  que  em  determinado  caso  concreto,  envolve  o sopesamento dos princípios em colisão).

 

No caso de colisão entre os princípios (ALEXY, 2011), o problema será resolvido pelo sopesamento entre eles, sendo que um princípio deve ceder espaço ao outro, que seria  considerado  mais  importante  em  determinado  caso  concreto.  Nesse  caso,  o princípio que prevalecer, não poderá ferir de morte o outro princípio envolvido, pois ele não deixará existir no ordenamento jurídico ou de gerar seus efeitos jurídicos.

 

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Isso quer dizer que a colisão entre eles será resolvida por sopesamento (um cede espaço a outro por ser considerado mais importante, mais pesado naquele determinado caso), pois os princípios são todos importantes, não existindo hierarquia ou supremacia entre eles, em cada caso será aplicado um princípio que tenha mais peso, mas isso não quer  dizer  que  o  outro  princípio  envolvido  será  excluído  do  sistema  jurídico,  ambos continuarão válidos, só que um terá mais peso do que o outro naquele determinado caso.

 

Todavia, como a ponderação não é um simples juízo intuitivo, para que o operador do  direito  faça  esse  sopesamento  entre  os  princípios  envolvidos,  ele  deverá  seguir  e obedecer  a  determinadas  etapas  e  critérios  que  envolvem  uma  comparação  das alternativas  que  ele  tem  para  cada  caso  concreto,  a  fim  de  chegar  à  decisão  final.  E quanto a essas etapas ou critério, Coelho (2011, p.1), se refere a elas como sendo três juízos:

 

1.    De adequação – nesta etapa serão avaliadas as alternativas para ver qual princípio melhor se encaixa ao caso envolvido;

 

2.    De necessidade – se verificará se as alternativas existentes são necessárias para aquele caso, mas, portanto sem sacrificar mortalmente outro princípio envolvido;

 

3.       De  proporcionalidade  em  sentido  estrito  –  que  é  a  prevalência  de  um  princípio

sobre outro princípio em determinado caso. 

     

Por outro lado, o contrário acontece com as regra jurídicas, que no caso de sua incompatibilização, a solução para o problema seria a exclusão de uma das regras em colisão,  pois  a  norma  ordena  que  seja  aplicada  uma  regra  em  determinado  caso,  e somente aquela regra é que deverá ser aplicada, não cabendo outra em seu lugar, pois seria  ela,  a  condição  necessária  e  suficiente  para  a  validade  daquele  caso,  e  esse processo,  recebe  o  nome  de  subsunção  do  caso  à  regra  de  direito.  Assim,  as  regras fixam antecipadamente o fato que conta como condição necessária e suficiente para sua aplicação,  e  já  fixam  com  antecipação  a  decisão  que  o  aplicador  deverá  dar  ao  caso concreto (ALEXY, 2011).

 

Tem­se finalmente, que as normas e as regras jurídicas poderão ser cumpridas ou mesmo, descumpridas, e no segundo caso, aquele que as desobedecer, pagará pela sua desobediência.    Já  no  que  tange  aos  princípios,  como  normas  que  ordenam  todo  o sistema jurídico, eles deverão ser obedecidos para que não se caracterize uma afronta ao estado democrático de direito.

     

2.3.2 Ponderação e proporcionalidade  

   

Para Pimenta (2007), a ponderação tem que levar em conta a proporcionalidade, ou  seja  a  intensidade  e  a  importância  na  intervenção  de  um  determinado  direito fundamental,  levando­se  em  conta  que  quanto  maior  for  a  intervenção  desse  direito, também  os  fundamentos  para  que  ela  ocorra,  deverão  ser  maiores,  para  que  essa intervenção possa ser justificada. Desta forma  deverá existir uma certa racionalidade na

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escolha de um determinado princípio, observando­se a sua importância e a consequência do choque entre os princípios envolvidos.

 

A  ponderação  deverá  se  dar    de  três  modos:  primeiramente  deverá  haver  uma definição quanto a intensidade da intervenção. Em segundo plano, deverá se verificaro grau  de  importância  dos  direitos  fundamentais  que  justifiquem  tal  intervenção.  E, finalmente,  deverá  ocorrer  a  ponderação  dos  princípios,  para  ver  se  é  de  fundamental importância, a satisfação de um direito fundamental, em detrimento do outro envolvido.

     

2.3.3 Sopesamento entre direitos individuais e entre direitos coletivos  

   

Pimenta (2007, p.3), dizque a colisão de direitos fundamentais poderá ocorrer de duas formas:

 

1.       Forma estrita ­ ocorre quando as colisões acontecerem somente no campo dos

princípios dos direitos humanos fundamentais, por exemplo, o direito fundamental de um sujeito se colide com o direito fundamental de outro sujeito (ex. liberdade de opinião versus a liberdade de  imprensa).

 

2.       Forma  ampla  ­  aqui  seria  a  colisão  entre  direitos  fundamentais  individuais  e

interesses fundamentais coletivos.

     

Devemos  observar,  entretanto,  que  no  caso  de  colisão  entre  direitos  individuais (forma estrita), e direitos fundamentais coletivos (forma ampla), deverá ser sopesado o mais  importante,  e  geralmente  prevalecerão  os  direitos  coletivos,  que  são  muito  mais abrangentes que somente os direitos individuais.

 

2.4  Princípios  fundamentais  implícitos  e  explícitos  no  art.  5º.  §2º  da  Constituição Federal

 

O parágrafo 2° do artigo 5º da Constituição Federal (cláusula de abertura)  faz  a introdução  aos  direitos  humanos  fundamentais,  como  vida,  liberdade,  igualdade, segurança, propriedade, etc,  que  é  somente  um  rol  exemplificativo  e  não  taxativo,  que poderão  estar  explícitos  ou  implícitos  na  Constituição,  onde  afirma  que  “os  direitos  e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios  por  ela  adotados,  ou  dos  tratados  internacionais  em  que  a  República Federativa do Brasil seja parte”, e a adesão a esses tratados vem reforçada no artigo 5º.

Parágrafo  3º,  quando  diz  que  os  tratados  e  convenções  internacionais  que  tratem  a respeito  de  direitos  humanos  fundamentais  depois  da    aprovação  pelo  Congresso Nacional, valerão como emendas constitucionais.

 

Silva (2003) traz a classificação dos direitos humanos que têm caráter de direitos fundamentais,  dependendo  do  regime  adotado,  onde  uns  são  expressos  na  nossa Constituição Federal, outros implícitos e os que decorrem de tratados internacionais, da seguinte forma. 

 

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         Os direitos individuais expressos na CF ­ são os que vêm descritos no art. 5º;

 

         Os direitos individuais implícitos são os que se apresentam de forma implícita nos

incisos da CF, que seriam o desdobrar de cada princípio explícito do artigo 5º. Da CF;

 

         Os direitos individuais decorrentes dos tratados internacionais em que o Brasil é

signatário.

     

2.4.1 Ramificação dos princípios  

   

Dos  princípios  expressos  na  Constituição  Federal,  em  especial  os  contidos  no artigo  5º.  Parágrafo  2º.,  deles  decorrem  outras  ramificações  de  princípios    como  por exemplo  o  princípio  da  dignidade  da  pessoa  humana  em  que  dele  se  ramifica  outro princípio, o da  proibição  de  experiências  genéticas  degradantes  com  o  ser  humano,  e, mesmo  se  o  princípio  não  vier  expresso  na  carta  magna,  nem  por  isso  ele  será desprovido de normatividade.

 

Pois são eles que servem de ponderação na hora de se aplicar a lei aos princípios conflitantes, tendo como finalidade dar primazia aos interesses constitucionais que sejam mais  importantes  e  fundamentais,  sendo  que  esses  direitos  fundamentais  não  são apenas  os  direitos  e    as  garantias  individuais,  mas,  abrangem    também,  os  direitos  e garantias sociais (direitos políticos, direitos à nacionalidade, etc).

 

O Princípio da igualdade, por exemplo, se ramifica para princípio da igualdade de oportunidades, igualdade de sexos, igualdade de capacidades, etc. Todos os princípios contidos  na  Constituição  são  meramente  rol  exemplificativo,  pois  de  cada  um  deles, poderão surgir outros princípios, pois é justamente essas ramificações dos princípios que dão vida, existência e corpo aos demais ramos do direito.

 

O  Direito  Constitucional  existe  para  que  os  outros  ramos  do  direito  possam  se embasar  e  se  fortalecer  nos  princípios  de  ordem  geral,  tornando  a  vida  em  sociedade possível, tendo em mente que sempre prevalecerá o princípio do interesse coletivo sobre o interesse individual, que é um dos pilares que sustentam o Direito Constitucional e todo o  estado  democrático  de  direito,  e  a  finalidade  primordial  dessa  cláusula  de  abertura material do artigo 5º. Parágrafo 2º. da constituição foi de dar proteção aos princípios e  direitos  fundamentais  expresso  ou  não,  naquele  rol  e  também  aos  provenientes  de tratados e acordos internacionais firmados pelo Brasil.

     

2.5.Surgimento dos princípios em alguns países  

   

Com  a  primeira  Constituição  formal  nos  Estados  Unidos  da  América,  com  ela

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