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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES. Possíveis soluções: ao sal resposta de Cristo: lança-lo fora como inútil, pisado por todos

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Academic year: 2022

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SERMÃO DE SANTO ANTÓNIO AOS PEIXES

CAPÍTULO I:

 EXÓRDIO [introdução do sermão; dá a conhecer a matéria que vai ser tratada]

 CONCEITO PREDICÁVEL [frase bíblica a partir da qual se desenvolve o raciocínio]: “Vós sois o sal da Terra”

O sal evita a corrupção, mas a terra está corrompida

Ou o sal não salga → pregadores

 não pregam a verdadeira doutrina

 dizem uma coisa e fazem outra

 pregam-se a si mesmos e não a Cristo

Ou a terra não se deixa salgar → ouvintes

 não querem receber a verdadeira doutrina

 imitam o que os pregadores fazem e não o que eles dizem

 servem os seus apetites e não os de Cristo.

Possíveis soluções:

ao sal → resposta de Cristo: lança-lo fora como inútil, pisado por todos

à terra → resposta de St. António: mudar de púlpito e de auditório

CAPÍTULO II: Louvores aos peixes - no geral

Qualidades (genéricas) dos peixes: Defeitos dos homens:

ouvem e não falam

primazia da criação (primeiros seres que Deus criou)

espécie em maior número

devotos e obedientes

independentes: não se deixam domesticar / manipular / influenciar

não devotos / desobedientes / corruptos

exploradores / manipuladores / corruptores (passam a corrupção aos outros → ex. domesticar os animais = tirar-lhes a liberdade)

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CAPÍTULO III: Louvores aos peixes - em particular

 O pregador enumera os peixes que serão elogiados e as razões que levam a esses elogios. Cada peixe representa, alegoricamente, virtudes humanas.

 Termina com um elogio a todos os peixes que alimentam os pobres (as sardinhas) → devido a esta boa ação, o pregador deseja que se reproduzam em abundância:

«Crescei, peixes, crescei e multiplicai, e Deus vos confirme a sua bênção.»

Peixe de Tobias: Rémora:

cura a cegueira (física)

[Com a sua doutrina, St. António também tentava curar a cegueira (espiritual e moral) = abrir os olhos aos ouvintes para o bem e o mal]

expulsa os demónios

[Ao pregar, St. António também tenta afastar as pessoas do mal (da corrupção)]

nota: o Padre António Vieira também queria curar a cegueira dos moradores de Maranhão

pequena fisicamente, mas grande em força / poder / persistência

[Com a sua palavra, St. António salva os homens dos pecados e guia-os no bom caminho]

 alegoria da força de vontade que deve ser a orientação (“leme”) das ações humanas

 representa os que se guiam pela racionalidade e são imunes à «fúria das paixões»

nota: as “naus” representam os vícios humanos (vingança, cobiça,…) que arrastam o homem

“Oh se houvera uma rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!”

“a virtude da rémora, a qual, pegada ao leme da nau, é freio da nau e leme do leme”

Torpedo: Quatro-olhos:

poder persuasivo

 contagia o ser humano com a sua virtude (a energia para lutar contra a atracão pelo mal)

 crítica aos pregadores que não atendiam à qualidade das suas mensagens (prejudicando os fiéis que “pescam” os seus discursos) → Isto não acontecia com os sermões de Santo António visto que os seus ouvintes “tremiam” de tanta emoção

vê para cima e para baixo: capacidade de distinguir entre o bem (céu) e o mal (inferno)

[Os ouvintes devem afastar os olhos da vaidade terrena, olhando para o céu, sem esquecer a existência do inferno]

“tanto pescar e tão pouco tremer” = os homens não se arrependem dos pecados

“tremendo, confessaram seus furtos; (…) todos enfim mudaram de vida e de ofício e se emendaram”

"se tenho fé e uso da razão, só devo olhar diretamente para cima, e só diretamente para baixo: para cima, considerando que há Céu, e para baixo, lembrando-me que há Inferno"

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CAPÍTULO IV: Repreensões aos peixes – no geral

O pregador tem como objetivo fazê-los pensar/refletir sobre as suas ações (ainda que não corrijam o seu comportamento)

Repreensões:

≠ St. António que abandonou a vaidade e pretensão e “com aquele pano” (hábito)

“pescou ele muitos” (salvou da perdição)

comem-se uns aos outros

os maiores comem os mais pequenos

 os homens poderosos aproveitam-se dos mais frágeis (exploração) → a terra parece um «açougue» / matadouro

 contudo, mesmo dentro da mesma classe social, os homens também se comem uns aos outros:

 cobiçam os bens uns dos outros → interesseiros / gananciosos

 dão a vida por insignificâncias («um retalho de pano») → ignorantes / cegos

nota: os peixes comem-se uns aos outros por razões de sobrevivência, já os humanos fazem-no por dinheiro

CAPÍTULO V: Repreensões aos peixes – em particular

 Os peixes criticados são alegorias dos piores vícios humanos (há uma gradação nesta enumeração porque o polvo será o mais criticado)

Roncador: Pegador:

alegoria dos homens arrogantes, presunçosos e vaidosos que:

 prometem e não cumprem

 se vangloriam sem ter capacidade de agir

 ex.: Caifás, Pilatos e Golias

alegoria do oportunismo e do parasitismo

 vícios da alta nobreza e classe política, gostam de receber favores e da adulação daqueles que deles dependem

 os mais fracos vivem às custas do mais forte, morrendo com ele

estes peixes nadam presos a um «tubarão», membro mais importante na escala social que eles vão explorando como podem

 quando este morre/ é pescado, “morrem” todos os que viviam em volta dele

≠ St. António que nunca se vangloriou e muitos converteu ≠ St. António que “se fez menor para se pegar mais a Deus” e tornou-se imortal

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Voador: Polvo:

alegoria dos sempre insatisfeitos com a vida, pois não se contentando em nadar no mar, querem voar como os pássaros

esta ambição desmedida faz com que sofram o dobro dos perigos, acabando por morrer

 ex.: Simão mago

alegoria da hipocrisia, fingimento, falsidade e traição

 crítica aos que se fazem passar por bons, mas são os primeiros a trair e enganar

 aparentam ser aquilo que não são:

 aparência de santo / ar inofensivo → mas na essência é traiçoeiro/maldoso/hipócrita

 ex.: como ele, também os monges imorais e interesseiros enganam os fiéis, passando por homens piedosos, utilizam a palavra de Deus para conseguirem os seus verdadeiros interesses.

 ex.: Judas

nota: contra o polvo ergueram-se 2 santos: S. Basílio e St Ambrósio

«Peixes, contente-se cada um com o seu elemento.

(…) À vista deste exemplo, peixes, tomai todos na memória esta sentença: quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem.»

A aparência enganadora do polvo (que se disfarça para enganar os inocentes) é descrita através de anáforas, frases paralelísticas e comparações:

«com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão.»

Vieira contrasta a “sujidade” moral do polvo com a transparência do mar (onde habita):

 «que excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da água, espelho natural não só da terra, senão do mesmo céu!»

 Não só no mar, onde vivem os peixes acusados, mas também a terra está infestada de traidores.

 Contudo, há habitantes da terra que se destacam pela pureza de coração e amor à verdade (como St António).

 O capítulo termina com uma censura àqueles que roubam os bens dos náufragos que dão à costa: «Para os homens não há mais miserável morte, que morrer com o alheio atravessado na garganta.»

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CAPÍTULO VI:

PERORAÇÃO [conclusão do sermão] → utilização de um desfecho forte para impressionar o auditório, levando-o a refletir e pôr em prática os ensinamentos do pregador

retoma dos argumentos utilizados

alega que nunca vão chegar ao sacrifício final/julgamento:

 peixes → chegam mortos ao altar (sentido literal)

 homens → “mortos” por pecados (sentido figurado)

pretende-se persuadir os homens a mudar os seus comportamentos para que não cheguem perante Deus com a “alma morta”

o orador tem inveja dos peixes (pq não atinge o fim para que Deus o criou e ofende-o com palavras/pensamentos/vontade/memória) → prefere a

irracionalidade/inconsciência/instinto dos peixes à racionalidade/consciência/livre arbítrio/vontade do homem

gradações → que intensificam o sentido

repetições:

 “mas” realça o paralelismo/contraste entre o orador e os peixes

 “louvai a Deus” acentua a finalidade do Sermão

Quiasmo: sugere a transposição dos peixes para os homens → já que os peixes não são capazes de nenhuma dessas virtudes, sejam-no os homens

Intenção persuasiva: a partir dos exemplos dos peixes, pretende-se persuadir os homens a mudar as suas atitudes (seguindo as virtudes dos peixes louvados e das ações de St. António e abandonando os defeitos reconhecidos aos peixes repreendidos).

Crítica social e alegoria: a sátira é conseguida através da caricatura dos vícios humanos representados figurativamente pelos peixes: roncador, pegador, voador e polvo.

Linguagem: a força da palavra é o meio usado para persuadir o auditório:

 de forma simples, clara e precisa

 uso de recursos expressivos apelativos (oposições, semelhanças e repetições)

 discurso rítmico, dinâmico e interativo (perguntas, frases curtas)

 apela à emoção e à reflexão

Referências

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