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ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos estes autos de. APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n /8-00, da Comarca de

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Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL COM REVISÃO n° 353.208-5/8-00, da Comarca de

PEREIRA BARRETO, em que é apelante UNIMED DE ANDRADINA COOPERATIVA DE TRABALHO MEDICO sendo apelado PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE PEREIRA BARRETO:

ACORDAM, em Segunda Câmara de Direito Público do

Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO, V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Desembargadores VERA ANGRISANI (Presidente, sem voto), CORRÊA VIANNA e ALVES BEVILACQUA.

São Paulo, 10 de junho de 200

CHRISTINE SANTINI Relatora

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2a Câmara de Direito Público

Apelação Cível n° 353 208 5/8-00 - Pereira Barreto

Apelante Unimed de Andradina Cooperativa de Trabalho Médico Apelado Presidente da Câmara Municipal de Pereira Barreto TJSP - (Voto n 2 292)

Apelação Cível.

Mandado de segurança - Contrato de prestação de serviços médico-hospitalares celebrado entre a UNI ME D de Andradina e a Câmara Municipal de Pereira Barreto - Previsão contratual de prazo mínimo de vigência de doze meses - Rescisão unilateral do contrato pela cdilidade, antes do decurso do prazo mínimo de vigência, sem oportunidade de ampla defesa - Segurança denegada.

Tem a Administração o poder de anular seus próprios atos, na esteira do disposto na Súmula n°

473 do Supremo Tribunal Federal, devendo, todavia, respeitar o devido processo legal, com instauração de processo administrativo, em que observados os princípios do contraditório e da ampla defesa - Ilegalidade do ato que anulou o contrato sem respeito ao "due process of law".

Dá-se provimento ao recurso.

Apelação Cível n° 353 208 5/8-00 - Pereira Barreto - Voto n. 2 292

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1. Trata-se de mandado de segurança impetrado por

Unimed de Andradina - Cooperativa de Trabalho Médico contra ato do Presidente da Câmara Municipal de Pereira Barreto, alegando, em síntese, que o impetrado firmou contrato de prestação de serviços médicos e hospitalares com a impetrante, cujos beneficiários eram os funcionários e agentes políticos da Câmara Municipal de Pereira Barreto, por meio de um plano de assistência médica denominado UNIPLAN, com prazo mínimo de doze meses. Contudo, através do ato n° 04/2003, o impetrado rescindiu o contrato firmado, antes do término do prazo mínimo e de forma unilateral, sem oportunidade de defesa prévia, vindo a ser notificada a impetrante através do Ofício n° 12/2003, expedido posteriormente à rescisão. Postula a concessão da segurança para reconhecimento da ilegalidade e nulidade do ato que decretou a rescisão do contrato firmado.

A segurança foi denegada (fls. 140/143).

Inconformada, apela a impetrante, postulando, em síntese, a reforma da sentença (fls. 150/160).

Processado regularmente, houve a juntada das contra- razões de fls. 163/168.

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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

2a Câmara de Direito Público

A Douta Procuradoria de Justiça manifestou-se a fls.

172/174, opinando pelo acolhimento parcial do apelo, com a concessão da ordem restrita à determinação de instauração de processo administrativo, com oportunidade de ampla defesa e contraditório.

É o relatório.

2. O provimento do apelo é de rigor.

O contrato celebrado entre a apelante, Unimed e a Câmara Municipal de Pereira Barreto está datado de 03.08.2002, tendo sido pactuado prazo mínimo de vigência de 12 (doze) meses.

Todavia, por ato datado de 10.01.2003 foi o contrato rescindido unilateralmente pela Edilidade, o que gerou o inconformismo da apelante.

E razão lhe assiste.

Não se nega ter a Administração o poder de anular seus próprios atos, na esteira do disposto na Súmula n° 473 do Supremo Tribunal Federal, que assim reza:

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"A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade,

respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. "

Na hipótese, constatada irregularidade na celebração de contrato com a impetrante, ora apelante, para prestação de serviços médicos e hospitalares dos membros e servidores da Câmara Municipal de Pereira Barreto e seus dependentes, a Administração o anulou.

Todavia, constatada a irregularidade, não houve instauração de processo administrativo em que respeitados os princípios do contraditório e ampla defesa. Ao contrário, a Administração Municipal de plano anulou o contrato, contra tal ato de insurgindo a apelante.

O Egrégio Supremo Tribunal Federal reiteradamente vem decidindo que corolários da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa são a ciência do interessado da instauração do processo administrativo e a concessão de oportunidade de se defender, formulando alegações, produzindo provas, oportunidade essa que deve

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ser anterior à decisão, não lhe suprindo a falta a admissibilidade de recurso, até porque as garantias constitucionais pressupõem a consideração pela autoridade administrativa dos argumentos da parte antes da prolação da decisão. Nesse sentido, confira-se a seguinte ementa:

" / Tribunal de Contas: competência: contratos administrativos (CF,art.71, IX e §§ Io e 2o). O

Tribunal de Contas da União ~ embora não tenha poder para anular ou sustar contratos administrativos

— tem competência, conforme o art. 71, IX, para determinar à autoridade administrativa que promova a anulação do contrato e, se for o caso, da licitação de que se originou . II. Tribunal de Contas: processo de representação fundado em invalidade de contrato administrativo: incidência das garantias do devido processo legal e do contraditório e ampla defesa, que

impõem assegurar aos interessados, a começar do particular contratante, a ciência de sua instauração e

as intervenções cabíveis. Decisão pelo TCU de um processo de representação, do que resultou injunção ã

autarquia para anular licitação e o contrato já celebrado e em começo de execução com a licitante

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vencedora, sem que a essa sequer se desse ciência de sua instauração: nulidade. Os mais elementares corolários da garantia constitucional do contraditório e da ampla defesa são a ciência dada ao interessado da instauração do processo e a oportunidade de se manifestar e produzir provas; de outro lado, se se impõe a garantia do devido processo legal aos procedimentos administrativos comuns, a fortiori, ê irrecusável que a ela há de submeter-se o desempenho de todas as funções de controle do Tribunal de Contas, de colorido quase — jurisdicional. A incidência imediata das garantias constitucionais referidas dispensariam previsão legal expressa de audiência dos interessados; de qualquer modo, nada exclui os procedimentos do Tribunal de Contas da aplicação subsidiária da lei geral de processo administrativo federal (L. 9.784/99), que assegura aos administrados, entre outros, o direito a "ter ciência da tramitação dos processos administrativos em que tenha a condição de interessado, ter vista dos autos (art. 3 °, II), formular alegações e apresentar documentos antes da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo órgão competente". A

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oportunidade de defesa assegurada ao interessado há de ser prévia à decisão, não lhe suprindo a falta a admissibilidade de recurso, mormente quando o único admissível é o de reexame pelo mesmo plenário do

TCU, de que emanou a decisão. "(MS 23550/DF, Rei Min. Marco A urélio, Rei. para A cordão Min.

Sepúlveda Pertence, Tribunal Pleno, j . 04.04.2001)

Na lição de Marcai Justen Filho (in ""Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos", 8a edição, São Paulo:

Dialética, 2000, p. 604):

"A rescisão do contrato exige estrito cumprimento ao princípio do contraditório e observância ao devido procedimento administrativo. Em termos práticos, isso significa que a rescisão deverá ser precedida de um procedimento administrativo, ao qual o particular

tenha amplo acesso e no qual possa deduzir sua defesa e produzir suas provas. A instauração do procedimento administrativo deverá ocorrer formalmente, inclusive com a definição dos fatos que

se pretendem apreciar. Deve-se dar oportunidade ao particular para produzir uma defesa prévia e

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especificar as provas de que disponha. Em seguimento, deverão produzir-se as provas, sempre com participação do particular. Não se admite a realização de uma perícia sem que o particular possa indicar um representante e o vício não será suprido através da posterior comunicação ao interessado do conteúdo da perícia. Após encerrada a instrução, deverá ser proferida a decisão, da qual caberá recurso para a autoridade superior. Após exaurido o procedimento, será proferido o ato administrativo

unilateral de rescisão.".

Não se discute aqui a gravidade dos fatos que determinaram a rescisão do contrato pela Administração, mas não se pode admitir que esta descumpra a Constituição Federal ao praticar atos sem permitir o exercício de defesa de forma adequada pelos interessados, em especial estando a Administração adstrita ao princípio da legalidade, que deve nortear toda sua atuação.

Note-se que o contrato previa prazo mínimo de vigência (doze meses), que não chegou a decorrer entre as datas de sua celebração (03.08.2002) e a data da rescisão unilateral pela Câmara Municipal (10.01.2003). Logo, imprescindível era a instauração de

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processo administrativo para sua anulação (chamada equivocadamente no ato da edilidade de "rescisão"), com o respeito aos princípios da ampla defesa e do contraditório.

Resguarda-se, por óbvio, o direito da Administração de instauração de regular processo administrativo, para a anulação do contrato desde sua assinatura, já que se reconhece aqui tão-só a nulidade formal do ato administrativo, pela falta de respeito ao "due process of law".

3. A vista do exposto, pelo meu voto, dou provimento ao recurso de apelação da impetrante, invertidos os ônus da sucumbência.

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