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SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES

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Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos - UNICEPLAC Curso de Medicina Veterinária

Trabalho de Conclusão de Curso

BIANCA TAYNARA DA SILVA ALVES

SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES

Gama-DF 2021

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BIANCA TAYNARA DA SILVA ALVES

SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES

Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Medicina Veterinária pelo Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac.

Orientador Profa. MSc. Veridiane da Rosa Gomes

Gama-DF 2021

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BIANCA TAYNARA DA SILVA ALVES

SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES

Artigo apresentado como requisito para conclusão do curso de Bacharelado em Medicina Vetrinária pelo Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac.

Gama, 25 de maio de 2021.

Banca Examinadora

Prof. Veridiane da Rosa Gomes Orientador

Prof. Eleonora D’ Avila Erbesdobler Examinador

Prof. Guilherme Kanciukaitis Tognoli Examinador

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SÍNDROME DA ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO EM CÃES

Bianca Taynara da Silva Alves1 Veridiane da Rosa Gomes2

Resumo:

A síndrome de ansiedade de separação é um distúrbio comportamental que acomete os cães sendo atualmente bastante relatado. Esse comportamento surge pelo vínculo afetivo que o animal cria com seu tutor e que ocasiona intensa dependência, dessa forma, não conseguindo permanecer só. Desse modo, objetiva-se com o presente trabalho apresentar uma revisão de literatura sobre a síndrome, sinais clínicos, métodos de diagnóstico e medidas terapêuticas.

Os sinais clínicos mais característicos da doença são vocalização excessiva, destruição e angústia pós-partida. O diagnóstico é realizado por meio do histórico clínico, com as informações do tutor a respeito de sua rotina com o animal, sendo que, a obtenção de filmagens acerca do comportamento diferente que o paciente apresenta, é um ponto importante. O tratamento depende de cada caso, mas é baseado normalmente em modificação do comportamento, modificação ambiental e fármacos, contudo é necessário ter dedicação extrema do proprietário em cumprir todas as etapas do protocolo terapêutico. É importante a compreensão da enfermidade, dos sinais clínicos e do diagnóstico para ofertar um melhor suporte no tratamento para animais com esse distúrbio.

Palavras-chave: Adestramento. Comportamento. Caninos. Etologia clinica.

Abstract:

Separation anxiety syndrome is a behavioral disorder that affects dogs and is currently widely reported in clinics.

This behavior arises from the affective bond that the animal creates with its owner and causes intense dependence, thus, not being able to remain alone. The most characteristic clinical signs of the disease are excessive vocalization, destruction and post-departure anguish. The diagnosis is made through the clinical history, with information from the owner about his routine with the animal, and obtaining filming about the different behavior that the patient presents is an important point. The treatment depends on each case, but it is usually based on behavior modification, environmental modification and drugs, however it is necessary extreme dedication from the owner to comply with all stages of the therapeutic protocol. Thus, the aim of this study is to present a literature review on the syndrome, clinical signs, diagnostic methods and therapeutic measures.

Keywords: Training. Behavior. Canines. Clinical ethology

1Graduanda do Curso Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: biancataynara22@gmail.com.

2Professora do Curso de Medicina Veterinária, do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos – Uniceplac. E-mail: veridiane.gomes@uniceplac.edu.br

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 5

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 6

2.1 Síndrome de ansiedade de separação ... 6

2.1.1 Sinais clínicos ... 8

2.1.2 Diagnóstico ... 10

2.1.3 Tratamento... 11

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 14

REFERÊNCIAS ... 15

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1 INTRODUÇÃO

Os sinais corporais e verbais dos animais geralmente não são simples de entender por parte dos tutores, contudo, esse entendimento é importante para compreendermos a necessidade do cão. Existem comportamentos considerados naturais, como latir, pode indicar que o animal está com fome, conforme sua intensidade ou duração pode ser um sinal de defesa (HORWITZ E NEILSON, 2007).

A lambedura, por exemplo, pode ser indicativo de tédio quando for lambedura no chão, caso seja nas patas pode ser por estresse ou apenas auto limpeza. Em alguns momentos os cães têm o hábito de uivar, podendo ocorrer por dor, incomodo ou apenas estabelecendo uma conexão com outros animais (GRISOLIO et al, 2017).

A etologia clínica é uma área da psiquiatria veterinária, voltada para a medicina comportamental, com intuito de tratar, prevenir e diagnosticar animais que possuem distúrbios comportamentais (RUNCOS, 2019). A ansiedade de separação é um distúrbio comportamental que acontece no momento em que o cão é deixado ou separado, por algum período do dia sozinho, sem a presença de algum tutor que o animal tenha maior vínculo (HUNTER et al., 2020).

Os animais domésticos muitas vezes são considerados um membro da família, o que acarreta maior proximidade do animal na convivência com seus donos. A relação que o homem cria com seu animal, pode ser benéfica para ambos, mas, em simultâneo, alguns fatores podem desencadear comportamentos problemáticos (RUNCOS, 2019). A ansiedade de separação se assemelha a uma dependência emocional que o cão cria em relação ao seu tutor, gerando apego e, com isso afetando as condições de bem-estar do animal. Cães que possuem esse comportamento, geralmente são ansiosos (SARGISSON, 2014).

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A ansiedade que o animal apresenta na síndrome de ansiedade de separação, ocasiona vários comportamentos que, muitas vezes, não são bem compreendidos pelo seu tutor. Os caninos que apresentam o distúrbio, geralmente têm comportamento destrutivo, o qual é interpretado pelo proprietário como sinal de rebeldia (TEIXEIRA, 2017).

Além do comportamento de destruição, existem outros sinais que podem ser observados (BEZZERA e ZIMMERMAN, 2015), como vocalização excessiva (uivo, choro, latido), micção e defecação em locais impróprios, lambedura, automutilação, hipersalivação, tremores e falta de apetite (MACHADO e SANT’ANNA, 2017). O paciente pode apresentar também, agressividade, dificuldade de concentração, chorar ou pular para obter atenção (RUNCOS, 2019).

O diagnóstico da síndrome baseia-se nos sinais que o cão apresenta, os quais são mais evidentes quando é deixado sozinho (BALLANTANY, 2017). O tratamento na fase inicial pode ser muito eficiente, apenas com técnicas simples, mas exige dedicação do tutor, pois requer tempo, visto que, envolve a modulação do comportamento, utilização de fármacos e modificação ambiental (CAROLINO E FLORENCIO, 2019).

É necessário saber que, para adquirir um animal é preciso tempo, compromisso e responsabilidade, pois são seres que necessitam de atenção e não devem permanecer sozinhos por longos períodos. É necessário estimular suas mentes e incluir atividades em seu dia-a-dia, sendo preciso educá-los e socializá-los quando filhotes. Por isso, é importante avaliar todos esses pontos, antes de adotar ou comprar um animal de estimação (LINHARES et al., 2018). Objetiva- se com o presente trabalho realizar uma revisão acerca da síndrome da ansiedade de separação

em cães, com ênfase na manifestação clínica, forma de diagnóstico e tratamento.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Síndrome de ansiedade de separação

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A ansiedade é um sofrimento físico e psíquico que afeta os animais e traz consigo bastante efeito negativo (RUNCOS et al, 2015). Segundo Runcos et al. (2015, p. 5):

Pode se desenvolver através de situações de medo recorrentes, frustração, falta de atividades, punições e interações inconstantes e não previsíveis, experiências traumáticas e dolorosas, ou qualquer situação a que o animal não consiga se adaptar ou escapar.

A síndrome de ansiedade de separação é uma doença comum em cães, que se apresenta por uma variedade de comportamentos, principalmente quando o animal é deixado sozinho sem a presença de seu dono (NOVAIS et al., 2010). Existe uma maior probabilidade dos machos desenvolverem a síndrome, mas ambos os sexos podem ser acometidos (TEIXEIRA, 2017).

Cães abandonados ou retirados de um canil pode ter maior predisposição para desenvolverem a síndrome, pois isso gera trauma no animal (TATIANE, 2009). É importante no momento da adoção dos filhotes respeitarem as sete semanas antes de doar, pois não é recomendado separar o filhote das mãe antes desse período para evitar que esse cão desenvolva algum comportamento problemático por falta de socialização (MACHADO E SANTANNA, 2017).

De acordo com Dalzochio e Mira (2014) cerca de 14% a 39% dos cães podem ser acometidos pela síndrome, contudo, ainda é uma doença pouco relatada, principalmente no Brasil, mas vem sendo bastante diagnosticada. Cães que sofrem com a síndrome de ansiedade de separação podem apresentar menor sobrevida, pois o distúrbio ocasiona estresse ao animal, o que, consequentemente, afeta sua saúde, prejudica o sistema imunológico e endócrino e aumenta o risco de desenvolvimento de outras doenças (BEZERRA e ZIMMERMANN, 2015).

A alteração no ambiente, com o distanciamento do tutor, pode ser estressante para o animal, o que gera ansiedade e o paciente tende a desenvolver comportamentos indevidos e danosos (CAROLINO e FLORENCIO, 2019).

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Se o cão ficar rodeando a mesa quando o proprietário come ou dormir na mesma cama com o tutor, pode trazer consigo um efeito negativo pra esse animal, pois o cão que possui esse hábito tem uma maior probabilidade de adquirirem a síndrome da ansiedade de separação (DALZOCHIO E MIRA, 2014).

As principais queixas relatadas pelos tutores em consulta de rotina são vocalização excessiva, destruição de objetos, agressividade e eliminação das necessidades em local inapropriado. O que demonstra a importância da anamnese, em um caso que o cão apresente problema comportamental, obter o máximo de informações para o correto diagnóstico (TEIXEIRA, 2017).

A causa do distúrbio comportamental é multifatorial, como, estresse ambiental por falta de estímulos, espaço inapropriado, falta de socialização, dependência e punições negativas (LINHARES et al., 2018). Outras prováveis causas da síndrome podem ser provenientes de alguma experiência traumática, a qual o animal foi submetido. Principalmente em momentos em que estava sozinho, ele pode ter ficado preso em algum local, sem conseguir a ajuda de alguém, sons de alarme, barulhos de trovão, acidente doméstico como incêndio ou presenciar um roubo em casa (PALESTRINI, 2019).

2.1.1 Sinais clínicos

A manifestação clínica pode ocorrer após a saída do tutor, em cerca de cinco a 30 minutos (ROSSI, 2018). De acordo com BARROS E SILVA et al. (2012, p. 73):

Normalmente, os sinais clínicos descritos são micção e defecação inapropriadas, vocalização excessiva, mastigação destrutiva, escavação, salivação excessiva, comportamento medroso, tremores, vômito, diarreia, lambedura excessiva, automutilação, procura de atenção e agressão.

Os sinais estão associados, normalmente, a latidos, ansiedade pré-partida e tentativa de fuga (ROSSI, 2018). Comportamentos destrutivos (Figura 1) e agressões são os mais frequentes, incluindo também, medo de barulhos e dificuldade em controlar o cão durante o passeio

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(SOARES et al., 2010; MACHADO e SANT’ANNA, 2017). Conforme Ballanty(2017) os mais comuns são, vocalização excessiva, seguida de destruição de objetos e angústia após a partida do dono.

Figura 1 – Dano ocasionado à parede e janela, por um canino com ansiedade de separação devido ao pavor de tempestades, após a saída do tutor.

Fonte: SHERMAN, 2006.

Dentre os cães que apresentam síndrome de ansiedade de separação, 63% podem apresentar fobia a ruídos e 52% podem desenvolver pavor por trovão. Caso o animal apresente os dois sinais, a probabilidade de ter a síndrome de ansiedade é de 88 a 86% (OVERALL et al., 2001).

Destaca-se a importância da identificação dos sinais que sugerem a presença da doença e, a investigação dos fatores que predispõem o animal ao desenvolvimento dos problemas de comportamento. Desse modo, é possível ofertar o suporte necessário, o que evita o abandono ou maus-tratos pelo tutor, visto que, há falha na compreensão da enfermidade, existem grandes possibilidades de acontecer (PAIXÃO e MACHADO, 2015).

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Em pesquisa realizada por HUNTER et al. (2020) solicitou-se que treinadores de cães respondessem um questionário sobre comportamento dos animais. Dentre as perguntas, uma solicitava que, os treinadores relatassem quais eram os sinais mais frequentes observados em um cão com ansiedade de separação. A vocalização excessiva, apego ao proprietário, tentativa de fuga, comportamento repetitivo foram os mais descritos.

2.1.2 Diagnóstico

Para o correto diagnóstico, deve-se primeiramente buscar atendimento médico veterinário, para detalhado exame físico, busca de informações a respeito de quando e de qual maneira o quadro iniciou (DIAS et al., 2012).

A realização da anamnese, objetiva compreender o histórico do animal, saber como são os pais, como o cão chegou até o tutor, como é a rotina do tutor com o cão, se há momentos em família, sejam brincadeiras ou alguma interação. Como é o ambiente em que o animal vive, pois, isso, além de auxiliar no diagnóstico, também auxilia no tratamento. (BEZERRA e ZIMMERMANN, 2015). Identificar o início dos sinais clínicos, duração e intensidade que esses se manifestam, questionar o comportamento do cão na saída e ausência do tutor, detalhando ao máximo as informações (BAMPI, 2018).

Questionar ao tutor, se o animal é muito apegado a ele, se o proprietário nota que, quando o mesmo sai, o animal demostra comportamento de ansiedade. Também é interessante filmar o cão logo após a saída, essa técnica é um bom complemento no diagnóstico, pois possibilita a visualização do comportamento e se sinais clínicos estão diretamente ligados à síndrome de ansiedade (BAMPI, 2018).

A filmagem auxilia na detecção de outros sinais que possivelmente não seriam detectados sem a gravação, como Taquipnéia, comportamento depressivo e tremor. Sendo possível identificar sinais de fobia, medo de trovões, som alto, agregando no diagnóstico e na origem da

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síndrome de ansiedade (BAMPI, 2018). Conforme Hauser (2020), o vídeo é o método padrão ouro para diagnosticar a síndrome de ansiedade.

Além do exame físico completo, é interessante realizar exames de sangue como hemograma e perfil bioquímico, conforme os sinais que o paciente for apresentar solicitar exames que o veterinário ache importante para cada caso (PALESRTINI, 2019).

No momento do exame é importante atentar-se ao diagnóstico diferencial, para descartar outras possíveis doenças (TEIXEIRA, 2019). Que podem ter origem comportamental, ou enfermidades em sistemas específicos. Em casos de eliminação inapropriada, descartar possível cistite ou doença gastrointestinal, analisar se o animal não tem oportunidade de fazer suas necessidades em um lugar adequado (BORDIN, 2012).

2.1.3 Tratamento

O tratamento tem o intuito de ensinar ao animal manter-se calmo e menos apreensivo quando o tutor estiver ausente, diminuindo e/ou evitando que o cão se torne dependente do tutor (BARROS E SILVA, 2012). É importante instituir uma terapêutica que se adapte à rotina de cada proprietário e, ao ambiente em que o paciente vive (BAMPI, 2014).

Alojar outro animal na casa pode trazer beneficio para o paciente que sofre com o distúrbio, isso faz com que, o novo integrante se torne uma companhia para o animal doente, o qual sofre na ausência do dono. Contudo, não significa que, mesmo na presença de outro cão ele não possa desenvolver o problema, visto que, pode estar ligado à ausência do tutor (SARGISSON, 2014).

O enriquecimento ambiental é indicado como tratamento complementar, fornecendo ao animal atividades durante tempo em que o tutor encontra-se ausente (BLACKWELL et al, 2006;

SARGISSON, 2014). Tem o propósito de tornar mais lúdico o local onde o animal costuma ficar e, objetiva fazer com que o mesmo, expresse o comportamento natural da espécie. Isso permite

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com que o cão mantenha seu emocional equilibrado, ao estimular a parte física e mental. O que, consequentemente ocasiona melhora em sua aprendizagem e reduz o estresse, se mantido diariamente (LINHARES, 2018).

Antes de sair de casa é indicado que o tutor dê um brinquedo ao animal, preferencialmente mastigáveis ou recheados com petiscos, que o faça exercitar a mente e gastar suas energias. Nesse caso, momentos antes da partida do tutor, mantendo o cão entretido no período de pico da ansiedade, para que ele associe a partida do proprietário como uma ação positiva, sendo indicado uma saída breve no início (BAMPI, 2014; BEZERRA &

ZIMMERMANN, 2015). No início do tratamento não é recomendado deixar o canino sozinho, caso as saídas sejam longas sendo recomendado deixar o paciente em companhia de um familiar ou em hotel para pet (HAUSER, 2020).

Quando o proprietário vai de casa sair é indicado que ele ignore o cão por 15 a 30 minutos antes da partida, isso faz com que o animal habitue-se à partida do tutor. A realização de falsas saídas e retornos objetiva dessensibilizá-lo no momento em que precisar partir, de fato (BARROS E SILVA, 2012). O que gera maior segurança e tranquilidade no paciente, quando deixado sozinho (APPLEBY e PLUIJMAKERS, 2003; ROSSI, 2018).

Caso o animal tenha medo ou fobias, é importante identificar se a síndrome também é motivada por essas sensações, dessa forma, é necessário incluir no tratamento a dessensibilização a estes estímulos (APPLEBY e PLUIJMAKERS, 2003; ROSSI, 2018). Recomenda-se no início, o uso dos comandos ‘’senta’’, ‘’deita’’ e ‘’fica’’, pois com isso, o tutor consegue fazer com que o cão fique sozinho por um curto momento, que posteriormente pode aumentar (BAMPI, 2014).

O adestramento também entra no protocolo de tratamento. Existem varias técnicas que podem ser utilizadas e uma delas é o contra condicionamento, o qual tem o intuito de modificar a resposta negativa do cão a um estímulo. Reduz-se a sensibilidade do cão, expondo-o gradativamente a um estímulo que lhe provoque medo, até que ele se habitue ao estímulo, não

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lhe causando mais desconforto e mudando o comportamento de ansiedade por outro desejável (LINHARES et al., 2018).

Outra opção de tratamento é o uso de um feromônio sintético, o qual simula o feromônio produzido pela cadela no tecido mamário, logo após o nascimento dos filhotes. Sua indicação é a tranquilização e relaxamento, principalmente, para o cão que sofre de ansiedade, alguma mudança na rotina, medo ou qualquer outro fator estressante. Pode ser utilizado em cães adultos e jovens, e seu uso é através de difusor, spray ou coleira, contudo, não há a disponibilidade desse produto no Brasil (PERUCA, 2012). Na ausência do proprietário é tão eficaz quanto o uso de outras medicações, com redução significativa no comportamento problemático e, diminuição e/ou eliminação total do problema (SARGISSON, 2014).

A terapia medicamentosa é indicada, principalmente, em casos leves (DIAS et al., 2013), contudo, também pode ser administradas em casos mais graves (BAMPI, 2014). Uma das medicações utilizadas para o tratamento do distúrbio é a clomipramina, cujo objetivo é a redução do comportamento ansioso e destrutivo, além de micção e defecação em locais inapropriados (TEIXEIRA, 2017; TEIXEIRA, 2019). Em humanos, a medicação é utilizada para quem sofre de depressão, síndrome do pânico, fobias e ansiedade (TEIXEIRA, 2019). A dose preconizada para cães é de 1 a 2 mg/kg, VO, BID, uma medicação segura com boa resposta no tratamento contínuo (BAMPI, 2014).

Outro fármaco recomendado é a fluoxetina, na dose de 0,5 a 2 mg/kg,VO, SID.Ambas as medicações têm eficácia e segurança, mesmo quando administradas em longos períodos. É possível, mesmo com a melhora clínica, significativa, manter a medicação ou, reduzir a medicação, de forma gradual (TEIXEIRA, 2017).

Em casos graves em que o animal tem automutilação ou crise de pânico pode ser utilizado benzodiazepínico como uma intervenção rápida para controlar o animal, o que ocasiona

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a sensação de sedação e relaxamento (BAMPI, 2014). Indica-se o uso de alprazolam 0,02 a 0,1 mg/kg VO,BID e o clorazepato 0,55 a 2,2 mg/kg VO,BID ( SHERMAN, 2008).

Quanto mais rapidamente o animal for diagnosticado e tratado, melhor, pois a probabilidade de cura, nesses casos, pode chegar a 100% (MACHADO e SANTANNA, 2017).

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ansiedade de separação é uma das doenças comportamentais mais comuns em cães, contudo, ainda pouco diagnosticada e, sendo de grande importância seu conhecimento. Dessa forma, compreende-se a necessidade de Médicos Veterinários especializados em comportamento animal. Os quais irão, de forma precisa, diagnosticar o distúrbio, visto que, a enfermidade manifesta-se com sinais variados e muitas vezes não específicos.

Ademais ao diagnóstico, a forma como o problema será abordado, fará toda a diferença na qualidade de vida do paciente. Os veterinários precisam informar e educar os tutores sobre a doença e as maneiras corretas de manejo. Cabe ressaltar a necessidade de comprometimento dos proprietários, pois o sucesso do tratamento não depende apenas do veterinário, nem do adestrador, mas o tutor também precisa de dedicação com as tarefas e a medicação que for receitada.

Com o tratamento correto, disciplina do proprietário e adestramento, é possível sim, ter melhora significativa dos sinais, principalmente da ansiedade, promovendo bem-estar ao animal e consequentemente a cura. Com a realização desse trabalho, foi notável a necessidade do desenvolvimento de mais estudos acerca do distúrbio, para melhor identificação dos sinais clínicos e forma de diagnóstico. Bem como, a importância do Médico Veterinário especializado em comportamento animal na rotina das clínicas e hospitais veterinários.

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REFERÊNCIAS

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