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MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS

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EXCELENTÍSSIMO CONSELHEIRO-PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DE GOIÁS – TCM-GO.

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS DO ESTADO DE GOIÁS, por meio do Procurador signatário, no exercício de sua missão institucional de defesa da ordem jurídica, com fundamento arts. 70 c/c 71, inciso IX c/c 75 da Constituição Federal, art. 80, § 4º da Constituição Estadual e art. 94, inciso I da Lei Estadual nº 15.958, de 18 de janeiro de 2007, vem perante V. Exª. oferecer a presente REPRESENTAÇÃO pelos motivos de fato e de direito que a seguir expõe.

I – DOS FATOS E FUNDAMENTOS

Este Ministério Público de Contas, no exercício de suas atividades rotineiras de guarda da lei e fiscal de sua execução, mediante consulta ao sistema informatizado deste Tribunal de Contas (SICOM), tomou conhecimento que o Município de Campo Limpo de Goiás celebrou com a Empresa ASCON – ASSESSORIA E CONSULTORIA CONTÁBIL LTDA – ME (CNPJ nº 10.710.774/0001-60), diversos contratos para prestação de serviço de assessoria contábil (Relatório de Pesquisa de Contratos – Portal dos Jurisdicionados – doc.

anexo).

Pela leitura dos Termos de Contrato (doc. anexo) não se vislumbra a modalidade de licitação que alicerçou tais contratações, sendo indicativo que no caso o certame foi afastado. Indicativo corroborado pela inexistência de cadastro de edital de licitação no Portal dos Jurisdicionados deste Tribunal (doc. anexo).

Nos termos da norma do § 3º do art. 2º da Instrução Normativa nº 010/15 é facultado a este Tribunal de Contas requisitar, a qualquer tempo e sempre que julgar conveniente, contratos e os procedimentos administrativos que fundamentam a celebração destes ajustes.

Vejamos:

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2 Art. 2º Todos os editais de licitação, os termos de contratos, as atas de registro de preços, os credenciamentos, convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos congêneres, ou ainda seus instrumentos substitutivos, bem como os respectivos aditivos deles decorrentes, ajustados no decorrer do exercício financeiro, independentemente do valor, da modalidade de licitação, ou do regime de contratação que lhes deram origem, ainda que por dispensa ou inexigibilidade de licitação, suas revogações ou rescisões, deverão ser cadastrados no site do Tribunal, na forma e prazo previstos em ato normativo próprio.

(...)

§ 2º Os ajustes discriminados neste artigo serão encaminhados ao Tribunal apenas quando solicitados, devendo ficar sob a guarda do Controle Interno, viabilizando sua fiscalização, in loco, por este Tribunal.

§ 3º O Tribunal poderá solicitar, a qualquer tempo, os processos tratados neste artigo, o que deverá ser atendido no prazo estabelecido na notificação.

Tem-se, portanto, não ser mais exigido dos entes municipais encaminharem a esta Corte todos os processos licitatórios e contratos celebrados, na forma como outrora era estabelecido, fazendo-se necessária remessa dos ajustes celebrados apenas quando solicitados.

O caso em destaque desperta atenção deste Parquet em primeiro lugar pelo expressivo valor (R$ 330.000,00 – trezentos e trinta mil reais) despendido pela municipalidade (ainda mais considerando que Campo Limpo de Goiás é uma cidade pequena – população estimada em 2016 em 7.2191) para remunerar esse tipo de serviço de assessoria (correspondente mensalmente a R$ 27.500,00 – vinte e sete mil e quinhentos reais).

Além disso, existe indicativo da contratação realizada pela via direta.

Ocorre que em tese não se afigura inviável a competição para o objeto em questão, eis que se trata de serviço de natureza ordinária comum a qualquer administração pública.

Neste sentido, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu. Vejamos:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. PREFEITO MUNICIPAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA. CONTRATAÇÃO IRREGULAR CELEBRADA COM PARTICULARES. PRESENÇA DO

1 http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=520485&search=goias|campo-limpo-de-goias

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3 ELEMENTO SUBJETIVO IDENTIFICADA. COMPRA DE BENS EM QUANTIDADE SUPERIOR À NECESSÁRIA.

OFENSA AO ART. 15, § 7º, II, DA LEI 8.666/1993.

DISPENSA DE LICITAÇÃO. ASSESSORIA CONTÁBIL.

NÃO DEMONSTRAÇÃO DA SINGULARIDADE E DA NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO DO PRESTADOR DE SERVIÇO APTAS A AUTORIZAR A INEXIGIBILIDADE DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO. VIOLAÇÃO DO ART. 25, II, DA LEI 8.666/1993. SUPERFATURAMENTO DA CONTRATAÇÃO. AFRONTA AO ART. 10, CAPUT E VIII, E 11, CAPUT, DA LEI 8.429/1992. ATOS ÍMPROBOS COMPROVADOS.

(...)

8. Consoante o art. 25, II, da Lei n. 8.666/1993, a inexigibilidade de licitação está vinculada à notória especialização do prestador de serviço técnico, cujo trabalho deverá ser tão adequado à satisfação do objeto contratado que inviabilizará a competição com outros profissionais, o que não ocorre na hipótese dos autos.

Recurso especial do Parquet provido em parte para restabelecer a sentença condenatória de primeiro grau.

(REsp 1366324/MT, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 20/10/2015) (Grifei e sublinhei).

Por fim, os inúmeros contratos realizados pela Municipalidade com a mesma Empresa2 indica a possibilidade de celebração de um único ajuste com a Administração Central, sendo que tal pulverização pode, em tese, dissimular o valor real dos recursos pagos para remunerar o particular, gerando sobrepreço e, assim burlar a necessária busca da proposta mais vantajosa para a Administração.

Igualmente, referido expediente pode abrir caminho para realização de despesas em entidades (ou fundos) cujos recursos possuem destinação vinculada por imposição constitucional ou legal, em verdadeiro desvio de finalidade.

Cite-se, como exemplo, o Contrato nº 003/2017 celebrado para prestação de serviços ao FUNDEB, inclusive em paralelo ao Contrato firmado pelo Chefe do Poder Executivo para o mesmo serviço de assessoria.

Diante disso, entendemos por razoável que seja solicitado ao Município de Campo Limpo de Goiás o envio a este Tribunal de referido procedimento de contratação, para devida aferição de sua conformidade, em especial pelo atendimento aos princípios reguladores da atividade da Administração Pública, bem como às previsões constitucionais (CRFB/88), legais (Lei nº 8.666/93) e normativas (IN nº 010/15) referentes à matéria.

2 Celebrados com o:

a. Poder Executivo e FMDC (Contrato nº 002/2017);

b. FUNDEB (Contrato nº 003/2017);

c. FMS (Contrato nº 004/2017) e, d. FMAS (Contrato nº 005/2017).

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Ressalta-se, por oportuno, que a instrução dos autos deve se dar na forma do previsto da IN nº 010/15 deste TCM-GO.

II – DA LEGITIMIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS

O artigo 94, inciso I, da Lei Estadual n.° 15.958/07, Lei Orgânica do TCM/GO, atribui aos Procuradores de Contas a promoção da defesa da ordem jurídica. Para tanto, deve requerer perante o Tribunal de Contas dos Municípios as medidas de interesse da Justiça, da Administração e do Erário.

Ao tratar da legitimação para promoverem representação perante esta Corte a lei interna deste Tribunal, em seu art. 208, inciso II, estabelece que:

Art. 208. Têm legitimidade para representar ao Tribunal de Contas dos Municípios:

(...)

II – Membros do Ministério Público de Contas junto a este Tribunal;

Assim, totalmente plausível a presente representação pela ordem de sua admissibilidade, vez que interposta por pessoa legitimada, com interesse na atuação desta Corte, juridicamente possível, e na forma própria.

III - DA COMPETÊNCIA

A Lei Orgânica do TCM/GO, em consonância com a Constituição Federal (art. 70), dispõe que compete a esta Corte de Contas “exercer a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das prefeituras e câmaras municipais demais entidades instituídas e mantidas pelo Poder Público Municipal” (Art. 1º, inciso II, da Lei Estadual n.º 15.958/07).

Ao dispor sobre a possibilidade desta Corte realizar fiscalização por sua própria iniciativa referida norma prescreve, ainda:

Art. 19. O Tribunal exercerá a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial das unidades dos Poderes Municipais e das entidades da administração indireta, inclusive das fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público Municipal, na forma estabelecida no Regimento Interno, para verificar a legalidade, a legitimidade e a economicidade de atos, contratos, convênios, termos de

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5 parceria e outros ajustes, das aplicações das subvenções e renúncias de receitas, com vistas a assegurar a eficácia do controle que lhe compete e a instruir o julgamento de contas de gestão.

De tal modo, assiste total competência a esta Corte de Contas para a fiscalização buscada, no âmbito de sua atividade oficial de controle externo.

IV – DOS PEDIDOS

Por fim, por tudo quanto acima devidamente exposto e fundamentado, REQUER o Ministério Público de Contas:

1. que se determine ao Chefe do Poder Executivo do Município de Campo Limpo de Goiás, ou a quem lhe faça as vezes, que encaminhe a esta Corte de Contas, no prazo regimental, toda a documentação referente ao processo que redundou nas diversas contratações com a Empresa ASCON – ASSESSORIA E CONSULTORIA CONTÁBIL LTDA – ME, inclusive do o Procedimento Administrativo antecedente às contratações, contendo toda a documentação exigida pela Lei nº 8.666/93 e pela Instrução Normativa nº 010/15 do TCM/GO para esta hipótese, para futura análise de legalidade;

2. que seja o Chefe do Poder Executivo Municipal alertado no sentido de que o não atendimento as determinações deste Tribunal poderá implicar em reprimendas previstas na Lei Orgânica do TCM/GO, com o manejo dos instrumentos legais tendentes à responsabilização dos gestores públicos, especialmente, a imputação de outras sanções pecuniárias (art.

47-A), o afastamento do responsável (art. 53) e a suspensão do ato (art. 56) e, ainda, a realização de inspeção no Município.

Termos em que Pede deferimento

Ministério Público de Contas, em Goiânia, aos 05 de abril 2017.

REGIS GONÇALVES LEITE Procurador de Contas

Leonardo

Referências

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