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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA PRIMEIRA REGIÃO

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Academic year: 2022

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RELATORA : DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO APELANTE : BANCO ALVORADA S/A

ADVOGADO : SP00026750 - LEO KRAKOWIAK E OUTROS(AS) APELADO : FAZENDA NACIONAL

PROCURADOR : PR00014823 - CRISTINA LUISA HEDLER

EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. IOF. INCIDÊNCIA SOBRE INGRESSO DE DIVISAS DECORRENTES DE EMPRÉSTIMO EM MOEDA ESTRANGEIRA. INCIDÊNCIA.

1. A liquidação do câmbio decorrente de empréstimos externos consiste em evento abrangido pela base de incidência legal delineada pelo art. 63 do CTN.

2. O Decreto-Lei 1.783/1980 definiu as alíquotas e os contribuintes do imposto, entre os quais os compradores de moeda estrangeira e os adquirentes de títulos mobiliários.

3. Os Decretos 1.591/1995 e 1.815/1996 não criaram a hipótese de incidência da exação. Limitaram-se a regulamentar aquela já prevista no art. 63 do CTN, cujas alíquotas e contribuintes foram definidos pelo Decreto-Lei 1.783/1980.

4. Apelação a que se nega provimento.

ACÓRDÃO

Decide a Oitava Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, por unanimidade, negar provimento à apelação, nos termos do voto da relatora.

Brasília/DF, 6 de junho de 2016.

Desembargadora Federal Maria do Carmo Cardoso Relatora

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO (RELATORA):

(2)

Este recurso de apelação foi interposto por BANCO ALVORADA S/A à sentença que julgou improcedente o pedido formulado em ação de procedimento ordinário por meio da qual se pretendia a restituição da quantia indevidamente recolhida a título de IOF, relativa ao ingresso de divisas no país, decorrente de contratos de empréstimo em moeda estrangeira.

O magistrado a quo assentou ser o prazo prescricional decenal e, no mérito, julgou improcedente o pedido, por considerar que os Decretos 1.591/1995 e 1.815/1996, bem como a Lei 8.894/1994, não criaram nova hipótese de incidência do IOF, nem extrapolaram a regra prevista no art. 63, II, do CTN — O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores imobiliários tem como fato gerador: [...] II – quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega total ou parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou sua colocação à disposição do interessado.

A parte autora foi condenada ao pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios arbitrados em R$ 2.000,00 (dois mil reais).

O apelante sustenta, no essencial, que a incidência do IOF sobre o ingresso de divisas no país viola o princípio da legalidade, uma vez que a respectiva instituição se deu por meio de decretos. Aduz que a aludida cobrança é manifestamente ilegal e inconstitucional e reitera o pedido de devolução ou compensação da quantia que considera ter sido paga indevidamente.

Foram apresentadas as contrarrazões.

É o relatório.

(3)

VOTO

A EXMA. SRA. DESEMBARGADORA FEDERAL MARIA DO CARMO CARDOSO (RELATORA):

O artigo 153, V, da Constituição Federal prevê a instituição de impostos sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos e valores mobiliários.

O Código Tributário Nacional, no art. 63, II, assim estabelece quanto ao IOF:

Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:

(...)

II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este; (...)

O Decreto-Lei 1.783/1980 definiu as alíquotas e os contribuintes do imposto, entre os quais os compradores de moeda estrangeira e os adquirentes de títulos mobiliários, nestes termos:

Art 1º O imposto incidente, nos termos do art. 63 do Código Tributário Nacional, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários será cobrado às seguintes alíquotas:

(...)

IV - operações de câmbio: 15% sobre o valor da operação;

(...)

Art 2º São contribuintes do imposto os tomadores do crédito, os segurados, os compradores de moeda estrangeira e os adquirentes de títulos e valores mobiliários.

Art 3º São responsáveis pela cobrança do imposto e pelo seu recolhimento ao Banco Central do Brasil, ou a quem este determinar, nos prazos fixados pelo Conselho

Monetário Nacional:

(...)

III - nas operações de câmbio, as instituições autorizadas a operar em câmbio;

(4)

(...)

O Decreto 995/1993 definiu, no art. 1º, as alíquotas da exação em comento e, no art. 2º, estabeleceu que o imposto seria devido na data da liquidação da operação de câmbio referente ao ingresso no valor em moeda estrangeira.

O Decreto 1.071, de março de 1994, revogou o Decreto 995/1993 e estabeleceu o seguinte:

Art. 1º O imposto, nos termos do art. 63, inciso II, do Código Tributário Nacional, sobre Operações de Câmbio, incidirá sobre o contravalor em cruzeiros reais da moeda estrangeira ingressada decorrentes de:

I- empréstimos em moeda;

(...)

Art. 2º O imposto é devido na data da liquidação da operação de câmbio referente ao ingresso do valor em moeda estrangeira.

(...)

A Lei 8.894/1994, de junho de 1994, ao dispor sobre a exação em tela, entre outros aspectos, no art. 6º, assim definiu:

Art. 6º São contribuintes do IOF incidente sobre operações de câmbio os compradores ou vendedores da moeda estrangeira na operação referente a transferência financeira para ou do exterior, respectivamente.

O Decreto 1.591/1995, que revogou o Decreto 1.071/1994, no que se refere à operação tratada nos autos, definiu a forma de incidência da exação segundo os seguintes parâmetros:

Art. 1º O imposto, nos termos do art. 63, inciso II, do Código Tributário Nacional, sobre Operações de Câmbio, incidirá sobre o contravalor em reais da moeda estrangeira ingressada decorrentes de ou destinada a:

I- empréstimos em moeda;

(...)

Art. 2º O imposto é devido na data da liquidação da operação de câmbio referente ao ingresso do valor em moeda estrangeira.

(...)

(5)

Já o Decreto 1.815/1996, que revogou o Decreto 1.071/1994, quanto à forma de incidência do tributo, manteve o que já estabelecia o decreto anterior:

Art. 1º O imposto, nos termos do art. 63, inciso II, do Código Tributário Nacional, sobre Operações de Câmbio, incidirá sobre o contravalor em reais da moeda estrangeira ingressada decorrentes de ou destinada a:

I- empréstimos em moeda;

(...)

Art. 2º O imposto é devido na data da liquidação da operação de câmbio referente ao ingresso do valor em moeda estrangeira.

(...)

Especificamente no que diz respeito aos Decretos 1.591/1995 e 1.815/1996 — vigentes à época em que ocorreu o ingresso das divisas decorrentes do contrato de empréstimo tratado nos presentes autos —, não há de se falar, como defende a apelante, em ausência de sustentação legal.

Os Decretos 1.591/1995 e 1.815/1996 limitaram-se a regulamentar a hipótese de incidência já prevista no art. 63 do CTN, cujas alíquotas e contribuintes foram definidos pelo Decreto-Lei 1.783/1980, o qual, ao tratar das alíquotas e dos contribuintes do imposto, elegeu, entre eles, o comprador de moeda estrangeira e os adquirentes de títulos mobiliários.

Nas operações de câmbio, dá-se a troca de moedas com existência e valores atuais pela compra e venda de moeda estrangeira, na definição do tributarista Hugo de Brito Machado (in Comentários ao Código Tributário Nacional, coord. Carlos Valder do Nascimento. Rio de Janeiro; Forense, 1997, p. 118).

O fato gerador do IOF é, pois, a efetiva entrega da moeda nacional ou estrangeira ou de documento representativo de seu valor (como cheque, carta de crédito etc.), ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por ele. Não tem sentido, pois, a tese de que o tributo deve incidir apenas nos contratos de venda (remessa ao exterior), visto que contemplados na previsão legal também o ingresso de divisas.

No caso dos autos, trata-se de operação de câmbio vinculada a empréstimo contraído no exterior, hipótese regulamentada com a edição da

(6)

Medida Provisória 438/1994, convertida na Lei 8.894/1994, que estabeleceu, no artigo 6º, como contribuintes do IOF incidente sobre operações de câmbio os compradores ou vendedores da moeda estrangeira na operação referente a transferência financeira para ou do exterior, respectivamente.

A propósito, o Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do REsp 621.482/SP, julgado em 14/2/2006, relatado pelo Ministro João Otávio de Noronha, firmou o entendimento de que a liquidação do câmbio decorrente de empréstimos externos consiste em evento que se encontra inserido na base de incidência legal delineada pelo art. 63 do CTN. Cabe transcrever, por ser elucidativo quanto ao ponto, o seguinte trecho do julgado:

Para melhor elucidar a controvérsia suscitada nos autos, transcrevo o teor do art. 63, II, do CTN:

"Art. 63. O imposto, de competência da União, sobre operações de crédito, câmbio e seguro, e sobre operações relativas a títulos e valores mobiliários tem como fato gerador:

II - quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua colocação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este."

Diante desse preceito normativo, entendo, diversamente do alegado nas razões recursais, que a incidência do IOF sobre as operações relacionadas à liquidação de contratos de câmbio relativos a empréstimos contratados no exterior não constitui criação, tampouco o alargamento das hipóteses de incidência da exação. Ora, prevendo o art. 63 do CTN que o IOF incide sobre operações de câmbio, é consectário lógico que incide sobre o contrato em comento, que, em última análise, nada mais é do que uma operação cambial.

Em síntese, a liquidação do câmbio decorrente de empréstimos externos consiste em evento que se encontra dentro da base de incidência legal delineada pelo art. 63 do CTN.

Esse entendimento vem sendo reiterado pela Corte Superior, conforme se infere do seguinte julgado:

RECURSO ESPECIAL. TRIBUTÁRIO. CONTRATO DE CÂMBIO.

EMPRÉSTIMO CONTRATADO NO EXTERIOR. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL. INVIÁVEL O REEXAME NA VIA DO RECURSO ESPECIAL.

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1. O Tribunal a quo enfrentou e decidiu, com adequada fundamentação, as questões pertinentes ao julgamento.

2. Não está recurso restrito às razões apresentadas pelas partes, podendo o julgador invocar fundamento jurídico diverso.

3. O acórdão recorrido trata da constitucionalidade do artigo 1º do Decreto-lei nº 1.783/80, que previu a incidência do IOF sobre o empréstimo de qualquer modalidade. Visão constitucional cujo exame foge da alçada do recurso especial.

4. A liquidação dos contratos de câmbio firmados no exterior, de acordo com o artigo 63, II, do CTN, sofrem a incidência do IOF (precedentes).

5. Recurso especial conhecido e desprovido.

(REsp 1140477/SP, rel. ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 18/3/2010 — sem grifo no original).

Não se verifica, pois, irregularidade na regulamentação da exigência por meio do Decreto 1.071/1994 ou dos decretos que o sucederam (Decretos 1.591/1995 e 1.815/1996), pois se trata de modalidade normativa que se prestou, no caso, unicamente ao seu papel de regulamentação.

Nesse sentido:

AGRAVO LEGAL. CONTRATOS DE CÂMBIO. IOF. INCIDÊNCIA.

DECRETO-LEI N° 1.071/94. LEGALIDADE.

1. O Decreto-Lei nº 1.071/94 encontra seu fundamento de validade imediato na Constituição e mediato no CTN, não havendo se falar em ilegalidade. Referido ato normativo não fixou nova hipótese de incidência, mas tão somente regulamentou aquela já prevista na legislação.

2. Não há elementos novos capazes de alterar o entendimento externado na decisão monocrática.

3. Agravo legal improvido.

(TRF3ª, AMS 200203990098480, rel. desembargadora federal Consuelo Yoshida, Sexta Turma, DJF3 de 22/9/2011, p. 1083).

CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. IOF. CÂMBIO. CONTRATO EM MOEDA ESTRANGEIRA. INCIDÊNCIA DO ART. 63, II, DO CTN DECRETO 1071/94. LEGITIMIDADE DA COBRANÇA.

1- O apelado contratou com Banco do exterior, com base na Autorização Prévia nº. 10-1-94/00302 do BACEN, empréstimo em moeda estrangeira, mediante emissão de

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FIXES RATES NORTES no mercado externo, em regime de Public Placemente.

2- A hipótese de incidência do IOF foi observada pelo art. 1º do Decreto nº 1783/80. Precedentes.

3- O Decreto nº 1071/94, não inovou quanto à instituição ou majoração da hipótese de incidência, pois já resolvida no CTN em seu art. 63, II, assim entendido pelo E. STJ. Precedentes.

4- Somente teve o condão de incorporar a norma jurídica instituidora do IOF com o fato gerador as espécies fáticas.

Precedentes.

5- Reconhecida a constitucionalidade da exação, incorreta a sentença de procedência do pedido.

6- Apelação e à remessa oficial

2. A teor do disposto no art. 63, II, do CTN, a liquidação de contrato de câmbio relativo a empréstimo contratado no exterior constitui fato gerador do IOF.

3. O Decreto 1071/94 não instituiu ou alargou a hipótese de incidência já definida nos art. 63 do CTN.

4. Apelação e remessa oficial providas.

(TRF3ª, AMS 199903990356080, rel. desembargador federal Nery Junior, Terceira Turma, DJF3 de 26/11/2009, p. 296).

Ante o exposto, nego provimento à apelação.

É como voto.

Referências

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