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PATRÍCIA BELOTO BERTOLA

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PATRÍCIA BELOTO BERTOLA

Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003

São Paulo 2006

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PATRÍCIA BELOTO BERTOLA

Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária

Departamento:

Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal

Área de concentração:

Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses

Orientador:

Prof. Dr. Marcos Amaku

São Paulo 2006

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: BERTOLA, Patrícia Beloto

Título: Estudo da Leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003

Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Medicina Veterinária

Aprovado em:

Banca Examinadora

Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________

Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________

Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________

Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________

Prof. Dr.______________________________ Instituição:____________________________

Julgamento:___________________________ Assinatura:____________________________

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“Minha querida insólita metrópole, capital de todos os absurdos! Música eletrônica em fundo de serenata, paisagem cubista com incrustações primitivas, poema concreto envolto em trovas caboclas.

Cidade feita de cidades, bairros proclamando independência, ruas falando dialeto, homens com urgência de viver.

Oceano feito de ilhas chegando, ilhas sangrando, ilhas florindo.

Os céus cansados do concreto que arranha. Cresce o mar das periferias.

No barco dos barracos navega um sonho. No fundo de cada um dos cidadãos do mundo, dorme a província.

Ali a velha igreja com seu campanário esperando a mantilha da noite.

Anúncios luminosos piscam obsessões. O asfalto é irmandade de credos.

Os domingos são quadrados. Cabem dentro da tela de cinema, do aparelho de televisão, da página do jornal, do campo de futebol.

O metrô é mergulho no inconsciente urbano. Nele o mesmo silêncio dos elevadores.

Convívio de sonâmbulos, de antípodas da fila de ônibus e do trem de subúrbio onde há tempo para o cansaço florir um sorriso.

Aqui o verde é esperança cobrindo o frio a existir.

Teatros e o balé da multidão, museus contemplando o quadro dos que se agitam, orquestras e a sinfonia de uma época em marcha. Nestes tempos modernos, Carlito operário ou estudante, comerciário ou burocrata, é técnico em sobreviver.

Planalto dos desencontros, porta dos aflitos, rosa de eventos onde até o futuro tem pressa de chegar.

Mal-amada cidade de São Paulo, EU TE AMO!”

Minha insólita metrópole, Paulo Bonfim, 2000

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais que com todo apoio e compreensão foi possível passar por mais uma importante etapa da minha vida.

Ao Prof. Dr. Marcos Amaku pela orientação e voto de credibilidade no meu trabalho.

Ao Prof. Dr. Silvio Arruda Vasconcellos por estar sempre disponível a esclarecer dúvidas.

A toda equipe do DEPAVE pela atenção e por disponibilizar os dados utilizados na confecção deste trabalho. As médicas veterinárias Adriana Marques Joppert da Silva, Antonieta Rosa Bauab, Dafne do Valle Dutra de Andrade Neves, Francês White Rossi, Nilton Fidalgo Pepes, Maria Eugênia, Wilma e Hilda que realizaram toda a parte prática deste projeto.

Aos amigos de laboratório Jucelia Pereira e Patrícia Marques Ferreira que muito contribuíram na confecção dos mapas desta dissertação, e momentos de descontração.

À Profa Dra Sandra Elisa Favorito amiga, chefe e professora, que me ensinou a importância da pesquisa e me incentivou na realização do mestrado.

Aos amigos Arlei Marcili, Laerte Bento Viola e Noraly Liou, que me ajudaram em todos os momentos.

Ao Prof. Marcelo Bahia Labruna que me acolheu pela primeira vez no VPS.

Aos amigos Adriano Pinter e Maurício Horta pelo apoio e pela amizade e horas de conversas.

Aos amigos da RV Consultoria, em especial Sebastião Carlos, Tiãozinho, Zé Roberto, Francisco, Zequinha, Adão e Diego, que sem o apoio de vocês não seria possível a conciliação do trabalho com os estudos.

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RESUMO

BERTOLA, P. B. Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D.

albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 – 2003. [Study of Leptospirosis (Leptospira sp) in opossums (Didelphis aurita e D. albiventris) in the city of São Paulo – SP, 1995 – 2003]. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

O conhecimento sobre a ocorrência de leptospirose na fauna silvestre é importante para efetuar o controle e a profilaxia da enfermidade de uma forma mais adequada. Este trabalho teve por objetivo analisar a ocorrência de Leptospira sp em gambás das espécies Didelphis aurita e D. albventris do Município de São Paulo durante o período de 1995 a 2003. Através de um banco de dados disponibilizado pela divisão técnica de medicina veterinária e manejo da fauna silvestre do Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo – DEPAVE, foram analisados 220 animais testados para leptospirose através do método de Soroaglutinação Microscópica – MAT, realizada pelo Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo. Entre os animais testados 15% estavam soropositivos, e todos pertencentes à espécie D. aurita; os teste realizados para D. albventris foram negativos. Os sorovares considerados mais prováveis foram castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), hardjo (8,3%), shermani, pomona, wolffi, autumnalis e copenhageni (4,2%). Os animais infectados foram analisados segundo o sexo, estágio de desenvolvimento e estágio reprodutivo. Também foram analisados os principais sorovares de acordo com as estações do ano e a localização na cidade de São Paulo.

Palavras-chave: Didelphis. Animais silvestres. Leptospirose. Epidemiologia. São Paulo.

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ABSTRACT

BERTOLA, P. B. Study of Leptospirosis (Leptospira sp) in opossums (Didelphis aurita e D. albiventris) in the city of São Paulo – SP, 1995 – 2003. [Estudo da leptospirose (Leptospira sp) em gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo – SP, 1995 - 2003]. 2006. 88 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2006.

The study of leptospirosis in the wild fauna is important to the control and profilaxy of the disease in a more adequate way. The goal of this study was to analyze the occurrence of Leptospira spp in opossums from the species Didelphis aurita e D. albventris from São Paulo city during the period from 1995 to 2003. It was used a data base from the veterinary medicine technical division and management of the wild fauna of Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo - DEPAVE, composed by 220 leptospirosis-tested animals analyzed through a soroaglutination method developed by the Centro de Zoonoses of São Paulo. Among the tested animals, the prevalence was 15%, and all of the positives belonged to D. aurita species; the tests in D. albventris were negative. The more probable sorovars considered were castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), hardjo (8,3%), shermani, pomona, wolffi, autumnalis and copenhageni (4,2%). The infected animals were analyzed according to the sex, development stage, reproductive stage.

The main sorovars were also analyzed according to the seasons of the year and their location in São Paulo city.

Key words: Didelphis. Wild animals. Leptospirosis. Epidemiology. São Paulo.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Variantes sorológicas de leptospira empregadas como antígenos para a realização da soroaglutinação microscópica pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo – CCZ, 1995-2003... 34

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Número (N) e porcentagem (%) de resultados positivos para leptospirose pesquisada através da prova de soroaglutinação microscópica em gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003... 39 Tabela 2 - Distribuição dos sorovares encontrados em amostras positivas para

leptospirose em gambás (Didelphis aurita), segundo sua titulação (T >

100), Município de São Paulo, 1995 – 2003... 40 Tabela 3 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos

testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com o sexo dos gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003... 42 Tabela 4 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos

testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com o estágio de desenvolvimento dos gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003... 42 Tabela 5 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos

testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com o estágio reprodutivo das fêmeas adultas de gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003... 43 Tabela 6 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e

porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T >100), de acordo com os anos de 1995 – 2003, Município de São Paulo... 46 Tabela 7 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e

porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T >100), de acordo com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003... 49 Tabela 8 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e

porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T >100), de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 50 Tabela 9 - Freqüência de soros com aglutininas anti-leptospiras (T >100) em

gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos da cidade de São Paulo, 1995 – 2003 ... 52 Tabela 10 - Porcentagem (%) de soros reagentes na pesquisa de leptospirose (T

>100) em gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos do Município de São Paulo e estações do ano, 1995 – 2003... 54

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - (a) Precipitação acumulada (mm) encontrada no Município de São Paulo durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP, Estação do IAG da Água Funda

(b) Temperatura média (ºC) encontrada no Município de São Paulo durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP, Estação do IAG da Água Funda... 29 Gráfico 2 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita) amostrados para pesquisa de

leptospiras com o teste de soroaglutinação microscópica, Município de São Paulo, 1995 - 2003 ... 45 Gráfico 3 - (a) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para

leptospirose nas estações de chuva e estiagem no Município de São Paulo, 1995 – 2003

(b) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para leptospirose nas estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003... 47 Gráfico 4 - Número (N) de gambás examinados e positivos para leptospirose, de acordo

com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 48 Gráfico 5 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,

icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis aurita) de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003... 51

Gráfico 6 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,

icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis aurita) de acordo com os distritos do Município de São Paulo, 1995 – 2003... 53 Gráfico 7 - Porcentagem (%) de soros reagentes para Leptospira sp (T >100) em

gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos do Município de São Paulo e estações do ano, 1995 – 2003... 55

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LISTA DE FOTOGRAFIA

Fotografia 1 - Didelphis aurita, gambá da orelha preta ...

Foto: Juarez Silva

32

Fotografia 2 - Didelphis albventris, gambá da orelha branca ...

Foto Maurício Horta

32

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização do Município de São Paulo dentro do Estado de São Paulo e no Brasil ... 29 Mapa 2 - Divisão do Município de São Paulo de acordo com os distritos (Zonas

Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) e de acordo com os distritos administrativos (Bairros) ... 31 Mapa 3 - Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) positivos e

negativos para leptospirose, de acordo com os distritos do Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 58 Mapa 4 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para

leptospirose, de acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 59 Mapa 5 - Porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) positivos para leptospirose,

de acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 60 Mapa 6 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para

leptospirose, de acordo com o endereço, Município de São Paulo, 1995 - 2003... 61 Mapa 7 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para

leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de parques e áreas verdes dentro do município, Município de São Paulo, 1995 - 2003... 62 Mapa 8 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para

leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de rios, lagos e represas dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 63 Mapa 9 - Localização dos gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para

leptospirose, de acordo com o endereço, e a disposição de áreas de favelas dentro do município, Município de São Paulo, 1995 – 2003 ... 64 Mapa 10 - Localização de oito dos dez parques municipais onde foram examinados

gambás (Didelphis aurita) para leptospirose, Município de São Paulo, 1995 – 2003... 65

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

CCZ: Centro de Controle de Zoonoses

CDC: Center for Disease Control and Prevention

DEPAVE: Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo IAG: Instituto Astronômico e Geofísico

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística NP/NL: Não prenha / não lactante

SIG: Sistema de Informação Geográfica

SP: São Paulo

T: Títulos

USP: Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 19

2 OBJETIVOS ... 27

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ...27

3 MATERIAL E MÉTODOS ... 28

3.1 ÁREAS DE ESTUDO ...28

3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA ...32

3.3 SOROLOGIA ...33

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...35

3.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG ...35

4 RESULTADOS ...37

4.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO ...41

4.2 LOCAL DE APREENSÃO ...43

4.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL ...44

4.4 VARIAÇÃO REGIONAL ...51

4.5 PARQUES MUNICIPAIS ...56

5 DISCUSSÃO ...66

5.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO ...70

5.2 LOCAL DE APREENSÃO ...71

5.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL ...71

5.4 VARIAÇÃO REGIONAL ...73

5.5 PARQUES MUNICIPAIS ...75

6 CONCLUSÕES ...76

7 SUGESTÕES ...78

(18)

REFERÊNCIAS ... 79 APÊNDICE...86 ANEXO ...88

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1 INTRODUÇÃO

O desenvolvimento de doenças dentro de comunidades é um fator que ocorre naturalmente e que possivelmente apresenta um papel muito importante na estrutura das populações naturais (CAUGHLEY; GUNN, 1996). Em algumas circunstâncias esse fator pode acarretar severos problemas, quando acidentalmente introduzidas ou quando há mudanças no ambiente causadas pelas atividades humanas (SCOTT, 1988).

A pressão do incremento demográfico, das atividades agropecuárias, industriais e comerciais em todas as regiões do mundo, tem reduzido populações de animais silvestres, levando algumas espécies a desaparecerem de certas áreas, antes mesmo de terem sido convenientemente estudadas (LIMA, 1997).

Mais do que a perda da biodiversidade, estas perturbações ecológicas estão quebrando rapidamente as barreiras naturais que limitam a transmissão de doenças de homens para animais e de animais para os homens, tornando-os alvos fáceis para a disseminação de doenças (DASZAK et al., 1999; MORSE, 1995; POKRAS et al., 2000; ROELKE;

MARTENSON; O´BRIEN, 1993).

Mudanças ecológicas, crescimento econômico e crises sociais estão conduzindo vastos movimentos de hospedeiros e influenciam na abundância e distribuição de vetores, que juntos estão contribuindo para o reaparecimento de antigas doenças e o aparecimento de outras novas (WILSON, 1995).

As doenças infecciosas podem causar nos animais conseqüências na sobrevivência de indivíduos infectados (SCOTT, 1988). Muitos fatores interagem e contribuem para seu aparecimento em uma população, constituindo um grande risco tanto para animais de cativeiro como para animais de vida livre, especialmente durante condições de captura, reintrodução e translocação ou em ecossistemas perturbados e fragmentados (KLEIN, 1993).

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De acordo com Daszak, Cunningham; Hyatt (2000) a transmissão de agentes infecciosos através de reservatórios de populações animais domésticos para animais silvestres pode ser classificada em três grupos básicos: 1) pode ser associado com animais domésticos que vivem próximos aos animais silvestres; 2) interação com o homem, hospedeiro ou parasita translocado e 3) sem o envolvimento de humanos ou animais domésticos. Estes fenômenos tem duas grandes implicações biológicas: primeiro, muitas espécies de animais silvestres são reservatórios de patógenos que ameaçam a saúde do homem e animais domésticos; e segundo, o aparecimento de doenças infecciosas em silvestres é uma ameaça para a conservação da biodiversidade global.

Dentre as doenças infecciosas que ocorrem comumente entre homens, animais domésticos e silvestres está a leptospirose. É uma doença de caráter zoonótico com ampla distribuição geográfica ocorrendo tanto em áreas urbanas como em áreas rurais e está amplamente difundida no Brasil (BLENDEN, 1986; BRASIL, 1995). De acordo com Acha;

Szyfres (1986) atualmente se reconhece a leptospirose como um problema de crescente importância em todo o mundo principalmente em países considerados em fase de desenvolvimento.

Observou-se um aumento da notificação nos últimos anos em várias regiões do mundo: Nicarágua, Índia, Sudeste da Ásia, Estados Unidos, Malásia e Brasil. Cerca de 10 mil casos são notificados por ano em todas as grandes metrópoles do mundo (LEVETT, 2001).

No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005), durante os anos de 1980 a 2003 foram confirmados 53.354 casos de leptospirose no país, sendo que mais de 20%

destes no Estado de São Paulo.

O intenso e desordenado processo de urbanização criou ambientes físicos e sociais extremamente insalubres. A falta de saneamento básico nas grandes cidades, principalmente nas favelas, e a freqüente exposição à contaminação ambiental durante as fortes chuvas e

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enchentes são considerados fatores fundamentais para a ocorrência das epidemias de leptospirose em área urbana. Além disso, a alta densidade demográfica contribui para o aspecto explosivo das epidemias, gerado em grandes contingentes submetidos simultaneamente a condições ambientais propícias (TASSINARI et al., 2004).

O agente etiológico causador da leptospirose pertence à Ordem Spirochaetales, Família Leptospiraceae, gênero Leptospira, e dividida em duas espécies: Leptospira interrogans, patogênica e, L. biflexa, saprófita. Com base em estudos genéticos, houve a proposta de uma nova classificação, onde as leptospiras patogênicas foram divididas em sete espécies: Leptospira borgpeterseni, L. inadai, L. noguchii, L. santarosai, L. weillii, L.

kirschneri e L. interrogans. (FAINE, 1994). A unidade taxonômica básica é o sorotipo ou sorovar, que são agrupados de acordo com suas principais afinidades antigênicas em sorogrupo, o qual indica a natureza sorológica desses grupos (BRASIL, 1995).

A Leptospira é um microorganismo obrigatoriamente aeróbico com formato helicoidal, mede entre 6 a 20 µm de comprimento, possui um gancho em pelo menos uma das extremidades, e também uma alta motilidade. Sabe-se que tem uma boa multiplicação em ambientes com pH entre 7,2 a 7,4, que sejam quentes e úmidos, temperaturas extremas comprometem sua sobrevivência (FAINE, 1994).

Sua transmissão pode ocorrer pelo contato direto ou indireto do agente patogênico através da pele lesada ou de mucosas, sendo o modo de transmissão mais comum o indireto.

A transmissão congênita também tem um papel importante em animais domésticos, podendo ocasionar abortos (HANSON, 1982). Não se tem conhecimento sobre esta forma de transmissão em animais silvestres. Outra forma de contágio que alguns trabalhos sugerem é através do alimento, onde animais topos de cadeia se contaminam ingerindo pequenos vertebrados infectados (KHAN et al., 1991; HYAKUTAKE et al., 1976).

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Quando animal é infectado, ocorre a multiplicação do microorganismo na corrente sanguínea, caracterizado como fase septicêmica, que dura de 7 a 10 dias. Durante este período as leptospiras podem ser isoladas da maioria dos órgãos e do fluído cerebroespinhal. Na fase seguinte, há uma instalação das leptospiras nos túbulos renais, ocorrendo a leptospirúria, que pode variar de acordo com a relação hospedeiro-parasita. Após a primeira fase formam-se os anticorpos e as leptospiras desaparecem da corrente sanguínea (ACHA; SZYFRES, 1986).

A principal fonte de eliminação do agente é a urina dos animais portadores, mas a leptospira também já foi isolada em secreções corporais como o sêmen e leite de bovino, suíno e hamsters. Animais que são hospedeiros naturais como os roedores podem eliminar as leptospiras por períodos prolongados, sem apresentar sintomas (HANSON, 1982).

Em estudos realizados em animais de produção, constatou-se que a leptospirose coloca em risco a reprodução dos animais, comprometendo a fertilidade e conseqüentemente a produção de carne e de leite em rebanhos que a mantêm como epidemia (ELLIS, 1994). Além dos problemas relacionados à saúde animal, destacam-se aqueles relacionados à saúde pública, por esta ser uma grave zoonose, além de acarretar altos prejuízos econômicos para a pecuária nacional (VASCONCELLOS et al., 1997).

A leptospirose possui duas formas, não ictérica e ictérica, e os sintomas a ela relacionados são amplos. As manifestações clínicas estão associadas com o sorogrupo específico, e suas complicações com a localização das leptospiras nos tecidos (LEVETT, 2001).

Febre repentina, fortes dores de cabeça, calafrios, mialgias, dores abdominais são os principais sintomas da forma não ictérica e usualmente se extinguem em uma semana, com o aparecimento dos anticorpos. Por seus sintomas serem mais brandos, possui baixa taxa de mortalidade.

(23)

A forma ictérica é mais severa, conhecida como a doença de Weil, possui quadro clínico quase sempre de rápido progresso, a mortalidade varia de 5 a 15 %. Os sintomas característicos são insuficiência renal e hepática, hemorragia e colapso vascular (LEVETT, 2001).

Os animais de vida livre são conhecidos por serem carreadores e disseminadores de leptospirose em muitos países (HATHAWAY; BLACKMORE; MARSHALL, 1981). De acordo com Santa Rosa et al (1980) a participação destes animais, principalmente roedores, na epidemiologia da leptospirose é fato indiscutível, pois em sua maioria comportam-se como portadores permanentes de vários sorovares de leptospiras, tornando-se fonte perene para a infecção do homem e outros animais.

Desde que foi relatada pela primeira vez, a leptospirose foi confirmada através de estudos em muitas espécies de animais domésticos e silvestres em diversas partes do mundo, dentre eles roedores, marsupiais, morcegos, carnívoros, xenarthras, perissodátila, artiodáctylas, répteis e anfíbios (CORDEIRO; SULZER; RAMOS, 1981; EVERARD, et al., 1983; HYAKUTAKE et al., 1980; JESSUP et al., 1992; MICHINA et al., 1970; REILLY;

FERRIS; HANSON, 1968; SANTA ROSA et al., 1975; SANTA ROSA et al., 1980; TWIGG;

COX et al., 1976).

Os marsupiais muitas vezes estão associados à disseminação de diversas doenças, como a doença de Chagas (LEGEY et al., 2003), salmonelose, leptospirose (RUIZ-PINA et al., 2002), toxoplasmose, neosporose (YAI et al., 2003), ao agente Sarcocystis sp, (DUBEY et al., 2001), embora pouco se conhece sobre o ciclo silvestre destas doenças.

Atualmente são conhecidas cerca de 273 espécies de marsupiais, das quais 204 vivem na Austrália e algumas ilhas do sudeste asiático e 69 ocorrem no continente americano. Os marsupiais didelfídeos compreendem um importante componente da fauna de mamíferos

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neotropicais, representando cerca de 9% da diversidade de mamíferos continentais (BARBINI; PASSAMANI, 2003).

Os marsupiais neotropicais pertencem às subfamílias Didelphinae e Caluromynae, que incluem 17 gêneros e mais de 90 espécies. No Estado de São Paulo encontramos 21 espécies (VIVO, 1998), das quais oito são endêmicas (VIVO, 1998). A Mata Atlântica abriga marsupiais distribuídos em 12 gêneros com 23 espécies (FONSECA et at., 1996).

O gênero Didelphis (Didelphia: Didelphidae) compreende 4 espécies, sendo 3 com distribuição em território brasileiro: Didelphis aurita (Wied-Neuwied, 1826), D. albventris (Lund, 1840), D. marsupialis (Linné, 1758) (EMMONS 1999). Destas D. aurita e D.

albiventris ocorrem no Estado de São Paulo.

Os gambás (Didelphis spp) são animais bastante abundantes na região neotropical, e extremamente adaptáveis aos diferentes habitats (EMMONS, 1999). Estes fatores propiciam a estas espécies o estreito convívio com humanos e animais domésticos nas grandes metrópoles, pois existem poucos predadores naturais e vasta disponibilidade de alimentos, já que são onívoros oportunistas.

São animais de hábito noturno e solitário, formam casais apenas no período reprodutivo, ocorrendo de uma a duas vezes por ano. A fêmea pode gerar em média sete filhotes por ninhada, carregando-os no marsúpio por aproximadamente cem dias. Os filhotes chegam à maturidade sexual em 170 a 336 dias, e tem uma longevidade de aproximadamente dois anos em ambientes naturais (CUSICK, 2004; GORDON, 2004).

Na Nova Zelândia e na Austrália, o gambá (Trichosurus vulpecula) é considerado o principal reservatório do sorovar balcânica e há uma maior prevalência em animais em área rural em relação a animais de floresta (DAY et al., 1997; HATHAWAY; BLACKMORE;

MARSHALL,1981).

(25)

No México o gambá da espécie Didelphis virginiana foi reagente aos sorovares pomona e wolffi. (RUIZ-PIÑA et al., 2002).

Em um trabalho realizado nas ilhas de Trindade e Granada foram encontrados em testes sorológicos os sorotipos bataviae em Didelphis marsupialis, os sorovares javanica, hebdomadis e ballum em Marmosa mitis e o sorovar javanica em Calluromys philander trinitatis. Em isolamentos foram encontrados: lanka em Marmosa fuscata e M. mitis, e o sorovar ballum o sorovar ballum em M. mitis e Caluromys sp (EVERARD et al., 1983).

No Peru foram realizados trabalhos com sorologia e isolamento de lepstospiras em marsupiais e detectaram seis novos sorotipos. Philander opossum foi reagente aos sorotipos pomona e georgia e isolados três novos sorovares, Tarassovi – lius, Icterohaemorrhagiae – machuguiguenga e Bataviae – rioja, que representam o sorogrupo e sorovar respectivamente.

Na espécie Didelphis marsupialis também foram descritos novos sorovares, Djasiman – huallaga, Sejroe – rupa rupa, e Cynopteri – tingomaria (sorogrupo – sorovar) (DE HIDALGO, 1981; DE HIDALGO; SULZER, 1984).

Bunnell et al. (2000) detectou na região de floresta amazônica do Peru, através do método de PCR, a presença de leptospira patogênica em marsupiais das espécies Philander opossum, P. andersoni, Marmosops bichopi, M. noctivagus, Micoreus demerae e Monodelphis adusta.

No Brasil poucos estudos sobre a leptospirose foram realizados envolvendo a Ordem Didelphidae. Pesquisas através do isolamento e sorologia têm evidenciado os seguintes sorovares: Caluromys sp: icterohaemorrhagiae (LINS; LOPES, 1984); Philander opossum:

grippothyphosa, ballum, wolffi, tarassovi e guaratuba (CORDEIRO; SULZER; RAMOS, 1981; COSTA; REZENDE; LINS, 1969/70; LINS; LOPES, 1984; SANTA ROSA, 1970;

SANTA ROSA et al., 1975); Didelphis spp: grippotyphosa, castellonis, wolffi e panama (SILVA et al., 2004); D.albiventris: pomona, mangus, panama (CORDEIRO; SULZER;

(26)

RAMOS, 1981) e D. marsupialis: patoc, ballum, wolffi, bataviae, brasiliensis, szwajizak, griphotyphosa e icterohaemorrhagiae (CALDAS; FEHRINGER; SAMPAIO, 1992; LINS;

LOPES, 1984; SANTA ROSA et al., 1975).

Para o conhecimento ecológico e manejo para conservar a biodiversidade e manter a saúde das espécies, é necessário conhecer a trajetória das doenças, sua influência no comportamento individual, dinâmica populacional, estrutura da comunidade e padrão biogeográfico (MAY, 1988).

Os gambás foram os mamíferos silvestres com maior número de registro em área urbana na cidade de São Paulo, pelo DEPAVE, durante o período de 1995-2003. Devido a sua alta densidade populacional e o próximo convívio do homem e animais domésticos, podendo ser considerados modelos adequados para o estudo da leptospirose.

Considerando a relevância do problema leptospirose em uma população pouco estudada, procurou-se analisar a ocorrência de Leptospira sp em gambás do Município de São Paulo, durante o período de 1995-2003, permitindo assim uma melhor compreensão da epidemiologia desta zoonose.

(27)

2 OBJETIVO GERAL

• Estudar a ocorrência de leptospirose em espécies de gambás (Didelphis aurita e D. albiventris) no Município de São Paulo, no período de 1995 a 2003

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Determinar a soroprevalência de leptospirose na população de gambás (Didelphis aurita, D. albiventris) do Município de São Paulo no período de 1995-2003.

• Determinar os principais sorovares na amostra analisada.

• Relacionar a ocorrência da leptospirose com o sexo, estágio de desenvolvimento e, estágio reprodutivo dos espécimes de Didelphis aurita e D.

albiventris.

• Analisar a soroprevalência de leptospirose na população de gambás, no período de 1995-2003, segundo os anos, meses e estações do ano.

• Determinar as áreas do Município de São Paulo com maior ocorrência de leptospirose em gambás no período de 1995-2003.

(28)

3 MATERIAL E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho foram utilizadas informações extraídas de um banco de dados disponibilizado pelo Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo, o qual continha 220 gambás pertencentes às espécies Didelphis aurita e D. albiventris, analisados para leptospirose através da Técnica de Soroaglutinação Microscópica. Os animais foram capturados no Município de São Paulo entre os anos de 1995 – 2003. Os dados seguem detalhados abaixo.

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O Município de São Paulo (Mapa 1) é o maior centro financeiro, industrial e populacional do Brasil, com área de unidade territorial de 1.523 km2 e 10.434.252 habitantes, possuindo a terceira maior população do mundo (IBGE, 2000). Está situada no chamado planalto paulistano, a uma altitude média de 800m e a 89 quilômetros do oceano Atlântico, do qual está separada pela serra do Mar.

A cidade possui um clima tropical temperado de altitude, com temperatura média anual de 19ºC e índices pluviométricos anuais de 1.300mm. De outubro a março a temperatura pode chegar a 30ºC, com altos índices pluviométricos. O período que se estende de abril a setembro corresponde a época de estiagem, com temperaturas mais baixas, chegando a 6ºC (Gráfico 1) (SÃO PAULO, 2004).

Seu território é composto por 31 regionais administrativas, subdivididas em 96 bairros, distribuídos em cinco áreas maiores denominadas Zonas Sul, Norte, Leste, Oeste e Centro (Mapa 2).

(29)

-

Município de São Paulo Estado de São Paulo

100 50 0 100Km

Mapa 1 - Localização do Município de São Paulo dentro do Estado de São Paulo e no Brasil

0 5 10 15 20 25

janeiro fevereiro

mao abril

maio junho

julho agosto

setemb ro

outubro novembro

dezembro m eses

temperatura média C)

1(a)

0 50 100 150 200 250 300 350

janeiro fevereiro

março abril maio

junho julho agos

to setemb

ro outubro

nov embro

dez emb

ro

m eses

Precipitão Acumulada (mm)

1(b)

Gráfico 1 - (a) Precipitação acumulada (mm) encontrada no Município de São Paulo durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP, Estação do IAG da Água Funda. (b) Temperatura média (ºC) encontrada no Município de São Paulo durante os meses do ano de 1999. Fonte: Instituto Astronômico e Geofísico da USP, Estação do IAG da Água Funda.

(30)

A área de cobertura vegetal é de 760,14 Km2, distribuídos em 31 parques, sendo que os parques municipais ocupam uma área de 14,75 Km2, e quatro áreas de proteção ambiental (APA), que ocupam 273, 17 Km2 (SÃO PAULO, 2004).

(31)

52 56

30 3 83

42

23

59 41

45

11

32 64

62

72

58 2

25 36

69

18

1

37 19

78

46 13

4 71

5

16 12

81

75

35

22

17 27

8 91 6

55

51

60

33 29

24

66

85 48

77 28

96 34 68

35 73

74 84

95

86

79

76

53

93 47

15

31 82

92 9

63 54

94

20

89

87 88

21

38

90 40

65 50

61

44 7 39

14 26

70 10

49 57 6780

DISTRITOS SUL OESTE CENTRO LESTE NORTE DISTRITOS ADMINISTRATIVOS

01 - AGUA RASA 02 - ALTO DE PINHEIROS 03 - ANHANGUERA 04 - ARICANDUVA 05 - ARTUR ALVIM 06 - BARRA FUNDA 07 - BELA VISTA 08 - BELEM 09 - BOM RETIRO 10 - BRAS 11 - BRASILANDIA 12 - BUTANTA 13 - CACHOEIRINHA 14 - CAMBUCI 15 - CAMPO BELO 16 - CAMPO GRANDE 17 - CAMPO LIMPO 18 - CANGAIBA 19 - CAPAO REDONDO 20 - CARRAO 21 - CASA VERDE 22 - CIDADE ADEMAR 23 - CIDADE DUTRA 24 - CIDADE LIDER 25 - CIDADE TIRADENTES 26 - CONSOLACAO 27 - CURSINO 28 - ERMELINO MATARAZZO 29 - FREGUESIA DO O 30 - GRAJAU 31 - GUAIANASES 32 - IGUATEMI 33 - IPIRANGA 34 - ITAIM BIBI 35 - ITAIM PAULISTA 35 - JARDIM HELENA 36 - ITAQUERA 37 - JABAQUARA

38 - JACANA 39 - JAGUARA 40 - JAGUARE 41 - JARAGUA 42 - JARDIM ANGELA 44 - JARDIM PAULISTA 45 - JARDIM SAO LUIS 46 - JOSE BONIFACIO 47 - LAJEADO 48 - LAPA 49 - LIBERDADE 50, LIMAO 51 - MANDAQUI 52 - MARCILAC 53 - MOEMA 54 - MOOCA 55 - MORUMBI 56 - PARELHEIROS 57 - PARI

58 - PARQUE DO CARMO 59 - PEDREIRA 60- PENHA 61 - PERDIZES 62 - PERUS 63 - PINHEIROS 64 - PIRITUBA 65 - PONTE RASA 66 - RAPOSO TAVARES 67 - REPUBLICA 68 - RIO PEQUENO 69 - SACOMA 70 - SANTA CECILIA 71 - SANTANA 72 - SANTO AMARO 73 - SAO DOMINGOS 74 - SAO LUCAS 75 - SAO MATEUS 76 - SAO MIGUEL 77 - SAO RAFAEL

78 - SAPOPEMBA 79 - SAUDE 80 - SE 81 - SOCORRO 82 - TATUAPE 83 - TREMEMBE 84 - TUCURUVI 85 - VILA ANDRADE 86 - VILA CURUCA 87 - VILA FORMOSA 88 - VILA GUILHERME 89 - VILA JACUI 90 - VILA LEOPOLDINA 91 - VILA MARIA 92 - VILA MARIANA 93 - VILA MATILDE 94 - VILA MEDEIROS 95 - VILA PRUDENTE 96 - VILA SONIA

-

10 5 0 10Km

Mapa 2 - Divisão do Município de São Paulo de acordo com os distritos (Zonas Norte, Sul, Leste, Oeste, Centro) e de acordo com os distritos administrativos (Bairros).

(32)

3.2 POPULAÇÃO ESTUDADA

Para a realização deste trabalho foram utilizadas informações extraídas a partir de fichas cadastrais de gambás, Didelphis aurita e D. albiventris, recebidos pela divisão técnica de medicina veterinária e manejo da fauna silvestre do Departamento de Parques e Áreas Verdes do Município de São Paulo – DEPAVE, abrangendo o período de 1995 a 2003.

Fotografia 1- Didelphis aurita, gambá-de orelha preta

Foto: Maurício Horta

Fotografia 2 - Didelphis albiventris, gambá- de- orelha-branca

Foto: Maurício Horta

Os animais cadastrados foram encaminhados ao DEPAVE através de órgãos municipais como o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ do Município de São Paulo, Corpo de Bombeiros, policiais e pelos próprios munícipes.

Após a chegada do animal foi realizado o atendimento clínico pelo médico veterinário e quando apto, o animal era marcado com tatuagem e solto em uma área determinada pelo biólogo do departamento.

A partir destas informações foi criado um banco de dados, para uso do autor, contendo apenas as informações necessárias para este trabalho, como código do animal (número da

(33)

ficha cadastral), data do atendimento, procedência (município, bairro e rua), espécie, sexo, idade, estado reprodutivo (se havia filhotes ou não), se havia exame para leptospirose, e o resultado do exame.

3.3 SOROLOGIA

As amostras de sangue foram colhidas pela equipe de médicos veterinários do setor de manejo da fauna silvestre do DEPAVE e encaminhadas para ao laboratório de zoonoses e doenças transmitidas por vetores do CCZ do Município de São Paulo para a realização dos exames de Leptospira sp

A técnica utilizada para pesquisa de anticorpos de Leptospira sp foi a Soroaglutinação Microscópica - SAM (FAINE, 1982), método que emprega antígenos representados por culturas de leptospiras vivas para a detecção de anticorpos. Esta metodologia é considerada, desde 1967, como procedimento padrão para o diagnóstico de leptospirose pela Organização Mundial da Saúde. Na classificação sorológica foi utilizada uma coleção de antígenos vivos, com 20 variantes sorológicas de leptospiras patogênicas e de leptospiras saprófitas (Quadro1).

Os animais que apresentaram reação de aglutinação com diluição de 1:100 ou superior, para um ou mais dos sorogrupos ou suas respectivas variantes sorológicas utilizadas, foram considerados reagentes positivos. Aqueles que não apresentaram reação a nenhum dos antígenos citados foram considerados negativos.

(34)

Leptospiras patogênicas

Sorogrupo Variante sorológica

Australis australis Autumnalis autumnalis

butembo

Ballum castellonis Batavia brasiliensis Canicola canicola Cynopteri cynopteri Grippotyphosa grippotyphosa Icterohaemorrhagiae copenhageni

icterohaemorrhagiae

Javanica javanica Panama panama Pomona pomona Pyrogenes pyrogenes Sejroe hardjo

wolffi

Shermani shermani Tarassovi tarassovi Djasiman Sentot Leptospiras saprófitas

Andamana andamana Quadro 1 - Variantes sorológicas de leptospira empregadas como antígenos para a realização

da soroaglutinação microscópica pelo Laboratório de Zoonoses e Doenças Transmitidas por Vetores do Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo – CCZ, 1995-2003

A interpretação dos resultados sorológicos neste trabalho considerou como o mais provável aquele sorovar com maior título para a reação de soroaglutinação microscópica e com a maior freqüência nos animais reatores (VASCONCELLOS et al., 1997).

(35)

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os cálculos estatísticos foram feitos utilizando os programas Minitab 14 (Minitab Inc.), StatXact 3.1 (Cytel Inc.) e Epi-Info 6.04 (CDC).

Para verificar a significância estatística na razão sexual entre os gambás capturados, foi utilizado o teste de comparação de uma proporção, disponível nos programas citados acima. O teste de χ2 foi utilizado para verificar se havia associação entre o sexo do animal e a soropositividade para leptospirose, considerando-se também o estágio de desenvolvimento e o estágio reprodutivo das fêmeas. Com base neste mesmo teste, também foi analisada a soropositividade dos animais em relação à região e a estação do ano. Nos casos em que o valor esperado para as caselas foi inferior a 5, foi calculado o valor exato de p. No caso de tabelas 2x2, este cálculo foi feito através do teste exato de Fisher.

3.5 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES GEOGRÁFICAS – SIG

Os sistemas de informações geográficas são utilizados como instrumentos para auxiliar na construção de mapas relacionados a banco de dados, permitindo a visualização socioambiental de um determinado espaço geográfico, sua descrição e análise. Os mapas gerados por este recurso auxiliam no planejamento, monitoramento e avaliação das ações em saúde, direcionando melhor as possíveis intervenções (CHIESA; WESTPHAL;

KASHIWAGI, 2002; SILVA, 2003).

Para estas análises é necessária a localização geográfica dos eventos, associando informações gráficas (mapas) às bases de dados de saúde, alfanuméricas. Neste trabalho foram gerados mapas através do software ArcView versão 9.1 (ESRI Inc.), o qual produziu a

(36)

visualização espacial dos dados gerados através de informações provindas do banco de dados do IBGE, do ano de 1995 e do banco de dados confeccionado pelo autor, através das fichas cadastrais dos gambás recebidos pelo DEPAVE.

As unidades político-administrativas adotadas como territórios de referência para a construção desses indicadores foram: distritos, bairros e nome de rua. Para a escolha das unidades espaciais foram consideradas a existência e qualidade do registro nos bancos de dados.

Parte das fichas cadastrais dos gambás não continha endereço, impossibilitando o mapeamento de todos os animais. Outro fator que prejudicou a confecção do mapa foi a falta de registro da numeração das casas ou estabelecimentos em que o animal foi encontrado, não sendo possível o mapeamento do local exato.

Para a confecção dos mapas que descrevem a localização dos animais em relação ao endereço disponibilizado, áreas de favela e hidrografia, não foram considerados os animais cadastrados em parques municipais, pois haveria uma sobreposição de pontos, dificultando a visualização dos demais pontos.

(37)

4 RESULTADOS

Foram analisados 220 soros pertencentes a gambás provindos do Município de São Paulo, 217 soros foram retirados de gambás da espécie Didelphis aurita e 3 soros de gambás da espécie D. albiventris. Dentre os soros examinados, 33 (15%) apresentaram resultado positivo a pelo menos um sorovar. Todos os soros analisados pertencentes à espécie D.

albiventris apresentaram resultados negativos para Leptospira sp.

Entre os 33 soros positivos para leptospirose, 20 (60%) aglutinaram para um único sorotipo, enquanto que 13 (40%) coaglutinaram para dois ou mais sorotipos.

Dentre os que apresentaram um único sorovar, foi verificada a seguinte distribuição: 8 castellonis, 5 icterohaemorrhagiae , 2 andamana, 1 shermani, 1 pomona, 1 wolffi, 1 autumnalis, 1 hardjo, conforme apresentado na Tabela 1.

Observam-se as seguintes combinações entre aqueles que apresentaram coaglutinação:

3 animais apresentaram resultado positivo para icterohaemorrhagiae e copenhageni; 2 para andamana e copenhageni; 1 para andamana e icterohaemorrhagiae ; 1 para tarassovi e icterohaemorrhagiae ; 1 para castellonis e pomona; 1 para icterohaemorrhagiae , autumnalis e copenhageni; 1 para castellonis, copenhageni e pomona; 1 para castellonis, copenhageni e icterohaemorrhagiae; 1 para pomona, hardjo e wolffi e 1 para castellonis, copenhageni, cynopteri, icterohaemorrhagiae e pomona (Tabela 1).

Considerando como sorovar mais provável entre os gambás aquele que apresentou maior titulação, obteve-se a seguinte ordem decrescente: castellonis (37,5%), icterohaemorrhagiae (20,8%), andamana (12,5%), harjo (8,3%) e shermani, pomona, wolffi, autumnalis e copenhageni (aproximadamente 4,2%).

(38)

Quando analisados os sorovares de acordo com a sua freqüência nos exames, não considerando a titulação, os resultados foram icterohaemorrhagiae como o mais abundante (24,5%), castellonis (22,6%) e copenhageni (17%), seguidos dos sorovares pomona e andamana ambos com 9,4%, autumnalis, wolffi e hardjo com 3,8% e tarassovi, shermani e cynopteri com 1,9%. Copenhageni, tarassovi e cynopteri estão presentes apenas nos resultados apresentando coaglutinações.

Os títulos variaram entre 100 e 800, conforme mostra a Tabela 2, sendo que 2 animais apresentaram título 800, um deles com um único sorovar (castellonis) e o outro animal apresentou 4 sorovares diferentes com esta mesma titulação (castellonis, icterohaemorrhagiae, pomona e cynopteri).

Cinco animais apresentaram titulação 400 para 3 sorovares diferentes, duas amostras com castellonis, uma amostra com castellonis e pomona (esta última com menor titulação), uma amostra com icterohaemorrhagiae e uma amostra com icterohaemorrhagiae e copenhageni com a mesma titulação.

A titulação 200 foi encontrada em 10 animais, sendo que 5 apresentaram um único sorovar, 3 para castellonis, 1 para shermani e 1 para wolffi. Entre os resultados apresentando coaglutinação foi encontrado um para hardjo e andamana com titulação maior que os outros sorovares no mesmo resultado, um copenhageni e icterohaemorrhagiae com a mesma titulação e um para copenhageni apresentando titulação mais baixa que os outros sorovares no mesmo resultado.

(39)

Tabela 1 - Número (N) e porcentagem (%) de resultados positivos para leptospirose pesquisada através da prova de soroaglutinação microscópica em gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003

Sorovares N %

castellonis 8 24,2

icterohaemorrhagiae 5 15,2

andamana 2 6,1

Shermani 1 3

Pomona 1 3

Wolffi 1 3

autumnalis 1 3

Hardjo 1 3

icterohaemorrhagiae + copenhageni 3 9,1

andamana + copenhageni 2 6,1

andamana + icterohaemorrhagiae 1 3

tarassovi + icterohaemorrhagiae 1 3

castellonis + pomona 1 3

icterohaemorrhagiae + autumnalis + copenhageni 1 3

castellonis + copenhageni + pomona 1 3

castellonis + copenhageni + icterohaemorrhagiae 1 3

pomona + hardjo + wolffi 1 3

castellonis + copenhageni + cynopteri + icterohaemorrhagiae + pomona 1 3

Total 33 100*

* Se somados, os porcentuais apresentados não totalizam 100%, devido a arredondamentos.

Foram encontrados 20 animais com amostras de titulação 100, dos quais 11 animais apresentaram somente um sorovar com esta titulação, sendo 4 resultados para icterohaemorrhagiae , 2 para castellonis e andamana e 1 para pomona, autumnalis e hardjo.

Entre os sorovares coaglutinados apresentando a mesma titulação, foram encontrados 2 resultados para copenhageni e icterohaemorrhagiae, 1 andamana e icterohaemorrhagiae, 1 andamana e copenhageni, 1 icterohaemorrhagiae e tarassovi e 1 icterohaemorrhagiae,

(40)

autumnalis e copenhageni. e 3 coaglutinações apresentando titulação inferior aos outros sorovares.

Tabela 2 - Distribuição dos sorovares encontrados em amostras positivas para leptospirose em gambás (Didelphis aurita), segundo sua titulação (T > 100), Município de São Paulo, 1995 – 2003

Títulos

Sorotipos 1:100 1:200 1:400 1:800 Total

castellonis 4 3 2 2 11

Pomona 4 - - 1 5

Wolffi 1 1 - - 2

autumnalis 2 - - - 2

icterohaemorrhagiae 9 1 2 1 13

andamana 4 1 - - 5

copenhageni 5 3 1 - 9

Hardjo 1 1 - - 2

Tarassovi 1 - - - 1

Shermani - 1 - - 1

Cynopteri - - - 1 1

Total 31 11 5 5 52

(41)

4.1 SEXO, ESTÁGIO DE DESENVOLVIMENTO E ESTÁGIO REPRODUTIVO

Entre as 220 amostras analisadas, 116 (53,7%) eram machos, 100 (46,3%) eram fêmeas e quatro animais não foi possível a sexagem por ausência de informação na ficha cadastral. Fazendo a comparação da proporção de machos em relação a 50%, o que implicaria em uma proporção idêntica de machos e fêmeas, não foi observada nenhuma diferença estatística significativa (p=0,31).

Conforme Tabela 3, 15,5% e 15% das amostras de machos e fêmeas, respectivamente, foram positivas, averiguando prevalências semelhantes entre os sexos. Não houve diferença estatística significativa entre a proporções de gambás machos e fêmeas com sorologia positiva para leptospirose (p=0,92), segundo o teste de χ2.

Quando analisado o estágio de desenvolvimento obteve-se o resultado de 30 (13,7%) animais jovens, 189 (86,3%) animais adultos e, apenas um indivíduo não continha a informação na ficha cadastral, totalizando 219 animais analisados.

De acordo com a Tabela 4, os animais adultos (15,9%) obtiveram uma porcentagem maior de animais positivos que os animais considerados jovens (10%). No entanto, pelo teste exato de Fisher, esta não é uma diferença estatística significativa (p=0,58).

(42)

Tabela 3 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com o sexo dos gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003

Positivo Negativo

Sexo N % N % Total

Macho 18 15,5 98 84,5 116

Fêmea 15 15 85 85 100

Total 33 15,3 183 84,7 216

Tabela 4 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita, D. albventris) analisados para leptospirose, de acordo com os distritos administrativos do Município de São Paulo, 1995 – 2003

Positivo Negativo

Estágio desenvolvimento N % N % Total

Jovem 3 10 27 90 30

Adulto 30 15,9 159 84,1 189

Total 33 15,1 186 84,9 219

Entre os animais do sexo feminino foram comparados os resultados de acordo com o estágio reprodutivo, onde 55,4% dos animais examinados eram fêmeas não prenhas e não lactantes e, 44,6% eram fêmeas com filhotes no marsúpio ou fêmeas apresentando secreção láctea.

(43)

Tabela 5 - Número (N) e porcentagem (%) de animais positivos e negativos testados para leptospirose através da técnica de soroaglutinação microscópica, de acordo com o estágio reprodutivo das fêmeas adultas de gambás (Didelphis aurita), Município de São Paulo, 1995 – 2003

Positivo Negativo

Estágio reprodutivo N % N % Total

Fêmea NP/NL 7 15,2 39 84,8 46

Prenha/Lactante 6 16,2 31 83,8 37

Total 13 15,7 70 84,3 83

NP/NL – não prenha, não lactante

De acordo com a Tabela 5, as porcentagens entre as fêmeas reagentes eram de 15,2%

entre as fêmeas não prenhas e não lactantes e 16,2% entre as fêmeas prenhas ou lactantes, apresentando prevalências semelhantes. Não houve diferença estatística significativa entre as proporções de fêmeas não prenhas e não lactantes com sorologia positiva para leptospirose (p=0,90) em relação a fêmeas prenhas ou lactantes.

4.2 LOCAIS DE APREENSÃO

Dentre as 220 fichas cadastrais dos gambás, 148 fichas, referentes ao gambá Didelphis aurita, continham informações do local onde o animal foi encontrado, sendo 43% em residências, 41,2% em parques e áreas verdes, 4,7% em escola ou creche, 3,4% em estabelecimentos comerciais, 2,7% em via pública e, 1,3% no CCZ do Município de São Paulo, 4% dos animais foram citados apenas como invasor. Para dois dos três indivíduos da

(44)

espécie D. albiventris, estas informações não estavam disponíveis e um foi encontrado dentro de um caminhão de mudanças, que teve como itinerário Botucatu – São Paulo.

Em 6,3% do total de fichas cadastrais foi possível extrair informações adicionais:

quatro animais foram registrados como atacados por cães, quatro foram encontrados em latas de lixo, um foi atacado por gato, um foi atacado por pessoas, um citado somente como agredido, sem informação do agressor, um foi encontrado no esgoto, um caiu da árvore e um foi atropelado.

4.3 VARIAÇÃO ANUAL, MENSAL E SAZONAL

Quando analisados a ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás (Didelphis aurita) de acordo com os anos (1995-2003), encontramos uma prevalência de 13,6% no ano de 1995, 20% em 1996, 9,6% em 1997, 29,2% em 1998, 23,5% em 1999 e 3,8% em 2000, nos anos de 2001, 2002 e 2003 não foram encontradas reações positivas (Gráfico 2 e Tabela 6). Utilizando o teste de χ2 com cálculo do valor exato de p para comparar as proporções de positivos, foi observada diferença estatística significativa entre os anos (p=0,012). Nesta análise, não foram considerados os anos de 2001 e 2003, por apresentarem amostras de tamanho pequeno (inferior a 3 dados).

(45)

0 10 20 30 40 50 60

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Período amostrado

Nº de animais amostrados

soros amostrados soros positivos

Gráfico 2 - Número (N) de gambás (Didelphis aurita) amostrados para pesquisa de leptospiras atraves do teste de soroaglutinação microscópica, Município de São Paulo, 1995 - 2003

(46)

Tabela 6 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T

>100), de acordo com os anos de 1995 – 2003, Município de São Paulo Meses do ano N de soros positivos

N de soros examinados

Porcentagem (%) positivos

1995 3/22 13,6%

1996 6/30 20%

1997 5/52 9,6%

1998 14/48 29,2%

1999 4/17 25,5%

2000 1/26 3,8%

2001 0/3 0%

2002 0/21 0%

2003 0/1 0%

Total

Quando analisados os casos positivos em relação à estação chuvosa (novembro, dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril) e à estação de estiagem (maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro), foram encontrados 17 casos na estação de estiagem e 16 casos na estação chuvosa (Gráfico 3).

(47)

48,50%

51,50%

estação chuvosa estação estiagem

3.a

0 5 10 15 20 25 30

primavera verão outono inverno

Estações do ano

Porcentagem (%) de animais positivos

3.b

Gráfico 3 - (a) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para leptospirose nas estações de chuva e estiagem no Município de São Paulo, 1995 – 2003 (b) Porcentagem de gambás (Didelphis aurita) soropositivos para leptospirose nas estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003

Na variação mensal da ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás (Didelphis aurita) entre os anos de 1995 a 2003, verifica-se que os meses de maior ocorrência são março (35,3%), abril (33,3%), agosto (22,2%), novembro (18,7%), fevereiro (16,7%), dezembro (16,6%), setembro (15,6%), conforme Tabela 7 e gráfico 4. No entanto, utilizando o teste de χ2 com cálculo do valor exato de p para comparar as proporções de positivos, não foi observada diferença estatística significativa entre os meses do ano (p=0,26).

(48)

0 5 10 15 20 25 30 35

JANEIRO

FEVEREIRO MA

O

ABRIL

MAIO

JUNHO JULHO

AGO STO

SETE MBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO DEZE

MBRO

meses do ano

número de soros

Nº de soros amostrados Nº de soros reagentes

Gráfico 4 - Número (N) de gambás examinados e positivos para leptospirose, de acordo com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003

(49)

Tabela 7 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T

>100), de acordo com os meses do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003 Meses do ano N de soros positivos

N de soros examinados

Porcentagem (%) positivos

Janeiro 1 / 12 8,3

Fevereiro 2 / 12 16,7

Março 5 / 16 35,3

Abril 5 / 15 33,3

Maio 1 / 18 5,5

Junho 1 /29 3,5

Julho 2 / 18 11,1

Agosto 4 / 18 22,2

Setembro 5 / 32 15,6

Outubro 3 / 27 11,1

Novembro 3 / 16 18,7

Dezembro 1 / 6 16,6

Total 33 / 220 15

Distribuindo os meses em estações do ano, encontramos uma maior ocorrência no outono (24%) e primavera (14,7%) e, com menor ocorrência no verão (13,3%) e inverno (10,8%), conforme apresentado na Tabela 8. Não foi observada, no entanto, uma diferença estatística significativa (p=0,26).

(50)

Tabela 8 - Número (N) de soros positivos, número (N) de soros examinados e porcentagem (%) de gambás (Didelphis aurita) apresentando aglutininas anti-leptospiras (T

>100), de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003 Estação do ano N de soros positivos

N de soros examinados

Porcentagem (%) positivos

Primavera 11 / 75 14,7

Verão 4 / 30 13,3

Outono 12 / 50 24

Inverno 7 / 65 10,8

Total 33 / 220 15

Os sorovares que apresentaram maior freqüência foram analisados separadamente de acordo com a estação do ano (Gráfico 5). O sorovar castellonis está presente em todas as estações, mas com menor freqüência no verão. Diferentemente o sorovar icterohaemorrhagiae também está presente em todas as estações, mas em menor quantidade no inverno. O sorovar andamana está presente apenas durante as estações da primavera e outono, assim como o sorovar andamana, o sorovar pomona está presente em duas estações, primavera e inverno. O sorovar copenhageni está presente em todas as estações, mas em número maior na estação do outono.

(51)

0 1 2 3 4 5 6 7

Primavera Verão Outono Inverno

Estação do ano

N de amostras positivas

castellonis interohaemorrhagiae copenhageni andamana pomona

Gráfico 5 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis, icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis aurita) de acordo com as estações do ano, Município de São Paulo, 1995 – 2003

4.4 VARIAÇÃO REGIONAL

A variação regional da ocorrência de soros positivos para Leptospira sp em gambás (Didelphis aurita) entre os anos de 1995 a 2003, quando analisada conforme os distritos do Município de São Paulo, indica que a Zona Leste e o Centro possuem as proporções mais altas com 37,5% e 22,2% respectivamente, seguidos da Zona Norte (15,4%), Zona Oeste (13%) e Zona Sul (10,3%), conforme mostra Tabela 9 E Mapa 3. Comparando essas proporções através de um teste de χ2, foi observada uma diferença estatística significativa (p=0,018).

(52)

Tabela 9 - Freqüência de soros com aglutininas anti-leptospiras (T >100) em gambás (Didelphis aurita), segundo os distritos da cidade de São Paulo, 1995 – 2003

Distrito N de soros positivos

N de soros examinados

% Positivos

Centro 2 / 9 22,2

Zona Leste 9 / 24 37,5

Zona Norte 6 / 39 15,4

Zona Oeste 4 / 31 13

Zona Sul 12 / 116 10,3

Total 33 / 219 15

Analisando os sorovares mais prováveis separadamente de acordo com os distritos (Zona Norte, Sul, Leste, Oeste e Centro) do Município de São Paulo, o sorovar castellonis foi encontrado em todas as regiões, apresentando maior freqüência nas regiões Leste e Norte. Os sorovares icterohaemorrhagiae e copenhageni apresentaram distribuições similares, sendo a região Sul a mais acometida por ambos. Não houve casos na região Norte para o sorovar andamana, sendo este mais proeminente nas regiões Sul e Leste. O sorovar pomona foi encontrado em maior número nas regiões Leste e Norte, seguido da região Sul, não houve casos nas regiões Oeste e Centro (Gráfico 6).

(53)

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Leste Oeste Norte Sul Centro

Distritos do Município de São Paulo

N de amostras positivas

castellonis icterohaemorragiae copenhageni andamana pomona Gráfico 6 - Número (N) de amostras positivas dos sorovares castellonis,

icterohaemorrhagiae, copenhageni, andamana e pomona, em gambás (Didelphis aurita) de acordo com os distritos do Município de São Paulo, 1995 – 2003

De acordo com a Tabela 10, demonstrados abaixo, houve uma variação de soropositividade de acordo com a regiões e as estações do ano. A região central de São Paulo demonstrou maior número de soros reagentes durante o outono (50%), seguido da primavera (16,7%). Durante o verão não foram encontrados soros reagentes e no inverno não houve amostras analisadas.

Na zona leste foi encontrado uma porcentagem alta durante o outono (66,6%), primavera (50%) e inverno (44,4%), e menor durante o verão (14,3%).

Para a zona norte o outono apresentou maior porcentagem (25%), seguido do inverno (12,5%) e primavera (5,5%), durante o verão não foram obtidas amostras positivas.

Na zona oeste a porcentagem foi de 33,3% no verão, 20% na primavera, 16,6% no outono e 0% no inverno.

Referências

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