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A ACESSIBILIDADE EM MUSEUS VIRTUAIS DE ARTE: UMA ABORDAGEM SOBRE A VIRTUALIDADE THE ACCESSIBILITY IN VIRTUAL ART MUSEUMS: AN APPROACH ON VIRTUALITY

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Academic year: 2021

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A ACESSIBILIDADE EM MUSEUS VIRTUAIS DE ARTE: UMA ABORDAGEM SOBRE A VIRTUALIDADE

THE ACCESSIBILITY IN VIRTUAL ART MUSEUMS: AN APPROACH ON VIRTUALITY

Cintia Rodrigues dos Santos Mariano / PUC-Campinas

RESUMO

Este artigo propõe-se a discutir a importância da acessibilidade de pessoas com deficiência visual a museus virtuais de arte, que têm a finalidade de tornar mais disponível, nos quesitos espaço e tempo de visitação, as obras. Desse modo, será possível discorrer, a partir da perspectiva dos autores Giles Deleuze e Pierre Levy, como tais museus podem promover para pessoas com deficiência visual outras formas de se experienciar as produções artísticas.

PALAVRAS-CHAVE

“Arte”, “Museus virtuais”, “Acessibilidade” e “virtual”.

ABSTRACT

This article aims to discuss the importance of the accessibility of people with visual impairments to virtual art museums, whose purpose is to make the works more available in space and time of visitation. In this way, it will be possible to discuss, from the perspective of the authors Giles Deleuze and Pierre Levy, how such museums can promote for other visually impaired people other ways of experiencing artistic productions.

KEYWORDS

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De acordo com Andrews e Scheibenz (1998), desenvolver uma definição significativa de museu virtual exige um olhar sobre as qualidades e características do museu físico que segundo o Conselho Internacional de Museus-ICOM consideram que as definições do museu evoluem ao longo do tempo, atualmente a instituição esclarece que esse pode ser entendido como: “uma instituição permanente, sem fins lucrativos, servindo a sociedade e aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe o património material e imaterial da humanidade e seu ambiente para o estudo, a educação e recreação."

Já o termo “museu virtual”, utilizado neste ensaio, é definido pelos autores como: uma coleção de objetos digitais logicamente agrupados, que se relacionam e proporcionam conectividade com seus expectadores, sendo que esses objetos transcendem os métodos tradicionais de comunicação e interação com os visitantes. No museu virtual, podem ser apresentadas imagens de obras tradicionais como pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, fotografias. Mas um dos diferenciais do museu virtual é que esse possibilita novas formas do usuário interagir com a obra de arte não sendo apenas um mero reprodutor das imagens do museu físico.

Para que se possa entender melhor a ideia de museu virtual de arte utilizada neste ensaio, é preciso compreender os conceitos da palavra virtual, pois na atualidade essa remete a ideia no senso comum ao sentido de irreal, que faz oposição a algo que existe fisicamente e que sempre está associado ao computador ou internet. O autor Pierre Levy (1996) esclarece a partir da filosofia que, a palavra virtual vem do latim medieval virtualis, e traduz a ideia de força, potência; o virtual não se opõe ao real e, sim, ao atual.

O autor elucida ainda que o virtual é potência em curso de atualização, e ambos pertencem ao real. Para esclarecer essa ideia, ele faz uma exemplificação, lançando a situação da árvore que está virtualmente presente na semente. Então, o termo “virtual” não pode se opor ao real, mas ao atual, uma vez que a virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras diferentes de ser. Nesse contexto, o virtual não substitui o real, mas, antes, multiplica as oportunidades para atualizá-lo. Eladio

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O virtual não é mais abstrato que o atual, não é um espírito ou uma ideia que anima o material presente; do mesmo modo, ultrapassa a tendência a confundi-lo com o mero possível. O virtual não é um momento primitivo, nem é parte de uma evolução que procura o atual para atingir sua completude; pelo contrário, o virtual coexiste e acompanha o atual no seu desdobrar-se, e não é eliminado no advento da atualidade.

Vale destacar que Deleuze (1996, p.55) em sua definição sobre o virtual, ressalta que o possível tem todas as características do real, mas de forma latente, precisando apenas efetivar sua existência para tornar-se real. Já a relação entre o virtual e o atual se constitui como um circuito, mas de duas maneiras: ora o atual remete ao virtual como a outras coisas em vastos circuitos, onde o virtual se atualiza, ora o atual remete ao virtual como a seu próprio virtual, nos menores circuitos onde o virtual cristaliza com o atual.

Para Pierre Levy (1997,p.48) o virtual envolve a significação, ou seja constituição de significados. O autor transpõe o conceito do virtual para o contexto contemporâneo afirmando que o conceito de desterritorização:

É virtual toda entidade "desterritorializada", capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a um lugar ou tempo em particular”. Ele ainda explicita que a palavra “virtual” pode ser entendida em ao menos três sentidos: o primeiro, técnico, ligado à informática, um segundo corrente e um terceiro filosófico. (LÉVY, 1997, p. 49)

Os computadores, telas e corpos fazem parte da realidade, o virtual pode ser entendido como o que não é físico. O mundo da significação que é o verdadeiro mundo virtual, esse começa com a linguagem. Os computadores apenas manipulam os signos da linguagem. A virtualidade é uma abstração e essa existe desde o início da humanidade.

O museu virtual de arte, portanto, viabiliza uma forma diferente de experiências artísticas quando comparado ao museu físico, pois o virtual e o atual se constituem de maneiras distintas de ser, um não substituindo o outro. Proporcionando, assim, outras formas de o expectador se relacionar com as obras.

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O foco deste trabalho é observar a importância dessa virtualidade na arte para aqueles que tem algum tipo de deficiência visual. Nesse caso o que poderia ser considerado acessibilidade definido por a World Wide Web Consortium (W3C) é:

Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização, em igualdade de oportunidades, com segurança e autonomia, do meio físico, do transporte, da informação e da comunicação, inclusive dos sistemas e tecnologias de informação e comunicação, bem como de outros serviços e instalações.

A definição da W3C sobre a acessibilidade destaca a importância do acesso aos sistemas e tecnologias de informação e comunicação, em igualdade de condições para pessoas com deficiência. Porém, muitos sistemas não são acessíveis a todas essas pessoas, principalmente no que diz respeito às que apresentam deficiências visuais, como os cegos e/ou pessoas com baixa visão.

Quando a pessoa com deficiência visual acessa o site do museu virtual de arte, utiliza-se de sistemas que leem as informações da tela para ela, tornando assim essa experiência artística diferente da experiência que seria de um vidente.

Para um melhor entendimento da importância do acesso de todas as pessoas aos museus virtuais de arte, precisamos compreender como a arte pode afetar os sujeitos. Para Deleuze (2001p.11), o que podemos reconhecer como arte não é somente o conhecimento transmitindo significados, fornecendo informações, pois arte não é ornamento ou, ainda, demonstração de estilos artísticos. O que faz a arte não é seu conteúdo, mas o seu efeito, a força ou estilo que produz conteúdo.

Segundo o autor, a arte cria afetos e percepções que podem ser definidos como da seguinte maneira: os afetos são experiências sensíveis singulares e livres de sistemas de representação, sendo as percepções relacionadas a fenômenos físicos que recebemos, por exemplo, os cheiros.

Assim, a arte tem o poder de não apenas transmitir significados ou informações, mas tem o efeito de transformar os sujeitos a partir da forma singular com que ela nos afeta.

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Levy (1996, p.51), também discorre sobre a arte, para ele, essa representa o ápice da humanidade e está na confluência das três grandes correntes de virtualização e de hominização que são as linguagens, as técnicas e as éticas. A arte compartilha uma maneira de sentir, uma qualidade de experiência subjetiva, além disso, ela contém e libera a energia afetiva que nos faz superar o caos. O autor questiona se a arte pode ser a virtualização da virtualização e afirma que a arte fascina porque põe em pratica a mais virtualizante das atividades. Ela dá forma externa, manifesta publicamente as emoções, as sensações experimentadas no mais íntimo da subjetividade.

A partir dos conceitos sobre o virtual e a arte que foram apresentados neste artigo a luz dos autores Pierre Levi e Gilles Deleuze, é possível estabelecer conexões sobre como a definição de virtual em um viés filosófico ressalta a importância de se entender a virtualidade como um fenômeno inerente a significação, a linguagem e a abstração. Trazendo os conceitos de virtual para os museus virtuais de arte é importante entender que os museus como estão dentro do mundo virtual dialogam de forma distinta com o público em relação aos museus físicos, não sendo uma extensão real, ou seja reproduzindo as mesmas obras do museu físico, mas criando novas formas de existir e interagir com o público.

O acesso de pessoas com deficiência visual a arte, por meio de museus virtuais é importante porque a arte afeta como as pessoas se relacionam com: as experiências sensíveis, a expressão, linguagem, cultura, história. Além disso a arte afeta a subjetividade das pessoas provocando novos olhares sobre o mundo e sua forma de se constituir. Quando Levy questiona se a arte pode ser a virtualização da virtualização ele estava se referindo à capacidade criadora e cheia de significação que a arte potencializa.

Referências Bibliográficas

SCHWEIBENZ, Werner. The" Virtual Museum": New Perspectives For Museums to Present Objects and Information Using the Internet as a Knowledge Base and Communication System. ISI, v. 34, p. 185-200, 1998.

Conselho internacional de museus-ICOM. Disponível

em:<http://icom.museum/la-vision/definicion-del-museo/L/1/> Acesso em: 14 jun. 2017. COLEBROOK, Claire. Gilles Deleuze. Routledge, 2001.

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CRAIA, Eladio. O virtual: destino da ontologia de Gilles Deleuze. Revista de Filosofia Aurora, Curitiba, v. 21, n. 28, p. 107-123, jan. /jun. 2009.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. 3ª ed. Tradução de Carlos Irineu da Costa São Paulo: Editora 34, 1997.

LÉVY, Pierre. O que é o virtual? 2ª ed. Tradução de Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 1996.

PIAGET, Jean. Desenvolvimento e aprendizagem. DELEUZE, Gilles; GUATTARI, F. O Atual e o Virtual in ALLIEZ, E. Deleuze Filosofia Virtual, 1996. Studying teaching, 1972.

Cintia Rodrigues dos Santos Mariano

Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Linguagens, Mídia e Arte da PUC-Campinas. Possui Licenciatura e bacharelado em Artes Visuais pela PUC-PUC-Campinas. Atua como Professora de Arte da rede municipal de ensino de Campinas. Pesquisa acessibilidade de obras de arte e imagens para pessoas com deficiência visual em museus de arte.

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