Gravidez
Anatomia do aparelho reprodutor feminino Estilos de vida saudável na gravidez As hormonas e o parto
Plano de parto
A gravidez é um período especial na vida de uma mulher/casal, é uma viagem única a um futuro novo e excitante. Mas é também um período de grandes mudanças físicas, emocionais e sociais, um momento para encarar novas responsabilidades, para explorar, para aprender coisas novas sobre si próprios, e para a grande maioria, trata-se de um período de celebração e felicidade.
A proximidade do parto e também o seu acontecimento podem ser vividos como momentos cruciais devido a mudanças significativas que provocam na mulher/casal, em maior ou menor intensidade, ansiedade e medo pelo imprevisível.
O objectivo do curso de Preparação para o Parto e Parentalidade, consiste em munir a mulher/casal com ferramentas para poderem tomar opções conscientes e informadas, para que tenham um papel activo na gravidez, trabalho de parto e nascimento do seu filho.
Anatomia do aparelho reprodutor feminino
A figura representa o aparelho reprodutor feminino. Destacam-se os ovários, trompas de Falópio (trompas uterinas) e o útero, que constituem os órgãos repro-dutores internos, localizados na pelve.
O útero apresenta um estreitamento inferior, o colo uterino ou cérvix, que se abre na vagina. A abertura vaginal localiza-se posteriormente à abertura uretral. Estes orifícios são recobertos longitudinalmente por pregas, os pequenos e os grandes lábios. O clítoris é uma pequena estrutura formada por tecido eréctil, situada na extremidade anterior dos pequenos lábios.
Canal de Parto: para que se possa entender como ocorre o parto, é necessário
conhecer o que é o canal de parto, que se estende do útero à fenda vulvar. O canal de parto é composto por uma parte dura (bacia óssea) e uma parte mole (segmento inferior do útero, cérvix, vagina e pavimento pélvico).
O FETO: Durante o parto, o feto é o móvel ou objecto que percorre o canal de
parto, sendo impulsionado pelo motor, que é o útero. O feto relaciona-se com o útero e canal de parto, de diferentes maneiras.
Estilos de vida saudável na gravidez
Hábitos de vida saudáveis devem ser cultivados por todas as pessoas, especialmente pelas futuras mães, responsáveis não só pela sua saúde, como também pela do bebé que se está formando. Tudo que a gestante faz afecta o bebé, e isso vale tanto para atitudes positivas quanto para as negativas.
Muitas dúvidas surgem, principalmente o que deve ou não deve ser feito neste momento tão especial. Para garantir tranquilidade e segurança durante a gestação, é importante adoptar hábitos saudáveis e abandonar aqueles que podem ser prejudiciais.
Exercício físico: essencial para combater a ansiedade e controlar o peso,
a fortalecer o corpo, a reduzir os edemas e a aliviar as dores de costas e a obstipação.
É possível dar continuidade à maioria das actividades praticadas antes da gravidez. A natação, as caminhadas, o yoga e os exercícios de aeróbica de baixo impacto são atividades recomendadas desde que a grávida não se encontre com uma gravidez de risco.
Quando a grávida já praticava algum desporto poderá mantê-lo com moderação, desde que não seja um desporto de contacto físico, ou que envolva o risco de trauma abdominal. Quedas e stress exagerado podem influenciar o desenvolvimento fetal.
Alimentação: é importante adoptar uma dieta
rica e saudável, sem excessos e sem falhas. Não precisa de comer por dois mas para dois. Tudo precisa de ser equilibrado. Dê preferências aos alimentos frescos e naturais.
Recomenda-se 5 a 6 refeições diárias, para que a grávida não esteja mais de 3 horas sem comer. Devem existir duas a três refeições principais e dois a três lanches de acordo com as suas rotinas. Aconselha-se a ingestão de pelo menos litro e meio de água por dia.
Relações sexuais: A intimidade sexual é um meio de expressão do amor,
prazer e carinho. Está desaconselhado apenas em casos de ameaças de aborto, perda líquido amniótico ou sangue, parto pré-termo ou de dores for-tes. Em caso de dúvida aconselhe-se com a seu médico.
Saúde Oral: Durante a gravidez, devido às alterações hormonais pode
ocorrer o aparecimento ou agravamento de problemas orais, em especial a inflamação das gengivas, sendo frequente a dor e o sangramento gengival durante a escovagem. Durante a gravidez, especialmente durante o segundo trimestre a saúde oral deve ser bem vigiada.
É aconselhável que a escovagem dos dentes se efetue diariamente (duas ou mais vezes), sendo uma delas antes de dormir e usando um dentífrico com flúor. O uso do fio dentário e/ou do escovilhão é suficiente uma vez por dia, de preferência antes da escovagem da noite.
Os “cheques-dentista” (no máximo de três), permitem o acesso ao diagnóstico, a cuidados preventivos e curativos de medicina dentária, de acordo com as necessidades identificadas.
Os cheques cobrem os tratamentos necessários, de modo a garantir que a grávida, no final do tratamento, fique livre de lesões activas de cárie dentária.
A execução destes tratamentos pode ser concluída até 60 dias pós-parto. A atribuição do primeiro “cheque-dentista” será efectuada pela Unidade Funcional onde a grávida está a ser seguida; Os restantes cheques serão atribuídos às grávidas cuja situação clínica o justifique, pelo médico dentista.
Trabalho: trabalhe normalmente durante a gravidez, desde que se sinta
bem. Numa gravidez de risco, o seu médico certamente irá orienta-la sobre a melhor forma de agir.
Segurança Rodoviária: Todas as grávidas devem usar o cinto de
segurança, durante toda a gravidez e em qualquer viagem.
Para que não provoque lesões ao bebé, deve ser colocado corretamente: a faixa transversal deve assentar nos ossos da bacia e não sobre a barriga, e a faixa longitudinal sobre o ombro, passando pelo externo, e nunca por baixo do braço. Se viajar à frente, no lugar do passageiro, a grávida deve recuar o banco de forma a ficar mais afastada possível do airbag frontal. No final da gravidez, pode ser desaconselhável conduzir devido à proximidade do airbag frontal, que pode abrir e provocar lesões muito graves ao bebé.
Outras dicas importantes: hidrate bem o seu corpo com um bom creme
hidratante, evite a exposição ao sol (utilize sempre protector solar), durma bem, converse com o seu bebé, relaxe e aproveite este momento único.
Cigarro, álcool e outras substâncias: além de prejudicarem a saúde da
mãe, podem provocar no bebé parto prematuro, baixo peso e malformações graves. Não corra o risco de prejudicar o desenvolvimento do seu filho e corte esses hábitos não só durante a gravidez, mas para toda a sua vida. Não utilize qualquer medicamento durante a gravidez, antes de consultar o seu médico.
As hormonas
e o Parto
A Oxitocina é a hormona mais importante em todo o processo de nascimento - das primeiras contracções ao aleitamento.
A oxitocina produzida pelo corpo humano funciona de um modo muito mais complexo do que a produzida artificialmente - ela é sensível ao ambiente que a rodeia. Um bom ambiente para o parto facilita todo o processo de nascimento. Um mau ambiente, pelo contrário, dificulta-o.
O bom funcionamento da oxitocina natural e de outras hormonas produzidas pelo corpo humano, tais como as Endorfinas (as nossas anestesias naturais) são fundamentais para que o parto possa ser «fácil».
Uma das causas dos partos “difíceis” - contracções pouco eficientes, a dilata-ção que não progride, expulsão sem intensidade - bem como das dificuldades no início da amamentação, está na interacção negativa do ambiente em que decorre o parto.
A imposição de regras e imobilidade, falta de privacidade, solidão, ruído, luz, fome, sede e insegurança são razões para que o neocortex (a parte do cérebro que pensa, o lado racional) se active, dificultando a fisiologia do parto. Inibido, em alerta, com mais Adrenalina (hormona da urgência, excretada em situações de perigo e que prepara o corpo para agir – impede a libertação de oxitocina) do que oxiticina, o corpo da mulher tem dificuldade em fazer uso das suas capacidades para dar à luz.
Quando se criam condições para que o corpo da mulher possa produzir oxito-cina, diminui drasticamente a necessidade de recorrer à oxitocina sintética, com todas as vantagens que isso significa para o bem-estar físico e emocional desta e para o bom começo de vida do bebé que acaba de nascer.
Plano de parto
O plano de parto ou plano de nascimento é um documento escrito pela grávida/casal, com o objectivo de tentarem que os seus desejos/direitos sejam respeitados e assumirem-se como protagonistas do nascimento do seu filho. Além disso, obriga a conhecer bem os procedimentos médicos utilizados e a reflectir sobre eles. O que, só por si, aumenta a confiança e afasta o medo.
No plano de parto cabe tudo o que a grávida/casal achar importante, mas é bom que seja um texto curto e conciso, para que a mensagem passe sem problemas. Não é, no entanto, uma lista de ordens. Todos os partos são imprevisíveis e podem tomar rumos que obrigam, literalmente, a uma mudança de planos. O primeiro passo é escolher a maternidade e saber se as condutas seguidas pelos profissionais de saúde correspondem aos seus desejos. Nos hospitais portugueses, os planos de parto ainda são uma raridade mas, a pouco e pouco, os profissionais vão tentando adaptar-se aos desejos das grávidas.
No plano de parto devem estar definidas as preferências da grávida
Espaço físico: que tipo de sala gostaria de encontrar, …
Acompanhantes e ambiente durante o parto: quem gostaria que a acompanhasse; se gostaria de ter música; vestir a sua roupa pessoal, …
Procedimentos durante o parto: se deseja que lhe façam a tricotomia (corte dos pêlos púbicos); se quer ou não que lhe sejam colocados soros; se pretende ou não clisteres de limpeza intestinal, …
Tipo de avaliação do bem-estar do feto: se pretende estar sempre com monitorização, ou de forma intermitente se o bebé estiver bem, …
Métodos para alívio da dor: analgesia epidural, técnicas de respiração, massagens, alternar posições, ouvir música, banho de imersão, bola de parto…
Posturas e puxos durante o período expulsivo: quem gostaria que estivesse presente, qual a posição que gostaria de parir; só puxar quando tiver vontade, …
Episiotomia: se quer que lhe façam ou não, …
Nascimento do bebé: se quer ter imediatamente contacto pele com pele; quem gostaria que cortasse o cordão umbilical, se pretende cortar o cordão quando deixar de pulsar, quem gostaria que vestisse o bebé, se gostaria que realizassem os procedimentos ao bebé na sua presença e depois de amamentar o bebé, se quer que o bebé esteja sempre consigo durante o internamento, …
Dequitadura: se gostaria ou não que lhe fosse mostrada a placenta, …
Aleitamento materno: se pretende amamentar na primeira meia hora de vida do bebé, se quer ou não que sejam dados suplementos (biberão), …
Cesariana: em caso haver necessidade de realizar uma cesariana por razoes clínicas ou situação de emergência quem gostaria que assistisse á cesariana, quem gostaria que cortasse o cordão umbilical, quem pretende que pegue no bebé assim que estiver vestido.
UCC Vallis Longus
ACES MAIA/VALONGO
Vanessa Moreira
Enfermeira Especialista em Saúde Materna e Obstetrícia Conselheira em Aleitamento Materno
Instrutora de Massagem Infantil [Telefone: 224 226 433] [Telemóvel: 927 994 132]
