• Nenhum resultado encontrado

Abordagens de classificação nos trabalhos apresentados ao GT2 do ENANCIB: classificação profissional e classificação não-profissional

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Abordagens de classificação nos trabalhos apresentados ao GT2 do ENANCIB: classificação profissional e classificação não-profissional"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

Abordagens de classificação nos trabalhos apresentados ao GT2 do ENANCIB: classificação profissional e classificação não-profissional

Walter Moreira

Universidade Estadual Paulista walter.moreira@marilia.unesp.br

Isabela Santana de Moraes

Universidade Estadual Paulista isabela@marilia.unesp.br

1 Introdução

A teoria da classificação, na condição de princípio orientador e questionador dos processos de organização e representação do conhecimento, tem sido abordada em diversos trabalhos apresentados em eventos científicos da ciência da informação. Conquanto variem as temáticas desses eventos, a problemática referente à classificação, mesmo que com outros nomes, é presença marcante. Isso ocorre por conta do protagonismo da ação de classificação no processo cognitivo, de modo geral, e na organização do conhecimento, de modo especial em bibliotecas.

Desse modo, observando-se a polissemia da expressão “classificação”, essa pesquisa tem como proposta geral a compreensão dos conceitos de “classificação profissional” e de “classificação não-profissional”. Nesse caso, a terminologia também é objeto de investigação. Independentemente, contudo, do consenso terminológico, há duas acepções diferentes de classificação que são efetiva e dialeticamente complementares. O ponto de vista adotado na dicotomia “classificação profissional” e “classificação não-profissional” é o da ciência da informação. Desse modo, a classificação elaborada por um pesquisador em veterinária, por exemplo, para a organização dos conceitos, objetos ou seres em seu campo de estudo, será tomada como uma classificação não-profissional. Parte-se do pressuposto de que nesse caso, esse pesquisador tem como propósito primeiro a descoberta do conhecimento, sem intenções necessárias de generalizações teóricas a respeito da classificação como processo ou como produto. Nesses casos, a teoria da classificação, quando

(2)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

observada, é utilizada em seu caráter puramente aplicado, isso é, essa classificação não visa ao estudo da teoria pelo próprio avanço da teoria.

Propôs-se como objetivos para este trabalho: a) discutir os conceitos de classificação profissional e não-profissional à luz da teoria da classificação e b) identificar e descrever a presença dessa temática na literatura da ciência da informação brasileira.

Utilizou-se como material os trabalhos apresentados ao Grupo de trabalho “Organização e representação do conhecimento”, GT 02, publicados nos anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (ENANCIB), com cobertura retrospectiva de cinco anos, isso é, de 2010 a 2014.

O ENANCIB é um evento científico anual promovido pela Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Ciência da Informação (ANCIB) e se configura como um dos espaços mais relevantes e significativos para a discussão e para consolidação da ciência da informação no Brasil. O evento é organizado tematicamente em onze grupos de trabalho.

Utilizou-se como estratégia de busca a expressão “classific*”, para que se pudesse localizar o termo “classificação” em suas variações de número e em suas formas adjetivadas, como “classificação bibliográfica”, “classificação documentária” etc. A busca foi realizada diretamente no corpus documental, isso é, no conjunto de trabalhos apresentados ao GT 2 no período coberto, utilizando-se recursos automáticos de identificação de ocorrências da expressão de busca diretamente nos arquivos. O corpus documental foi composto de 187 trabalhos, com a seguinte distribuição anual: 2010 (n=29); 2011 (n=29); 2012 (n=34); 2013 (n=40) e 2014 (n=55). Para a composição do corpus de análise, foram observadas a presença, simultânea ou não, do termo “classificação” nos campos de título e palavras-chave. Esses campos foram escolhidos em função de seu maior poder representacional. Seguindo-se este critério foram encontrados 29 trabalhos.

Após a realização de leitura exploratória, com a finalidade de compreender a temática geral dos trabalhos, analisou-se o conjunto de referências bibliográficas utilizadas com a finalidade de determinar a ocorrência de duas categorias de análise: a) referencial clássico da teoria da classificação/organização e representação do conhecimento (TC/ORC) e b) referencial de “outros” campos ou subcampos.

(3)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

As seções apresentadas na sequência, visam a relacionar a classificação bibliográfica ao campo maior da organização e representação do conhecimento (seção 2), bem como apresentar os seus fundamentos teórico (seção 3) e conceitual (seção 4). Essa breve fundamentação teórico-conceitual estabelece as bases conceituais para a análise e discussão dos resultados, objeto da seção 5. As considerações finais da pesquisa são apresentadas na seção 6.

2 A classificação no âmbito da organização e representação do conhecimento O campo da organização e representação do conhecimento (ORC) é estruturado em duas ações (organizar e representar) em torno de um objeto (conhecimento). Essas ações são operacionalizadas com recurso de instrumentos, processos e produtos (FUJITA, 2008). Observando-se ainda o seu caráter teórico-conceitual, a ORC ocupa-se também das bases epistemológicas subjacentes às referidas ações e preocupa-se com o desenvolvimento, a aplicação e a avaliação de sistemas de organização do conhecimento.

Tendo-se em vista a amplitude do objeto (o conhecimento), cabe observar os sentidos complementares que podem ser atribuídos à organização do conhecimento (HJORLAND, 2003; 2008). Num sentido amplo, relaciona-se à organização estrutural e social do conhecimento de modo a atender ao sistema de disciplinas e profissões. Em sentido estrito, compreende atividades como “[...] descrição documentária, indexação e classificação realizadas em bibliotecas, bases de dados bibliográficos, arquivos e outros tipos de ‘instituições de memória’, por bibliotecários, arquivistas, especialistas em informação, especialistas em determinados assuntos [...]” (HJORLAND, 2008, p. 86, tradução livre).

As atividades teórico-práticas de organização e representação do conhecimento, tais como a classificação e a indexação, estão, desse modo, fortemente conectadas como a organização social do conhecimento. Não haveria sentido, aliás, em se manter “instituições de memória” que não dialogassem com o que Dahlberg denominou “conhecimento em ação” (DAHLBERG, 1993; GUIMARÃES, 2008).

3 Teoria da Classificação

O processo de classificação é apontado como recurso necessário e indispensável ao homem em sua relação de conhecimento com o mundo que o cerca

(4)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

(BROUGHTON, 2004; BATLEY, 2005) e se manifesta quase sempre de modo não totalmente consciente. Para Jacob (2010), não é a classificação, mas o processo cognitivo de categorização que é ubíquo. A distinção ainda não é pacífica e os conceitos de categorização e de classificação possuem realmente muitos traços de similaridade (JACOB, 2004).

Adotando-se a perspectiva de que conhecer é estabelecer relações entre conceitos, requer-se antes, portanto, como tarefa cognitiva, que tais conceitos sejam identificados em suas características e, desse modo, observados no que se refere às suas semelhanças e diferenças. Assim, a identificação do conceito ocorre por meio de processos de classificação que evidenciam o contraste ou a identidade entre os conceitos. A classificação, nessa acepção, refere-se ao agrupamento de coisas que são semelhantes e diz respeito à imposição de algum tipo de estrutura sobre a compreensão da realidade (BATLEY, 2005).

Essa estrutura (referente ao senso comum) rebate-se também num modelo de representação, mesmo que não formalizado e ainda que elaborado ad hoc, apenas para a compreensão de um determinado fato ou fenômeno, num nível de compartilhamento conceitual reduzido. Em se tratando de sistemas de classificação bibliográfica, nos quais o caráter representacional é mais evidente e necessário ao seu aspecto pragmático, orientado à construção de representações do conhecimento e de objetos informacionais, a representação requer níveis mais elaborados de formalização consensual que atendam aos interesses do sistema como um todo, incluindo classificadores e usuários.

Nos sistemas de classificação, a noção de agrupamento refere-se à ideia de divisão ou de separação por semelhanças e diferenças, a ordenação, por sua vez, está relacionada ao conceito de sortimento, no sentido de misturar e combinar coisas diferentes. A noção de ordenação diz respeito também à ideia de representação simbólica dos elementos e da sequência que guardam. A representação nesse caso cumpre duas funções: permite que o elemento retirado de sua posição seja recolocado e possibilita a identificação do local “correto” de inserção de um novo elemento, preservando-se a lógica do sistema (BROUGHTON, 2004).

A história da teoria da classificação pode ser pontuada pelo pioneirismo de alguns projetos cujos processos de elaboração atuam como marcos teórico-conceituais, dentre eles a Classificação Decimal de Dewey, publicada em 1876, e a

(5)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

Classificação Decimal Universal, de Otlet e La Fontaine, em 1905. Esses sistemas, foram atualizados e evoluíram ao longo do tempo (a CDD, por exemplo, está em sua 23ª edição), sendo ainda amplamente utilizados, apesar de algumas limitações que lhes são apontadas.

Nos anos trinta, as contribuições de Bliss (Bibliographic Classification 1 e, posteriormente, Bibliographic Classification 2) e de Ranganathan (Colon

Classification) modernizaram a teoria da classificação com a abordagem facetada em

sistemas analítico-sintéticos. Isso ocorreu pela identificação mais flexível e mais precisa das relações entre as classes, pelo uso de notações mais sintéticas, pelo uso de facetas e pela aplicação consistente da ordem de citação.

A abordagem facetada da classificação foi ampliada, nos anos cinquenta, pelos trabalhos do Classification Research Group (CRG) e influenciou diversos outros sistemas de classificação (inclusive os citados CDD e CDU) flexibilizando-os e dotando-os de caráter analítico-sintético, em oposição à característica mais rígida dos sistemas puramente enumerativos.

4 O conceito de classificação

De início, é preciso compreender que toda classificação é arbitrária e deve ser observada em seu caráter de relativização. A expressão “arbitrário” é ambígua em língua portuguesa e possibilita pelo menos três usos, conforme registra o iDicionário Aulete: “1. Que depende do arbítrio ou vontade de quem decide; que não tem regras estabelecidas (medidas arbitrárias); 2. Que segue a sua vontade, sem consideração pela opinião ou necessidade dos outros; DESPÓTICO; 3. Não necessário nem obrigatório; FACULTATIVO” (LACERDA, 2015). O sentido que se quer dar à arbitrariedade nesse contexto está amparado na compreensão que Foucault (2000) tem desse termo, mais próxima das acepções 1 e 2 registradas no dicionário:

[…] não se pode conhecer a ordem das coisas ‘na sua natureza isoladamente’, mas, sim, descobrindo aquela que é a mais simples, em seguida aquela que é a mais próxima para que se possa aceder necessariamente, a partir daí, até as coisas mais complexas (FOUCAULT, 2000, p. 73).

[…] uma coisa pode ser absoluta sob certo aspecto e relativa sob outro; a ordem pode ser ao mesmo tempo necessária e natural (em relação ao pensamento) e arbitrária (em relação às coisas), já que uma mesma coisa, segundo a maneira como a consideramos, pode ser colocada num ponto ou noutro da ordem (FOUCAULT, 2000, p. 74)

(6)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

O caráter de arbitrariedade da classificação, como se pode ver, não a dispensa de apresentar, em qualquer nível e para qualquer finalidade, interconsistência lógica entre todos os seus componentes.

Em busca da compreensão teórica e metodológica a respeito da classificação, Beghtol publicou no periódico Knowledge Organization, em 2003, um artigo em que compara alguns aspectos da “classificação profissional” e da “classificação naïve”. O texto rendeu um acalorado debate no mesmo periódico: Hjorland e Nicolaisen (2003) reagiram ao uso da expressão naïve. Beghtol (2004) esclareceu-lhes alguns aspectos e o texto recebeu ainda uma tréplica, escrita por Nicolaisen e Hjorland (2004). Seis anos depois o debate ainda vibrava, com o trabalho de Jacob (2010).

Beghtol (2003; 2004) chama de “profissional” a classificação orientada para a recuperação da informação e de “naïve” a classificação realizada para fins de descoberta de conhecimentos. Conforme essa distinção, a classificação para fins de recuperação da informação (profissional) é baseada no consenso e na garantia literária, assentada em concepções mais estáveis e mais largamente compartilhadas. Exatamente por isso suas revisões são mais demoradas. A classificação para descoberta de conhecimento (naïve), por sua vez, relaciona-se à descoberta do novo, para isso utiliza como recurso um novo – e mais provisório que o anterior – esquema de classificação, isso é, uma nova hipótese de organização. Os métodos utilizados tanto pela classificação profissional quanto pela classificação naïve são similares, conforme Beghtol (2003).

As classificações científicas e acadêmicas, reagiram Hjorland e Nicolaisen (2004), não são ingênuas. Os autores consideram equivocada a compreensão que Beghtol apresentou a respeito das relações entre, de um lado, a classificação acadêmica e científica e, de outro, a classificação feita pela biblioteconomia e pela ciência da informação. A classificação bibliográfica, defendem, é amplamente dependente das classificações acadêmicas e científicas, ainda que não se lhes preste a devida atenção, conforme afirmam: “Nós, na Biblioteconomia e Ciência da Informação, deveríamos obviamente estar preocupados com princípios e métodos de classificação generalizados. Parece, no entanto, muitas vezes, que ignoramos o trabalho feito por cientistas, filósofos e acadêmicos” (HJORLAND; NICOLAISEN, 2004, p. 57, tradução livre).

(7)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

A temática de Beghtol (2003; 2004), alguns textos que lhe deram origem (DAVIES, 1989; KWASNIK, 1999; RAFFERTY, 2001), bem como as questões levantadas nos textos que debateram sua proposta (HJORLAND; NICOLAISEN, 2004; NICOLAISEN; HJORLAND, 2004; JACOB, 2010, KWASNIK; FLAHERTY, 2010), motivaram a proposta dessa investigação no sentido de explorar neste trabalho (com aprofundamento em posteriores) como o campo da ORC no Brasil tem compreendido as relações entre a “classificação profissional” e a “classificação não-profissional”, observando-se, inclusive, a necessidade de investimento em análise conceitual desses termos na área da ciência da informação.

5 Resultados e discussão

A distinção “referencial TC/ORC” e “referencial outros”, conforme propõem os objetivos do trabalho, não deve ser tomada como indício de demarcação de exclusividade do campo, reserva de domínio ou qualquer demonstração de xenofobia disciplinar. Essa dicotomia serve apenas para balizar a análise e verificar os rumos que a pesquisa sobre classificação segue no corpus de análise. Desse modo, é preciso considerar a subjetividade e os limites desse tipo de categorização.

A categoria “outros” refere-se aos textos que não são identificados classicamente com a TC/ORC, mas que não lhes necessariamente estranhos. Inclui, por exemplo, textos seminais da ciência da informação e que, nessa condição, dialogam com o referencial da TC/ORC. De certo modo, aliás, todos os textos citados pelos autores em seus trabalhos visam a promover o diálogo com a TC/ORC.

Para o processo de categorização das referências foram observados: o título, a natureza do item (livro, artigo de periódico, trabalhos publicados em congresso etc.) e a afiliação dos autores. Como exemplos, pelo número de ocorrências, podem-se citar: a Teoria da classificação, de Requião Piedade, como representativo de TC/ORC e o Métodos e técnicas de pesquisa social, de Antonio Carlos Gil, como representativo de “outros”.

O número total de artigos analisados foi de 29, com a seguinte distribuição anual: 2010 = 5; 2011 = 3; 2012 = 7; 2013 = 5; 2014 = 9. A Figura 1 apresenta a síntese geral dos dados.

O número médio de referências por artigo é de 25,3, sendo a moda igual a 25. Esse conjunto de referências está distribuído do seguinte modo, em média: 10,4 referências TC/ORC por trabalho e 14,9 referências “outros”.

(8)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

No conjunto geral dos dados, há predominância de referencial “outros”, o que pode revelar alguma tendência ainda a ser verificada em trabalhos posteriores. Considerando-se o número total de referências utilizadas nos 29 trabalhos (n=734), o subtotal de referências TC/ORC representa 41,1% do total (n=302) e o subtotal de referências “outros” equivale a 58,9% do total (n=432).

Figura 8 - Uso do referencial teórico da TC/ORC e "outros" no corpus de análise

Fonte: Dados da pesquisa, 2015

Os cinco trabalhos com maior incidência de referencial “outros” abordam temáticas de classificação mais próximas da classificação não-profissional, conforme a conceituação apresentada anteriormente, e referem-se à análise e ao desenvolvimento de propostas de classificação no campo da música, da comunicação e da ciência e tecnologia (Tabela 1).

Tabela 1 - Trabalhos com maior porcentagem de referências "outros" Trabalho Foco Referências TC/ORC Referências “outros” outros % referências Total

2012-1 música 1 16 93,8 17 2012-6 ciência e tecnologia 2 21 91,3 23 2012-2 comunicação 2 20 90,9 22 2014-8 ciência, tecnologia e inovação 5 29 85,3 34 2010-5 comunicação 3 17 85 20

Fonte: Dados da pesquisa, 2015 0 5 10 15 20 25 30 35 40 20 1 0 -1 20 1 0 -2 20 1 0 -3 20 1 0 -4 20 1 0 -5 20 1 1 -1 20 1 1 -2 20 1 1 -3 20 1 2 -1 20 1 2 -2 20 1 2 -3 20 1 2 -4 20 1 2 -5 20 1 2 -6 20 1 2 -7 20 1 3 -1 20 1 3 -2 20 1 3 -3 20 1 3 -4 20 1 3 -5 20 1 4 -1 20 1 4 -2 20 1 4 -3 20 1 4 -4 20 1 4 -5 20 1 4 -6 20 1 4 -7 20 1 4 -8 20 1 4 -9 Referencial TC/ORC Referencial Outros

(9)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

Tais estudos, quando trazidos para a discussão num evento da área de ciência da informação, já não são mais totalmente identificados com o conceito de classificação profissional em sentido estrito. Observou-se, para fins de ordenação desses trabalhos, além do referencial utilizado, a origem dos problemas que os motivaram.

6 Considerações finais

A abordagem do problema, observando-se os limites desse trabalho, é exploratória e ainda precisa ser ampliada para que se possam produzir interpretações mais precisas. Há, contudo, alguns aspectos quantitativos que parecem confirmar a maior aproximação entre a temática da classificação não-profissional e a utilização de referencial complementar ao referencial mais circunscrito à teoria da classificação.

Observa-se também (Figura 1) que há uma tendência crescente no diálogo entre a teoria da classificação e o referencial bibliográfico de outras áreas ou outros subcampos da ciência da informação. A observação mais acurada desse fenômeno pode auxiliar no esclarecimento terminológico dos conceitos de classificação, profissional ou não, e pode ajudar a esclarecer sobre as diferenças de propósitos e os relacionamentos entre as diferentes modalidades de classificação, ultrapassando-se de modo mais efetivo os limites da teoria da classificação no âmbito da organização e representação do conhecimento.

De modo geral, acredita-se que esse tipo de abordagem contribui para que que sejam evitadas abordagens reducionistas da classificação bibliográfica.

Referências

BATLEY, Sue. Classification in theory and practice. Oxford: Chandos, 2005.

BEGHTOL, Clare. Classification for information retrieval and classification for knowledge discovery: relationships between "professional" and "naïve" classifications. Knowledge

organization, v. 30, n. 2, p. 64-73, 2003.

______. Response to Hjorland and Nicolaisen. Knowledge Organization, v. 31, n. 1, p. 62-63, 2004.

BROUGHTON, Vanda. Essential classification. New York: Neal-Schuman, 2004. DAHLBERG, Ingetraut. Knowledge organization: its scopes and possibilities. Knowledge

organization, n. 20, p. 211-222, 1993.

DAVIES, Roy. The creation of new knowledge by information retrieval and classification.

(10)

Organização do Conhecimento e Diversidade Cultural

FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

FUJITA, M. S. L. Organização e representação do conhecimento no Brasil: análise de aspectos conceituais e da produção científica do ENANCIB no período de 2005 a 2007.

Tendências da Pesquisa Brasileira em Ciência da Informação, v. 1, p. 1-32, 2008.

GUIMARÃES, José Augusto C. A dimensão teórica do tratamento temático da informação e suas interlocuções com o universo científico da International Society for Knowledge

Organization (ISKO). Revista Ibero-americana de Ciência da Informação (RICI), v.1 n.1, p.77-99, jan./jun. 2008.

HJORLAND, Birger; NICOLAISEN, Jeppe. Scientific and scholarly classifications are not "naïve": a comment to Beghtol(2003). Knowledge Organization, v. 31, n. 1, p. 55-63, 2004. HJORLAND, Birger. Fundamentals of knowledge organization. Knowledge Organization, v. 30, n. 2, p. 87-111, 2003.

______. What is knowledge organization (KO)? Knowledge Organization, v. 35, n. 2/3, p.86-101, 2008.

JACOB, Elin K. Classification and categorization: a difference that makes a difference.

Library Trends, v. 52, n. 3, p. 515-540, winter 2004.

______. Proposal for a classification of classifications built on Beghtol's distinction between "naïve classification" and "professional classification". Knowledge Organization, v. 37, n. 2, p. 111-120, 2010.

KWASNIK, Barbara H. The role of classification in knowledge representation and discovery.

Library Trends, v. 48, n. 1, p. 22-47, 1999.

______.; FLAHERTY, Mary Grace. Harmonizing professional and non-professional

classifications for enhanced knowledge representation. In: GNOLI, Claudio; MAZZOCCHI, F. (Eds.). Paradigms and conceptual systems in knowledge organization: proceedings of the 11th International ISKO Conference, 23-26 feb. 2010, Rome, Italy. Wurzburg: Ergon-Verlag, 2010. p. 229-235.

LACERDA, Carlos Augusto (Ed.) iDicionário Aulete. [s.l.]: Lexicon Editora Digital, 2015. Disponível em: <http://www.aulete.com.br/arbitrário>. Acesso em: 27 maio 2015.

NICOLAISEN, Jeppe; HJORLAND, Birger. A rejoinder to Beghtol (2004). Knowledge

organization, v. 31, n. 3, p. 199-201, 2004.

RAFFERTY, P. The representation of knowledge in library classification schemes.

Referências

Documentos relacionados

As ´ Arvores de Classificac¸˜ao e Regress˜ao s˜ao utilizadas de forma mais fre- quente como m´etodos n˜ao-param´etricos aplicados `a problemas de classificac¸˜ao e.. PUC-Rio

Termos da análise baseada em critérios semânticos da gramática tradicional (como, por exemplo, substantivo, adjetivo e verbo) são, de fato, passíveis de

[r]

Para que os objetivo geral fosse alcançado, tomaram-se como objetivo específico deste trabalho: Elaborar questionários para obtenção dos resultados determinados no objetivo

• Doentes com níveis elevados de células T Helper CD4+ apresentam baixa carga viral o que revela uma resposta celular mais eficaz e melhor controlo imune da infecção por

Takeuchi e Nonaka (2008), apresentam a importância de se estimular e/ou proporcionar condição para a criação de conhecimento dos indivíduos, de modo que a organização

Os objetivos deste estudo são: Investigar e identificar as contribuições da documentação organizada, acumulada e disponibilizada nos centros de memória institucionais para

Em indústria de pré-fabricados, a habilidade passante é normalmente especificada como PA2, para permitir perfeita moldagem em particular da viga protendida tipo