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A FORMAÇÃO DA (O) ENFERMEIRA (O) OBSTETRA NO CENÁRIO DA AMÉRICA LATINA 1. Prof a Dra. Maria Antonieta Rubio Tyrrell 2

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A FORMAÇÃO DA (O) ENFERMEIRA (O) OBSTETRA NO CENÁRIO DA AMÉRICA LATINA1

Profa Dra. Maria Antonieta Rubio Tyrrell2

Abordar a formação da (o) Enfermeira (o) Obstetra no cenário da América Latina, implica em trazer ao debate a temática da educação superior universitária, na formação dos profissionais da área da saúde, que, no momento se caracteriza por um forte movimento de reflexão, compromisso e ação orientados a renovação dos sistemas educativos e de saúde, para atender as diversas realidades dos países que integram a América Latina. Estes abrangem a região de México e Caribe, América do Centro e América do Sul e neste a contemplação dos denominados países Andinos e países do Merco Sul. Nesta perspectiva não podemos deixar de registrar a importância de estar referindo também, a América do Norte - USA e Canadá.

Pode-se afirmar que em toda sociedade (1), seja qual for o sistema de governabilidade e a estrutura organizacional, a educação universitária exerce uma influência de extrema importância sobre as possibilidades de lograr uma convivência pacífica e criadora. As diretrizes dos cursos de graduação e pós-graduação, as propostas curriculares, os planos de ensino e as atitudes dos pais, alunos e professores, as expectativas de futuro, dentre outros são fatores que conformam e constroem um modo permanente de desenvolvimento político e sócio-econômico das nações e das instituições. Neste particular, dois registros são básicos; um se refere à proclamação do Libertador da América Latina, Dom Simón Bolívar, quando diz: La educación es la base de la libertad e a UNESCO reitera isto na sua Constituição quando declara a ampla difusão da cultura e da educação da humanidade, para a justiça, a liberdade e a paz, são indispensáveis para a dignidade humana.

Para reforçar a dignidade humana que proporciona a educação, este deve ter força de uma exigência de justiça e solidariedade, que cada dia mais ganha espaço

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Trabalho apresentado no V COBEON – 25-30 de junho de 2009 – Teresina – Piauí.

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Dra. Profa Titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Diretora da EEAN/UFRJ. Pesquisadora

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em primeiro plano das necessidades coletivas e que é considerada como a dimensão ética.

Nesse sentido, a educação, é capaz de compreender as pontes que vão da escravidão da pobreza, da ignorância, da injustiça e da iniqüidade social à liberdade no plano das idéias e das ações. Isto se justifica, dentre outros, por que: Permite a participação cívica que o foco da democracia; Indica os saberes necessários para o despegue econômico- social; Contribui a reduzir o crescimento demográfico; e, Faz desnecessária a imigração.

O compromisso de rever essas dimensões no ensino universitário, especialmente na formação do profissional de saúde e neste o do enfermeiro representa, no mundo contemporâneo nosso maior desafio e a renovação de nossa esperança.

Enfatizamos a seguir um resumo das idéias expressadas na reunião de Habana/Cuba, no final de século XX e inicio do século XXI, que tratou do assunto La Educación Superior en el siglo XXI: Visión de América Latina y del Caribe:

1) O conhecimento científico adquire especial importância nas atuais sociedades do mundo, já que se assume que ele é a chave do desenvolvimento do futuro (knowledge society e uso do wet ware);

2) No tratamento da qualidade da educação superior, como exigência social, não se tem evidenciado um consenso. A qualidade é um atributo cuja natureza tende a variar de acordo com o tipo de instituição de ensino superior seja de universidades públicas ou privadas. Aqui, a qualidade da educação superior é a excelência, entendida como um conceito que supõe o mais alto grau de pertinência, de qualidade e equidade social que uma IES possa garantir aos seus integrantes, beneficiários e financiadores. A melhora se deriva das avaliações institucionais e das carreiras (profissões da saúde) as quais são “sinais de alerta” para reformas ou indicativos de necessidades de mudanças nos programas de graduação e de pós-graduação inclusive de atividades de extensão.

3) O financiamento do sistema da educação superior foi reconhecido como a dificuldade fundamental que enfrenta a universidade em nível da Região. Este tema de financiamento está relacionado pelos autores com a concepção ideológica que os investigadores e autoridades financeiras e os

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universitários têm sobre o dever ser (visão e missão social) da universidade.

4) As novas tecnologias da informação e da comunicação (NTIC) constituem um conjunto de inovações cujo impacto na educação superior pode apreciar-se de acordo com os especialistas em duas dimensões; a primeira está relacionada a contribuição no redesenho dos processos de busca, coleta e guarda das informações, o que reduz tempo e espaço nas atividades de docência e investigação universitária em todos os níveis dando-lhe um dinamismo não esperado. A segunda dimensão diz respeito ao acesso a INTERNET que embora resulte custoso faz com que a comunicação seja rápida e alcance aos menos favorecidos por meio de estratégias, como, por exemplo, a formação de redes.

Nessa situação o Cenário Latinoamericano se apresenta com as seguintes características:

 Mudanças na estrutura demográfica e familiar (aumento da população mais velha e novas classes de famílias menores, etc)

 Novas situações políticas, econômicas e sócio-culturais (democracias em renovação, globalização da economia, aumento de volumem de mercados comuns, etc.)

 Novos sistemas e mais rápidos de comunicação (World Wide Web)

 Problemas de desigualdades entre países e no interior deles (que tem que mudar)

 Problemas sanitários: novos e emergentes (novas doenças vinculadas à mutação viral e outros fatores biológicos [genéticos], reaparição de doenças consideradas de baixo controle, por exemplo, a Tuberculose, causada por deficiências no sistema de defesa corporal, etc)

Essas características do cenário latinoamericano originam relevantes implicações para novos modelos da prática profissional:

A. Desenvolvimento de novas formas de trabalho (com populações mais velhas e estruturas familiares diferentes);

B. Melhoria de participação na formulação das políticas de saúde; C. Aprendizagem e uso de novos meios de comunicação;

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E. Formulação de novas estratégias para o trabalho comunitário com ênfase na promoção e atenção básica de saúde com base na gestão da atenção de enfermagem.

O problema que caracteriza a Saúde da Mulher nos sistemas de saúde na América Latina, principalmente se refere a duas grandes dimensões: a primeira diz respeito à falta de capacitação dos profissionais para a prática da integração e articulação entre os diferentes programas dirigidos a prevenção e controle das doenças crônico-degenerativas; da infecção por DST/AIDS; do câncer cervico-uterino e mamário; da violência doméstica e sexual; do abortamento em condições seguras; dos transtornos mentais; da discriminação racial e social e das diferentes jornadas de trabalho. E, a segunda dimensão determina a necessidade de considerar de forma horizontal as relações de gênero; sócio-culturais; com o meio ambiente; lazer, nutrição e trabalho; moradia e renda.

O que observamos na América Latina é uma grande preocupação como consequência desse contexto, dessas implicações para Enfermagem e do problema apresentado, tanto no ensino quanto na prática, principalmente no que se relaciona a oferta de programas de graduação e de pós-graduação na enfermagem obstétrica com sérias limitações para a qualificação em programas de mestrado e doutorado específicos na área. Alguns países ainda lutam pela sua profissionalização e inserção na universidade e outros apresentam sua formação profissional em nível de graduação culminando o curso com a outorga de títulos com denominações diferentes como objetivamos a seguir na América do Sul:

 Argentina: Obstétricas (focalizado em alguns Estados do país);

 Brasil: Enfermeira (no país), Obstetriz (SP/USP Leste, somente em São Paulo);

 Chile: Matrona (no País);  Perú: Obstetriz (no País);  Uruguai: Parteira (noPaís).

Cabe enfatizar que unicamente no Brasil a qualificação de Enfermeira Obstetra se origina em Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica, a partir do Parecer 314/94 (2) que determinou a Formação do Enfermeiro Generalista em Cursos de Graduação. E, neste país também, a formação de Obstetriz em nível de graduação somente é realizada pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP/SP), a partir de 2006.

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Esse contexto, no Brasil (3), exige algumas características para um novo modelo de formação em saúde, que em nossa opinião se aplica a Enfermagem em geral e a Enfermagem Obstétrica em particular:

A. Foco no trabalho em equipe multiprofissional, respeitando-se as especificidades de cada profissão e incentivando a interação entre elas; B. Uso de metodologias pedagógicas inovadoras e centradas no estudante; C. Atenção aos problemas de maior prevalência e relevância nos serviços de

saúde locais;

D. Reorientação das pesquisas acadêmicas, de forma a responder às necessidades locais, regionais e/ou nacionais;

E. Valorização das atividades de extensão;

F. Diversificação dos cenários de ensino-aprendizagem;

G. Maior ênfase na atenção primária/básica, em promoção da saúde e na determinação multifatorial do processo saúde-doença;

H. Articulação constante com o sistema local de saúde; I. Valorização de atitudes éticas e humanísticas.

Assim, de modo geral, podemos afirmar que existem três tendências na formação dos enfermeiros obstetras: a primeira é articulada ao modelo biomédico, a segunda a enfermagem obstétrica e a terceira a inovações conceituais e metodológicas articuladas a gênero e humanização. Nesta perspectiva as realidades a serem contempladas no Brasil (3), abrangem:

A necessidade de formação do Enfermeiro que atenda a complexidade e problemática da assistência à mulher;

• Dificuldades de atuação junto à equipe de saúde e a própria equipe de enfermagem;

• Reconhecimento da atuação do Enfermeiro: pela cliente e demais profissionais da equipe de saúde;

• Conflitos vivenciados: (Lei 7498/86 [4], portarias do MS 281/98; 163/98; 985/98,569, 570, 571 e 572 e as Assembléias Mundiais e determinações internacionais (OPAS/OMS) são ignoradas.);

• Ampliação da atuação da Enfermeira Obstetra na assistência à parturiente; • Práticas não medicalizadas altamente questionadas;

• Inserção de Enfermeiro na definição de Políticas Públicas direcionada para as mulheres.

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Em termos conclusivos, na formação das enfermeiras obstetras na América

Latina, se delineiam os seguintes desafios:

• Implantar programas de qualificação de toda a equipe de saúde e de enfermagem na assistência integral e humanizada;

• Elaboração de protocolos nas Maternidades;

• Institucionalizar de fato e de direito a atuação da Enfermeira na execução plena da assistência à mulher durante o período perinatal;

• Aumentar o quantitativo de Enfermeiros Obstetras nos Centros Obstétricos;

• Aumentar o quantitativo de Casas de Parto;

• Exigir que os Conselhos e Entidades de Classe garantam o exercício pleno das atribuições do Enfermeiro (Obstetra), asseguradas em Lei; • Exercício da atuação na equipe multidisciplinar;

• Atualização das práticas de saúde voltadas para a saúde da mulher.

Quanto às perspectivas de desenvolvimento na área e na Região, podemos assinalar:

• Promoção de concursos públicos com definição de áreas de atuação em nineis nacional e estaduais;

• Maior interesse por atuação na área de Saúde da Mulher; • Enfoque na Atenção Básica;

• Destaque para as Ações Educativas;

• Necessidade de domínio da Fisiologia da Mulher, com destaque para o processo de parturição;

• Articulação com Movimentos Sociais e Capacitação de lideranças; • Participação em Comitês de Morte Materna;

• Realização de Cursos de Especialização com referencial pedagógico participativo e que oportunize experiências inovadoras;

• Necessidade de estabelecimento de redes de informação para fortalecimento da categoria.

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

UNESCO. La educación Superior en El siglo XXI. Visión de América latina y el Caribe. Tomo I. Caracas, 1997.

BRASIL. MINISTERIO DA EDUCAÇÃO. Parecer 314/94, que determina a formação do enfermeiro no Brasil.

GIOVANELLA, Ligia e Colb. Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. Ed. FIOCRUZ e CEBES. RJ, 2008

BRASIL. Lei No. 7.498/86, do Exercício Profissional da Enfermagem. Rio de Janeiro, 1986.

ESCOLA DE ENFERMAGEM ANNA NERY. Curso de Especialização em Enfermagem Obstétrica. Relatório do Curso (EEAN/UFRJ, 2008), Rio de Janeiro, 2008.

Referências

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