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Fragilidade na doença renal crônica

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Fragilidade na doença renal crônica

Frailty in chronic kidney disease

Henrique Novais Mansur1, Marcus Gomes Bastos2

1Universidade Salgado de Oliveira (Universo), Juiz de Fora, MG, Brasil. 2Programa de Pós-graduação em Saúde da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Juiz de Fora, MG, Brasil.

Endereço para correspondência: Henrique Novais Mansur - Rua Wolfgang Amadeus Mozart, 131 - Condomínio São Lucas – São Pedro - Juiz de Fora – MG CEP: 36036-631 - Telefone: (32) 3217-8528

RESUMO

Objetivo: Fragilidade é um estado de alta vulnerabilidade e efeitos adversos à saúde, comum em pessoas idosas, mas também fortemente associado à doença renal crônica (DRC). As causas dessa associação podem ser a inflamação a hipovitaminose D e a anemia. Porém, como o paciente com DRC apresenta essas intercorrências independentemente da idade, a preocupação com a fragilidade nestes casos deve ser prática corrente no atendimento ao paciente.

Palavras-chave: insuficiência renal crônica, nefropatias, fatores de risco, vulnerabilidade.

ABSTRACT

Objective: Frailty is a high vulnerability state and adverse health effects common to the elderly, but it is also strongly associated with chronic kidney disease (CKD). The causes of this association may be inflammation, vitamin D deficiency and anemia. However, as the patient with CKD presents these events independent of age, worrying about the fragility in CKD patients should be a standard practice for patient care.

(2)

iNTRODUÇÃO

Pacientes com doença renal crônica (DRC) têm, reconhecidamente, uma reduzida função cognitiva e física, que afeta a sua qualidade de vida. Além disso, a DRC per se é uma impor-tante comorbidade, principalmente para indi-víduos idosos.1

Não obstante a DRC ter como consequência a redução da função física, poucos estudos têm examinado a associação da fragilidade com a DRC, principalmente nos estágios mais pre-coces da doença. Esses estudos normalmente são associados à população idosa, mesmo na DRC. Porém Shillipak et al.2 e Johansen et al.3

encontraram forte relação entre fragilidade e DRC também em indivíduos não idosos.

No presente artigo, os autores discutem os possíveis determinantes dessa relação e aler-tam para a necessidade do diagnóstico precoce, objetivando a implementação de intervenções que preservem a independência, a qualidade de vida e a prevenção da mortalidade prematura. Definição e diagnóstico de fragilidade

Fragilidade é um estado de alta vulnera-bilidade e efeitos adversos à saúde, o que

in-clui dependência física, instabilidade, quedas, necessidade de cuidados duradouros e mor-talidade. Os marcadores mais comuns são a perda de massa magra, de força e resistência muscular, de equilíbrio e baixo desempenho na caminhada, resultando em um aumento do risco de incapacidade, hospitalização, institu-cionalização e hospitalização.1

Fried et al.4 desenvolveram um protocolo

de avaliação da fragilidade no qual os elemen-tos identificativos desse estado eram perda de peso, exaustão, fraqueza muscular, baixa velo-cidade de caminhada e pouca atividade física. Quando o paciente apresentava três ou mais critérios, denominava-se fenótipo de fragili-dade. Aqueles que apresentassem um ou dois critérios eram denominados pré-frágeis, e aqueles sem nenhum critério, não frágeis.

Baseados nestes conceitos, Fried et al.4

identi-ficaram 6,9% da população americana idosa sen-do frágil e 47% sensen-do pré-frágil. O impacto adver-so da fragilidade ficou evidente quando, após 84 meses de acompanhamento, 43% dos pacientes frágeis foram a óbito, comparativamente a 23% dos pré-frágeis e 12% dos não frágeis.

Figura 1. Ciclo das causas da fragilidade. Fonte: adaptado de Fried et al.4

Fatores associados à fragilidade

A fragilidade possivelmente resul-ta da interação complexa de alterações bioquímicas e multissistêmicas que de-terminam uma diminuição nas reservas fisiológicas do indivíduo. Os mecanismos que podem levar à fragilidade são poli-farmácia, mudanças relacionadas à idade como sarcopenia e osteopenia, obesida-de, anorexia, tabagismo, depressão, al-coolismo, inatividade física, isolamento social e doenças crônicas.1

A Figura 1 é uma adaptação da sequência fisiopatológica e os sinais e sintomas decor-rentes observados na fragilidade a partir da proposta de Fried et al.4

A grande maioria dos estudos que ava-liam a fragilidade utiliza o protocolo proposto por Fried et al.;4 porém Johansen et al.3

utili-zaram uma forma de avaliação clinicamente mais viável.

A Tabela 1 apresenta e compara os instru-mentos de avaliação propostos por Johansen et al.3 e Fried et al.4

Tabela 1. Comparação entre os métodos de avaliação da fragilidade

Componentes

da Fragilidade proposto por Johansen et al.Método de avaliação 3 Método de avaliação proposto por Fried et al.4

Fraqueza muscular Domínio da função física (SF-36) < 75 pontos Teste de força de preensão manual (hand grip), estratificado por sexo e quartis de índice de massa corporal (IMC) Baixa velocidade usual de

caminhada Não utilizou Teste de caminhada usual de 15 pés, estratificado por sexo e altura

Exaustão Domínio da vitalidade (SF-36) < 55 pontos

Respostas a duas perguntas do Questionário CES-D de Depressão - Eu senti que tudo que fiz foi com esforço

- Eu não pude fazer

Quantas vezes na última semana você se sentiu assim? - Raramente ou nunca = 0

- 1 ou 2 dias = 1 - 3 ou 4 dias = 2 - ≥ 5 dias = 3

Resposta 2 ou 3 é critério de exaustão

Inatividade física

Com qual frequência você pratica atividade física no seu tempo livre?

- diariamente - 4 a 5 vezes por semana - 2 a 3 vezes por semana

- quase nunca - nunca

Se responderam “quase nunca ou nunca”, eram considerados inativos

Gasto energético calculado pela versão curta do Questionário de Minessota de Atividade Física

O último quintil de gasto energético estratificado por sexo foi considerado inativo

Perda de peso não intencional

Sub ou malnutrido, caquexia avaliada por dados “abstratos” (prontuário do paciente)

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iNTRODUÇÃO

Pacientes com doença renal crônica (DRC) têm, reconhecidamente, uma reduzida função cognitiva e física, que afeta a sua qualidade de vida. Além disso, a DRC per se é uma impor-tante comorbidade, principalmente para indi-víduos idosos.1

Não obstante a DRC ter como consequência a redução da função física, poucos estudos têm examinado a associação da fragilidade com a DRC, principalmente nos estágios mais pre-coces da doença. Esses estudos normalmente são associados à população idosa, mesmo na DRC. Porém Shillipak et al.2 e Johansen et al.3

encontraram forte relação entre fragilidade e DRC também em indivíduos não idosos.

No presente artigo, os autores discutem os possíveis determinantes dessa relação e aler-tam para a necessidade do diagnóstico precoce, objetivando a implementação de intervenções que preservem a independência, a qualidade de vida e a prevenção da mortalidade prematura. Definição e diagnóstico de fragilidade

Fragilidade é um estado de alta vulnera-bilidade e efeitos adversos à saúde, o que

in-clui dependência física, instabilidade, quedas, necessidade de cuidados duradouros e mor-talidade. Os marcadores mais comuns são a perda de massa magra, de força e resistência muscular, de equilíbrio e baixo desempenho na caminhada, resultando em um aumento do risco de incapacidade, hospitalização, institu-cionalização e hospitalização.1

Fried et al.4 desenvolveram um protocolo

de avaliação da fragilidade no qual os elemen-tos identificativos desse estado eram perda de peso, exaustão, fraqueza muscular, baixa velo-cidade de caminhada e pouca atividade física. Quando o paciente apresentava três ou mais critérios, denominava-se fenótipo de fragili-dade. Aqueles que apresentassem um ou dois critérios eram denominados pré-frágeis, e aqueles sem nenhum critério, não frágeis.

Baseados nestes conceitos, Fried et al.4

identi-ficaram 6,9% da população americana idosa sen-do frágil e 47% sensen-do pré-frágil. O impacto adver-so da fragilidade ficou evidente quando, após 84 meses de acompanhamento, 43% dos pacientes frágeis foram a óbito, comparativamente a 23% dos pré-frágeis e 12% dos não frágeis.

Figura 1. Ciclo das causas da fragilidade. Fonte: adaptado de Fried et al.4

Fatores associados à fragilidade

A fragilidade possivelmente resul-ta da interação complexa de alterações bioquímicas e multissistêmicas que de-terminam uma diminuição nas reservas fisiológicas do indivíduo. Os mecanismos que podem levar à fragilidade são poli-farmácia, mudanças relacionadas à idade como sarcopenia e osteopenia, obesida-de, anorexia, tabagismo, depressão, al-coolismo, inatividade física, isolamento social e doenças crônicas.1

A Figura 1 é uma adaptação da sequência fisiopatológica e os sinais e sintomas decor-rentes observados na fragilidade a partir da proposta de Fried et al.4

A grande maioria dos estudos que ava-liam a fragilidade utiliza o protocolo proposto por Fried et al.;4 porém Johansen et al.3

utili-zaram uma forma de avaliação clinicamente mais viável.

A Tabela 1 apresenta e compara os instru-mentos de avaliação propostos por Johansen et al.3 e Fried et al.4

Tabela 1. Comparação entre os métodos de avaliação da fragilidade

Componentes

da Fragilidade proposto por Johansen et al.Método de avaliação 3 Método de avaliação proposto por Fried et al.4

Fraqueza muscular Domínio da função física (SF-36) < 75 pontos Teste de força de preensão manual (hand grip), estratificado por sexo e quartis de índice de massa corporal (IMC) Baixa velocidade usual de

caminhada Não utilizou Teste de caminhada usual de 15 pés, estratificado por sexo e altura

Exaustão Domínio da vitalidade (SF-36) < 55 pontos

Respostas a duas perguntas do Questionário CES-D de Depressão - Eu senti que tudo que fiz foi com esforço

- Eu não pude fazer

Quantas vezes na última semana você se sentiu assim? - Raramente ou nunca = 0

- 1 ou 2 dias = 1 - 3 ou 4 dias = 2 - ≥ 5 dias = 3

Resposta 2 ou 3 é critério de exaustão

Inatividade física

Com qual frequência você pratica atividade física no seu tempo livre?

- diariamente - 4 a 5 vezes por semana - 2 a 3 vezes por semana

- quase nunca - nunca

Se responderam “quase nunca ou nunca”, eram considerados inativos

Gasto energético calculado pela versão curta do Questionário de Minessota de Atividade Física

O último quintil de gasto energético estratificado por sexo foi considerado inativo

Perda de peso não intencional

Sub ou malnutrido, caquexia avaliada por dados “abstratos” (prontuário do paciente)

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Fragilidade e doença renal crônica

No curso da progressão da DRC é comum observar complicações como anemia, acidose metabólica, alterações do metabolismo mi-neral e ósseo, e comorbidades como doenças cardiovasculares, depressão e déficit cogniti-vo, que predispõem os pacientes a apresen-tarem diminuição do estado de saúde, limita-ções físicas e óbito prematuro. Contudo, até o momento, poucos estudos examinaram a associação entre DRC e fragilidade.

Shilipak et al.2 foram os primeiros a

es-tudarem a fragilidade na DRC. Os autores ob-servaram que a prevalência de fragilidade foi maior nos portadores de DRC (15%) do que naqueles sem a doença (6%). Isso significa que os pacientes com DRC tinham três vezes mais chances de serem frágeis do que os de-mais. Além disso, observaram alta prevalên-cia de fragilidade ─ 34% entre as mulheres com DRC, particularmente as negras. Os au-tores propõem que inflamação, anemia e ate-rosclerose, provavelmente, mediam a relação entre fragilidade e DRC.

Johansen et al.3 estudaram a prevalência

e o impacto da fragilidade no curso da DRC em pacientes submetidos a tratamento dia-lítico, identificando o fenótipo de fragilida-de em 67,7% dos pacientes em terapia renal substitutiva. Um novo achado foi a constata-ção de que a fragilidade foi caracterizada em pacientes não idosos e no período de dois anos do estudo associou-se com desfechos adversos, tais como internação hospitalar e maior mortalidade.

Mais recentemente, Wilhem-Leen et al.5

encontraram um aumento da prevalência de fragilidade nos estágios mais avançados da DRC. A prevalência de fragilidade foi de 5,9%, 10,7% e 20,4% nos estágios 1 e 2, 3A e 3B e 5 (excluíndo os pacientes em diálise) da DRC, respectivamente. Outro achado importante

deste estudo foi a verificação de que o risco de fragilidade aumenta de acordo com o está-gio da DRC ─ ocorre cerca de duas vezes mais nos estágios iniciais da doença e de seis vezes mais nos pacientes com taxa de filtração glo-merular menor que 45 mL/min/1,73 m2.

Estudos recentes identificam a inflama-ção, a anemia, a depressão e a hipovitaminose D como complicações comuns à fragilidade e à DRC, alterações que servem de base, entre outras, para explicar a maior prevalência de fragilidade e a sua ocorrência antes dos ses-senta anos em pacientes com DRC.

Fatores associados à fragilidade na doença renal crônica

Inflamação

Uma das causas da fragilidade na popula-ção em geral deve-se à presença de citocinas pró-inflamatórias relacionadas aos processos fisiológicos do envelhecimento.1 Dentre elas,

citam-se a proteína C-reativa (PCR), a inter-leucina-1 (IL1) e 6 (IL6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).

Walston et al.6 identificaram uma

asso-ciação entre o aumento de PCR e o risco de ser frágil, mesmo após ajustamento para as doenças cardiovasculares e o diabetes

melli-tus. A IL6, chamada também de citocina

geri-átrica, ativa a função osteoclástica e a reab-sorção óssea e está associada com a redução da massa muscular.

Já o TNF-α pode levar à anorexia ─ comum na DRC e em idosos ─ e à lipólise. Isso agrava-ria o quadro de ingestão proteica que seagrava-ria, consequentemente, associado à fragilidade, por ativar a via ubiquitina-proteossoma, re-sultando em proteólise, além de produzir um quadro de resistência insulínica, o que tam-bém dificultaria o ganho de massa muscular.

Anemia

A anemia frequentemente ocorre de forma precoce no curso da DRC, bem antes da falência funcional, e piora com a progressão da doença.7

A anemia da DRC ocorre, principalmente, da produção inadequada de eritropoietina pelos rins. Níveis diminuídos de hemoglobina se associam com a liberação subótima de oxi-gênio aos principais órgãos e impacta negati-vamente na capacidade de os pacientes com DRC e anemia desempenharem atividades físicas. Consequentemente, os pacientes com DRC e anemia podem experimentar perda acelerada de massa muscular, o que promo-veria o desenvolvimento de fragilidade.

Depressão

A prevalência de depressão em pacientes idosos não institucionalizados é da ordem de 8,2%,8 valor que aumenta na DRC para 44%

nos pacientes incidentes em diálise,9

acome-tendo até 20% dos pacientes em tratamento conservador.10

Estudos prévios identificaram a depres-são como fator de risco independente para hospitalização e óbito em pacientes em tra-tamento dialítico.11 A depressão associa-se a

diminuição da funcionalidade e da qualidade de vida, taxas mais elevadas de mortalidade, aumento da demanda por cuidadores e dos serviços de saúde e a fragilidade.12

Hipovitaminose D

A relação entre hipovitaminose D e fragi-lidade está associada a alguns fatores, como sua relação com o metabolismo ósseo e mus-cular, pois sua influência no metabolismo do cálcio e do PTH pode resultar em distorções da microarquitetura trabecular, aumentando a porosidade cortical, levando a um maior risco de fratura. No metabolismo muscular, como este tecido possui receptores específi-cos de vitamina D, a hipovitaminose D pode gerar redução da força muscular e sarcopenia por diminuição da síntese proteica e altera-ção de propriedades contráteis do músculo.13

Apesar de os estudos verificarem a corre-lação entre fragilidade e vitamina D, no nos-so conhecimento, nenhum deles foi realizado em pacientes com DRC.

Idade

A literatura mostra que a DRC, apesar de estar diretamente associada à fragilidade também pelas suas consequências, não deve haver preocupação somente com os pacientes idosos. Tabela 2 sintetiza esse preceito.

Como a fadiga, a fraqueza e a perda de peso são características do paciente em es-tado pré-urêmico, a avaliação de marcadores de DRC, como a avaliação da creatinina e da proteinúria, pode possibilitar ao médico a prevenção de fragilidade e melhoria da qua-lidade de vida dos seus pacientes.2

Tabela 2. Relação DRC e fragilidade independentemente da idade

Variáveis Idosos DRC Idosos com DRC

Anemia + ++ +++

Inflamação + ++ +++

Hipovitaminose D + ++ +++

Acidose metabólica + ++ +++

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Fragilidade e doença renal crônica

No curso da progressão da DRC é comum observar complicações como anemia, acidose metabólica, alterações do metabolismo mi-neral e ósseo, e comorbidades como doenças cardiovasculares, depressão e déficit cogniti-vo, que predispõem os pacientes a apresen-tarem diminuição do estado de saúde, limita-ções físicas e óbito prematuro. Contudo, até o momento, poucos estudos examinaram a associação entre DRC e fragilidade.

Shilipak et al.2 foram os primeiros a

es-tudarem a fragilidade na DRC. Os autores ob-servaram que a prevalência de fragilidade foi maior nos portadores de DRC (15%) do que naqueles sem a doença (6%). Isso significa que os pacientes com DRC tinham três vezes mais chances de serem frágeis do que os de-mais. Além disso, observaram alta prevalên-cia de fragilidade ─ 34% entre as mulheres com DRC, particularmente as negras. Os au-tores propõem que inflamação, anemia e ate-rosclerose, provavelmente, mediam a relação entre fragilidade e DRC.

Johansen et al.3 estudaram a prevalência

e o impacto da fragilidade no curso da DRC em pacientes submetidos a tratamento dia-lítico, identificando o fenótipo de fragilida-de em 67,7% dos pacientes em terapia renal substitutiva. Um novo achado foi a constata-ção de que a fragilidade foi caracterizada em pacientes não idosos e no período de dois anos do estudo associou-se com desfechos adversos, tais como internação hospitalar e maior mortalidade.

Mais recentemente, Wilhem-Leen et al.5

encontraram um aumento da prevalência de fragilidade nos estágios mais avançados da DRC. A prevalência de fragilidade foi de 5,9%, 10,7% e 20,4% nos estágios 1 e 2, 3A e 3B e 5 (excluíndo os pacientes em diálise) da DRC, respectivamente. Outro achado importante

deste estudo foi a verificação de que o risco de fragilidade aumenta de acordo com o está-gio da DRC ─ ocorre cerca de duas vezes mais nos estágios iniciais da doença e de seis vezes mais nos pacientes com taxa de filtração glo-merular menor que 45 mL/min/1,73 m2.

Estudos recentes identificam a inflama-ção, a anemia, a depressão e a hipovitaminose D como complicações comuns à fragilidade e à DRC, alterações que servem de base, entre outras, para explicar a maior prevalência de fragilidade e a sua ocorrência antes dos ses-senta anos em pacientes com DRC.

Fatores associados à fragilidade na doença renal crônica

Inflamação

Uma das causas da fragilidade na popula-ção em geral deve-se à presença de citocinas pró-inflamatórias relacionadas aos processos fisiológicos do envelhecimento.1 Dentre elas,

citam-se a proteína C-reativa (PCR), a inter-leucina-1 (IL1) e 6 (IL6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α).

Walston et al.6 identificaram uma

asso-ciação entre o aumento de PCR e o risco de ser frágil, mesmo após ajustamento para as doenças cardiovasculares e o diabetes

melli-tus. A IL6, chamada também de citocina

geri-átrica, ativa a função osteoclástica e a reab-sorção óssea e está associada com a redução da massa muscular.

Já o TNF-α pode levar à anorexia ─ comum na DRC e em idosos ─ e à lipólise. Isso agrava-ria o quadro de ingestão proteica que seagrava-ria, consequentemente, associado à fragilidade, por ativar a via ubiquitina-proteossoma, re-sultando em proteólise, além de produzir um quadro de resistência insulínica, o que tam-bém dificultaria o ganho de massa muscular.

Anemia

A anemia frequentemente ocorre de forma precoce no curso da DRC, bem antes da falência funcional, e piora com a progressão da doença.7

A anemia da DRC ocorre, principalmente, da produção inadequada de eritropoietina pelos rins. Níveis diminuídos de hemoglobina se associam com a liberação subótima de oxi-gênio aos principais órgãos e impacta negati-vamente na capacidade de os pacientes com DRC e anemia desempenharem atividades físicas. Consequentemente, os pacientes com DRC e anemia podem experimentar perda acelerada de massa muscular, o que promo-veria o desenvolvimento de fragilidade.

Depressão

A prevalência de depressão em pacientes idosos não institucionalizados é da ordem de 8,2%,8 valor que aumenta na DRC para 44%

nos pacientes incidentes em diálise,9

acome-tendo até 20% dos pacientes em tratamento conservador.10

Estudos prévios identificaram a depres-são como fator de risco independente para hospitalização e óbito em pacientes em tra-tamento dialítico.11 A depressão associa-se a

diminuição da funcionalidade e da qualidade de vida, taxas mais elevadas de mortalidade, aumento da demanda por cuidadores e dos serviços de saúde e a fragilidade.12

Hipovitaminose D

A relação entre hipovitaminose D e fragi-lidade está associada a alguns fatores, como sua relação com o metabolismo ósseo e mus-cular, pois sua influência no metabolismo do cálcio e do PTH pode resultar em distorções da microarquitetura trabecular, aumentando a porosidade cortical, levando a um maior risco de fratura. No metabolismo muscular, como este tecido possui receptores específi-cos de vitamina D, a hipovitaminose D pode gerar redução da força muscular e sarcopenia por diminuição da síntese proteica e altera-ção de propriedades contráteis do músculo.13

Apesar de os estudos verificarem a corre-lação entre fragilidade e vitamina D, no nos-so conhecimento, nenhum deles foi realizado em pacientes com DRC.

Idade

A literatura mostra que a DRC, apesar de estar diretamente associada à fragilidade também pelas suas consequências, não deve haver preocupação somente com os pacientes idosos. Tabela 2 sintetiza esse preceito.

Como a fadiga, a fraqueza e a perda de peso são características do paciente em es-tado pré-urêmico, a avaliação de marcadores de DRC, como a avaliação da creatinina e da proteinúria, pode possibilitar ao médico a prevenção de fragilidade e melhoria da qua-lidade de vida dos seus pacientes.2

Tabela 2. Relação DRC e fragilidade independentemente da idade

Variáveis Idosos DRC Idosos com DRC

Anemia + ++ +++

Inflamação + ++ +++

Hipovitaminose D + ++ +++

Acidose metabólica + ++ +++

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CONCLUSÃO

Após análise dos trabalhos publicados so-bre o tema, é reconhecida a importância do conhecimento sobre fragilidade na DRC. Além disso, observa-se que a fragilidade, na nefro-logia, deve ser avaliada não somente no indi-víduo idoso, pois pacientes nos estágios ini-ciais da doença e mesmo pacientes não idosos podem apresentar esse quadro que, se não tratado, acarretará queda abrupta da quali-dade de vida, hospitalizações mais precoces e maior número e óbitos nessa população.

Entretanto, pesquisas clínicas são neces-sárias para que se possa dimensionar a chan-ce de pacientes jovens desenvolverem a fragi-lidade na DRC e também elaborar tratamen-tos adequados e precoces para evitar quadros de fragilidade.

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Referências

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