• Nenhum resultado encontrado

IMPACTOS SOCIOAMBIENTES DECORRENTES DO PROCESSO DE PARCELAMENTO DO SOLO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "IMPACTOS SOCIOAMBIENTES DECORRENTES DO PROCESSO DE PARCELAMENTO DO SOLO"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 95-110

IMPACTOS SOCIOAMBIENTES DECORRENTES DO

PROCESSO DE PARCELAMENTO DO SOLO

Meriéli Tamiles Oliveira Albergardi

1

Jeane Ap. Rombi de Godoy Rosin

2

RESUMO: Objetivando obter obras de melhor qualidade, surge à ideia de criar soluções

adequadas, aptas a responder aos problemas decorrentes do processo de parcelamento do solo. Para discussão desse tema, foi escolhido como estudo de caso o Conjunto Habitacional Bastos “H”, com o intuito de elaborar algumas sugestões de intervenções urbanas a partir dos princípios do desenho ambiental, buscando alcançar padrões de qualidade através do projeto urbanístico. Para realização dessa breve reflexão, foi adotado como procedimentos metodológicos, a pesquisa bibliográfica, documental e de campo. Assim, foi possível realizar uma visita ao local em estudo, onde foram entrevistados os principais atores que participaram desse processo, com significativo destaque para as entrevistas realizadas com os futuros moradores e técnicos responsáveis pelo empreendimento. Complementam esta fase, o relatório fotográfico realizado com a finalidade de identificar os impactos decorrente do programa habitacional em curso. O que permitiu fazer alguns apontamentos: no projeto implantado não foram considerados diversos aspectos de extrema importância tanto para a qualidade da

1

Graduanda do curso de Arquitetura e Urbanismo de Tupã/ FACCAT. E-mail: merieli.arq@hotmail.com

2

Arquiteta e Urbanista, doutoranda da Universidade Presbiteriana Mackenzie. E-mail:

(2)

unidade habitacional, como para o projeto urbanístico, o que vem explicar a ocorrência de diversos problemas verificados na pesquisa de campo. Em face do exposto, torna-se necessário repensar o desenho do projeto, onde a busca por melhores ações propositivas, aptas em responder as demandas enfocadas por esta reflexão, poderão ser alcançadas através da revisão da atual formatação da política habitacional implementada no país, com a incorporação de novos aspectos relacionados aos princípios sustentáveis, que possam contribuir para uma melhoria de qualidade do projeto arquitetônico e urbanístico.

Palavras chave: Impactos Socioambientais. Política Habitacional. Intervenção Urbana.

1 INTRODUÇÃO

O contexto atual das cidades brasileiras evidenciam a necessidade de se obter obras – empreendimento habitacional - de melhor qualidade, a partir de Política Habitacionais eficientes, como alternativas aptas aos diversos problemas socioambientais verificados em vários empreendimentos habitacionais de interesse social implementados em diferentes regiões do país. Com essa preocupação, surge recentemente, uma somatória de esforços nos diversos setores: políticos, institucionais, econômicos e sociais, enfatizando a necessidade de adoção de uma nova postura a ser incorporada pelas Políticas Públicas, com a proposição de novos instrumentos, a exemplo, daqueles que integram as propostas da Agenda 213. Este importante documento, trás uma nova concepção de desenvolvimento - o desenvolvimento sustentável, contemplando as questões voltadas ao ambiente urbano, o qual apresentou relevantes recomendações,

3

A Agenda 21 Global até hoje é considerada por aqueles que atuam no campo do desenvolvimento sustentável como um documento de referência que orientou e orienta ainda governos nacionais e locais, bem como outros segmentos sociais (empresas e organizações da sociedade civil, por exemplo) no planejamento e execução de ações que buscam promover um novo paradigma de uso dos ativos

(3)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 95-110

relacionadas à ideia de criar soluções adequadas, aptas a responder aos problemas decorrentes do processo de parcelamento do solo4.

Almeida (2002, p. 28) explica sobre o paradigma da sustentabilidade:

A noção de sustentabilidade pode ser melhor entendida quando atribuímos um sentido amplo à palavra “sobrevivência”. O desafio da sobrevivência - luta pela vida - sempre dominou o ser humano. [...] No mundo atual, a percepção de que tudo afeta a todos, cada vez com maior intensidade e menor tempo para absorção, gerou o processo de redefinição, conceitual e pragmático – porque não há mais tempo a perder -, do desenvolvimento clássico consumidor de recursos naturais, no qual o homem é incluído como mero animal de produção; e levou à formulação do conceito de desenvolvimento sustentável.

Portanto, a finalidade desse artigo é relatar sugestões de intervenções urbanas a partir dos princípios do desenho ambiental, buscando qualidade não apenas, no projeto das tipologias habitacionais, como também no projeto urbanístico, considerando os efeitos produzidos pelos atuais programas que integram o rol de Políticas Habitacionais. Assim, foi adotado como referência, o caso específico brevemente analisado: o Conjunto Habitacional Bastos “H”, situado na cidade de Bastos – SP.

4

O Parcelamento do Solo Urbano é um instrumento de execução da política de desenvolvimento e expansão urbanos em sede municipal, vinculado às diretrizes do art. 2º do Estatuto da Cidade e regulado pela Lei n. 6.766, de 19 de dezembro de 1979, compreendendo normas urbanísticas, sanitárias, civis e penais visando a disciplinar a ocupação do solo e o desenvolvimento urbano, e a tutela do interesse público coletivo subsumido na defesa da coletividade adquirente dos lotes previstos no empreendimento (PÚBLICO; SOUTO, 2010, p.7).

(4)

Figura 1 – Mapa de caracterização da cidade de Bastos objeto de estudo Fonte: Internet Adaptação: Autora

Figura 2 – Caracterização do local objeto de estudo Fonte: Google Maps / Adaptação: Autora

(5)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 95-110

O crescimento das cidades, sem um processo de planejamento adequado pode causar diversos impactos ambientais5. Muitos deles são decorrentes da expansão acelerada e mal planejada, sendo visíveis os danos causados ao meio natural, junto a toda sociedade que nele habita, dos quais se destaca a retirada da vegetação nativa para ocupação e uso agrícola e em fase posterior a estruturação da rede urbana, bem como, toda sua infraestrutura. Neste quadro, pode ser observada a alteração do microclima, a poluição atmosférica, da água, do solo, e principalmente a degradação em áreas ambientalmente frágeis, o que ocasiona a destruição de diversos ecossistemas.

O que mais impressiona, nesse momento de grande crescimento urbano, liderado pela intensa produção do segmento econômico, é que tais valores urbanísticos e construtivos, intrínsecos à boa arquitetura, parecem ter sido abandonados, embora a promoção do que se denomina “moradia digna” – para a qual a arquitetura tem papel central – é orientação programática da política urbana federal desde 2003 (FERREIRA, 2012, p.30).

Para o tema proposto nessa reflexão, tem-se como caso de referência, a cidade de Bastos, a qual encontra-se, segundo dados da prefeitura, em constante crescimento com a expansão de seu tecido urbano, especificamente, das áreas periféricas, destinadas a ocupação de empreendimentos habitacionais. Neste caso, aparece como exemplo característico, a implantação do Conjunto Habitacional Bastos “H”, resultando em vários impactos ambientais negativos dentre os quais, sobressaem numa primeira observação: a impermeabilização do solo, responsável pela diminuição da capacidade de infiltração; a erosão do solo; a perda da vegetação nativa; além, de outros impactos que serão identificados no decorrer deste estudo.

Ferreira (2012, p.29) destaca o motivo dos impactos ambientais:

Porém, os efeitos da falta de consciência da necessidade de urbanização mais cuidadosa, para o bem das gerações futuras, são diversos e bastante impactantes. Verticalização exacerbada, movimentação e impermeabilização descontrolada do solo, entre outros exemplos, ocorrem a partir da complacência do Estado na regulação e fiscalização, é verdade, mas também porque parece não haver

5 “Qualquer alteração no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada por uma ação

(6)

consciência de grande parte dos empreendedores sobre o que é “fazer a cidade com responsabilidade”.

Entretanto, é necessário ressaltar que esse processo de parcelamento do solo implementado no Bastos “H” possui vantagens e desvantagens que não devem ser esquecidas quando há interesse por esse tipo de empreendimento.

Dentre as desvantagens estão: a alteração da paisagem, em razão do desmatamento, a poluição dos recursos hídricos e a erosão do solo e assoreamentos dos rios; a ocupação da malha urbana que ocorre de maneira indiscriminada; a crescente e nefasta especulação imobiliária; a dificuldade da aplicação da legislação existente; alteração do uso do solo e do ecossistema urbano; ocupação de áreas ambientalmente frágeis - Áreas de Preservação Permanente – APP; inoperância do Poder Público no sentido de ordenar e controlar o crescimento urbano através do Plano Diretor de Ordenamento Territorial, são incontestavelmente, os mais nocivos à um padrão de sustentabilidade urbana desejável.

No que se refere às vantagens, podem ser citadas: o aquecimento da economia local; ampliação de áreas verdes; injeção de capital, quando bem investido, pode proporcionar infraestrutura suficiente para atendimento de diversas demandas evidenciadas no contexto de cidades de pequeno e médio porte no país.

Particularmente, em se tratando do Conjunto Bastos “H”, após a realização de visita de campo, foi possível constatar os impactos ocasionados pela implantação do projeto, dentre os quais são destacados: erros técnicos relacionado a concepção do projeto, desconsiderando as condicionantes sociais, espaciais e ambientais; ausência de definição da configuração viária do conjunto; gestão inadequada das obras de engenharia, erosão das vias públicas por águas pluviais, alagamento das unidades por enxurradas, ausência de manutenção do canteiro de obras e dos serviços já executados em cada unidade habitacional implantada, péssima execução da infraestrutura e ausência de sistema de microdrenagem.

(7)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 59-74 Figura 3 – Cenário atual dos impactos decorrentes

do projeto implantado Fonte: Autora

Figura 4 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 5 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 6 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 7 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 8 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

(8)

Figura 9 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 10 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 11 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Figura 12 – Cenário atual dos impactos decorrentes do projeto implantado

Fonte: Autora

Com base nas observações e percepção da gravidade dos problemas encontrados, conforme pode ser nitidamente identificados nas imagens (figuras 3 a 12) apresentadas anteriormente, obteve-se os primeiros argumentos que justificam o repensar de novas proposições voltadas aos empreendimentos habitacionais de interesse social.

(9)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 59-74

2 O CONJUNTO HABITACIONAL

2.1 A Pesquisa

No processo de desenvolvimento do estudo, realizou-se visita ao local, onde foram entrevistados os futuros moradores, assim como foi realizado o relatório fotográfico, com finalidade de identificar os problemas existentes. Com a preocupação de buscar uma compreensão adequada do tema em discussão, fez-se necessário, realizar entrevista com os profissionais responsáveis pelo empreendimento, os quais relataram os problemas identificados por eles, bem como as providencias necessárias à serem tomadas para corrigi-los.

Considerando a importância e urgência de adoção de novas proposições que pudessem alcançar tipologias projetuais inovadoras, utilizou-se como subsídio ao estudo, a técnica de pesquisa bibliográfica, focadas em projetos de referência para orientar no desenvolvimento de possíveis soluções capazes de equacionar as diferentes demandas envolvidas em empreendimentos dessa natureza.

Foi com esse propósito que foram analisadas e inseridas as soluções apresentadas nas imagens abaixo (figura 13 a 16).

Figura 13 – Projeto de referência de proposta de sarjeta Fonte: Internet Adaptação: Autora

(10)

Figura 14 – Projeto de referência de proposta de boca coletora Fonte: Internet Adaptação: Autora

Figura 15 – Projeto de referência de proposta de calçada verde

Fonte: Internet

Figura 16 – Projeto de referência de proposta de habitação social

(11)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 59-74 Figura 17 – Projeto de referência de proposta de habitação social sustentável

Fonte: Internet

Romero (2000, p. 56) explica sobre a importância da calçada verde para o escoamento das águas pluviais como solução da erosão:

Nas regiões tropicais procurar-se-á um tipo de pavimento para as ruas que tenham um baixo índice de absorção da radiação solar. O asfalto possui um dos mais altos índices de absorção e, posteriormente, irradia o calor armazenado para o ambiente. [..]Os broquetes ou outro tipo de calçamento podem ser assentados de forma tal que fiquem espaços preenchidos com grama. As calçadas podem ser realizadas em placas de concreto, porém cada quadro separado por pedras assentadas em terra ou por grama. Estas formas de calçamento, além das vantagens de não contribuírem para um maior aquecimento do ambiente, auxiliam eficazmente o dreno e aceleram o escoamento das águas pluviais, dada a rugosidade que apresentam.

2.2 A análise dos dados

Frente aos projetos de referência analisados e apresentados por esse estudo, é possível afirmar que, no empreendimento do Conjunto Bastos “H”, não foram considerados diversos aspectos, fundamentais para a qualidade técnica da obra, bem como a qualidade de vida dos futuros usuários:

(12)

 Metodologia projetual adequada, apta a responder as novas dinâmicas da vida urbana;

 Condicionantes ambientais, sociais, espaciais;

 Concordância do sistema morfológico, em relação ao sistema viário: vias de acesso e a malha urbana existente;

 Sistema de macro e micro drenagem dimensionados adequadamente.  Adequação na programação das etapas das obras de engenharia;

 Padrão construtivo decorrentes de novas concepções técnicas inovadoras;  Gestão do projeto e do empreendimento por métodos pautados nos princípios

da máxima eficiência.

 Definição de padrão arquitetônico e urbanístico compatível com a realidade local.

Muitos dos problemas apresentados podem ser atribuídos aos seguintes itens:

 Qualidade insatisfatória do projeto;

 Qualidade insatisfatória dos serviços públicos de assistência técnica, voltadas para esses empreendimentos;

 Falta de coordenação entre as etapas programadas e as etapas a serem executadas;

 A concepção do projeto urbanístico não atende as condições estabelecidas pelos princípios da habitabilidade6 e sustentabilidade, provocando efeitos adversos no local definido para implantação do conjunto “H” (à exemplo dos impactos decorrentes da alteração do uso do solo);

 Técnicas agrícolas inadequadas no entorno imediato;  Ausência de sistemas de drenagem no entorno imediato;

 Técnicas e práticas de parcelamento do solo inadequadas e deficientes;  Falta de manutenção das obras de infraestrutura urbana;

6 “[..] as condições de habitabilidade se referem não apenas às questões relacionadas à unidade

habitacional em si, mas à configuração urbana, de posse da terra, de oferta de infra-estrutura, equipamentos comunitários e serviços públicos, condições de higiene e salubridade bem como de acesso e

(13)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 59-74

 Sistema de drenagem implantado por técnicas inadequadas, acarretando obstrução do sistema e alagamento das unidades construídas;

 Implantação do projeto em área inadequada para o uso residencial.

Ao realizar a pesquisa de campo no conjunto habitacional Bastos “H”, observou-se por meio das informações coletadas que, de modo geral, todos os moradores entrevistados se preocupam, notadamente com o prazo de entrega das unidades habitacionais, assim como, os materiais construtivos empregados na execução da obra. Os problemas de alta complexidade identificados e relatados neste estudo não são informados, em razão de não serem percebidos pelos entrevistados, pois não possuem compreensão das complexas questões envolvidas.

A partir da realização desse breve estudo, considerando os resultados apontados, pode-se afirmar que o empreendimento denominado Conjunto Habitacional Bastos “H”, encontra-se em situação precária, sem condições de uso, uma vez que, se contrapõe diretamente ao o conceito de conjuntos habitacionais de Interesse Social, os quais se constituem antes de tudo, em respostas do Estado, para a garantia do direito social à moradia7 classes mais carentes onde as famílias beneficiadas, poderiam não apenas morar, mas viver de forma digna, com acesso pleno a uma infraestrutura adequada, que lhes proporcionasse o livre acesso aos serviços públicos de qualidade para além da realização do sonho da casa própria, a conquista do direito à cidade.

3 CONCLUSÃO

É possível avaliar, diante das demandas e desafios encontrados nas unidades habitacionais em estudo, a importância de um planejamento adequado por meio de instrumentos jurídicos e urbanísticos, os quais deveriam ter sido contemplados no plano

7 Inácio defende que o direito à moradia pertence à categoria de direito social “[..] impondo-se, em face da

deficitária realidade habitacional, a inadiável busca de soluções para tamanho problema, que não se resume ao campo jurídico, mas também repercute no campo social e econômico” (INÁCIO, 2002, p.29).

(14)

diretor do município, visando o adequado desenvolvimento e expansão da área urbana, essencialmente no que se refere à qualidade de vida de seus habitantes.

Souza (1989) propõe que podemos compreender o planejamento urbano como um processo político de tomada de decisões sobre as prioridades da urbanização, decisão que vai se estabelecer através de políticas urbanas. A política urbana ocorre nas cidades via projetos de intervenção, de ações urbanísticas de controle e de execução de obras públicas e privadas. Rodrigues também ressalta que “[...] o planejamento urbano tem como objetivos a cidade ideal, a ocupação harmônica e integrada das áreas urbanas, o progresso, o desenvolvimento das cidades.” (2008, p. 111).

Conforme Ferreira (2012, p.28), “Não se pode dizer que não haja, no Brasil, planejamento urbano. Muito pelo contrário, temos leis e planos em abundância. Mas é fácil constatar que o planejamento foi feito privilegiando alguns grupos sociais.”

A entrevista realizada com os profissionais técnicos responsáveis pela implantação do empreendimento permitiu identificar aspectos significativos, notadamente, quando os mesmos, elencam como soluções aos problemas do referido conjunto habitacional: refazer as escavações, substituir as galerias entupidas, compactar corretamente a terra, e assim iniciar o processo de implantação de infraestrutura. Tais soluções evidenciam uma compreensão míope da questão, tendo em vista que as mesmas foram analisadas à luz dos projetos de referência enfocados por este breve estudo, o que permitiu concluir que as soluções apresentadas para os problemas aqui abordados, são incipientes frente às complexas demandas verificadas no estudo de caso.

Desse modo, torna-se necessário repensar as intervenções urbanas a partir do desenho do projeto urbano, onde seja possível incorporar novas alternativas projetuais, dentre às quais devem ser apontadas: reuso d água, por meio de cisternas, calçadas sustentáveis - permeáveis feitas com faixas de gramas e concreto intercaladas ou como passarelas de concreto cercadas por grama e adequado sistema de arborização, apenas para citar alguns elementos de composição simplificada. Assim, para além da necessidade de oferecer um simples teto, as novas políticas públicas habitacionais, deverão estar pautadas por novos fundamentos, no âmbito dos instrumentos voltados ao planejamento ambiental.

(15)

Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 01, n. 02, 2013, pp. 59-74

Para o caso de estudo, adotado como referências da temática em discussão foram elencadas algumas ações propositivas, que poderiam contribuir para equacionar as diversas demandas encontradas, dentre elas são citadas, a revisão da atual formatação da política habitacional implementada no país, com o fim de obter:

 Qualidade do projeto urbanístico e arquitetônico, onde deverão ser contemplados os princípios da sustentabilidade: aumento das áreas verdes (parques e praças);

 Revisar os conceitos que norteiam o processo de planejamento urbano com a implementação de elementos da infraestrutura verde;  Revisão dos critérios de seleção, a partir dos princípios da

transparência e gestão democrática;

 Implantar programas de educação ambiental nas diversas faixas etárias;

 Fiscalização efetiva dos órgãos municipais e estaduais, de forma integrada;

 Articulação viária do conjunto habitacional a partir dos aspectos da mobilidade urbana e acessibilidade.

Com a aplicação dessas propostas no conjunto habitacional, seria possível obter uma significativa melhoria relacionada à qualidade do empreendimento e ao projeto urbanístico como um todo.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002.

BARBOSA, Ana Carolina. Beneficiados do Minha Casa, Minha Vida recebem

apartamentos em novembro. Manaus, AM, 10 set. 2012. Disponível em:

<http://acritica.uol.com.br/manaus/Casa-Vida-residencial-Amazonas-inaugurado-Amazonia-Amazonas-Manaus_0_767923253.html>. Acesso em: 19 out. 2013.

(16)

MINISTÉRIO, Meio Ambiente. Agenda 21 brasileira: Avaliação e resultados. Brasília: Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental, 2012.

PÚBLICO, Santa Catarina Ministério; SOUTO, Luís Eduardo Couto de Oliveira. Guia do

Parcelamento do Solo Urbano: Perguntas e respostas, consultas e modelos.

Florianópolis: MPSC, 2010.

INÁCIO, Gilson Luiz. Direito social à moradia a efetividade do processo: contratos do sistema financeiro da habitação. Curitiba: Juruá, 2002.

FERREIRA, João Sette Whitaker. Produzir casas ou construir cidades? Desafios para

um novo Brasil urbano. 1. ed. São Paulo: LABHAB ; FUPAM, 2012.

PREFEITURA MUNICIPAL DE BASTOS. Histórico de Bastos. 2012. Disponível em: <http://www.bastos.sp.gov.br/historico.php>. Acesso em: 20 out. 2013.

ROMERO, Marta Adriana Bustos. Princípios Bioclimáticos para o Desenho Urbano. 1 ed. São Paulo: CopyMarket, 2000.

MOREIRA, Iara. Avaliação de impactos ambientais no Brasil: antecedentes, situação atual e perspectivas futuras. In: Manual de avaliação de impactos ambientais. Curitiba: SUHREMA/GTZ, 1992.

SOUZA, M. A. A. Planejamento urbano e modernidade: o conflito processo-método. In: SEMINÁRIO PLANO DIRETOR MUNICIPAL, 1989, São Paulo. Anais. São Paulo: FAUUSP.

RODRIGUES, A. M. O espaço urbano e as estratégias de planejamento e produção

da cidade. In: PEREIRIA, E. M. (Org.) Planejamento urbano no Brasil: conceitos, diálogos

e práticas. Chapecó: Argos, 2008.

VILLAÇA, F. Avaliação de impactos ambientais no Brasil: antecedentes, situação atual e perspectivas futuras. In: Manual de avaliação de impactos ambientais. Curitiba: SUHREMA/GTZ, 1992.

Referências

Documentos relacionados

O Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos (ONU, 2005), ao propor a construção de uma cultura universal de direitos humanos por meio do conhecimento,

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

A placa EXPRECIUM-II possui duas entradas de linhas telefônicas, uma entrada para uma bateria externa de 12 Volt DC e uma saída paralela para uma impressora escrava da placa, para

5) “Estado da arte” do desenvolvimento local sertaginense. “A Sertã continua a ser pequenina e com pouca população. O setor turístico tem vindo a melhorar e temos

Este desafio nos exige uma nova postura frente às questões ambientais, significa tomar o meio ambiente como problema pedagógico, como práxis unificadora que favoreça

Se este produto contiver ingredientes com limites de exposição, pode ser requerido o monitoramento biológico ou da atmosfera do local de trabalho e do pessoal, para determinar

A presente pesquisa realizou um levantamento sobre as plantas medicinais utilizadas por pessoas do município de Puxinanã, na Mesorregião do Agreste da Borborema e

While the SCAALA-Salvador aims to investigate the associations between the prevalence of asthma and other allergic diseases (rhinitis, atopic eczema) and poten- tial risk factors