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FACULDADE DO PANTANAL FAPAN CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA COMO AS EMOÇÕES AFETAM O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR

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FACULDADE DO PANTANAL – FAPAN CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

COMO AS EMOÇÕES AFETAM O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR

CÁCERES – MT Junho de 2019

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FAPAN- FACULDADE DO PANTANAL – FAPAN CURSO DE BACHARELADO EM PSICOLOGIA

Radmila Aparecida de Paula Oliveira Tâmara Rosângela da Silva Castañon

Tatiany Camilli Silva Lopes

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade do Pantanal- FAPAN como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Psicologia, sob a orientação da Prof. Dra. Aline Rejane Caxito Braga.

CÁCERES – MT Junho de 2019

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COMO AS EMOÇÕES AFETAM O DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR

Banca Avaliadora:

_____________________________________________ Dra. Aline Rejane Caxito Braga

Orientadora

____________________________________________ Prof. Ednardo Fornaciari Antunes

Avaliador

_____________________________________________ Prof. Glayce Regina Bertini Ramos

Avaliadora

CÁCERES - MT Junho de 2019

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COMO AS EMOÇÔES AFETAM NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL NO ÂMBITO ESCOLAR?

Radmila Aparecida de Paula Oliveira1 Tâmara Rosângela da Silva Castañon2

Tatiany Camilli Silva Lopes3

RESUMO: Este artigo tem como objetivo apresentar a importância das emoções com crianças de seis anos de idade na escola municipal do município de Cáceres, a fim de analisar e expor a interferência das emoções no aprendizado infantil. Destacando: o interesse, as reais mudanças nesta nova fase que se inicia e se utilizaram referências bibliográficas (artigos e livros) e métodos de quem trabalha o desenvolvimento infantil com olhar no todo e a importância do trabalho da rede pública na perspectiva das emoções. Assim, no projeto realizado, foi trabalhado vinte encontros com as crianças tratando sobre as principais emoções e intervindo de forma lúdica, evidenciando-as através de uma pesquisa realizada para levantar informações e através dos resultados obtidos trazer comparativos e levantar reflexões para que após essa pesquisa buscar melhorarias no desenvolvimento intelectual e emocional, dando a importância a cada subjetividade.

Palavra-Chave: Emoção. Aprendizagem Escolar. Criança. Desenvolvimento Infantil.

INTRODUÇÃO

A palavra emoção vem do latim ‘emovere’, com ‘e’ significa energia e ‘movere’ movimento, ou seja, é um movimento de energia que nosso corpo necessita, para trazer um equilíbrio emocional livrando de possíveis doenças futuras. A emoção é resultado da união de elementos químicos e neurais baseados nas memórias emocionais, trazendo como resposta o que a pessoa sente sobre aquele determinado estímulo cerebral pelo lobo límbico. Por isso, a emoção advém quando o córtex cerebral recebe informações fisiológicas (FONSECA 2016).

Na infância, as emoções acontecem na relação entre os responsáveis, pois o momento de contato, as trocas de afeto e o ensinamento das regras e valores, faz com que a criança vivencie as mais diversas situações, criando o vinculo e os momentos de afeto, atenção, cuidado e sentimentos agradáveis como de alegria ao ganhar algo ou de tristeza quando for corrigido por um motivo. Como salienta Cerisara (2015), na criança, essa relação quando não compreendida ou esclarecida, pelo momento das frustações, assume um caráter preocupante devido sua instabilidade, em razão de seu crescimento, por não ter ainda formado sua personalidade ou de buscar no seu desenvolvimento formas de equilíbrio e entendimento

1 Radmila.egn@gmail.com

2 tamara_castanon@hotmail.com 3 tatyanecamili@hotmail.com

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contínuo. Isso explica as mudanças de comportamento e a não existência de resistência para suportar o aparecimento da emoção:

“(...) a criança, muitas das vezes, tem dificuldades na compreensão de seus sentimentos para se orientar, na qual acontece o choque que se prolonga através de sua hesitação, desordem física e mental que a emoção produziu”. (CASSANTA, 1962 apud ALMEIDA, 2017).

Este trabalho refere-se a um projeto desenvolvido de intervenção do estágio de Psicologia Escolar trabalhado com as crianças na faixa etária de seis anos de idade em uma escola municipal de Cáceres/MT, visando o conhecimento das emoções nessa fase inicial de desenvolvimento, no qual ocorrem algumas mudanças, pois é um momento de transição da primeira para a segunda etapa da educação básica, com mudanças na metodologia, posturas, exigências e uma diminuição de aprendizagem pelo lúdico como ocorre na primeira etapa.

A Educação Básica tem por finalidade oferecer ao educando acesso à formação indispensável para o exercício da cidadania e fornecer meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores. Desta forma, diante de todo esse processo de mudança na aprendizagem e alfabetização é de suma importância trabalhar as emoções e dar sentindo ao novo processo que se inicia (PATTO 1993).

Esse trabalho foi constituído de observações e intervenções em sala de aula, foi fundamentado pelos princípios teóricos de Henri Wallon (2018), Piaget (1998), Vygotsky (1987) e outros autores que abordam o envolvimento emocional no processo de ensino-aprendizagem. Além das discussões da Patto (1993) para dar o suporte nas reflexões sobre a educação pública.

RELAÇÃO ESCOLAR E EDUCAÇÃO PÚBLICA COM AS EMOÇÕES INFANTIS Atualmente, essa faixa etária provoca um olhar mais delicado, pois é uma fase considerada crítica devido ser um momento na qual a criança, na unidade escolar, inicia seu processo de alfabetização, começa a ser cobrada a aprender a escrever e ler. Desse modo, há uma diminuição das brincadeiras e atividades lúdicas e uma ênfase no desenvolvimento cognitivo.

Segundo Piaget (1998), entre os dois e os sete anos, aproximadamente, a criança está na fase do pensamento pré-operatório, e ela já passou pelo estágio sensório-motor, que começou no nascimento e se estendeu durante os primeiros anos de vida. Esse período se caracteriza pelos fatores da linguagem, assumindo a sua identidade e o egocentrismo está

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presente durante toda essa fase, com a alfabetização básica se colocando como importe a todo esse processo.

Portanto, observa-se a necessidade das escolas adotarem práticas que desenvolvam as emoções das crianças, como um projeto educativo para trabalhar as sensações com os alunos. Assim, conforme as emoções vão sendo esclarecidas e entendidas, resulta um domínio das situações cotidianas individuais, fazendo com que a criança consiga uma melhora no seu desempenho nos momentos de frustações ou de expressões dos sentimentos durante sua aprendizagem, uma vez que com a redução do processo lúdico e a fase das fantasias, se inicia o processo de amadurecimento intelectual emocional.

Para Vygotsky (1987) a imaginação e a fantasia estão a serviço da emoção. Mesmo que sua expressão apareça muitas vezes como pensamento lógico a finalidade e a direção são dadas pela emoção.

Outro autor que trabalha as emoções infantis e que, segundo sua teoria, e importante considerar os sentimentos da criança, o meio em que vive e com quem está interagindo, Wallon (2018) relata sobre os sentimentos e emoções que são influentes no desenvolvimento da criança considerando a importância da fase de desenvolvimento em que ela se encontra.

A teoria walloniana é uma das principais para poder entender a relação dialética entre a afetividade e o cognitivo, pois a afetividade é uma expressão física e através desse sentimento há uma transmissão que provoca exteriorização do outro. E o processo cognitivo é o desenvolvimento social e interacionista. Assim com a junção desses dois processos a aprendizagem assume um papel fundamental para o desenvolvimento intelectual infantil, obtendo um dos principais fatores para trazer a melhor eficácia do aprendizado (MAHONEY, 2009, p. 9).

A teoria psicogenética de Henri Wallon compreende a dimensão motora como constituinte da pessoa, pois tem como um dos pontos principais a integração dos domínios afetivo, cognitivo e motor. “É uma teoria que facilita compreender o indivíduo em sua totalidade, que indica as relações que dão origem a essa totalidade, mostrando uma visão integrada da pessoa do aluno” (MAHONEY, 2009, p. 9).

Segundo Cintra (2017), as relações entre o ser vivo e o meio são de dependência e de transformações mútuas. A escola é tanto um meio físico e de ação, como um meio funcional, ou seja, possui uma função específica: instruir e de se familiarizar com um novo tipo de relações interpessoais; ao mesmo tempo, é um meio local, no qual crianças de diferentes meios sociais se encontram.

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É de suma importância à função do ensino-aprendizado na escola garantir o contato sistemático da cultura acumulada pela humanidade, fornecendo diversos instrumentos para a compreensão e seu agir em diversas situações.

Infelizmente, essa visão em busca de olhar para a criança como um todo e se aperfeiçoar de acordo com as demandas apresentadas no ambiente vêm obtendo algumas dificuldades pelo ensino público, pois se trata de um fenômeno complexo e multifacetado envolvendo as diferentes concepções, como sócio-política e emocional.

Nessa conjuntura, Patto (1993) explana sobre o fracasso escolar. Esse vem sendo constituído de vários fatores que influenciam esse cenário devido à falta dessa compreensão do todo, pois o fracasso é composto por todo um sistema que de certa forma é interligado com a política do descaso para educação, mas que é visto através da sociedade como uma falha individual, ou seja, do aluno.

Muitas vezes a falta de estrutura física e apoio político, familiar e social em relação às crianças e aos projetos desenvolvidos causam frustações gerando as desistências e consequentemente o fracasso no desenvolvimento ou aprimoramento com o trabalho infantil. A criança está inserida em um todo no qual, através dessas partes que ela convive, se constrói a sua personalidade e seu modo de ser e, desta forma, através das experiências, vai se constituindo e elaborando suas emoções, para que quando chegar à vida adulta consiga se posicionar adequadamente à realidade ali presente.

Para Wallon (2018) o materialismo dialético não é uma doutrina vinda do exterior e sim o resultado lógico, iniludível de seus estudos científicos sobre o desenvolvimento do homem na criança. Foi por entender que a realidade, que é feita de processos e não de estados, que ele escolheu o método histórico, genético para a psicologia, pois é o único capaz de manter a inteireza do seu objeto a pessoa humana.

Esse processo vem sendo uma luta de muito tempo, devido essa interação ser essencial para o desenvolvimento e aprendizagem infantil, mas que infelizmente a visão do meio cultural e social é baseada que a criança somente aprende na escola e que o meio não influencia no aspecto intelectual. Como Patto (1988, p. 73) diz:

“(...) a denúncia da precariedade atravessa esses quarenta anos [...] a caracterização da situação do ensino elementar público, é ao mesmo tempo intrigante e aflitiva na medida em que revela que a política educacional brasileira [...] vem se debatendo no beco sem saída de concepções equivocadas a respeito da natureza dos problemas e de sua solução.”

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Desta forma, a busca pelo ensino na qual se encontram formas de haver integração e mudança no olhar de que o meio interfere e a diferença no ensino da criança faz com que as escolas desenvolvam projetos e formas para as quais não somente ela trabalhe e envolva no crescimento intelectual infantil, mas o familiar e social busquem influenciar e ter um olhar em que a criança é composta por um todo e que, se uma parte não está em equilíbrio, ela pode afetar as outras e modificar seu modo de agir, pensar e aprender diante das novas relações.

Segundo a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL 2019), o ensino da educação pública, hoje, vem buscando se preparar e aprimorar para lidar com esses tipos de comportamentos e emoções que afetam o aprendizado das crianças.

A experiência do professor coloca muito perto do mundo fascinante da leitura, das palavras, daqueles que, escrevendo suas ideias e descobertas, é capaz de mobilizar os pensamentos infantis e assim, através das fantasias, criarem maneiras para lidar com as novas situações, pois a sala de aula pode ser um espaço privilegiado e permanente de leitura e descobertas coletivas.

A Base Nacional Comum Curricular (BRASIL 2019) tem como proposta a abordagem das habilidades e competências na educação focada nas emoções e potencialidades do professor para a capacidade de resolver problemas, trabalhar em equipe, argumentar, defender seu ponto de vista, respeitar o outro e entre outros, para promover os pensamentos autônomos dos estudantes e seus conhecimentos, para que assim possa haver o encolhimento da indisciplina e consequentemente o progresso da aprendizagem.

Esses posicionamentos, investimentos e mudanças na visão de que uma criança trabalhada, com suas bases que a envolvem e que a constitui no desenvolvimento da sua personalidade, pois faz com que ela se motive e desenvolva maneiras de lidar com as novas situações de uma forma que ela se sinta segura e livre para expressar e entender a situação sem causar danos, tanto grupal como individual, pois a subjetividade está sendo composta e criada pelo todo.

Assim será discutido no relato de experiência através dos dados levantados e intervenções realizadas como as emoções foram trabalhadas e como é valoroso os psicólogos escolares e toda a equipe multidisciplinar voltar esse olhar para os sentimentos das crianças e ajuda-los a entender o que elas são e qual a sua importância para seu desenvolvimento. Trazendo como observações o que Wallon (2018) e a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL 2019) vêm propondo e discutindo para se trabalhar com as crianças nas escolas nos dias de hoje.

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RELATO DE EXPERIÊNCIA

Nosso estudo se deu a partir do projeto desenvolvido na Escola Municipal de Cáceres, com as crianças do primeiro ano do ensino fundamental vespertino. Os alunos estão na faixa etária de seis anos e na turma havia vinte e quatro crianças.

Inicialmente o objetivo era levantar dados sobre quais emoções eram mais apresentadas. Para tanto foram realizadas uma entrevista semi- estruturada (apêndice) em vinte crianças da turma, com autorização dos pais e da escola, com o objetivo de observarmos como as crianças se comportavam quando estavam tristes ou alegres, com quem elas buscavam ajuda em situações que elas estavam tristes e mais algumas informações como segue questionário anexado.

Utilizamos também desenhos no quais eles se expressavam da forma que estavam se sentindo. Com resultado levantado desses desenhos observamos conhecimento deles em relação às emoções e as descobertas diante das formas de expressa-las no papel. Pois, a maioria das crianças não sabia interpretar seus sentimentos e mostrar o que realmente sentiam em cada situação.

A partir desses dados foram elaboradas as intervenções de grupoterapia através de técnicas de ludoterapia, dinâmicas e desenhos. Assim, as crianças reconheciam suas emoções e qual a sua importância para saber expressar e entender cada momento.

Com entrevista semi-estruturada aplicada, visando os resultados qualiquantitativos diante de cada resposta, obtivemos o resultado de um total de dez meninas e dez meninos, na qual foram questionados de forma individual e com objetivo de, além de levantar algumas questões de apoio familiar e social, buscar quais eram as fantasias, medos e sentimentos relacionados ao seu convívio com os responsáveis ou na escola.

Desta forma, primeiramente apresentamos os resultados em geral dos meninos, no qual 90% relataram que moram com os pais e 10% com os avós. 60% relataram que se sentem felizes quando pensam na escola; os outros 40% relataram tristeza, vontade de ir embora ou não souberam responder o que sentiam. Sobre a questão de o que gosta de fazer na escola: 50% disseram que gostam de brincar e os outros 50% de fazerem tarefa. Quando questionados sobre o que desmotiva vir na escola: 40% disseram quando a professora passa muita tarefa e os outros 60% relataram sobre brigas, pois a maioria quando ficam bravos resolvem as “coisas” batendo ou chorando. Quando perguntados sobre o que gostam de fazer e de assistir: 100% dos meninos disseram que gostam de brincar e assistir desenhos dos super-heróis, pois

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gostam de ver e imitar o que cada super-herói faz e 50% relataram que são o Superman e 50% - outros heróis.

Quando inicia as perguntas sobre as emoções, os meninos apresentaram uma dificuldade maior para responder, pois muitos diziam que não sentiam ou que não sabiam o que era. Sobre os sentimentos de tristeza: 40% responderam que iam brincar, 50% responderam nada e 10% que brigavam e choravam. Já nos sentimentos de raiva: 30% disseram que batiam e os outros 70% responderam que brigavam, ficavam sozinhos, quebravam as coisas ou ficavam nervosos. Sobre quem eles procuravam ajuda quando se sentiam assim 80% disseram que buscavam um amigo ou algum conhecido e 20% disseram a mãe. E na última pergunta, sobre qual emoção eles mais sentiam durante seu dia a dia, 50% responderam alegria, 20% tristeza e 30% raiva.

Assim, através das respostas coletadas, observamos como a criança, que está inserida e sendo formada com um todo, já possui ideias, mesmo sem muito entender o significado, ou reflete o que se é ensinado nos mais diversos ambientes que está inserido. Diante das respostas mais obtidas, observamos que, de um modo geral, os meninos sublimem ou escondem, ou não estão acostumados em relação a emoção de tristeza e expressam sua raiva através da agressão ou posicionamento de autoridade, com a narrativa: “homem não chora”, “não apanha” e “é ele quem manda nos outros”.

Diante dessas respostas, questionasse sobre onde à criança aprende esses valores e princípios sobre como se expressar e sentir diante das pessoas e da sociedade desde pequeno para que ele não seja visto como um fraco ou que não deixem perceber suas necessidades de afeto. Outro fator importante nas respostas foi que a busca por um apoio e conforto da maioria foi em amigos, devido aos pais estarem ocupados ou não quererem ouvir o que eles têm para falar e, desta forma, demonstrar o quão distante a família está desse meio em que a criança está inserida, não analisando, criticamente, mas sim buscando indagar a importância e a diferença em que uma criança quando sustentada minimamente nessas bases, reflete um posicionamento diferente.

A busca desses meninos em querer expressar, muitas vezes, é proibida ou de certa forma acobertada para que eles não mostrem para os adultos o quanto eles erram e precisam mudar, dentro de uma sociedade e uma política que cobra as perfeições e os comportamentos equilibrados independente da sua subjetividade ou modo de estar.

Sobre as respostas das meninas: 80% responderam que moram com os pais e 20% - com os avós. Sobre o sentimento quando vai à escola: 70% disseram alegria e 30% - tristeza. E quanto ao que gosta de fazer na escola: 60% gostam de brincar, 20% - de ler e fazer tarefa e

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10% - de estudar, pois não querem ser uma pessoa “burra”. Em relação ao que não gosta na escola: 70% são as brigas entre os colegas e 30% quando a professora passa muita tarefa. Quando perguntadas sobre o que gosta de fazer e assistir: 100% disseram que gostam de brincar com bonecas e de assistir desenhos de princesa. E, sobre os super-heróis preferidos: 60% disseram Frozen, 30% Rapunzel e 10% Peppa Pig.

Quando questionadas sobre a emoção da tristeza: 30% disseram que ficam quietas, 20% - choram, 20% - brincam, 20% ficam bravas e 10% ficam próxima da mãe. Já no sentimento da raiva: 60% ficam quietas, 20% - brigam e 20% - tristes. Sobre quem elas procuravam quando estavam tristes: 60% - a mãe, 30% - amigas e 10% ficam sozinhas. E sobre qual emoção mais sentiam: 70% - alegria e 30% - raiva.

Em relação às respostas das meninas, de modo geral, elas expressam mais suas emoções de tristeza e alegria, suas expressões de raiva são mais sublimadas devido a elas demonstrarem que são meninas e que preferem chorar ou falar com a mãe do que deixarem que esse sentimento apareça. Suas “realizações” são mais em fantasias de princesas, pois buscam o conto de fadas em que elas são importantes, independentes e que existem os príncipes para ajuda-las.

A busca pelas fantasias, os modos de se expressarem e a busca na maioria das vezes pela atenção nos leva a refletir sobre os posicionamentos e visão em que as meninas estão vivenciando dentro e fora da escola, pois a forma de se expressarem, em muitas vezes, é em busca de ajuda e de demonstrar em quais circunstancias elas não estão sabendo lidar e, por conta desse não saber, podem acabar regredindo para fases que lhe causam conforto, mas lhe prejudicam no seu crescimento e aprendizagem.

Desta forma a busca ou não pela atenção, a forma de se expressar ou se esconder, de se posicionar e de aprender a lidar com as mais diversas situações faz com que refletimos sobre o quão complexo o meio em que a criança está inserida e quão importante nessa fase se trabalhar com as emoções e sua aprendizagem, pois o meio como todo influencia no contexto escolar, e se fundamenta tanto na subjetividade de cada criança, como também no desenvolvimento intelectual de ambas as partes.

Como podemos observar no quadro (tabela 1) a seguir os resultados da entrevista semi-estruturado como uma forma de comparativo entre as repostas das crianças:

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Meninos Meninas Com quem

você mora?

Pais Avós Pais Avós

90% 10% 80% 20%

Quando pensa na escola o que sente?

Alegria Tristeza Alegria Tristeza

60% 40% 70% 30%

O que te motiva vim na escola?

Brincar Tarefa Brincar Fazer

tarefa Estudar 50% 50% 60% 20% 10% O que te desmotiva vim na escola? Muitas Tarefas

Brigas Muitas tarefas Brigas

40% 60% 30% 70% O que você gosta de fazer para se divertir? Brincar e assistir desenho Brincar de boneca 100% 100% Qual desenho animado você se interessa ou gosta de assistir? Super-heróis Princesas 100% 100% Qual personagem você mais gosta?

Superman Outros Heróis Frozen Rapunzel Peppa

Pig.

50% 50% 60% 30% 10%

Quando você está triste, o que faz?

Brincar Nada Choravam Quietas Choram Brincam Ficam com a Mãe 40% 50% 10% 30% 20% 20% 10% Quando está com raiva, o que faz? Batiam Ficavam sozinhos

Quietas Brigam Tristes

30% 70% 60% 20% 20% Com quem você conversa quando tem um problema?

Amigo Mãe Mãe Amigas Com

ninguém 80% 20% 60% 30% 10% Qual monstrinho na barriga você mais sente durante o seu dia a dia?

Alegria Tristeza Raiva Alegria Raiva

50% 20% 30% 70% 30%

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Desta forma, fazendo uma comparação pudemos notar que os meninos têm uma dificuldade para se expressar e de vivenciar os momentos de tristezas ou raiva, pois a busca pela fuga dos sentimentos ou das situações afetivas para não demonstrar as emoções ou senti-las são maiores que os das meninas, pois esenti-las expressam mais seus sentimentos e vivenciam com mais intensidade suas emoções em situações diferentes, mas por mais que em certos momentos apresentados esses comportamentos, ambos demonstram uma dificuldade para compreender os sentimentos e expressa-las de formas diferentes.

Portanto, diante dos dados apresentados, trabalhamos as principais emoções de forma lúdica, com objetivo de apresentar a sua atual importância, mostrando como elas são vivenciadas no seu dia a dia, o que elas podem causar, a fim de que essas emoções sejam reconhecidas e entendidas de forma individual, visando a melhor forma de interpreta-las.

O processo de desenvolvimento e o trabalho lúdico sobre as emoções inclui, em forma de desenhos, filme, teatro, experiências de cada sentimento e por fim intervenções sobre como podem lidar com as emoções das formas mais diferentes possíveis, sem precisar se esconder, agredir ou mudar o comportamento com o colega ou professora, por não saber o que esta sentindo ou não saber como se expressar.

Para dar inicio ao trabalho sobre as apresentações das emoções, foi utilizado o livro da autora Tônia Casarin (2016) com o título “Tem monstrinhos na minha barriga”, na qual, de uma forma diferente, a criança do livro descobre as novas emoções e demonstra como é importante senti-las e como cada um se expressava, pois era tudo novo para ele também. E assim, através deste livro, nosso trabalho em ensina-los sobre as emoções de como elas são, o que elas fazem e como é importante senti-las se iniciou com desenvolvimento progressivo no decorrer dos encontros. Para salientar as emoções das crianças e de como estavam o seu reconhecimento e comportamento diante de duas emoções bases que seriam: a alegria e a tristeza;

Assim nas emoções trabalhadas em sala aula, foi de grande valia para nosso projeto que obtivemos um resultado positivo em relação às expressões das crianças, diante de cada emoção trabalhada, pois a alegria com uma forma lúdica, com danças e dinâmicas de companheirismo e ajuda ao próximo, mostramos o quanto podemos ser alegres das mais variáveis formas possíveis. Obtendo assim um resultado positivo e uma gratificação de ambas as partes no aprendizado desse sentimento.

No dia em que foi trabalhado o sentimento da tristeza e do nojo intervimos com a forma de vivenciar esses sentimentos através de algo que chamasse a atenção deles, trazendo a massinha caseira mole no qual as crianças vivenciaram essa emoção e logo após puderam

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expressar como se sentiam e como poderiam resolver a situação sem frustações ou comportamentos agressivos, buscando outros meios de expressar o nojo e a tristeza, obtendo um resultado no qual as crianças assimilaram o que eram essas emoções e como poderiam agir diante das mesmas.

Já no dia da raiva foi trabalhada a dinâmica do grito e da caixa de expressão no qual a criança vivenciava um momento de raiva e buscava formas para expressa-las, fazendo com que elas buscassem alternativas de expressar a raiva sem agressões ou outros comportamentos. Assim obtendo uma resposta positiva das crianças em relação à proposta da dinâmica, pois além delas conhecerem o sentimento da raiva, elas compreenderam as variadas formas de expressa-las.

Por fim trabalhamos o medo em uma forma de teatro no qual as crianças se expressavam e buscavam formas de supera-las, diante das opções apresentadas por nós acadêmicas, tendo com objetivo final mostrar a importância de sentir esses sentimentos e de como podemos lidar com elas. Tendo desta forma um feedback positivo e um olhar de um trabalho realizado com sucesso e de aprendizado para ambas as partes.

Diante deste trabalho feito na escola, pode-se perceber a importância do sentimento e o significado para cada criança de apenas seis anos de idade. Contudo, percebemos que este processo de conhecimentos das emoções leva um tempo para elaborar e entender todo o desenvolvimento. Mas, com o trabalho e olhar sobre esse assunto, alcançamos muitos avanços e mudanças de comportamentos em sala de aula, pois quando uma criança entende e consegue expressar o que sente, ela consegue lidar com situações diferentes e que exijam um crescimento intelectual e emocional sem deixar a sua subjetividade de lado, trazendo conforto e segurança para si mesmo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Mediante o que foi discutido, verifica-se que a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL 2019) ao propor o trabalho com as emoções, entendida como uma das competências a ser desenvolvida no âmbito educacional vai de encontro a conjectura proposta por Wallon (2018) visto que o aspecto afetivo e cognitivo estão em relação dialética.

Com as intervenções realizadas com as crianças observamos a forma de expressão de cada uma e como elas lidam com cada emoção, que muitas vezes vem demonstrado de uma forma exagerada, seus conteúdos internos não elaborados ou buscando formas de chamar a atenção para simplesmente repor uma possível falta que tem do seu outro ambiente em que vive. O objetivo de trabalhar sobre as emoções no âmbito escolar com as crianças de uma

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forma lúdica possibilita ensiná-las que os sentimentos, muitas vezes negativos, fazem parte da vida de cada um e é importante para seu desenvolvimento, com o conhecimento sobre o que é, e principalmente, senti-lo nos momentos que estamos com medo, com raiva ou tristeza.

A sociedade nos dias atuais pensa ainda que as crianças não podem ou não tem motivos para ficar triste, sentir raiva ou medo, pois querem que eles sejam “adultos” e que não percam tempo com essas bobagens. Por isso essas proibições, esses pensamentos e essa falta de ensinar para as crianças o que é cada emoção acabam acarretando prejuízos na sua aprendizagem e no seu desenvolvimento.

A criança a partir dos seis anos começa a lidar com situações e cobranças bem diferentes do seu costume e, com isso, com essas mudanças, ocorre o surgimento de novas emoções e novas adaptações sobre como lidar e fazer diante de cada desafio. Wallon (2018) salienta que os pontos principais a integração dos domínios afetivo, cognitivo e motor, é o que rege a criança nessa etapa e que faz a diferença quando esse chega à fase adulta.

Assim, devido à importância do trabalho com as emoções, sugere-se mais estudos e atuações do Psicólogo escolar voltadas para esse aspecto. Além disso, pode-se, através das emoções, saber como a subjetividade e a compreensão de ser Homem ou ser mulher são constituídas e reproduzidas pela sociedade.

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REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Laurinda; CINTRA, Fátima. Uma leitura walloniana do movimento: crianças de seis anos no ensino fundamental. (2017). Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/pee/v21n2/2175-3539-pee-21-02-00205.pdf>. Acesso em: 15 mar. 2019.

______. Afetividade e processo ensino-aprendizagem: Contribuições de Henri Wallon. (2004). Disponível em:

<https://psibr.com.br/leituras/desenvolvimento-e-educacao/afetividade-e-processo-ensino-aprendizagem-contribuicoes-de-henri-wallon>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

CASARIN, Tônia. Tenho monstrinhos na minha barriga. (2016). Edição 1. Brochura. CERISARA, Ana Beatriz. A psicogenética de Wallon e a educação infantil. (2015). Disponível em: <https://periodicos.ufsc.br/index.php/zeroseis/article/viewFile/10046/9229>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

MAHONEY, Abigail Alvarenga. Emoção e ação pedagógica na infância: contribuições da psicologia humanista. (1993). Disponível em:

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X1993000300009>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

BRASIL, Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. (2019). Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=40361>. Acesso em: 11 de Mai. 2019.

NASCIMENTO, José Romero. Henri Wallon: um pouco de filosofia da educação. Disponível em: <http://www.erasmobraga.com.br/artigos/henri-wallon-um-pouco-de-filosofia-da-educacao>. Acesso em: 15 de mar. 2019

PATTO, M. H. S. A produção do fracasso escolar. São Paulo: T.A Queiroz, 1993. PIAGET, J. A psicologia da criança. Ed Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. TALBER, Jon. As crianças e as emoções. (1962). Disponível em:

<https://escoladainteligencia.com.br/as-criancas-e-as-emocoes/>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

TALBER, Jon. A inteligência emocional e as crianças. (1962). Disponível em:

<https://escoladainteligencia.com.br/a-inteligencia-emocional-e-as-criancas/>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998. WALLON, Henri. Henri Wallon e as Emoções Sociais na Educação Infantil. (2018). Disponível em: <https://enfaseeducacional.com.br/blog/henri-wallon/>. Acesso em: 15 de mar. 2019.

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Apêndice

Aluno(a): Idade:

Questionário:

Com quem você mora?

Quando pensa na escola o que sente? O que te motiva vim na escola? O que te desmotiva vim na escola?

O que você gosta de fazer para se divertir?

Qual desenho animado você se interessa ou gosta de assistir? Qual personagem você mais gosta?

Quando você está triste, o que faz? Quando está com raiva, o que faz?

Com quem você conversa quando tem um problema? Como ela te ajuda? Qual monstrinho na barriga você mais sente durante o seu dia a dia?

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Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos Responsáveis

A criança pela qual o (a) senhor (a) é responsável está sendo convidado (a) a participar de um projeto de pesquisa para o termino de conclusão de curso na unidade escolar em que está matriculado.

Os objetivos consistem em fazer um levantamento de dados para verificar o desenvolvimento cognitivo a fim de investigar quais emoções que podem interferir no processo de aprendizagem com o objetivo de adequar este ensino às habilidades e competências que seu (a) filho (a) apresentará.

Caso você autorize, seu filho irá participar de um projeto lúdico acadêmico, com aplicação de entrevistas e técnicas. A participação dele (a) não é obrigatória, contudo faz-se necessário esse procedimento para uma análise dos fatores envolvidos seu atual desempenho escolar. Tal recusa não trará prejuízos em sua relação com a instituição em que ele estuda. Tudo foi planejado para minimizar os riscos da participação seu filho, porém se ele (a) sentir desconforto com as perguntas, dificuldade ou desinteresse poderá interromper a participação e, se houver interesse, conversar com a psicóloga responsável sobre o assunto.

O (A) senhor (a) e a criança pelo qual é responsável não receberão remuneração pela participação. As respostas não serão divulgadas de forma a possibilitar a identificação.

A avaliação psicológica será conduzida pela Psicóloga da Secretaria Municipal de Educação (SME) Dra. Aline Rejane Caxito Braga (CRP18/01035) e acadêmicas do 10º semestre do curso de Psicologia da Faculdade do Pantanal, Radmila Aparecida de Paula Oliveira, Tâmara Rosângela da Silva Castañon e Tatiany Camilli Silva Lopes.

Eu,_____________________________________________________(colocar o nome legível do pai/mãe/responsável/cuidador) declaro que entendi os objetivos da participação do menor de idade pelo qual sou responsável, ____________________________ (colocar o nome do menor), sendo que:

( ) aceito que ele(a) participe ( ) não aceito que ele(a) participe

Cáceres, ... de ... de 2019

_________________________________________ ASSINATURA

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