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VII AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE PARASITAS EM ÁGUAS DESTINADAS À RECREAÇÃO DE CONTATO PRIMÁRIO DO RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA, SÃO PAULO, BRASIL.

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23º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

VII-043 - AVALIAÇÃO DA PRESENÇA DE PARASITAS EM ÁGUAS

DESTINADAS À RECREAÇÃO DE CONTATO PRIMÁRIO DO

RESERVATÓRIO GUARAPIRANGA, SÃO PAULO, BRASIL.

Rafael Vicente de Pádua Ferreira(1)

Biomédico pela UniFMU Faculdades Metropolitanas Unidas. Mestrando do Instituto de Tecnologia Energéticas e Nucleares (IPEN-CNEN/SP).

Ana Carolina Apelle

Biomedica pela UniFMU Faculdades Metropolitanas Unidas. Biomédica responsável pelo Laboratório de Parasitologia do Centro de Diagnostico Campana.

Gentilda Kazuko F. Takeda

Docente da UniFMU Faculdades Metropolitanas Unidas.

Endereço(1): Rua Inácio Couto, 641 – Jd Aracati – São Paulo - SP - CEP: 04949-030 - Brasil - Tel: (11) 5895-5995 -

e-mail: rpadua@ipen.br

RESUMO

Águas utilizadas para fins recreacionais devem estar isentas de contaminação fecal por organismos patogênicos, por substâncias químicas, tóxicas e carcinogênicas. Para se avaliar a qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário é adotado como padrão de qualidade a densidade de coliformes fecais, porém este parâmetro não é satisfatório para parasitas. Com o intuito de verificar as condições sanitárias da água utilizada para fins recreacionais foi realizada uma pesquisa parasitológica em áreas extensivamente utilizadas para práticas de natação, velejo, esqui-aquático, “jet-ski”, pesca esportiva, localizadas às margens do reservatório Guarapiranga. Empregou-se a técnica de concentração por membrana filtrante, flotação com solução de sulfato de zinco a 33% e esfregaços corados pelo método de Ziehl-Neelsen modificado. Foram observados cistos de Giardia sp e oocistos de coccídeos, principalmente de

Cryptosporidium sp.

PALAVRAS-CHAVE: Parasitas, Balneabilidade, Qualidade da água.

INTRODUÇÃO

O Reservatório do Guarapiranga foi formado pelo represamento do rio Guarapiranga e dos afluentes Lavra, Santa Rita, Embu-Guaçú, Embu-mirim e outros 17 córregos de menor extensão e, faz parte do Sistema Alto Tietê. Situa-se na Região Metropolitana de São Paulo a 23º 43’ de latitude sul e 46º 32º de longitude oeste, a uma altitude de 700m, abrangendo uma área de aproximadamente 33,91 km2; com volume de 194x106m3;

perímetro de 13 km; profundidade média 5,7m; profundidade máxima 13m e uma área de drenagem de 631 km2 (CETESB, 1999).

São diversos os aproveitamentos dos recursos hídricos do reservatório Guarapiranga, além do uso prioritário para abastecimento de água, a saber: diluição de esgotos sanitários, controle das vazões de cheia da bacia do rio Pinheiros; lazer contemplativo e esportes náuticos (ANONYMUS, 1992).

Quando se procura atividades recreacionais que envolvam contato com as águas, faz-se necessário conhecer as condições sanitárias dessas águas quanto a balneabilidade e os possíveis riscos a saúde (ROCHA, 1974). As águas destinadas a balneabilidade podem ser divididas em duas categorias:

1º) Aquelas que propiciam contato primário do indivíduo através, por exemplo, de um simples banho, da natação, do esqui-aquático e do surf e, portanto, um contato direto e prolongado com a água. Com isto, ocorre grande probabilidade da ingestão dessa água que, eventualmente, pode estar poluída ou contaminada.

2º) Aquelas denominadas de contato secundário; neste caso, o contato direto do indivíduo com a água é acidental, havendo pouca probabilidade de sua ingestão. O contato pode ocorrer com a prática de esportes náuticos como remo, vela, barco a motor e a pedal, ou ainda a pesca com anzol e rede (ROCHA, 1974).

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As águas utilizadas para fins recreacionais devem estar isentas de contaminação fecal, organismos patogênicos e outras condições perigosas como, por exemplo, baixa visibilidade, para protegerem a saúde e dar segurança aos usuários (CETESB, 1999).

As enfermidades devidas aos parasitas intestinais constituem um grupo dos mais importante para a saúde pública, dada à sua elevada prevalência, à sua distribuição, praticamente mundial e aos seus efeitos sobre o estado nutricional, bem como sobre a imunidade das populações, particularmente, nas áreas subtropicais e tropicais. As infecções por parasitas intestinais afetam principalmente as crianças que são mais suscetíveis. Porém as infestações por diversos parasitas também são comuns a outras faixas etárias nessa área (CUTOLO, 2000).

Geralmente, a propagação de infecções por parasitas em uma população ocorre por dispersão de patógenos entre os indivíduos suscetíveis através de uma cadeia de transmissão na qual a água contaminada por excretas se torna o principal veículo de transmissão, tanto nas comunidades com condições precárias de saneamento como nas cidades de países desenvolvidos, caso da cidade de Milwaukee (USA) onde houve uma epidemia de

Crytosporidium parvum em 1993 (Slifko et al, 2000).

A OMS (1994) ressalta a grande importância no monitoramento e no controle da qualidade da água e sugere que sejam realizados exames e análises para determinar o conteúdo de cistos de protozoários e ovos de helmintos, além dos coliformes fecais, vírus e substâncias químicas inorgânicas e orgânicas. A qualidade da água deve ser verificada sistematicamente, para que se possam ser detectadas e controladas as fontes de poluição, preservando assim, a saúde dos banhistas.

Uma vez que pequena quantidade de cistos de protozoário ou de ovos de helminto parasita constitui risco potencial suficiente para infestar um indivíduo, a sua presença nas águas destinadas à recreação indica que a população pode permanecer exposta ao risco de infestações parasitárias, na dependência do uso que se faça dessa água. O Programa de Balneabilidade das praias da CETESB adota como critério para a avaliação da qualidade das águas somente as densidades de coliformes fecais, não havendo ainda qualquer avaliação em relação aos parasitas.

OBJETIVO

Com o intuito de verificar as condições sanitárias de águas utilizadas para fins recreacionais foi realizada uma pesquisa parasitológica em áreas localizadas às margens do Reservatório Guarapiranga.

MATERIAIS E MÉTODOS AMOSTRAGEM

Este reservatório conta com treze locais de lazer, porém, foram escolhidos apenas seis pontos, por apresentarem algumas características distintas e por serem os mais representativos:

Ponto 01- Parque Guarapiranga, local com pouca freqüência de banhistas e sem córregos próximos a esta praia;

Ponto 02- Marina Guaraci, com freqüência muito grande de banhistas durante os períodos mais quentes do ano;

Ponto 03 – Prainha do restaurante Interlagos, pela presença de esgoto clandestino nas proximidades;

Ponto 04 – Clube de Campo Castelo, pela localização muito próxima dos rios Bonito e das Pedras e os mesmos transportarem esgoto de outras localidades;

Ponto 05 – Clube de Campo São Paulo, por se localizar perto do córrego São José;

Ponto 06 – Restaurante do Odair, pela proximidade de córregos junto a esta praia e também pela freqüência de muitos banhistas durante a temporada de verão.

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DEFINIÇÃO DO PERÍODO DE AMOSTRAGEM

O período de amostragem executado foi de quatro semanas durante o mês de setembro de 2004, sendo realizadas cinco coletas em cada uma das seis praias destinadas a balneabilidade.

COLETA DAS AMOSTRAS

Foram coletados 2 litros de água, em cada coleta, para concentração de ovos e cistos de parasitas intestinais. As amostras foram devidamente identificadas e transportadas ao laboratório sob refrigeração a 4ºC. O tempo de coleta da amostra e o início da análise não excederam 24 horas (CETESB, 1989).

CONCENTRAÇÃO DA AMOSTRA

Para concentração das amostras de água utilizou-se a técnica de filtração em membranas Millipore GU (Durapore) em PVDF, com porosidade de 0,22μm.

PROCEDIMENTO PARA PESQUISA DE PARASITAS

O material retido na membrana foi ressuspenso em 10ml de água destilada;

Dos 10 ml processados retirou-se 100μl para confecção de laminas que foram coradas pela técnica de Ziehl-Neelsen modificado para pesquisa de oocistos. O material restante foi centrifugado e, em seguida, processado segundo a técnica de Faust e cols. afim de se pesquisar cistos, oocistos e ovos de helmintos.

Os esfregaços corados foram obtidos a partir do material retido na membrana, com acréscimo de 5μl de soro humano em lâmina de vidro. Procedeu-se fixação dos esfregaços passando-se a lâmina sobre o bico de Bunsen, seguida de coloração pela técnica de Ziehl-Neelsen modificado.

RESULTADOS

Tabela 01: Parasitos observados nas análises de amostras de água destinada à recreação, coletadas nos seis locais de estudo do Reservatório Guarapiranga.

Ponto 01 Ponto 02 Ponto 03 Ponto 04 Ponto 05 Ponto 06 Oocisto de coccidio sp.

Cryptosporidium sp. Cryptosporidium sp. Giardia

sp

Cryptosporidium sp. Cryptosporidium sp.

Giardia sp. Giardia sp

Sarcocystis sp Oocisto de coccidio

sp. Oocisto de coccidio sp.

DISCUSSÃO

A contaminação do meio ambiente por formas infectantes de parasitas depende de vários fatores que incluem: o número de hospedeiros infectados não humanos; o número de formas infectantes excretados; práticas na agricultura; comportamento e atividade do hospedeiro; as diferenças, étnica e socioeconômica, no comportamento humano, distribuição geográfica; saneamento; segurança na água potável; suprimentos e fontes alimentares; clima e hidrogeologia da área (Slifko et al, 2000).

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O descarte de resíduos de animal (e humano) constitui um assunto relevante de saúde pública que ainda tem que ser assumida e controlada na maioria dos países. A água é o principal condutor de parasitas e a água contaminada é uma fonte importante na infecção humana pelo seu consumo direto ou pelo seu uso no processamento ou preparação de alimentos. A água transporta estágios transmissíveis no abastecimento de água potável, nos locais de recreação, incluindo água doce e salgada e nas águas de irrigação, nas quais por sua vez, podem contaminar os suprimentos alimentares pelas práticas na agricultura e na indústria alimentar. A maioria dos surtos em água de recreação é resultante de acidentes fecais ou conexão cruzada em piscinas e a contaminação com restos animais, ainda não está bem documentada ou reconhecida, embora seja freqüente a defecação, por animais domésticos e silvestres, em lagos, canais e outros corpos de água de recreação (Gerba & Gerba, 1995).

O encontro de cistos de giárdia e de oocistos de criptosporídeos era esperado, já que estas formas desenvolveram adaptações para sobreviverem por períodos longos no meio ambiente. A membrana cística, rígida, os protege das condições adversas do meio. Surtos por protozoários parasitas transmitidos pela água são mais comuns que surtos devido a helmintos em virtude do pequeno tamanho das formas infectantes dos protozoários, que ficam mais à superfície da água.

Giardia e Cryptosporidium são considerados patógenos importantes, nos países desenvolvidos, por três

razões:1º) são agentes de infecções encontrados em muitos animais; 2º) as densidades no meio contaminado com cistos e oocistos são suficientes para poluir o meio aquático e 3º) os cistos e oocistos são insensíveis aos desinfetantes usualmente utilizados no tratamento de água (Slifko et al., 2000). Estas características os têm conduzido a um status de organismos críticos para a segurança dos processos de produção de água potável. Mesmo nos países industrializados com padrões modernos de higiene, a incidência de gastroenterite aguda pode atingir 450/1000 por ano, uma parte substancial, possivelmente, é causada por um agente infeccioso (Teunis & Havelaar, 2002).

Desde o famoso surto em Milwakee, nos Estados Unidos, de Cryptosporidium transmitido pela água afetando mais de 400.000 pessoas, foi descrito, no mínimo, 20 surtos menores associados a este parasita no Reino Unido e na América do Norte. Estes eventos levaram a uma explosão de interesse na pesquisa sobre a natureza da criptosporidiose, considerado atualmente um patógeno perigoso, particularmente, em pacientes com AIDS. A prevalência de cistos e oocistos na água de beber tem sido objeto de numerosos estudos nos últimos 10 anos e tem sido um dos assuntos que tem merecido esforços no desenvolvimento de métodos de detecção de parasitas em água tratada e não tratada. A habilidade para se detectar oocistos de Cryptosporidium tornou-se uma necessidade, na água a ser utilizada, devido aos numerosos surtos da doença documentados. Até a década de 80, os especialistas em água não tinham conhecimento da transmissão deste organismo por esta via, mas não há dúvidas que atualmente a detecção de Cryptosporidium tornou-se um dos problemas mais urgentes para os microbiologistas de água. As diversas características deste parasita têm mostrado que os métodos tradicionais utilizados para avaliar a qualidade microbiológica da água envolvendo a detecção de organismos indicadores não são adequados na determinação do nível de contaminação por Cryptosporidium. Este organismo não pode ser cultivado “in vitro”, e por isto o método de detecção se baseia principalmente no exame microscópico de amostras de água.

Os tradicionais indicadores de organismos usados estão baseados na probabilidade de que eles são mais numerosos no material fecal que os patógenos, têm resistência igual na sua remoção pelos processos de tratamento de água e apresentam características de sobrevivência no meio ambiente similares. Os oocistos de

Cryptosporidium são extremamente robustos e sobrevivem no meio ambiente por períodos de tempo muito

mais longos do que os indicadores bacterianos como Escherichia coli. Além do mais, o oocisto é resistente à desinfecção por cloro e, portanto aos processos de tratamento de água; a ausência de indicadores bacterianos não tem relação com a possível presença de oocistos viáveis e potencialmente infectantes. Assim, a metodologia requerida para a detecção de oocistos de Cryptosporidium é completamente diferente das metodologias tradicionalmente usadas (Fricker & Crabb, 1998).

Têm sido descritas adaptações de métodos para a detecção de Cryptosporidium na água e muita atenção tem sido dada na detecção específica de oocistos. As tentativas iniciais usavam a mesma metodologia desenvolvida para se detectar Giardia (JAKUBOWSKI & ERICKSEN, 1979). Grandes volumes de água

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(100-1000L) são filtrados em filtros de polipropileno com poro de 1μm de tamanho com índice de fluxo de um a cinco L/min. . O material retido na membrana é, então eluído e lavado com uma solução de detergente diluído. O líquido da lavagem é concentrado por centrifugação. A recuperação de oocistos usando esta centrifugação variou de 14% a 44% (Musial et al., 1987), embora eficiência mais baixa tenha sido relatada por Ongerth & Stibbs, neste mesmo ano, pesquisando em água de rio. Em nossa pesquisa utilizamos membranas Millipore com poros de 0,22 μm para filtrar 10L.

Existem técnicas de concentração que são muito utilizadas na rotina: por filtração, utilizando vários métodos e membranas e por floculação com carbonato de cálcio. Neste procedimento, é formado um precipitado fino de carbonato de cálcio, na amostra de água, pela adição de cloreto de cálcio e bicarbonato de sódio, seguido do ajuste do pH para 10 com hidróxido de sódio. Após a precipitação se estabelecer, o sobrenadante é aspirado e eliminado e o sedimento é ressuspenso após a dissolução do carbonato de cálcio usando-se ácido sulfâmico (Vesey et al., 1993). A escolha do método é feita dependendo do propósito da amostragem, da qualidade da água e das facilidades do laboratório que irá analisar as amostras. Idealmente, o método escolhido seria aquele que concentrasse eficientemente amostras tão volumosas quanto possíveis e produzisse um concentrado que pudesse ser examinado facilmente. Geralmente, os grandes volumes de amostras são preferidos para a maioria dos propósitos, mas, o problema surge quando o concentrado é examinado. Assim, muitos pesquisadores preferem concentrar um pequeno volume de água e examinar todo o concentrado, enquanto que, outros utilizam grandes volumes de amostras e examinam uma fração do concentrado final (Fricker et al., 1998). Desde que a concentração de oocistos de Cryptosporidium é baseada quase que exclusivamente no tamanho da partícula, as técnicas não são específicas e, conseqüentemente concentram uma grande quantidade de materiais estranhos que estão presentes na água como: partículas orgânicas e inorgânicas, bactérias, leveduras e algas. Estes materiais interferem com o sucesso na detecção de oocistos, seja pelo aumento do volume total a ser examinado seja pela dificuldade de observar os oocistos. Assim, é necessária a utilização de métodos que reduzam o tempo gasto para se examinar a amostra e evitar que o oocisto não seja observado. A maioria dos pesquisadores adota alguma forma de centrífugo-flutuação para separar oocistos de debris para assim, reduzir a quantidade de material a ser examinado. Sheather (1923) foi o primeiro a usar a centrifugação baseada na densidade da sacarose para separar parasita de material fecal e, esta técnica básica tem sido muito usada em amostras de fezes, porém muitos trabalhos têm mostrado que este procedimento é muito ineficiente quando se tenta detectar protozoários parasitas em concentrados de água (Fricker et al., 1998).

Está claro que oocistos de Cryptosporidium podem passar pelas usinas de tratamento de água e pelo sistema de distribuição e, também, que o risco de criptosporidiose transmitida pela água é real não podendo ser eliminada completamente. Entretanto, é de responsabilidade dos provedores de água minimizar esse risco mediante o uso da melhor prática. As medidas que poderiam ser tomadas para reduzir o risco de criptosporidiose transmitida pela água não são diferentes daquelas requeridas por outros patógenos encontrados na água, embora a falta de um desinfetante disponível tenha um considerável efeito no modo que os supridores de água possa atuar.

CONCLUSÃO

Com o intuito de verificar as condições sanitárias de águas utilizadas para fins recreacionais foi realizada uma pesquisa parasitológica em áreas localizadas às margens do reservatório Guarapiranga. Este reservatório conta com onze locais de lazer, porém, foram escolhidos apenas seis pontos, por apresentarem algumas características distintas e por serem os mais representativos.

Com a técnica utilizada foi possível observar uma diversidade de microrganismos de difícil identificação como: fungos, leveduras, bactérias e protozoários de vida livre. O exame parasitológico revelou presença de oocistos de Cryptosporidium spp (66,6%), cistos de Giardia sp (50,0%), oocistos de coccídeos (50,0%) e, em uma amostra, forma de esporocisto muito semelhante à de Sarcocystis (16,6%). Em todos os pontos pesquisados foram detectados pelo menos um parasita. Não foram encontrados ovos de helmintos parasitos do homem e nem de animais domésticos, apesar da alta freqüência de humanos e de animais em algumas áreas estudadas.

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A metodologia aplicada no presente trabalho mostrou ser sensível, de baixo custo, relativamente rápida, porém não específica. Para a identificação específica será necessária a utilização de métodos bioquímicos, imunológicos ou moleculares.

A detecção de número significativo de parasitas nas amostras, neste estudo, reforça a importância do monitoramento e controle mais rigoroso das águas destinadas à recreação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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