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MB Nº (Nº CNJ: ) 2017/CÍVEL

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APELAÇÃO CÍVEL. ANULATÓRIA. ISSQN. ART. 9º, §3º, DO DECRETO-LEI Nº 406⁄68. SOCIEDADE SIMPLES. ADOÇÃO DO TIPO SOCIETÁRIO DA LIMITADA. IRRELEVÂNCIA. CARÁTER EMPRESARIAL NÃO EVIDENCIADO. PRELIMINAR DE NÃO CONHECIMENTO REJEITADA. PRAZOS PARA A FAZENDA PÚBLICA. INTIMAÇÃO PESSOAL.

- O art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei nº 406/68 foi recepcionado pela CRFB/88, conforme entendimento há muito sedimentado no Supremo Tribunal Federal.

- Apesar disso, o benefício do recolhimento fixo do ISS não é estendido para toda e qualquer sociedade.

- Conforme entendimento pacífico no âmbito do STJ e desta Corte, somente as sociedades que possuem as atividades indicadas no §3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº 406/1968, podem se beneficiar das alíquotas fixas, e desde que a sociedade não seja caracterizada como empresária.

- A sociedade simples ao adotar, por exemplo, o tipo de sociedade limitada, não a transforma automaticamente em sociedade empresária – ente para o qual é vedada a inclusão no regime tributário favorecido de ISS. Entendimento extraído do art. 983, segunda parte, do CC, que é reforçado pelos enunciados 57 e 474, ambos da Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal. Adotar entendimento de que a opção pela forma limitada converte a sociedade simples em empresária contraria frontalmente o Código Civil, bem como desconsidera conceitos básicos do direito empresarial. - No caso, o fato de a apelada optar pelo tipo societário da limitada não serve para afastar a incidência do disposto no art. 9º, §3º, do Decreto-Lei nº 406/68, porquanto o que define a natureza empresária ou não da sociedade é o seu objeto: se for explorado com empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a sociedade será empresária, não fazendo jus ao recolhimento do ISS na forma fixa; se, porém, ausente a empresarialidade, a sociedade será simples, podendo se valer da tributação privilegiada do ISS.

- Inexistência do requisito da organização dos fatores de produção, pois se está diante de uma sociedade simples que tem por objeto social a execução de serviços médicos cuja pessoalidade dos serviços é inegável.

REJEITADA A PRELIMINAR CONTRARRECURSAL. APELO DESPROVIDO.

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APELAÇÃO CÍVEL VIGÉSIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL Nº 70075258103 (Nº CNJ:

0289925-23.2017.8.21.7000)

COMARCA DE SANTA ROSA

MUNICIPIO DE SANTA ROSA APELANTE

LJB DIAGNOSTICOS E TRATAMENTO MEDICOS LTDA.

APELADO

A C Ó R D Ã O

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Desembargadores integrantes da Vigésima Segunda Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em rejeitar a preliminar contrarrecursal e desprover o apelo.

Custas na forma da lei.

Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os eminentes Senhores DES.ª DENISE OLIVEIRA CEZAR E DES. MIGUEL ÂNGELO DA SILVA.

Porto Alegre, 26 de outubro de 2017.

DES.ª MARILENE BONZANINI, Relatora.

R E L A T Ó R I O DES.ª MARILENE BONZANINI (RELATORA)

Trata-se de recurso de apelação interposto pelo MUNICÍPIO DE SANTA ROSA, nos autos da ação anulatória que lhe move LJB DIAGNOSTICOS E TRATAMENTO

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MEDICOS LTDA., contra a sentença que julgou procedente os pedidos, nos seguintes termos:

Pelo exposto, julgo PROCEDENTE a demanda para: a) anular o débito fiscal atinente ao ISS;

b) determinar à requerida que realize a apuração da base de cálculo do pagamento do ISS em relação a cada profissional habilitado, por meio de alíquotas fixas, como prevê o art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto nº 406/68; e

c) suspender a exigibilidade do crédito apurado até a presente data, haja vista a sua cobrança indevida, como já restou assentado na fundamentação.

Condeno a parte ré ao pagamento de metade das custas processuais, forte no art. 11 da Lei nº 8.112/85, e dos honorários advocatícios da parte autora, os quais arbitro em 10% sobre o valor da causa, forte no disposto no art. 85, §2º, do CPC.

Nas razões, defendeu que a apelada é sociedade empresarial, não possuindo direito à tributação de ISS na forma fixa. Aduziu que o contrato social prevê a responsabilidade limitada dos sócios, o que, somado ao fato de contratam terceiros para a prestação dos serviços, demonstra a empresarialidade, ensejando a tributação pelo ISS variável. Argumentou que, na hipótese, a atividade de medicina é elemento de empresa. Pediu provimento ao recurso para que seja reformada a sentença (fls. 142/148).

Foram apresentadas contrarrazões, pleiteando-se, em preliminar, o não conhecimento do recurso, por intempestivo (fls. 149/161).

Vieram os autos conclusos. É o relatório.

V O T O S DES.ª MARILENE BONZANINI (RELATORA)

Inicialmente, analiso a preliminar contrarrecursal de não conhecimento do apelo, que não merece acolhida.

A apelada alega que o recurso é intempestivo, pois considera como data de intimação do Município a publicação da nota de expediente. Contudo, consabido que, forte o art. 183 do CPC, tratando-se da Fazenda Pública, o prazo para manifestação flui apenas da

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data de intimação pessoal de seu representante judicial, o que ocorreu, no caso, apenas no dia 11.04.2017 (fl. 141).

Assim, tendo sido interposto o recurso no dia 13.04.2017 (fl. 142), evidentemente tempestivo, de modo que rejeito a preliminar.

No mérito, a questão versada nos autos diz respeito a possibilidade de a parte apelada desfrutar do benefício disposto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei nº 406/68, que assim dispõe:

Art. 9º A base de cálculo do impôsto é o preço do serviço. § 1º Quando se tratar de prestação de serviços sob a forma de trabalho pessoal do próprio contribuinte, o impôsto será calculado, por meio de alíquotas fixas ou variáveis, em função da natureza do serviço ou de outros fatores pertinentes, nestes não compreendida a importância paga a título de remuneração do próprio trabalho.

(...)

§ 3° Quando os serviços a que se referem os itens 1, 4, 8, 25, 52, 88, 89, 90, 91 e 92 da lista anexa forem prestados por sociedades, estas ficarão sujeitas ao imposto na forma do § 1°, calculado em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não, que preste serviços em nome da sociedade, embora assumindo responsabilidade pessoal, nos termos da lei aplicável.

Os itens referidos no §3º são os seguintes: 1 – Médicos, inclusive análises clínicas, eletricidade médica, radioterapia, ultra-sonografia, radiologia, tomografia e congêneres; 4 – Enfermeiros, obstetras, ortópticos, fonoaudiólogos, protéticos (prótese dentária); 8 – Médicos veterinários; 25 – Contabilidade, auditoria, guarda-livros, técnicos em contabilidade e congêneres; 52 – Agentes de propriedade industrial; 88 – Advogados; 89 – Engenheiros, arquitetos, urbanistas, agrônomos; 90 – Dentistas; 91 – Economistas; 92 – Psicólogos.

Primeiro, destaco a plena vigência do referido dispositivo, sendo recepcionado pela CRFB/88, conforme entendimento há muito sedimentado no Supremo Tribunal Federal, in verbis:

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CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. ISS. SOCIEDADES PRESTADORAS DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS. ADVOCACIA. D.L. 406/68, art. 9º, §§ 1º e 3º. C.F., art. 151, III, art. 150, II, art. 145, § 1º. I. - O art. 9º, §§ 1º e 3º, do DL. 406/68, que cuidam da base de cálculo do ISS, foram recebidos pela CF/88: CF/88, art. 146, III, a. Inocorrência de ofensa ao art. 151, III, art. 34, ADCT/88, art. 150, II e 145, § 1º, CF/88. II. - R.E. não conhecido.

(RE 236604, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Tribunal Pleno, julgado em 26/05/1999, DJ 06-08-1999 PP-00052 EMENT VOL-01957-18 PP-03877)

No mesmo sentido: RE 304011 AgR, Min. CARLOS BRITTO, j. 28/11/2006; AI 391092 AgR, Min. CEZAR PELUSO, j. 14/02/2006; RE 366011 AgR, Min. CARLOS BRITTO, j. 30/08/2005

Apesar disso, o benefício do recolhimento fixo do ISS não é estendido para toda e qualquer sociedade. Conforme entendimento pacífico no âmbito do STJ e desta Corte, somente as sociedades que possuem as atividades indicadas no §3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº 406/1968, podem se beneficiar das alíquotas fixas, e desde que a sociedade não seja caracterizada como empresária.

Nesse sentido, exemplificativamente, os seguintes julgados:

TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO DOS ARTS. 458 E 535 DO CPC. ISS. DECRETO-LEI N. 406/68. SOCIEDADES UNIPROFISSIONAIS (MÉDICOS). REEXAME DE FATOS E PROVAS. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. AUSÊNCIA DE COTEJO ANALÍTICO.

(...)

2. A sociedade civil faz jus ao benefício previsto no art. 9º, § 3º, do DL n. 406/68, desde que preste serviço especializado, com responsabilidade pessoal e sem caráter empresarial. (...)

Agravo regimental improvido.

(AgRg nos EDcl no AREsp 233.352/SC, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/11/2012, DJe 28/11/2012)

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EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL. DIREITO TRIBUTÁRIO. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL. BASE DE CÁLCULO DO ISS DIFERENCIADA. DECRETO-LEI Nº 406/68. ATIVIDADE NÃO EMPRESARIAL.

1. As sociedades uniprofissionais somente têm direito ao cálculo diferenciado do ISS, previsto no artigo 9º, parágrafo 3º, do Decreto-Lei nº 406/68, quando os serviços são prestados em caráter personalíssimo e, assim, prestados no próprio nome dos profissionais habilitados ou sócios, sob sua total e exclusiva responsabilidade pessoal e sem estrutura ou intuito empresarial.

2. Precedente da Primeira Seção (AgRgEREsp nº 941.870/RS, da minha Relatoria, in DJe 25/11/2009).

3. Embargos de divergência rejeitados.

(EREsp 866.286/ES, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 29/09/2010, DJe 20/10/2010) Do até aqui exposto, conclui-se que os serviços incluídos na lista anexa sob os nos 1, 4, 8, 25, 52,88, 89, 90, 91 e 92, mesmo quando forem prestados por sociedades, o imposto deve ser calculado na forma do §1º, isto é, “em relação a cada profissional habilitado, sócio, empregado ou não”, desde que a sociedade, repito, não seja exercida com empresarialidade.

No caso, a sociedade apelada possui como objeto social a prestação de serviços médicos, sendo constituída por dois sócios que possuem a mesma formação acadêmica - medicina -, devidamente habilitados; portanto, atividade de natureza científica (arrolada do §3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº 406/1968), que, conforme o disposto no parágrafo único do art. 966, do CC, não pode ser considerada empresária, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, o que não restou comprovado nos autos, nem de longe, pela parte apelante, que se limitou a afirmar a presença do elemento de empresa, sem acostar qualquer documentação apta a embasar a alegação.

O apelante defende que o contrato social prevê a responsabilidade limitada dos sócios ao valor de suas quotas, fator que caracteriza a empresarialidade da sociedade, e, por conseqüência, afastaria o benefício da tributação prevista nos §§1º e 3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº 406/1968.

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Apesar de já ter endossado tal orientação, melhor refletindo sobre o tema, convenci-me de que tal circunstância não serve para afastar a incidência do art. 9º, §3º, do Decreto-Lei nº 406/68.

Primeiramente, no que diz com o tipo societário limitada, insta referir que, conforme o art. 983, segunda parte, do CC, a sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um dos tipos disciplinados entre os arts. 1.039 a 1.092, do CC, e, não o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias. Quer isso dizer que a sociedade simples ao adotar, por exemplo, o tipo de sociedade limitada, não se transforma automaticamente em sociedade empresária – forma para o qual é vedada a inclusão no regime tributário favorecido de ISS. Isso mostra que o que define uma sociedade como empresária ou simples é o seu objeto social, e não o tipo societário.

Nesse sentido, a lição irretocável de Leandro Paulsen:

O tipo societário próprio para as sociedades voltadas a atividades intelectuais é o de sociedade simples. Mas o Código Civil, em seu art. 983, permite que seus sócios optem por adotar tipo societário próprio das sociedades empresárias. As atividades intelectuais relativas ao exercício de profissão, contudo, quando constituírem um dentre tantos fatores de produção necessários à realização do objeto social, não afastam a caracterização da sociedade como empresária. (…) A adoção do tipo societário de sociedade limitada não transforma, por si só, a sociedade não empresarial em empresarial. Não há correlação necessária, portanto, entre a natureza da sociedade e o tipo societário, ressalvados casos específicos como o das

sociedades anônimas e o das cooperativas.1

Reforçando o entendimento aqui defendido, destaco os enunciados 57 e 474, ambos da Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal:

I Jornada: 57 = Art. 983: A opção pelo tipo empresarial não afasta a natureza simples da sociedade.

1 PAULSEN, Leandro. Direito tributário: Constituição e Código Tributário à luz da doutrina e da

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V Jornada: 474 = Arts. 981 e 983: Os profissionais liberais podem organizar-se sob a forma de sociedade simples, convencionando a responsabilidade limitada dos sócios por dívidas da sociedade, a despeito da responsabilidade ilimitada por atos praticados no exercício da profissão. De fato, o fato de a sociedade da espécie simples ostentar membros cuja lei corporativa estabeleça responsabilidade civil por atos dolosos ou culposos no exercício profissional não impede que a mesma estabeleça responsabilidade limitada pelos sócios por dívidas que a pessoa jurídica vier a contrair na qualidade de unidade econômica (por exemplo, quando aluga um imóvel, pagamento dos fornecedores, etc.).

Por conseqüência, a constituição de sociedade simples sob a forma (tipo) limitada, não afasta, em absoluto, a tributação mitigada de ISS reservada às sociedades profissionais pelo § 3º, do art. 9º, do Decreto-Lei nº 406/68. A constituição sob a forma limitada não é o elemento decisivo para se definir o sistema de tributação do ISS.

Adotar o entendimento de que a opção pela forma limitada converte a sociedade simples em empresária contraria frontalmente o Código Civil, bem como desconsidera conceitos básicos do direito empresarial. Estar-se-ia alterando conceitos de direito privado com o objetivo único de reduzir o círculo de contribuintes beneficiados pela tributação mitigada de ISS das sociedades profissionais, o que é vedado pelo Código Tributário Nacional2.

Dentro desse contexto, transcrevo parte do voto lançado pelo Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, no AgRg no REsp. 519194:

(...) o requisito da organização dos fatores de produção é essencial para a configuração da sociedade empresária e não o mero fato de existir a repartição de responsabilidade interna concernente ao capital social; cabe-me repetir, nesta oportunidade que a forma societária limitada não é o

2 Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo

e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários. Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.

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elemento axial ou decisivo para se definir o sistema de tributação do ISS manauara (...).

O julgado ganhou a seguinte ementa:

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ISSQN. ART. 9º, § 3º, DO DECRETO-LEI N. 406/68. SOCIEDADE LIMITADA. PESSOALIDADE NA PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. AUSÊNCIA DE ORGANIZAÇÃO DOS FATORES DE PRODUÇÃO. CARÁTER EMPRESARIAL AFASTADO PELO TRIBUNAL DE ORIGEM. RECOLHIMENTO POR ALÍQUOTA FIXA. POSSIBILIDADE. I - O Tribunal de origem concluiu, após a análise do conjunto probatório dos autos, que apesar da Agravante ser constituída na forma de sociedade limitada, não há organização dos fatores de produção e impessoalidade na prestação do serviço, o que afasta o caráter empresarial e permite a aplicação da alíquota fixa do ISSQN, prevista no art. 9º, § 3º, do Decreto-Lei n. 406/68.

II - Agravo Regimental provido para conhecer do Agravo e negar provimento ao Recurso Especial do Município de Manaus.

(AgRg no AREsp 519.194/AM, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, Rel. p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 13/08/2015)

No mesmo sentido:

PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. ISSQN. ART. 9°, § 3°, DO DECRETO-LEI N. 406⁄68. SOCIEDADE UNIPROFISSIONAL. RECOLHIMENTO POR QUOTA FIXA. AUSÊNCIA DE CARÁTER

EMPRESARIAL. DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL.

INOCORRÊNCIA. (...)

4. In casu, o Município recorrente aduz que: "O acórdão oriundo da SEGUNDA CÂMARA ESPECIAL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE RONDÔNIA, cuja decisão se dera por unanimidade de votos, entendeu que às sociedades civis uniprofissionais, com caráter empresarial, frise-se, gozam do privilégio previsto no Art. 9°, §3°, do Decreto-Lei Federal N° 406⁄68 (...) Já o acórdão paradigma oriundo da SEGUNDA TURMA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, A UNANIMIDADE, assentara o entendimento segundo o qual

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têm direito ao tratamento diferençado ao recolhimento do tributo ISSQN as sociedades civis uniprofissionais, cujo objeto contratual se destina à prestação de serviço especializado, com responsabilidade social e sem caráter empresarial.".

5. Ocorre que, diferentemente do alegado, o acórdão recorrido entende que é cabível o recolhimento do ISS mediante alíquota fixa justamente por não ser a sociedade requerente uma sociedade com finalidade empresarial, coadunando-se com a jurisprudência do STJ, senão vejamos: "Com efeito, a sociedade simples constituída por sócios de profissões legalmente regulamentadas, ainda que sob a modalidade jurídica de sociedade limitada, não perde a sua condição de sociedade de profissionais, dada a natureza e forma de prestação de serviços profissionais, não podendo, portanto, ser considerada sociedade empresária pelo simples fato de ser sociedade limitada. É exatamente o caso da apelada. Extrai-se do contrato social que a sociedade é composta por dois médicos e seu objeto é a exploração, por conta própria, do ramo de clínica médica e cirurgia de oftalmologia e anestesia. Como frisado na sentença, apesar de registrada na Junta Comercial, a apelada tem características de uma sociedade simples, porquanto formada por apenas dois sócios, ambos desempenhando a mesma atividade intelectual de forma pessoal e respondendo por seus atos. Diante desses elementos, entendo que a sociedade simples limitada, desprovida de elemento de empresa, atende plenamente às disposições do Decreto-lei n. 406⁄68, e, em relação ao ISS, devem ser tributadas em valor fixo, segundo a quantidade de profissionais que nela atuam. (...) Assim, verificada que a

apelada preenche os requisitos das sociedades

uniprofissionais, uma vez que assim caracteriza-se toda aquela sociedade formada por profissionais liberais que atuam na mesma área, legalmente habilitados nos órgãos fiscalizadores do exercício da profissão e que se destinam à prestação de serviços por meio do trabalho pessoal dos seus sócios, desde que não haja finalidade empresarial, impõe-se a manutenção da sentença que lhe garantiu o direito de recolher o ISS mediante alíquota fixa, em conformidade com o Decreto-lei n. 406⁄68, bem como em compensar a quantia paga a maior.”

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(AgRg no REsp 1205175⁄RO, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 26⁄10⁄2010, DJe 16⁄11⁄2010) E mais recentemente:

TRIBUTÁRIO. ISS. SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA. CARÁTER EMPRESARIAL AFASTADO NA ORIGEM. SÚMULA 7/STJ. RECOLHIMENTO POR ALÍQUOTA FIXA. POSSIBILIDADE. 1. A orientação da Primeira Seção do STJ firmou-se no sentido de que o tratamento privilegiado previsto no art. 9º, §§ 1º e 3º, do Decreto-Lei 406/68 somente é aplicável às sociedades uniprofissionais que tenham por objeto a prestação de serviço especializado, com responsabilidade pessoal dos sócios e sem caráter empresarial.

2. "A forma societária limitada não é o elemento axial ou decisivo para se definir o sistema de tributação do ISS, porquanto, na verdade, o ponto nodal para esta definição é a circunstância, acolhida no acórdão, que as profissionais [...] exercem direta e pessoalmente a prestação dos serviços". (AgRg no AREsp 519.194/AM, Rel. p/ Acórdão Ministra REGINA HELENA COSTA, DJe 13/08/2015.)

3. No caso dos autos, não obstante a agravante ser uma sociedade limitada, o Tribunal de origem assentou que se ela dedica, precipuamente, à exploração do ofício intelectual de seus sócios, de forma pessoal, sem caráter empresarial, razão pela qual é cabível o benefício da tributação por alíquota fixa do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

Agravo regimental provido.

(AgRg no AREsp 792.878/SP, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 03/12/2015, DJe 14/12/2015)

Portanto, o fato de a apelada optar pelo tipo societário da limitada não serve para afastar a incidência do disposto no art. 9º, §3º, do Decreto-Lei nº 406/68, porquanto o que define a natureza empresária ou não da sociedade é o seu objeto: se for explorado com empresarialidade (profissionalismo e organização dos fatores de produção), a sociedade será empresária, não fazendo jus ao recolhimento do ISS na forma fixa; se, porém, ausente a empresarialidade, a sociedade será simples, podendo se valer da tributação privilegiada do ISS.

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Na espécie, volto a afirmar, inexiste o requisito da organização dos fatores de produção, pois se está diante de uma sociedade simples que tem por objeto social a prestação de serviços médicos, cuja prestação do serviço é realizada de forma pessoal pelos sócios.

Ressalto que, embora conste do contrato social a possibilidade de contratação de terceiros, consta também a expressão “sob a direção e responsabilidade da sociedade”. A situação, aliada a outros elementos de prova, poderia demonstrar eventual caracterização de empresarialidade, contudo, o apelante não se desincumbiu desse ônus, pois deixou de comprovar que a sociedade possui organização e estrutura de empresa, que o serviço é prestado primordialmente de forma impessoal, ou que, na hipótese, o capital prepondere sobre o esforço humano e a atividade intelectual.

Ao contrário, na espécie, há, inclusive, contrato de prestação firmado entre a apelada e o hospital de Ijuí, de onde se extrai que o único prestador é exatamente o sócio Leandro Jones Bazzanella (fls. 40/43).

Com essas considerações, impositiva a manutenção da sentença recorrida.

Ante o exposto, rejeito a preliminar contrarrecursal e nego provimento ao apelo.

Por derradeiro, elevo os honorários recursais para 12% sobre o valor da causa atualizado, considerando o que prevê o art. 85, § 11, do NCPC, em razão dos critérios previstos no §2º, quais sejam, o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço; a natureza e a importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.

DES.ª DENISE OLIVEIRA CEZAR - De acordo com o(a) Relator(a). DES. MIGUEL ÂNGELO DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

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DES.ª MARILENE BONZANINI - Presidente - Apelação Cível nº 70075258103, Comarca de Santa Rosa: "REJEITARAM A PRELIMINAR CONTRARRECURSAL E DESPROVERAM O APELO. UNÂNIME."

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