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DECISÕES DE FINANCIAMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO MADURAS: TESTANDO PECKING ORDER

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM

ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA

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DECISÕES DE FINANCIAMENTO DE

EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL

ABERTO MADURAS: TESTANDO PECKING

ORDER

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“DECISÕES DE FINANCIAMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO MADURAS: TESTANDO PECKING ORDER”

EDESON MANOEL DIAS

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Finanças & Controladoria.

ORIENTADOR: Prof. Dr. FERNANDO NASCIMENTO

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“DECISÕES DE FINANCIAMENTO DE EMPRESAS BRASILEIRAS DE CAPITAL ABERTO MADURAS: TESTANDO PECKING ORDER”

EDESON MANOEL DIAS

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia.

Área de Concentração: Finanças e Controladoria.

Avaliação:

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________________________ Professor: Dr. FERNANDO NASCIMENTO DE OLIVEIRA (Orientador) Instituição: IBMEC

____________________________________________________________ Professor: Dr. Alexandre Barros da Cunha

Instituição: IBMEC

____________________________________________________________ Professora: Drª Myrian Beatriz Eiras das Neves

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332 D541

Dias, Edeson Manoel.

Decisões de financiamento de empresas brasileiras de capital aberto maduras: testando Pecking Order/ Edeson Manoel Dias. - Rio de Janeiro: Faculdades Ibmec. 2007.

Dissertação de Mestrado Profissionalizante apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Economia das Faculdades Ibmec, como requisito parcial necessário para a obtenção do título de Mestre em Economia.

Área de concentração: Finanças.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Deus, pela oportunidade e força para a realização desta pesquisa.

A minha mãe e ao meu pai (in memorian) por acreditar e incentivar-me sempre, ensinando-me o caminho da ética, moralidade, honestidade e perseverança. Ao meu filho Renan Anesi Dias pelo apoio, preocupação com o desfecho deste trabalho e compreensão pela minha ausência.

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AGRADECIMENTOS

À PETROBRAS S/A., pela oportunidade de aprendizado contínuo que tem me proporcionado ao longo da minha carreira.

Ao incansável professor Dr.Fernando Nascimento, pela riqueza das aulas de Finanças Corporativas e Econometria, pela orientação, incentivo, apoio, profissionalismo e paciência que me mantiveram motivado para a realização deste trabalho.

Aos meus grandes mestres e professores Dr.Fernando Veloso, Dr.Marcelo Mello, Dr.Alexandre Cunha e Dr. Montezano cuja determinação, ensinamentos e riqueza das aulas lecionadas contribuíram para o meu amadurecimento acadêmico e profissional.

Ao brilhante corpo docente do curso de mestrado de economia do IBMEC, pela paciência e grande disposição para transmitir os conhecimentos das matérias durante o curso.

Ao pessoal lotado na Secretária do curso de mestrado, especialmente a Rita que sempre se mostrou solícita aos meus pedidos e ao pessoal da Biblioteca que sempre foram muitos prestativos e atenciosos comigo, atendendo-me prontamente às solicitações feitas.

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Aos meus colegas e amigos do curso de mestrado, que juntos tivemos a oportunidade de compartilhar os momentos difíceis com muita solidariedade.

Ao meu amigo Antonio Carlos de Souza Sampaio Filho pelo incentivo constante para que eu continue a investir em educação, caminho mais curto para o sucesso profissional e ao Gerente Executivo de Tecnologia da Informação da PETROBRAS, Washington Luiz Faria Salles por acreditar em mim.

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"Eu não posso mudar a direção do vento, mas eu posso ajustar as minhas velas para sempre alcançar o meu destino."

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RESUMO

Esta dissertação tem por objetivo demonstrar empiricamente se a teoria conhecida como Pecking Order (Myres, 1984; Myers e Majluf, 1984) fornece explicações sobre a estrutura de capital ótima das empresas brasileiras de capital aberto maduras. Analisamos 136 empresas não-financeiras listadas nas bolsas de valores de São Paulo (Bovespa) no período compreendido entre julho de 1994 a dezembro de 2005. Nossos resultados mostram que a teoria não é aplicável para essas empresas. O motivo principal para a rejeição deve-se ao baixo custo de agência apresentado por essas empresas.

Palavras Chave: Estrutura de capital; Dados em painel; Pecking Order; Estudo empírico; Empresas Brasileiras.

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ABSTRACT

The objective of this dissertation is to demonstrate empirically if the theory known as Pecking Order (Myres, 1984; Myers and Majluf, 1984) explains the optimal structure for mature open capital Brazilian companies. We analyze 136 non financial companies listed in the stock exchange of São Paulo (São Paulo Stock Exchange) in the period between July of 1994 and December of 2005. Our results show that the theory is not applicable for these companies. The main reason for the rejection is the low cost of agency presented for these companies.

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Caractarísticas Financeiras das Empresas na amostra ano 1994-2005... 32

Tabela 2: Estatística Descritiva das Variáveis do Modelo -1994/2005. ... 33

Tabela 3: Composição Setorial por Setor maduro das empresas. ... 34

Tabela 4: Resultado da Análise pelo método Painel Efeitos Fixos... 37

Tabela 5: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios... 41

Tabela 6: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Fixos. ... 43

Tabela 7: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Fixos. ... 45

Tabela 8: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios... 47

Tabela 9: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios... 49

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LISTAS DE ABREVIATURAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

VPL Valor presente líquido

MM Modigliani e Miller

DEF Déficit financeiro

DIV Dividendos pagos

INV Investimentos líquidos

GGO Caixa gerado após juros e impostos

CCL Capital circulante líquido

DIVLIQUIDA Dívida líquida

DIVIDALP Dívida de longo prazo

DIVIDACP Dívida de curto prazo

∆D Dívida líquida emitida

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

2 REVISÃO DA LITERATURA ... 13

2.1 Estrutura de Capital e valor da firma ... 13

2.1.1 Teoria dos Custos de Agência... 17

2.1.2 Teoria da Sinalização ... 18

2.1.3 Teoria das Informações Assimétricas ... 19

3 TEORIA “PECKING ORDER” ... 21

4 O MODELO... 27

5 DADOS ... 31

6 ANÁLISE EMPÍRICA PRINCIPAL ... 36

7 TESTES E ANÁLISE DE ROBUSTEZ DOS RESULTADOS ... 40

8 COMPARAÇÃO COM OS RESULTADOS ENCONTRADOS NA LITERATURA INTERNACIONAL E BRASILEIRA SOBRE FONTES DE FINANCIAMENTOS DAS EMPRESAS ... 51

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1 INTRODUÇÃO

Desde a proposição da irrelevância de Modigliani e Miller (1958), a escolha da estrutura de capital pode ser explicada a partir do relaxamento de algumas de suas hipóteses. Uma das mais importantes teorias que surge a partir desses relaxamentos é a “Pecking-Order”, ou escolha da estrutura de capital de forma hierárquica.

A teoria “Pecking Order” explica que devido aos custos de agência da firma – custos entre credores e gerentes, entre credores e acionistas e entre acionistas e gerentes - a escolha da estrutura de capital ótima da firma se dá da seguinte maneira: a firma escolhe primeiro se financiar internamente, com lucros retidos, em seguida se financia com dívida da menos arriscada até a mais arriscada e finalmente após esgotadas todas estas formas decide se financiar com ações.

É de se esperar que a teoria de “Pecking Order” não seja uma boa descrição da escolha da estrutura de capital de firmas que apresentam baixos custos de agência. Há diversas razões apontadas na literatura para empresas apresentarem baixos custos de agência. Por exemplo, algumas das razões seriam: o número de investidores institucionais, a participação dos gerentes nos lucros, o tamanho relativo dos ativos imobilizados, o tamanho dos ativos, a

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Firmas maduras são aquelas cujas ações são negociadas em bolsa de valores com liquidez há muito tempo, que apresentam balanços contábeis detalhados com freqüência, que apresentam crescimento mais próximo do crescimento de longo prazo, ou que pertencem a setores relativamente mais maduros da economia ou apresentam, em geral, menores custos de agência do que firmas jovens, ou em fase de crescimento acelerado.

Estas características aumentam o conjunto de informações dos investidores dessas firmas, logo diminuindo seus custos de agência.

No caso brasileiro, há um grupo de empresas de capital aberto que se enquadram na classificação de empresas maduras. Naturalmente, uma pergunta surge: “Pecking Order” explica bem a decisão de financiamento destas empresas?

Neste trabalho vamos tentar responder esta questão. Para respondê-la vamos utilizar metodologias baseadas em Shyam-Sunder e Myres (1999) e Frank e Goyal (2003). Vamos utilizar uma base de dados de corporações brasileiras composta por 136 empresas que apresentam informações contábeis detalhadas desde julho de 1994 até dezembro de 2005 e que possuem ações negociadas em bolsas de valores com liquidez. Ao todo são 136 empresas dos mais variados setores da economia.

Nossos resultados indicam que “Pecking Order” não descreve bem a escolha de financiamento dessas empresas. Elas não seguem uma ordem pré-determinada nas decisões de estrutura de capital. A razão principal é o fato de apresentarem baixos custos de agência. Nossos resultados se mostraram robustos a diversas especificações, técnicas econométricas e a diferentes períodos amostrais.

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Esta dissertação se enquadra em uma vasta literatura que analisa empiricamente a estrutura de capital de empresas de capital aberto. Só para citar alguns artigos temos Titman e Wessles (1988) e Rajan e Zingales (1995). Os primeiros analisaram “Pecking Order” para os EUA e os segundos para os demais países do G7. O Brasil conta com um número reduzido de trabalhos empíricos sobre o tema, tornando-se um campo vasto com amplas possibilidades de estudos nos próximos anos.

O restante desta dissertação está estruturada da seguinte maneira: A seção 2 apresenta a revisão da literatura. A seção 3 apresenta a Teoria “Pecking Order”. A seção 4 apresenta o modelo. A seção 5 apresenta os dados. A seção 6 apresenta a análise empírica principal. A seção 7 apresenta os testes e análise de robustez. A seção 8 apresenta a comparação com os resultados encontrados na literatura internacional e brasileira e a seção 9 conclui.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 ESTRUTURA DE CAPITAL E VALOR DA FIRMA

Um dos temas centrais da teoria de finanças corporativas diz respeito à estrutura de capital das empresas. A forma como as empresas utilizam capital próprio e capital de terceiros denomina-se estrutura de capital. O capital próprio são os recursos oriundos dos sócios ou acionistas, enquanto o capital de terceiros são os recursos financeiros obtidos de terceiros por meio de dívidas.

A estrutura de capitais das empresas tornou-se um tema de destaque a partir do artigo de Modigliani e Miller (1958), doravante chamado de MM, que propõe que a forma de financiamento é irrelevante na determinação do valor da empresa, ou seja, a empresa não pode alterar o valor dos seus títulos simplesmente mudando as proporções de uso de capital de terceiros ou próprio em sua estrutura de capital.

MM (1958) apresentam três proposições as quais norteiam o estudo da estrutura de capital das empresas. Essas proposições são amplamente difundidas por meio de publicações largamente usadas em finanças corporativas.

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A proposição MM I (1958) nos mostra que o valor da firma independe de sua estrutura de capital, sob as seguintes hipóteses: Não existe arbitragem, os mercados seriam perfeitos e não existiam impostos.

Considerando essas hipóteses acima, MM (1958) afirmam que o valor da empresa desalavancada quando utiliza somente capital próprio é igual ao valor da empresa alavancada quando utiliza tanto capital próprio quanto de terceiros. O percentual de endividamento da empresa pode ser compensado pelo endividamento da pessoa física. Considerando essa premissa, pode-se dizer que a política de financiamento da empresa é irrelevante. Esse contexto se confirma, supondo a taxa de juros utilizada nos empréstimos às pessoas físicas sejam idênticas às taxa de juros das pessoas jurídicas.

A proposição MM II (sem impostos): Nesse caso, eles afirmam que a taxa de retorno do capital próprio varia proporcionalmente de acordo com o nível de endividamento. Isso nos leva a intuição econômica de que o risco do capital próprio deve ser maior quando a empresa se endivida, pois passam a existir credores a serem pagos. Estas proposições somente são verdadeiros supondo as seguintes restrições: Não existe imposto, não existe custo de transação e os indivíduos e as firmas pegam empréstimo com a mesma taxa.

A proposição MM I (com impostos): Nesse caso, a estrutura de capital torna-se relevante e afeta o valor da empresa. MM afirmam que o valor de uma empresa alavancada é igual ao valor de uma empresa não alavancada, somando ao valor presente do benéfico fiscal proporcionado pelo endividamento. A novidade nessa proposição é alíquota do imposto de renda, incentivando as empresas a buscarem o máximo de endividamento, pois os juros devidos aos credores são considerados despesas dedutíveis do lucro antes da tributação.

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A proposição MM II (com impostos): Nesse caso, a taxa de retorno do capital próprio varia proporcionalmente ao nível de endividamento, porém essa taxa é reduzida pela utilização da alíquota do imposto. O benefício fiscal poderia levar as empresas, no limite, a uma estrutura de capital baseada somente em capital de terceiros, segundo MM. Estudos empíricos demonstram que diferentes empresas apresentam níveis diversos de capital próprio e de terceiros.

Para MM (1961), as empresas devem usar o máximo de capital de terceiros quanto possível. Porém, no mundo real o que observamos é as empresas limitarem o uso de capital de terceiros devido os custos de falência ou custos de dificuldades financeiras, que podem ser segmentados em custos diretos, como despesas judiciais, administrativas da situação de falência ou concordatária, e custos considerados indiretos, como a redução da capacidade operacional da empresa e os custos de agenciamento. A possibilidade de falência de uma empresa afeta negativamente o valor da empresa em razão dos custos atrelados a esse risco. Em razão dos custos de falência as empresas utilizam de forma moderada capital de terceiros em suas estruturas de capital. Em síntese, as empresas buscam o nível ótimo de endividamento que possam maximizar o valor da empresa.

A proposição de MM III (1961) nos mostra que a política dos dividendos é irrelevante. Para entender melhor essa proposição, partimos de um trabalho pioneiro e clássico sobre políticas de remuneração escrita por MM (1961). O resultado básico encontrado pelos autores foi que sob certas hipóteses a política de dividendos praticada pelas empresas não afeta o seu valor, ou seja, os dividendos são irrelevantes.

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para analisar a política de remuneração das empresas, definindo as seguintes hipóteses para validação do mercado: os mercados seriam perfeitos, não existiriam custos de transação ou impostos diferenciados, os agentes seriam racionais e existiria certeza de investimentos e lucros futuros.

Uma política de dividendos irrelevante para o acionista significa que para ele seria irrelevante receber os dividendos, pois seu retorno do investimento feito não seria afetado pela decisão sobre qual política a empresa adotaria. Para defender a política de irrelevância dos dividendos são utilizados três argumentos: a avaliação da empresa se baseia em seus ativos, existe a valorização semelhante dos diferentes ativos e o efeito clientela.

Modigliani e Miller (1961) argumentam, considerando um mercado perfeito, o valor da empresa é determinado apenas pelo seu fluxo de caixa. O destino dos lucros que pode ser retidos ou distribuídos não afeta o valor da empresa.

Em um mercado perfeito, o retorno esperado de todos os títulos ou investimentos seriam iguais. Isso ocorre porque, em vista da simetria de informações, as taxas de risco seriam iguais. Desta forma, os fluxos de rendimentos futuros seriam todos descontados das mesmas taxas.

O efeito-clientela dispõe que uma empresa atrairá acionistas que preferem a política de pagamento de dividendos por ela utilizada. Sendo assim, se a empresa adotar uma política de distribuição de bons dividendos, deverá mantê-la, pois o valor das suas ações dependerá da manutenção dessa prática. Isso porque a redução do pagamento de bons dividendos pode ser interpretada pelos acionistas como um indicador de mau desempenho da empresa. O mesmo

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vale para as empresas que adotam a política de retenção de lucros para realizar reinvestimentos.

Diante das proposições apresentadas por Modigliani e Miller surgem algumas teorias que relaxam essas hipóteses:

2.1.1 Teoria dos Custos de Agência

Uma das principais contribuições na área de estrutura de capital foi impulsionada por Jensen e Meckling (1976). O ponto central dessa teoria é o relacionamento entre o principal e o agente, em que o primeiro contrata o segundo para executar algum tipo de serviço. A lógica dessa teoria, é que se cada um busca maximizar suas utilidades, haverá conflitos de interesses, o que acaba gerando custos de agência.

Essa teoria desafia a premissa de Modigliani e Miller de que as decisões de investimentos independem da estrutura de capital. Segundo essa teoria, é possível se determinar um nível ótimo de endividamento a partir do equilíbrio entre os custos de agência oriundos dos conflitos de interesse entre os agentes internos e externos a empresa. Nesse caso, o nível ótimo é definido quando o custo de agência total é minimizado. Pode-se entender como custo de agência total como sendo a soma do custo de agência do capital próprio externo e o custo de agência da dívida. O custo de agência do capital próprio é gerado quando existe conflito de interesses entre os acionistas e administradores.

O conflito de interesses, segundo Jensen (1986) quando existe fluxo de caixa livre, que pode ser entendido como o caixa excedente após o financiamento de todos os projetos que apresentem VPL positivo. Nesse caso, quanto maior for à sobra do caixa, maior a tendência

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se reduzir os custos de agência do capital próprio, a primeira alternativa é aumentar as participações acionárias dos administradores, aliando seus interesses aos da empresa. A segunda alternativa é utilizar capital de terceiros de forma mais intensiva.

O custo de agência das dívidas é gerado pelo conflito de interesses entre acionistas e credores, nesse caso, esse custo passa a ser um limitador para o aumento do endividamento. O aumento da participação de acionistas externos na empresa está ligado ao aumento de custo de agência do capital próprio externo. Ao contrário ocorre com o custo de agência das dívidas que diminui com o aumento da participação dos acionistas externos.

2.1.2 Teoria da Sinalização

A teoria de sinalização tem sua idéia básica apoiada na concepção que os administradores, conhecem os fluxos de caixa futuros da empresa, enquanto que os investidores, que irão emprestar o dinheiro na forma de capital próprio ou dívida, não conhecem os resultados desses fluxos.

Ross (1977) afirma que no modelo de sinalização, as empresas tem conhecimento de seus fluxos de caixa futuros. Sendo assim, uma maneira dos administradores sinalizarem para o mercado que tem fluxo de caixa positivos no futuro é tomando dívidas. A dívida sinaliza que as empresas possuem boa saúde financeira e terão fluxo de caixa suficiente para o pagamento dos juros e da dívida no longo prazo.

Os investidores avaliam endividamento nas empresas como um bom sinal. As empresas em má situação financeira são menos endividadas, já que empresas com pouco valor têm custos de concordata elevados para um nível de endividamento. Estas empresas não irão emitir

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dívidas devido a estes custos elevados. Ross (1977) afirma que no modelo de sinalização, o valor da empresa e o endividamento são positivamente relacionados.

A lógica do modelo de sinalização é que as empresas com maior endividamento, possuem uma parcela do capital próprio pertencentes a gestores e tem maior controle sobre seu capital. Esta relação tende a ocorrer em empresas com oportunidade de crescimento, cujo valor está mais relacionado com as oportunidades que propriamente com os ativos da empresa.

2.1.3 Teoria das Informações Assimétricas

A imperfeição de mercado devido à informação assimétrica (Myres e Majluf, 1984) é a base de três linhas diferentes para explicar a política de dividendos utilizada pelas empresas que são: Sinalização de dividendos, custos de agência e hipótese de fluxo de caixa livre.

A informação assimétrica entre os executivos de empresas e os acionistas, é o ponto central do modelo de sinalização de dividendos. A política de dividendos é um modo de transmitir uma mensagem ao mercado, o qual tem um custo menor e uma maior eficácia quando comparado com outras maneiras de fazê-lo.

A teoria dos custos de agência utiliza a política de dividendos como explicação de uma forma alinhar os interesses e incentivos dos acionistas e os executivos. A política de dividendos reduz os custos de agência, devido ao aumento de monitoramento pelo mercado de capitais.

A distribuição de altos dividendos reduz o caixa disponível das empresas para o consumo e oportunidades de investimentos, e requerem que os executivos continuem necessitando do mercado de capitais para seu financiamento, e assim reduzindo o custo de agência.

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Além dessas 3 teorias que relaxam as hipóteses apresentadas por Modigliani e Miller (1958-1961), surge uma outra que é considerada em finanças corporativas uma das mais importante teoria denominada “Pecking Order”, ou escolha da estrutura de capital de forma hierárquica, que será apresentada na seção 3 de forma separada por ser de suma importância para entendimento dessa pesquisa empírica.

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3 TEORIA “PECKING ORDER”

A teoria “Pecking Order” que testa as decisões de financiamento proposta por Myres (1984) e Myers e Majluf (1984) mostram como a assimetria da informação influencia nas decisões de financiamento das empresas. Os gerentes usam informações privilegiadas para se financiar com ativos arriscados quando a firma está valorizada. Como os investidores são racionais, eles antecipam esta ação e descontam o valor da firma quando ativos arriscados são utilizados para implementação de novos projetos. Sendo assim, o financiamento por estes meios é interpretado pelo mercado como uma má notícia e na data da emissão da ação, o valor de mercado das antigas ações sofre uma queda.

A Teoria “Pecking Order” explica a razão pela quais as empresas mais lucrativas normalmente recorrem menos aos empréstimos. As empresas menos lucrativas emitem dívidas porque não dispõem de fundos internos suficientes para financiar o seu plano de investimento e porque o financiamento por dívida está em primeiro lugar na hierarquia das escolhas do financiamento externo.

Myres e Majluf (1984) reconhecem que as informações relevantes não estão distribuídas uniformemente no mercado de capitais, neste caso, os administradores das empresas estão mais bem informados do que os investidores de uma forma geral, fazendo com que haja um

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financeira. Eles explicitaram mais a relação de acesso a informações por parte de administradores e acionistas, com a abordagem da assimetria de informação e expectativas racionais. Com base nesses pressupostos, passaram a discutir decisões de estrutura de capital das empresas, tais como emissão de ações, emissão de dívida e fusões entre empresas.

Nesse contexto, o tema central no modelo da hierarquia das informações na estruturas de capital das empresas é essa assimetria de informação entre os administradores das empresas e os investidores externos mal informados. Num mercado cada vez mais competitivo, as informações sobre os projetos das empresas são de suma importância para que os investidores sintam mais confiança para realizar seus investimentos.

Quando a firma está valorizada, os administradores utilizam ativos arriscados para financiarem os projetos e os investidores descontam o valor da firma quando esses ativos arriscados são utilizados.

A assimetria de informação está presente na relação entre o principal (emprestador) e o agente (tomador), ou seja, quando umas das partes dispõem de uma informação imprescindível ao negócio, a qual a outra parte não tem. Esse tipo de relação causa dois tipos de problemas nas transações comerciais: risco moral e seleção adversa. No primeiro caso refere-se ao fato do agente fazer uso de informações em benefício próprio, após ser lavrado o contrato, trazendo prejuízo ao principal. Sendo que a seleção adversa ocorre porque os tomadores conhecem melhor sua capacidade de saldar a dívida do que o emprestador.

Segundo Myers (1984) e Shyam-Sunder e Myers (1999), a teoria do “Pecking Order“ não prescreve um nível de endividamento ótimo. As compensações entre os benefícios fiscais e os

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ordem”. Segundo a teoria "Pecking Order", o endividamento se altera com o desequilíbrio dos fluxos de caixa internos e as oportunidades de investimentos. Mudanças no endividamento são direcionadas pelas necessidades de recursos externos, não pela tentativa de se alcançar uma estrutura ótima de capital.

Frank e Goyal (2003) testaram a teoria “Pecking Order” em firmas americanas de capital aberto no período de 1971 a 1988 e encontraram evidências que emissão de ações são mais comuns que a utilização de recursos internos para financiamento de investimentos em empresas menores, enquanto firmas grandes exibem alguns aspectos dessa teoria.

A fim de minimizar os custos de assimetria de informação, as firmas financiarão seus projetos seguindo uma ordem hierárquica de recursos: recursos internos, títulos sem risco, títulos com risco e por último lançamento de novas ações, validando dessa forma a teoria “Pecking Order”.

A “Pecking Order” considera que empresas com maiores assimetrias de informação, tais como as pequenas e aquelas cujo crescimento é considerado elevado pelos padrões normais, ajustar-se-iam melhor à teoria. O resultado encontrado por Frank e Goyal (2003) foi exatamente o contrário da teoria. As maiores empresas foram as que mais se ajustaram a “Pecking Order”, principalmente no primeiro período considerado, fato que foi diminuído nos anos subseqüente. O motivo principal apresentando pelos autores foi uma maior emissão de ações nos anos 90 e a entrada de muitas pequenas empresas no mercado

Esses resultados encontrados dão sustentação à presença da “Pecking Order” na estrutura de capital na forma fraca. Apesar dos resultados encontrados, outros testes levaram Frank e

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aproximação do que a emissão de dívida, contrariando a teoria. Argumentam também que embora as grandes empresas apresentem alguns aspectos da “Pecking Order”, a evidência não é robusta quando são incluídas outras variáveis associadas à alavancagem.

O resultado encontrado no modelo testado por Shyam-Sunder e Myers (1999) foi criticado por Chirinko e Singha (2000), assim como os resultados que favoreceram a presença da “Pecking Order”. Chirinko e Singha (2000) mostram em sua pesquisa que a emissão de ações poderia ter sido feita antes da emissão de novas dívidas, mesmo que em proporções menores.

Em outra pesquisa empírica, Titman e Wessels (1988) analisaram os fatores determinantes da estrutura de capital para o mercado americano para o período de 1974 a 1982. Encontraram que o nível de endividamento das empresas americanas apresenta uma relação negativa com os fatores endividamento (curto e longo prazos), rentabilidade (curto e longo prazos) e tamanho (curtos e longos prazos). O artigo destaca que firmas menores apresentam custos de endividamento inferiores ao custo de emissão de ações, especialmente no curto prazo, neste caso, devendo manter maior nível de endividamento no curto prazo. A evidência empírica encontrada por eles de que empresas com maior nível de rentabilidade tendem a apresentar menor nível de endividamento mostra-se coerente com a teoria “Pecking Order”.

No trabalho de Rajan e Zingales (1994), considerando como endividamento o total de passivos que não dão direitos às prerrogativas de capital, os autores observaram que as empresas americanas e anglo-saxão apresentam, em média, uma taxa de capital de terceiros em torno de 56% e 44% de capital próprio e as companhias européias e japonesas apresentam, em média uma percentual de capital de terceiros de 70% e capital próprio de 30%, ao contrário do que se poderia pressupor. Porém, se o índice utilizado for à relação entre

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crédito a mais do que capital, as empresas do Reino Unido 28% a mais de crédito, sendo que as empresas da França, Itália e Japão detêm respectivamente, 48%, 47% e 52% de crédito a mais que capital.

Dessa forma, verifica-se inicialmente que as firmas dos países mais desenvolvidos são muito mais alavancadas que as firmas dos países em desenvolvimento. Como os recursos de capital são todos negociáveis no mercado, após a companhia se tornar aberta, em média, 40% dos recursos serão necessariamente negociáveis no mercado, mesmo que a empresa se utilize de recursos de terceiros, totalmente captados fora do mercado de capitais. Sendo assim, a estimativa de 40% dos recursos circularem no mercado está relacionada com os parâmetros médios internacionais.

No Brasil, encontramos dois trabalhos desenvolvidos por Ferreira e Brasil (1997) e Gomes e Leal (2001). Ferreira e Brasil (1997) testaram a hipótese da “Pecking Order” em uma amostra de empresas brasileiras dos setores têxteis e de vestuário, no período de 1987 a 1995. Os resultados encontrados nos testes empíricos confirmam a hierarquia das fontes prevista pela teoria da “Pecking Order”. Em primeiro lugar o autofinanciamento obteve a preferência dos gestores (46,6%), depois o endividamento (31,2%) e, ações (20,4%).

Gomes e Leal (2001) analisando os fatores determinantes da estrutura de capital para o período entre 1995 a 1997 encontraram uma relação positiva entre a alavancagem e os fatores tangibilidade e risco; relação inversa para os fatores rentabilidade, crescimento e tamanho; e resultado não-significativos para a classificação da indústria. A relação negativa encontrada para o fator crescimento coincide com a teoria de trade-off, a exemplo do verificado por Rajan Zingales (1995). A relação negativa entre o endividamento e rentabilidade concorda

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Assaf Neto (2003) afirma que no o custo de financiamento em curto prazo no Brasil é muito oneroso, tanto que no país as estruturas de capital ou são bastante capitalizadas ou operam extremamente endividadas.

Eid Junior (1996) analisando os resultados obtidos após recebimento de questionário enviado a 1126 empresas, onde 161 responderam: destas, 59% eram empresas de capital aberto; 35%, de capital fechado; e 6%, composto de associações, fundações e outros. O autor afirma que as empresas usam a fonte de financiamento economicamente mais proveitosa sem se preocupar com a estrutura de capital. O resultado obtido aponta uma hierarquia diferente da “Pecking Order”, na seguinte ordem: capital de terceiros (54%), seguido de capital próprio (35%) e por último pelos lucros retidos (11%).

Zonenschain (1998) em sua pesquisa objetivou identificar a forma como as empresas brasileiras financiam suas atividades, ou seja, quais as fontes a que recorrem. Os resultados de Zonenschain (1998) indicaram que a grande maioria das organizações estudadas no período de 1989 a 1996 recorreu à emissão de ações como fonte de recursos. Porém, ao se analisar os anos estudados separadamente, verificou-se que após 1994 a maior parte das empresas utilizaram como fonte de recursos o autofinanciamento em detrimento da emissão de ações. A autora destacou que a pesquisa pode conter alguns problemas metodológicos que possivelmente interferiram nos resultados.

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4 O MODELO

Essa pesquisa empírica tem o propósito de testar a teoria “Pecking Order” no âmbito de uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto maduras. Para atingir o objetivo, foram utilizados dados obtidos a partir de demonstrações financeiras divulgadas pela Economática®, sendo a metodologia similar à utilizada por Frank e Goyal (2003).

Foram coletados dados anuais de 136 empresas listadas na Bolsa de Valores do ano de 1994 a 2005, extraídos da base de dados da Economática. As empresas foram selecionadas pelos seguintes critérios: (i) empresas que apresentaram dados anuais completos ao período de análise; (ii) empresas consideradas maduras por apresentarem custos de agências menores do que empresas jovens, suas ações são negociadas nas bolsas de valores no período da amostra com liquidez e apresentam balanços contábeis detalhados com freqüência; (iii) empresas não-financeiras. Para retirar o efeito inflacionário dos dados coletados, os valores foram convertidos pelo dólar médio anual de cada ano respectivo.

De modo a padronizar as variáveis, procurando minimizar o efeito tamanho, bem como reduzir problemas de heteroscedasticidade devido à existência de valores contábeis muito discrepantes, todas as variáveis foram divididas pelos ativos totais das respectivas empresas, tal como no modelo de Frank e Goyal (2003).

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Na primeira equação, partiu-se do déficit desagregado para descrever o modelo Frank e Goyal (2003) representativo da Hierarquia da Ordem:

(1) DEFit = DIVit + Iit + ∆Wit -CGOit = ∆Dit + ∆Eit Onde:

DEFit Déficit financeiro apresentado pela empresa i no ano t.

DIVit Dividendos pagos pela empresa i no ano t.

Iit Investimento líquidos em ativos fixos pela empresa i no ano t.

∆Wit Variação do capital circulante líquido da empresa i no ant t.

CGOit Caixa gerado após juros e impostos pela empresa i no ano t.

∆Dit Dívida líquida emitida pela empresa i no ano t.

∆Eit Emissões líquidas de ações pela empresa i no ano t.

Na teoria original de Myers (1984), bem como nos estudos empíricos de Shyam-Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003), DEF é considerada exógena, desde que a empresa esteja apta a emitir dívida saudável, isto é, que não tenha muito risco para a empresa. Isso significa que a curva de oferta de crédito à empresa seria horizontal, ou seja, seria possível à empresa emitir dívida sem aumentos progressivos dos juros. Assim, não haveria retorno entre DEF e a variação do endividamento (∆D). Caso contrário, ocorreria viés de simultaneidade, em que DEF seria correlacionada com u, e a equação teria que ser novamente estimada, dessa vez sendo utilizados outros métodos, de modo a evitar o viés de simultaneidade, o que faria com que os parâmetros estimados fossem enviesados e inconsistentes. Na presente dissertação, assumiu-se com válida a hipótese de exogeneidade de DEF e de seus componentes.

(34)

Na segunda equação, foi feita uma especificação tendo como variável independente o déficit agregado, isto é:

(2) ∆D it =α+β DEF(it)+eit

Onde eit é o termo aleatório i.i.d ~N (0, σ2 ) equação

O subscrito t refere-se ao período de tempo e o subscrito i refere-se à enésima empresa. ∆ é o operador de diferença de 1ª ordem e Dit o endividamento líquido, sendo assim, ∆Dit = Dt- Dt-1,

e DEF(t) o déficit de fundos.

A variação no endividamento (∆D) é dado por uma única variável, o déficit em fundos (DEF). Este é a diferença entre os investimentos realizados na empresa, tanto em bens de capital quanto em capital de giro e a geração de caixa.

A teoria “Pecking Order” considera que todos os componentes da variável DEFit são

exógenos, desde que dívidas sem risco possam ser emitidas. Não existe nenhum tipo de incentivo para alterar a ordem hierárquica prevista nesta Teoria e emitir ações.

Ao se estimar a equação (2) espera-se na forma forte que α=0 e β=1, enquanto na forma fraca,

α pode ser diferente de zero e β deve ser próximo de 1, porém menor.

Em sua forma fraca admite-se certo nível de emissão de ações. Neste caso, o coeficiente β seria menor, porém muito próximo à unidade e a outra constante α poderia ser diferente de zero, sem tornar o modelo inválido.

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recursos internos suficientes para financiarem seus projetos sem incorrer em novas dívidas ou emissão de ações novas.

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5 DADOS

Os dados coletados e utilizados na pesquisa foram extraídos dos demonstrativos contábeis consolidados, disponíveis na Economática, para as variáveis microeconômicas e para a variável macroeconômica (taxa de câmbio) foram coletados dados do site do Banco Central do Brasil (www.bcb.gov.br), sendo considerados a média diária de cada ano.

A hipótese deste trabalho é a de que as empresas brasileiras mais maduras não tomam suas decisões de financiamento baseadas na teoria “Pecking Order”. A razão principal para isto seria que estas empresas apresentam custos de agência menores que as empresas menos maduras. Vamos considerar como maduras no Brasil empresas de capital aberto já consolidadas no mercado, com expressiva geração de receita e necessitam de recursos financeiros, seja para novos projetos ou para aquisição de outras empresas de acordo com suas demonstrações contábeis.

Nosso período amostral se inicia logo após a implantação do Plano Real em julho de 1994. A idéia de escolher esse período é excluir o período de alta inflação já que a literatura da estrutura ótima de capital analisa decisões de financiamento das firmas em contextos de baixa inflação. Se considerássemos o período de inflação, possivelmente estaríamos enviesando nossos resultados.

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Selecionamos dados anuais, para o período compreendido entre 1994 a 2005, para uma amostra de 136 empresas, distribuídas nos diferentes setores industriais como expostos na tabela 1.

Tabela 1: Caractarísticas Financeiras das Empresas na amostra ano 1994-2005.

Setor Total Setor Total

Siderurgia & Metalurgia 27 Construção 6

Petróleo e Gas 9 Comércio e serviços 16

Alimentos e Bebidas 12 Telecomunicações 3

Energia Elétrica 13 Outros setores 18

Química e textil 32

Total 136

Fonte: Economática PAINEL A

Na tabela 1 observamos que 47% da amostra atuam nos Setores de Siderurgia & Metalurgia e Química & Têxtil. Esses dois setores da economia são bem representativos de empresas já consolidadas no mercado acionário brasileiro. Além da perspectiva de reaquecimento do setor industrial brasileiro, o setor vive um de seus melhores momentos no mercado externo. A intuição econômica é que a China, um dos principais compradores de aço, continua demandando o produto no mercado internacional, sendo esse setor considerado um dos principais catalisadores da bolsa no médio prazo. Em relação ao setor Químico e têxtil, o desempenho de algumas indústrias químicas comprova o sucesso do setor têxtil.

(38)

values), que revelam a não normalidade de todas as variáveis. Todas as variáveis foram divididas pelos ativos totais das respectivas empresas, de modo o minimizar o efeito tamanho e a ocorrência de heteroscedasticidade.

Tabela 2: Estatística Descritiva das Variáveis do Modelo -1994/2005.

PAINEL B

Estatística Variável

DIV INV CCL CGO DEF DIVLIQ

Média 46436.26 2.523878 0.631391 0.059217 3.129335 11.65607 Mediana 2073.165 0.186981 0.026977 0.004867 0.243926 11.66484 Máximo 3062341. 241.2440 68.46481 3.920198 241.8747 17.05394 Mínimo 10492.18 2.442.291 3.710.550 1.337.008 3.527.022 4.006969 Soma Desvios Quadrado 173618.4 13.17855 5.541766 0.317673 15.63282 2.106896 Desvio Padrão 8.507872 9.073508 4.725875 7.309636 7.392688 0.119227 Curtose 101.6613 112.7986 55.49310 67.76487 75.41107 2.812380

Jarque-Bera 681604.2 842183.6 193450.6 299758.4 371186.4 4.530177 p-value 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.000000 0.103821 Soma 75783981 4118.969 1030.431 96.64277 5103.945 13765.82 Soma Desv. Quadrado 4.92E+13 283262.7 50089.92 164.5938 398347.6 5238.031

Observações 1632 1632 1632 1632 1631 1181

Empresas utilizadas 136 136 136 136 136 136

Fonte - Economática Unidade - dólar mil

As estatísticas descritivas mostram o número total de observações válidas, de 1632. Este número representa as observações que são válidas no conjunto, ou seja, considerando todas as variáveis do modelo de Frank e Goyal (2003). O valor mínimo e máximo das variáveis possibilitam perceber o comportamento particular das variáveis DIV, INV, CCL, CGO, DEF e DIVLIQ. A curtose positiva indica que as observações estão menos dispersas e provocam caudas mais grossas que a distribuição normal.

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Tabela 3: Composição Setorial por Setor maduro das empresas. PAINEL C AÇÕES (%) (%) (%) (%) (%) (%) Siderurg e Metal 6,81 25,50 31,83 40,90 46,90 7,63 55,58 Petróleo e gás 8,29 32,26 22,65 35,73 44,03 10,08 45,55 Aliment e bebidas 11,66 7,94 11,66 5,37 6,29 3,89 7,51 Energia elétrica 9,50 24,34 31,09 36,85 46,38 -13,10 92,70 química e têxtil 5,05 6,10 6,09 4,72 9,78 1,97 12,71 Construção 4,59 11,96 8,40 11,16 15,76 -8,70 2,24 Comérc e Serviços 7,63 14,46 9,32 15,05 24,71 11,25 14,69 Telecomunic 1,33 20,14 16,46 2,08 3,41 -3,07 76,23 Setores diversos 0,19 31,75 17,66 15,85 16,04 4,14 18,37 Fonte - Economática (%)

SETOR DÍVIDA LIQ DÍVIDA CP DÍVIDA LP DEF CCL IMOBILIZADO

A tabela 3 mostra a Composição setorial por Setor maduro das empresas considerando a média anual. O Setor alimentos e bebidas apresentam o maior percentual de dívida líquida. Os setores que deram maior ênfase à emissão de ações foram: Siderurgia e Metalurgia (31,83%), Petróleo e Gás (35,73%), Energia Elétrica (36,85%), Comércio e Serviços (15,05%). Essas empresas recorrem ao mercado de capitais para financiar suas necessidades de investimentos. A intuição econômica é que essas empresas que atuam nesses Setores apresentam uma grande liquidez de suas ações, fazendo com que haja grande interesse dos investidores. O raciocínio que se poderia fazer é que essas empresas podem buscar no mercado acionário capital para realizar seus investimentos, reservando seu caixa livre para assumir compromissos de curto prazo. Os Setores de Siderurgia e Metalurgia (31,83%), Petróleo e Gás (22,65%), Alimento e bebidas (11,66%), Energia Elétrica (31,09), Química e Têxtil (6,09%) e Telecomunicações (16,46%) apresentam alto percentual de dívida de longo

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buscando alternativas de pagamento no longo prazo, pois a taxa é mais atraente comparada com as taxas ofertadas pelo Setor Bancário.

Em suma, alguns setores da economia brasileira, a emissão de ações assume importância maior do que o endividamento de curto e longo prazo. Esse resultado é corroborado pela teoria da agência que confirma que as empresas que possuem baixos custos de agência preferem financiar seus investimentos por meio de emissão de dívidas.

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6 ANÁLISE EMPÍRICA PRINCIPAL

A análise empírica principal tem como variável dependente à dívida líquida (divliquida).

Foram realizados regressões em painel com efeitos fixos e com efeitos aleatórios.

Nas regressões constantes nas tabelas 4, vamos testar inicialmente a forma forte de “Pecking Order”, de acordo com a equação (2), tendo como variável independente o déficit agregado:

(2) ∆Dit =α+β DEFit+eit .

Espera-se na forma forte que α=0 e β=1, enquanto na forma fraca, α pode ser diferente de zero e β deve ser próximo de 1, porém menor.

Utilizamos painel efeito fixo para a equação principal (2). Nessa regressão não foi utilizada nenhuma variável binária.

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Tabela 4: Resultado da Análise pelo método Painel Efeitos Fixos.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVLIQUIDA Constante 3.30 (0.0) p-valor 8.18 t-estatístico DEF 0.05 (0.0) p-valor 13.11 t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.589 R-ajustado ao quadrado 0.552 S.E. da regressão 15.929

Soma do resíduo ao quadado 379362.2

Log likelihood (6761.83)

Estatística Durbin-Watson 1.030

Média Dependente variável 4.431

S.D. dependente variável 23.812 . Critério Akaike 8.454 Critério Schwarz 8.907 F-estatísitca 15.805 Probabilidade (F-estatistica) 0.00 nº de observações 1632

Resultado da análise pelo método Painel Efeitos Fixos da variável dependente - divliquida das empresas que atuam

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A tabela 4 mostra o resultado da estimação da equação (2). O resultado esperado para a variável explanatória agregada é que o seu coeficiente seja bastante próximo de zero, para o modelo que rejeita inteiramente a “Pecking Order”. Essa tabela mostra os valores dos coeficientes estimados, o R2 da regressão, os erros padrões (SE) dos coeficientes, as estatísticas t para a significância de α e β e para β =1 e o intervalo de confiança para β. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

Verifica-se que a hipótese Ho: α = 0 não é aceita, assim como β = 1, ambas ao nível de 1%, contrariando a versão forte da teoria “Pecking Order”. Na forma fraca, Ho: β = 0,05 não é aceita ao nível de 1%, invalidando também a versão fraca da teoria. Nessa equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam-Sunder (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é mais elevado que aquele obtido por Shyam-Sunder que foi de 0,21, porém menor do que o obtido por Frank e Goyal que foi de 0,678.

O resultado encontrado com a metodologia usada por Frank e Goyal (2003) confirma as tendências observadas em Singh e Hamid (1992) de que as empresas nos países em desenvolvimento financiam seus investimentos com uma ênfase muito maior em fontes externas do que a verificada nos países com economia mais desenvolvida.

A intuição econômica é que as empresas maduras por possuírem baixos custos de agência, preferem financiar seus investimentos com recursos externos. Custos de agência é um tipo especial de gasto que decorre de conflitos de interesses existentes na organização. Para

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minimizar esses custos, as empresas maduras possuem um maior monitoramento interno de suas atividades buscando sempre aliar os interesses dos administradores com os dos acionistas para que o valor da empresa seja sempre maximizado.

Em seguida, resolvemos testar a robustez desse resultado estimando várias regressões utilizando o método painel efeitos fixos e aleatórios.

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7 TESTES E ANÁLISE DE ROBUSTEZ DOS RESULTADOS

Diversos outros testes foram realizados de modo a comprovar a análise de robustez dos resultados das regressões. Uma questão central que se coloca nessa metodologia utilizada (Dados em Painel) é a necessidade de se escolher qual o modelo (fixo ou aleatório) que melhor explica a regressão analisada. É de se esperar nessas regressões que a covariância dos resíduos seja nula e que a variância dos erros seja constante (homocedasticidade). Como a amostra analisada é composta por empresas bastante diversas entre si, é de se esperar que o pressuposto da homocedasticidade não ocorra. Foi utilizado o estimador de White (1980) que permite superar o problema de heterocedasticidade e uma inferência mais precisa, com coeficientes não enviesados.

Incluímos como regressor uma variável binária que indica se a firma obtém ou não empréstimos junto ao BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social durante o período amostral de 2000 a 2005 conforme demonstrado na tabela 5.

Esta variável é relevante por que uma parte significativa dos investimentos de longo prazo de empresas brasileiras de capital aberto é como se sabe, obtida por meio do BNDES. Empresas com empréstimo junto a essa instituição apresentam menores custos de agência “ceteris

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Tabela 5: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVLIQUIDA Constante 1.521 (0.45) p-valor 0.755 t-estatístico DEF 0.05 (0.0) p-valor 14.907 t-estatístico BNDES 2.677 (0.362) p-valor 0.911 t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.216 R-ajustado ao quadrado 0.214 S.E. da regressão 10.587

Soma do resíduo ao quadado 91011.48

Estatística Durbin-Watson 0.611

Média Dependente variável 0.933

S.D. dependente variável 11.943

F-estatísitca 111.973

Probabilidade (F-estatistica) 0.00

nº de observações 815

Resultado da análise pelo método Painel Efeitos Aleatórios da variável dependente - divliquida das empresas que atuam

no período de 2000 a 2005.

Utilizamos painel efeitos aleatórios devido á presença da variável binária. A tabela 5 mostra os valores dos coeficientes estimados, O R2 da regressão, os erros padrões (SE) dos coeficientes, as estatísticas t para a significância de α e β e para β=1 e o intervalo de

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confiança para β. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

Verifica-se que a hipótese Ho: α = 0 não é aceita, assim como β = 1, ao nível de 45% e 1% respectivamente, contrariando a versão forte da teoria “Pecking Order". Na forma fraca, Ho :

β = 0,05 não é aceita ao nível de 1%, invalidando a versão fraca também dessa teoria. Nessa

equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam-Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é o mesmo encontrado por Shyam-Sunder, mas inferior ao obtido por Frank e Goyal que foi de 0,21 e 0,678 respectivamente. O resultado encontrado nessa equação não difere muito do encontrado na tabela 4.

A intuição econômica é que as empresas que conseguem empréstimos de longo prazo a custos competitivos para desenvolvimento de projetos de investimentos junto ao BNDES são as que apresentam baixos custos de agência em razão de um maior monitoramento interno de suas atividades que estão aliadas com os interesses dos acionistas. O BNDES além de fomentar o desenvolvimento e crescimento das empresas, contribui também, para o fortalecimento da estrutura de capital das empresas privadas e desenvolvimento do mercado de capitais.

No intuito de testar mais uma vez os resultados da tabela 4, resolvemos mudar o período amostral escolhendo apenas o período mais recente que se inicia em 2000 após a mudança do regime cambial.

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Tabela 6: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Fixos.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVLIQUIDA Constante 2.779 (0.05) p-valor 1.895 t-estatístico DEF 0.05 (0.0) p-valor 14.947 t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.215 R-ajustado ao quadrado 0.214 S.E. da regressão 10.585 Soma do resíduo ao quadado 91106.79 Estatística Durbin-Watson 0.611

Média Dependente variável 0.933 S.D. dependente variável 11.943 F-estatísitca 223.161 Probabilidade (F-estatistica) 0.00 nº de observações 815

Resultado da análise pelo método Painel Efeitos Fixos da variável dependente - divliquida das empresas que atuam

no período de 2000 a 2005.

A tabela 6 mostra os valores dos coeficientes estimados, o R2 da regressão, os erros padrões (SE) dos coeficientes, as estatísticas t para a significância de α e β e para β=1 e o intervalo de confiança para β. Verifica-se que a hipótese Ho: α = 0 não é aceita, assim como β = 1, ao nível de 1%, contrariando a versão forte da teoria “Pecking Order”. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

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Na forma fraca, Ho: β = 0,05 não é aceita ao nível de 1%, invalidando a versão fraca também dessa teoria. Nessa equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição mais uma vez da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam e Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é a mesmo encontrada por Shyam-Sunder, mas inferior ao obtido por Frank e Goyal que foi de 0,21 e 0,678 respectivamente.

A intuição econômica é que as empresas maduras por apresentarem baixos custos de agências preferem financiar seus investimentos por meio de recursos externos. A ordem de preferência desses recursos externos via empréstimo de longo prazo ou ações, vai depender do momento da economia do país.

Resolvemos realizar outros testes de robustez alterando a definição de dívida líquida. Analisamos a dívida líquida de curto prazo para todo período amostral de 1994 a 2005 conforme demonstrado na tabela 7.

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Tabela 7: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Fixos.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVIDACP Constante 40.305 (0.01) p-valor 2.40 t-estatístico DEF (0.18) (0.0) p-valor (11.80). t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.08 R-ajustado ao quadrado 0.08 S.E. da regressão 59.874

Soma do resíduo ao quadado 5843477

Estatística Durbin-Watson 0.667

Média Dependente variável 3.211

S.D. dependente variável 69.210

F-estatísitca 1.382.432

Probabilidade (F-estatistica) 0.00

nº de observações 1632

da variável dependente - dividacp das empresas que atuam no período de 1994 a 2005.

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A regressão constante na tabela 7 referente a Pecking Order Theory foi efetuada tendo como variável dependente à dívida líquida de curto prazo. Nela é mostrada os valores dos coeficientes estimados, O R2 da regressão, os erros padrões (SE) dos coeficientes, as estatísticas t para a significância de α e β e para β=1 e o intervalo de confiança para β. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

Os resultados contrariam a versão forte da teoria “Pecking Order”. Na forma fraca, Ho: B = 0,18 não é aceita ao nível de 1%, invalidando também a versão fraca da teoria. Nessa equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam-Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é bem menor que aqueles obtidos pelos autores estrangeiros que foi de 0,21 e 0,678 respectivamente.

O capital de terceiros tem significativa importância para as empresas, pois é o uso deste que permite aumentar o nível de atividades das empresas e financiar projetos quando estas não possuem recursos internos suficientes. O problema de pedir empréstimo é que devido à alta taxa de juros de curto prazo praticada no Brasil, as empresas brasileiras dificilmente recorrem a esse mercado de crédito. Essa é uma das razões da dificuldade das pequenas e médias empresas crescer e expandir suas atividades. As empresas maduras normalmente recorrem normalmente aos empréstimos de longo prazo via BNDES.

Na tabela 8 incluímos como regressor a variável binária BNDES. Normalmente empresas que recorrem a essa instituição são as que apresentam baixos custos de agência, pois seus

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interesses econômicos estão aliados com os dos acionistas, ou seja, aumentar o valor da empresa.

Tabela 8: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVIDALP Constante 16.844 0.05 p-valor 1.960 t-estatístico DEF 0.07 0.00 p-valor 7.451 t-estatístico BNDES 10.305 0.41 p-valor 0.82 t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.03 R-ajustado ao quadrado 0.03 S.E. da regressão 36.932

Soma do resíduo ao quadado 2221991

Estatística Durbin-Watson 0.375

Média Dependente variável 3.386

S.D. dependente variável 37.543

F-estatísitca 28.206

Probabilidade (F-estatistica) 0.00

nº de observações 1632

Resultado da análise pelo método Painel Efeitos Aleatórios da variável dependente - dividalp das empresas que atuam

no período de 1994 a 2005.

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confiança para β. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

Na forma fraca, Ho: β = 0,07 não é aceita ao nível de 1%, invalidando a versão fraca da teoria. Nessa equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam-Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é bem menor que aqueles obtidos pelos autores estrangeiros que foi de 0,21 e 0,678 respectivamente.

O financiamento é peça fundamental para o desenvolvimento. O sistema financeiro pode criar poder de compra autonomamente e, desta forma, viabilizar a realização de projetos para os quais os recursos internos se mostrarem insuficientes. O financiamento é também um importante instrumento de política industrial, uma vez que afeta a alocação de recursos entre os setores da economia. Para diminuir sua vulnerabilidade a flutuações macroeconômicas de curto prazo, projetos de longo prazo requerem financiamento de longo prazo. Banco comerciais, cujas fontes e financiamento são majoritariamente de curto prazo, não são capazes de financiar este tipo de projeto. Nessas considerações, fica claro que o BNDES tem um papel central no atual ciclo de desenvolvimento e crescimento das empresas. Embora o resultado não se tenha mostrado robusto nesse período quando se inclui a variável binária BNDES, não se pode desprezar a importância dessa instituição no cenário econômico para o crescimento das empresas via financiamento de projetos no longo prazo.

Finalmente, estimamos mais uma regressão incluindo BNDES apenas para o período 2000 a 2005 como mostra a tabela 9.

(54)

Tabela 9: Resultado da Análise pelo Método Painel Efeitos Aleatórios.

em setores maduros da economia brasileira

REGRESSORES DIVIDALP Constante 18.667 (0.00) p-valor 4.53 t-estatístico DEF 2.07 (0.99) p-valor 0.00 t-estatístico BNDES 17.521 (0.00) p-valor 2.90 t-estatístico R-elevado ao quadrado 0.010 R-ajustado ao quadrado 0.00 S.E. da regressão 85.615

Soma do resíduo ao quadado 5959243

Log likelihood (4787.43)

Akaike info criterio 11.741

Schwarz criterio 11.758

Estatística Durbin-Watson 0.07

Média Dependente variável 26.913

S.D. dependente variável 85.956

F-estatísitca 4.257

Probabilidade (F-estatistica) 0.014

nº de observações 816

da variável dependente - divlidalp das empresas que atuam no período de 2000 a 2005.

(55)

A tabela 9 mostra os valores dos coeficientes estimados, o R2 da regressão, os erros padrões (SE) dos coeficientes, as estatísticas t para a significância de α e β e para β =1 e o intervalo de confiança para β. Utilizamos a correção de White para superar possível problema de heterocedasticidade do modelo, pois ele é estritamente apropriado para grandes amostras.

Na forma fraca, Ho: β = 2,07 não é aceita, invalidando a versão fraca da teoria. Nessa equação, as evidências apontam, portanto, para a rejeição da teoria “Pecking Order” na forma fraca, tal como em Shyam-Sunder e Myers (1999) e Frank e Goyal (2003). Ressalte-se que o R2 obtido na presente dissertação, na forma agregada, é bem menor que aqueles obtidos pelos autores estrangeiros que foi de 0,21 e 0,678 respectivamente.

A intuição econômica é que a dívida de longo prazo explica parte do déficit de fundos das empresas brasileiras. Podemos perceber que a variável binária é fortemente relacionada com o déficit de fundos. A conclusão é que o teste de diagnóstico das regressões permitem sustentar a robustez da análise.

(56)

8 COMPARAÇÃO COM OS RESULTADOS ENCONTRADOS NA LITERATURA INTERNACIONAL E BRASILEIRA SOBRE FONTES DE FINANCIAMENTOS DAS EMPRESAS

O resultado encontrado com a metodologia usada por Frank e Goyal (2003) confirma as tendências observadas em Singh e Hamid (1992). As empresas nos países em desenvolvimento financiam seus investimentos com uma ênfase muito maior em fontes externas do que a verificada nos países mais avançados. Em alguns setores da economia brasileira (ver tabela 3), a emissão de ações assume importância maior do que o endividamento. Esse resultado é corroborado pela teoria da agência que confirma que as empresas que possuem baixos custos de agência preferem financiar seus investimentos por meio de emissão de dívidas.

Os argumentos de Singh (1995) é que tem havido forte crescimento do mercado acionário nos países em desenvolvimento desde os anos 80, fortemente relacionado a políticas governamentais e não simplesmente a forças de mercado. Os programas de privatização ocorridos no Brasil desde a década de 80, a crise da dívida, que levou diversos governos a buscarem o incremento do mercado acionário como alternativa para atrair capital estrangeiro sem criar dívida externa, a necessidade de empresas públicas procurarem capitais privados para investimento, a tendência geral a desregulamentação e à globalização dos mercados financeiros explicariam o empenho do governo para promover o desenvolvimento do mercado

Referências

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