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ASPECTOS RELACIONAIS DA EXPRESSÃO PSICOSSOCIAL DO PODER NACIONAL COM A SEGURANÇA PÚBLICA

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ASPECTOS RELACIONAIS DA EXPRESSÃO

PSICOSSOCIAL DO PODER NACIONAL COM A

SEGURANÇA PÚBLICA

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador: Prof. Antônio Carlos Alonso Del Negro

Rio de Janeiro

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Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG

_________________________________ Assinatura do autor

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Nocelli, Alexandre.

Aspectos relacionais da Expressão Psicossocial do Poder Nacional com a Segurança Pública / Alexandre Nocelli.- Rio de Janeiro : ESG, 2016.

55 f. il.

Orientador: Antônio Carlos Alonso Del Negro

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), 2016.

1. Poder nacional. 2. Expressão Psicossocial. 3. Segurança Pública. I. Título

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À minha amada esposa Zuleica e aos meus filhos, razão da minha existência, pelo apoio incondicional e amor, que me sustentaram em mais essa jornada longe de vocês!

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A Deus, sempre, em qualquer momento e de maneira incondicional.

À minha amada esposa Zuleica e aos meus filhos Julia e Felipe pela paciência, pela lealdade e pelo amor que nos fazem ficar juntos mesmo quando estamos separados. Obrigado por tudo! Amo vocês!

Aos meus pais, pelos ensinamentos e pela firmeza na educação, o que torna os desafios mais leves e mais fáceis de enfrentar.

Ao Comandante Geral da Polícia Militar de Minas Gerais, Coronel Bianchini, por ter me indicado para o CAEPE 2016.

À Escola Superior de Guerra pela oportunidade ímpar de permitir que fizesse parte do Corpo de Estagiários desta insigne e histórica Casa do Saber.

Ao Corpo Permanente da ESG pela cordialidade e gentileza, e principalmente, pelo acendrado profissionalismo.

Ao Coordenador do CAEPE, General Costa Neto e seu adjunto Cel Reis, pela dedicação e paciência, e principalmente, pela condução proativa e serena do Curso.

Aos meus distintos colegas da Turma ESPÍRITO OLÍMPICO/2016, profissionais altamente qualificados e pessoas maravilhosas, pelo companheirismo e amizade que será eterna.

E, por fim, ao meu orientador, Professor Doutor Antônio Carlos Alonso Del Negro, pela amizade, dedicação e por ter confiado em mim ao longo dessa jornada. Obrigado!

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Estudar o Brasil, para melhor entendê-lo, para melhor servi-lo.

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Este estudo teve o objetivo de verificar as relações entre o Poder Nacional e a Segurança Pública, analisando o Poder Nacional por meio de sua Expressão Psicossocial, identificando pontos de convergência entre a Expressão Psicossocial do Poder Nacional e a Segurança Pública, e apontando de que forma essa relação contribui ou não para a consecução dos Objetivos Nacionais. Para isso, procedeu-se uma pesquisa descritiva aplicada qualitativa, utilizando-se do método hipotético-dedutivo para, com o problema identificado e o modelo teórico construído, deduzir as consequências específicas no campo prático. Constatou-se que a Expressão Psicossocial do Poder Nacional guarda estreita e correlata relação com a Segurança Pública, tendo o homem como elo central dessa relação, que é fortemente determinada pela cultura do povo brasileiro e das mais diversas organizações. Tal cultura mantém a crença comum de que as instituições policiais são as responsáveis por resolver o problema da segurança ou realizar o controle social formal. Entretanto, entende-se que a solução passa inevitavelmente por uma série de fatores e envolve uma série de pessoas e órgãos, devendo ser pensada e colocada em prática o mais breve para que se possa viver com um pouco mais de qualidade de vida e com a tão sonhada paz social, extraindo dos modelos teóricos aquilo que é de vital importância para consecução desse objetivo: mudança cultural. O paradigma dessa questão é a vitória das instituições sobre o medo do crime e a instalação da segurança subjetiva, algo difícil de se mensurar, mas que merece consideração. Palavras-chave: Poder Nacional. Expressão Psicossocial. Segurança Pública.

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This study aimed to verify the relationship between the National Government and Public Safety, analyzing the National Power through its Psychosocial Expression, identifying points of convergence between the Psychosocial Expression of National Power to Public Security, and pointing that way this relationship contributes or not to the National Goals achievement. For this, we proceeded to a descriptive qualitative applied research, using the hypothetical-deductive method to, with the identified problem and the theoretical model built, deduce the specific consequences in the practical field. It was found that the Psychosocial Expression of National Power has close and correlative relationship with the Public Security, with man as the central link of this relationship that is largely determined by the Brazilian people and different organizations culture. This culture keeps the common belief that the police forces are responsible for solving the security problem or perform the formal social control. However, it is understood that the solution inevitably involves a number of factors and a number of persons and institutions, should be considered and put into practice soon so that we can live with a little more quality of life and the awaited social peace, drawing from the theoretical models that which is of vital importance to achieve this objective: cultural change. The paradigm of this issue is the victory of the institutions on the fear of crime and the subjective security installation, difficult to measure, but it deserves consideration.

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Quadro 1 – PN... 20

Figura 1 – Fundamentos da Expressão Psicossocial do PN... 21

Quadro 2 – Matriz da criminalidade versus medo... 40

Figura 2 – Características das eras do policiamento norte-americano... 44

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CNMPC - Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária ESG - Escola Superior de Guerra

END - Estratégia Nacional de Defesa LBDN - Livro Branco de Defesa Nacional NCE - Nota Complementar de Estudo ONU - Organização das Nações Unidas PN - Poder Nacional

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1 INTRODUÇÃO ... 10 2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 14 2.1 O PODER NACIONAL ... 14 2.2 A EXPRESSÃO PSICOSSOCIAL ... 16 2.3 SEGURANÇA PÚBLICA ... 18 2.4 CONCEITOS BÁSICOS ... 20 2.4.1 Poder Nacional ... 20 2.4.2 Expressão Psicossocial ... 21 2.4.3 Segurança Pública ... 21 3 PODER NACIONAL ... 23 3.1 A EXPRESSÃO PSICOSSOCIAL ... 24 3.2 CULTURA ... 27 3.2.1 A Cultura Brasileira ... 28

3.2.2 Cultura e Segurança Pública ... 30

3.2.3 Cultura Organizacional ... 33

4 SEGURANÇA PÚBLICA ... 36

4.1 SEGURANÇA E MEDO... 36

4.2 O MEDO DO CRIME ... 38

4.3 O MEDO DO CRIME E A SEGURANÇA PÚBLICA ... 39

4.4 AS POLÍCIAS FRENTE À SENSAÇÃO DE (IN)SEGURANÇA E MEDO ... 40

4.4.1 O Policiamento Comunitário ... 43

5 CONCLUSÃO ... 48

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1 INTRODUÇÃO

Atualmente, há no Brasil um quadro preocupante no que tange à Segurança Pública. A violência tem uma tipologia própria e causa uma comoção nas pessoas, chegando a comprometer sua qualidade de vida. Mas o que gera ou impacta para que esse quadro ocorra e se manifeste? Uma das prováveis respostas está nos traços culturais da sociedade brasileira, que possui características próprias, características estas que, por inferência, fazem recrudescer a violência, seja pela prática de pequenos desvios, que são base para grandes delitos, seja pela postura pouco republicana de instituições brasileiras, responsáveis ou não pela defesa social.

De outra sorte, esse cenário compromete a consecução dos Objetivos Fundamentais previstos na Constituição da República Federativa do Brasil em seu artigo terceiro, impedindo ou relativizando o emprego do Poder Nacional1 (PN) na sua Expressão Psicossocial quando esta trata da cultura e dos valores como elementos teóricos e constitutivos dessa Expressão. Vale ressaltar que o quadro vigente de insegurança pública pode até mesmo vir a comprometer em uma interface, as outras expressões do PN, o que sugere uma reflexão ampla e irrestrita, buscando minorar essa questão e equilibrar os vetores incidentes nesse pernicioso processo, resgatando uma harmonia necessária e cogente para o desenvolvimento do país, seja pela credibilidade que um país seguro pode transmitir, seja pela qualidade de vida que seus cidadãos possam usufruir nas suas relações sociais.

Levando em conta que o PN se manifesta através de cinco Expressões e que, particularmente, uma delas se dedica a estudar fatores relacionados ao Homem nas suas diversas dimensões, incluindo sua vida em sociedade, estabelece-se a seguinte questão-problema: de que maneira a Expressão Psicossocial do PN se relaciona com a Segurança Pública?

Buscando responder a essa questão, objetiva-se: verificar as relações entre o PN e a Segurança Pública. Além disso, para exaurir a questão, busca-se: analisar o PN, por meio da sua Expressão Psicossocial; identificar pontos de convergência

1

Poder Nacional é a capacidade que tem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional. Manifesta-se em cinco expressões: a Política, a Econômica, a Psicossocial, a Militar e a Científica Tecnológica (BRASIL, 2015a).

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entre a Expressão Psicossocial do PN com a Segurança Pública e, finalmente; apontar de que forma a relação entre a Expressão Psicossocial do PN e Segurança Pública contribui ou não para a consecução dos Objetivos Nacionais.

O estudo fica restrito no tempo e no espaço, de acordo com a natureza das variáveis estudadas que são qualitativas e que, pela própria natureza do tema, exigem um estudo aproximado da atualidade e concatenado com a demanda da sociedade, permitindo a percepção mais próxima da realidade hodierna.

Assim, são pesquisadas as informações e dados coincidentes com o tempo atual, com a história recente e, espacialmente, com o solo pátrio brasileiro, onde, prioritariamente, é exercido o PN.

Outrossim, a delimitação conceitual do tema se dá, no que tange ao PN, na sua Expressão Psicossocial e nos fatores relacionados, notadamente a cultura e a educação, que estão intimamente associados à Segurança Pública.

Com isso, entende-se as relações que aproximam o PN da Segurança Pública e, a partir dessa compreensão, busca-se alternativas viáveis e exequíveis para otimizar a prestação de serviço público e, ao mesmo tempo, propiciar qualidade de vida para a comunidade, na perseguição tenaz do Bem Comum, o que indica um caminho relevante para o desenvolvimento deste trabalho.

O estudo permite uma análise sobre vetores fundamentais ao desenvolvimento do país, mormente pelo fato de que o Desenvolvimento Nacional passa, de forma necessária, pelo PN no que tange aos seus fundamentos, quais sejam: o Homem, a Terra e as Instituições, que são também principais elementos do processo de desenvolvimento, além de serem considerados pela Escola Superior de Guerra2 (ESG) como os Elementos Básicos da Nacionalidade.

Segundo a Nota Complementar de Estudo (NCE) 02-2015 da Divisão de Assuntos Políticos da ESG:

O Poder Nacional se apresenta como uma conjugação, interdependente de vontades e meios, voltada para o alcance e preservação de uma finalidade. A vontade, por ser um elemento imprescindível na sua manifestação, torna-o um fenômeno essencialmente humano, característico de um indivíduo ou de um grupamento de indivíduos (BRASIL, 2015a, p. 4 – grifo nosso).

2

Estabelecimento de Ensino, subordinado ao Ministério da Defesa, destinado a estudar o Brasil enquanto Nação Soberana.

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Isto posto, percebe-se claramente que existe um nexo de causalidade entre Homem, Instituições, Segurança Pública e PN que, se bem conjugados e harmônicos, desaguam no desenvolvimento do país.

Ademais, a NCE “Desenvolvimento Nacional” estabelece que o

Desenvolvimento Nacional é o processo de fortalecimento e aperfeiçoamento de todo o Poder Nacional, particularmente de seus Fundamentos (o Homem, a Terra e as Instituições), visando a conquista e manutenção dos Objetivos Nacionais e à consecução do Bem Comum (BRASIL, 2015b, p. 5).

Por sua vez, os Objetivos Nacionais, “quando voltados para a conquista e preservação dos mais elevados interesses da Nação e de sua identidade, subsistindo por longo tempo, são chamados Objetivos Fundamentais” (BRASIL, 2015c, p. 8-9), constituindo-se em um farol a ser perseguido não só por governos e pelo Estado, mas por toda a sociedade, independente de qualquer atributo social.

Nessa seara, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo terceiro, lista os Objetivos Fundamentais do Estado Brasileiro que são os seguintes: construir uma sociedade livre, justa e solidária, garantir o desenvolvimento nacional, erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação que são intimamente conexos com o conceito de Segurança Pública no contexto da promoção da justiça, na erradicação da marginalização e no próprio desenvolvimento nacional.

É relevante o estudo porquanto estabelece que exercendo o PN na sua dimensão social, nas suas mais diversas variáveis, obtém-se, ou não, um ambiente seguro que contribuirá para o consequente desenvolvimento nacional, objetivo maior de uma Nação.

A pesquisa é desenvolvida na área de conhecimento das “Ciências Humanas” e, quanto aos seus objetivos, é descritiva, uma vez que observa, registra, analisa e correlaciona fatos e dados da própria realidade. Quanto à sua finalidade, considerando a aquisição de conhecimentos com vistas à aplicação em uma situação específica, nos termos definidos por Gil (2010, p. 27) pode ser classificada como pesquisa aplicada. É qualitativa a natureza da pesquisa.

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O objeto da pesquisa é abordado a partir dos princípios do método hipotético-dedutivo, uma vez que, com o problema identificado e o modelo teórico construído, serão deduzidas as consequências específicas no campo prático.

O método monográfico é empregado no sentido de viabilizar o desenvolvimento do conhecimento em profundidade, considerando as teorias inerentes a esse tipo de abordagem que explicam o PN, sua Expressão Psicossocial e as relações com a temática da Segurança Pública.

A pesquisa é documental quando se utiliza documentos referentes ao PN, especialmente documentos editados pela ESG concernentes à Expressão Psicossocial, que foram utilizados como fonte primária. Também é bibliográfica, pois, são empregadas, na teorização, obras que se relacionam com o conteúdo dos documentos e normas pesquisadas, por conterem as teorias fundamentais que estão por trás destes. A literatura utilizada está muito relacionada com o tema do PN e da Segurança Pública.

Pretende-se responder a pergunta de pesquisa relacionando as variáveis existentes, portanto, a variável está sujeita a alterações de valor dado a uma quantidade, qualidade, característica, que pode assumir qualquer valor para cada caso particular. Para tanto, elege-se como variável independente que pode ser conceituada como o fator, causa ou antecedente que determina a ocorrência do outro fenômeno, efeito ou consequente a Expressão Psicossocial e como variável dependente que é o fator, propriedade, efeito ou resultado decorrente da ação da variável independente, a Segurança Pública. Ressalta-se que o trabalho tem o foco voltado para a relação entre as duas variáveis.

Isto posto, o trabalho é dividido em cinco seções. A primeira, trata-se desta introdução, onde se descreve como está estruturado, sua metodologia, problemática, objetivos e predicados científicos. Na segunda seção, está a fundamentação teórica e seus marcos, alicerces de toda a descrição, abrangendo os documentos que explicitam o que orbita o tema central do PN. Na terceira seção, estuda-se o PN e a Expressão Psicossocial em uma abordagem mais focada. Na quarta seção, a Segurança Pública e sua relação com a cultura, educação e outros fatores. Na quinta, e última seção, conclui-se pelos aspectos relacionais entre a Expressão Psicossocial do PN e a Segurança Pública e apresenta-se as considerações finais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

A resposta que se busca ao problema desta pesquisa está relacionada a teoria do PN e todas as suas implicações, além do estudo, em particular, da Expressão Psicossocial e seus fatores, e dos aspectos relacionados a Segurança Pública.

Com efeito, como marco teórico, foram adotadas três linhas para a pesquisa: a primeira relacionada ao PN e todas as suas vertentes, desde o Desenvolvimento Nacional, passando pelos Objetivos Nacionais; a segunda sobre a Expressão Psicossocial e seus fatores intervenientes; e a terceira sobre a Segurança Pública.

Interessante citar que a teoria de base será capaz de explicar como o fenômeno ocorre e se manifesta no cotidiano e qual a sua importância no cenário nacional. Senão, veja-se:

2.1 O Poder Nacional

Para falar do PN é preciso entender o conceito de Poder que, na literatura, possui variado entendimento, mas utilizando um que representa os demais, neutro, e que interessa ao estudo, tem-se o de Diogo de Figueiredo Moreira Neto (1992, p. 7) que resume: “O poder é um fenômeno no qual uma vontade se manifesta com capacidade de estabelecer uma relação da qual resulta a produção de efeitos desejados, que de outra maneira não ocorreriam espontaneamente”.

Nesse diapasão, o homem, isolado ou coletivamente organizado, movido pela vontade, e utilizando de meios disponíveis e adequados, busca satisfazer seus interesses, aspirações ou necessidades.

Percebe-se que o homem é o fator primordial quando se fala de poder, sendo o articulador para o seu exercício e sendo o seu destinatário, se constituindo do elo central dessa corrente que abrange além do homem, a vontade, as aspirações, necessidades e os meios, o que em um entendimento mais amplificado traduz a dinâmica da vida em sociedade e o cotidiano do ente denominado Estado.

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Em resumo, o Homem possui, em relação ao PN, uma tríplice condição: ele é o fato gerador, é o agente e o destinatário de sua aplicação.

O Estado deve ser compreendido como o organismo complexo dotado de povo, de um território e de soberania onde será exercido esse Poder, denominado, nessa relação, de PN.

O PN, então, é o Poder da Nação, ligado ao Estado, para impor sua vontade na busca da consecução dos Objetivos Nacionais, objetivos que são relacionados a uma vida em sociedade de forma segura e estável.

Para compreensão, o referencial teórico está exposto nas Notas Complementares de Estudo, em trabalhos de grupos e monografias da ESG, no Livro Branco de Defesa Nacional (LBDN) quando fala na projeção do PN e em outras fontes secundárias.

No LBDN, o PN é citado em três oportunidades. A primeira cita que em caso de agressão o País utilizará todo o PN, com ênfase na Expressão Militar para sua legítima defesa como apregoa a Organização das Nações Unidas (ONU). Na segunda, fala do Poder Marítimo que é parcela do PN. Na Terceira, fala que, para que o Exército cumpra sua missão, exerce o PN através da Expressão Militar. Por fim, o LBDN conceitua PN, Poder Marítimo, Poder Militar e Projeção do PN, o que será objeto de exploração nos capítulos seguintes (BRASIL, 2012a).

O PN aparece na Política Nacional de Defesa (PND) no que se refere ao seu emprego, corroborando o conceito da PND, que é o documento de planejamento de ações destinadas à Defesa Nacional que estabelece objetivos e orientações para o preparo e o emprego dos setores militar e civil, em prol da Defesa Nacional em todas as esferas do PN.

Além disso, a PND cita que, no gerenciamento de crises internacionais de natureza político-estratégica, o Governo, visando preservar os interesses da Nação Brasileira, poderá determinar o emprego do PN, por meio de todas as suas expressões.

Já a Estratégia Nacional de Defesa (END) não traz a expressão “Poder Nacional” em seu bojo, não fazendo qualquer alusão ao termo, o que é razoável, uma vez tratar-se de documento mais executivo, mais orientador de como proceder.

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2.2 A EXPRESSÃO PSICOSSOCIAL

A Expressão Psicossocial do PN é a expressão mais próxima ao objeto de estudo, uma vez que abrange pessoas, ideias, instituições, normas, estruturas, grupos, comunidades, recursos e organizações (BRASIL, 2015e). Além disso, analisa o ideal de convivência do ser humano junto ao tecido social e, quando se fala de vida em sociedade, imperiosamente tem-se que falar dessa vida em segurança, pressuposto básico do social e necessidade natural do homem.

Não há, na literatura nacional, muito sobre a Expressão Psicossocial, mas a ESG, por meio de suas publicações e alguns estudos acadêmicos, dá o supedâneo necessário para a elaboração do ensaio, o que é muito interessante, uma vez que não é usual se falar da Expressão Psicossocial e os trabalhos encontrados foram elaborados nas décadas de sessenta, setenta e oitenta, mas, sem dúvida alguma, espelham e traduzem muito do que ocorre na atualidade.

Na análise da expressão, serão verificados seus Fundamentos e seus Fatores, além de sua ligação com a temática, mormente quando se trata da cultura como fator primordial ao entendimento da questão colocada como desafio nesta pesquisa.

Na teoria relacionada ao PN, principalmente no LBDN, nada se considera sobre a Expressão Psicossocial, o que é uma surpresa, em se tratando da importância que o documento tem para o país.

Já na PND, percebe-se que fora preenchida a lacuna deixada no LBDN, quando fala com propriedade do papel do Estado, sobre o monopólio do uso da força e de outras responsabilidades estatais que estão intimamente associadas a Expressão Psicossocial, senão veja-se:

O Estado tem como pressupostos básicos território, povo, leis e governo próprios e independência nas relações externas. Ele detém o monopólio legítimo dos meios de coerção para fazer valer a lei e a ordem, estabelecidas democraticamente, provendo, também, a segurança. A segurança é tradicionalmente vista somente do ângulo da confrontação entre nações, ou seja, a proteção contra ameaças de outras comunidades políticas ou, mais simplesmente, a defesa externa. À medida que as sociedades se desenvolveram e que se aprofundou a interdependência entre os Estados, novas exigências foram agregadas (BRASIL, 2012b, p. 1).

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E continua a discorrer sobre o conceito de segurança relacionando aos fatores da Expressão Psicossocial do PN, principalmente quando diz que:

[...] Gradualmente, ampliou-se o conceito de segurança, abrangendo os campos político, militar, econômico, psicossocial, científico-tecnológico, ambiental e outros.

Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, envolvendo, além da defesa externa: a defesa civil, a segurança pública e as políticas econômica, social, educacional, científico-tecnológica, ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações, muitas das quais não implicam qualquer envolvimento das Forças Armadas.

Cabe considerar que a segurança pode ser enfocada a partir do indivíduo, da sociedade e do Estado, do que resultam definições com diferentes perspectivas.

A segurança, em linhas gerais, é a condição em que o Estado, a sociedade ou os indivíduos se sentem livres de riscos, pressões ou ameaças, inclusive de necessidades extremas. Por sua vez, defesa é a ação efetiva para se obter ou manter o grau de segurança desejado (BRASIL, 2012b, p. 2).

Fica claro que a PND que planeja qual caminho buscar para atingir os objetivos pretendidos na área de defesa, dimensiona o conceito de Segurança e gera uma interface direta com o indivíduo e com a sociedade quando fala do sentir-se sentir-seguro para a vida em sociedade, dimensionando o conceito e atrelando ao fator humano, o que é de vital importância para a Expressão Psicossocial do PN, além de explicitar que a Defesa considerada nesta amplitude é indissociável do desenvolvimento da Nação.

Na END não aparece a expressão Psicossocial, todavia, elenca uma série de ações que envolvem a Segurança Pública, no campo da Defesa Nacional, compreendida como a defesa dos cidadãos e da Pátria em uma relação cogente interagencial, buscando o atingimento do Bem Comum.

Já no estudo da cultura, um dos fatores da Expressão Psicossocial, e a que mais interessa ao estudo, o autor Zigmunt Bauman e suas obras “A cultura no mundo líquido moderno” e “Confiança e medo na cidade” serão o esteio para a construção da ideia, associadas a outras obras que descrevem a tipologia da cultura brasileira e suas derivações.

Bauman oferece o conceito da liquidez, da fragilidade das relações, a questão dos valores e sua relação com o medo das pessoas nas cidades, os vetores incidentes sobre a cultura e, por conseguinte, com a segurança pública.

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Em sua obra “A cultura no mundo líquido moderno”, o referido autor afirma que: “O termo Cultura entrou no vocabulário moderno como uma declaração de intenções, o nome de uma missão a ser empreendida. O conceito de Cultura era em si um lema e um apelo à ação (BAUMAN, 2013, p. 13).

2.3 SEGURANÇA PÚBLICA

Conforme estabelecido na NCE “Segurança e Defesa Nacionais”, a “Segurança é uma necessidade, uma aspiração e um direito inalienável do ser humano” (BRASIL, 2015f, p. 4).

Segurança dá a dimensão de que viver com segurança é viver com tranquilidade, sem ser admoestado por ameaças, obstáculos, ou agressões, seja no campo externo à Nação, seja no campo interno.

Segurança envolve, no campo de vista de quem fornece, a ideia de segurança objetiva, quando ela é real, física, dissuasória, instrumental e, no campo de vista de quem é destinatário, segurança existe subjetivamente, consistindo em se sentir seguro, é verificar que não existe ameaça e, se existe, ela é controlada ou mesmo repelida pelo Poder do Estado. Segurança é uma sensação, enquanto Defesa é ato.

Outro indicador importante é que segurança envolve pessoas, instituições e ambientes, o que remete aos fundamentos da Expressão Psicossocial do PN e acaba por gerar vínculos necessários entre os conceitos, uma vez que se relaciona diretamente com o ser humano e ao seu bem-estar, ao bem comum dos homens, qualidade do ambiente e em sua vida em sociedade.

Ademais, a Constituição da República Federativa do Brasil, em seu artigo 144, dispõe que “A Segurança Pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos...” (BRASIL, 1988).

Segurança Pública também encontra guarida no LBDN (BRASIL, 2012a) quando fala de missões de paz onde o Brasil tende a aumentar a participação de profissionais nas missões, em razão das crescentes demandas por pessoal qualificado nas áreas de segurança pública, controle de fronteira, combate ao tráfico

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de drogas, sistemas eleitorais, sistemas correcionais e administração pública, entre outras.

Ainda no LBDN (BRASIL, 2012a), parte substantiva é destinada ao entendimento do emprego das Forças Armadas na Garantia da Lei e da Ordem, ou seja, na Segurança Pública, disciplinando a relação entre as Forças Federais Militares e as demais Forças Policiais, incluindo aí a transferência do controle operacional dos Órgãos de Segurança às Forças Armadas.

Na PND, cita-se que, como descrito anteriormente:

Preservar a segurança requer medidas de largo espectro, envolvendo, além da defesa externa: a defesa civil, a segurança pública e as políticas econômica, social, educacional, científico-tecnológica, ambiental, de saúde, industrial. Enfim, várias ações, muitas das quais não implicam qualquer envolvimento das Forças Armadas (BRASIL, 2012b, p. 2).

Vale frisar que a PND vem ao encontro do objeto de estudo relacionando o gênero Segurança com a espécie Segurança Pública e as dimensões que estão inseridas na Defesa e Desenvolvimento da Nação.

A END desce um pouco a questões mais operacionais de relação entre o Sistema de Segurança Pública e o Sistema de Defesa, explicitando:

O sistema integrado de Comando e Controle de Defesa deverá ser capaz de disponibilizar, em função de seus sensores de monitoramento e controle do espaço terrestre, marítimo e aéreo brasileiro, dados de interesse do Sistema Nacional de Segurança Pública, em função de suas atribuições constitucionais específicas. De forma recíproca, o Sistema Nacional de Segurança Pública deverá disponibilizar ao sistema de defesa nacional dados de interesse do controle das fronteiras, exercido também pelas Forças Armadas, em especial no que diz respeito às atividades ligadas aos crimes transnacionais fronteiriços (BRASIL, 2008, p. 61).

E cita ainda que as ações de segurança pública, a cargo do Ministério da Justiça e dos órgãos de segurança pública estaduais são parte da Segurança Nacional.

Para suplementar o estudo da segurança, buscou-se as Notas Complementares de Estudos da ESG e, nesta seara, uma vasta e ampla teoria à disposição em trabalhos acadêmicos e livros, mormente aqueles que se inserem na temática da Segurança Pública.

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2.4 CONCEITOS BÁSICOS

A título de contribuição para um melhor entendimento do trabalho é mister conceituar as principais variáveis definidas.

2.4.1 Poder Nacional

Conforme estabelecido na NCE “Poder Nacional”,

Poder Nacional é a capacidade que tem a Nação para alcançar e manter os Objetivos Nacionais, em conformidade com a Vontade Nacional. Manifesta-se em cinco expressões: a política, a econômica, a psicossocial, a militar e a científica-tecnológica (BRASIL, 2015a, p. 7).

Os fundamentos do PN estão expressos no Quadro 1, a seguir.

Quadro 1 – PN

FUNDAMENTOS

PODER

NACIONAL

EXPRESSÕES

POLÍTICA ECONÔMICA

PSICOSSOCIAL

MILITAR C & T

HOMEM POVO RECURSOS

HUMANOS PES. HUMANA

RECURSOS HUMANOS

RECURSOS HUMANOS

TERRA TERRITÓRIO RECURSOS

NATURAIS AMBIENTE TERRITÓRIO

RECURSOS NAT. e MAT. INSTITUIÇÕES INST. POLÍTICAS INST. ECONÔM. INST. SOCIAIS INST. MILITARES INST. C & T

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2.4.2 Expressão Psicossocial

A Expressão Psicossocial, segundo definição dada pela NCE “Objetivos Nacionais”, “É a manifestação de natureza predominantemente psicológica e social do PN que contribui para alcançar e manter os Objetivos Nacionais” (BRASIL, 2015c, p. 1).

É o conjunto de meios predominantemente Psicossociais de que dispõe a Nação para assegurar a plena realização da pessoa humana e a sua capacidade de contribuir para o aprimoramento da sociedade, concorrendo para conquistar e manter os Objetivos Nacionais (BRASIL, 2015c), cujos fundamentos encontram-se explicitados na Figura 1.

Figura 1 – Fundamentos da Expressão Psicossocial do PN

Fonte: ESG, s/d.

2.4.3 Segurança Pública

Na fundação do estado democrático de direito moderno, o homem delegou poderes ao Estado para, em seu nome, fazer leis e zelar pelo seu cumprimento. Desde então se consolida a ideia de que cabe ao Estado promover a segurança de todos os cidadãos. Ela é vista, não apenas como um direito fundamental da cidadania, mas como uma liberdade essencial ao desenvolvimento humano, a liberdade de viver em paz.

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Dentro desse contexto, verifica-se que o Estado, por meio da implementação de políticas de segurança pública, objetiva, com os seus diversos órgãos que intervêm na questão, adotar posturas proativas, preventivas e repressivas, para a consecução de seu objetivo que são a paz e a tranquilidade pública, indispensáveis ao desenvolvimento individual e coletivo de toda a sociedade.

A segurança pública, que dentre as suas diversas definições, pode ser caracterizada como:

Afastamento, por meio de organizações próprias, de todo perigo, ou de todo mal que possa afetar a ordem pública, em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade do cidadão, limitando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão, mesmo em fazer aquilo que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a (SILVA, 1994, p. 92).

Possui como base legal o art. 144 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), onde se verifica, além das atribuições dos diversos órgãos do Estado responsáveis pela implementação de tais políticas, a invocação da participação da coletividade, ao citar que a mesma se constitui em “[...] direito e responsabilidade de todos, [...]” devendo ser exercida como forma de garantir a preservação da ordem pública, que por sua vez, se caracteriza por um conjunto de condições essenciais a uma vida conveniente, fundamentada na segurança das pessoas e bens objetivando a paz e tranquilidade pública, indispensáveis ao desenvolvimento harmônico de toda a sociedade.

Ordem é uma ideia estática, é uma situação. Já a segurança possui uma ideia dinâmica, é uma atividade, e existe como função de garantia da ordem. Toda organização social pressupõe, portanto, uma ordem pública mínima e uma segurança pública mínima que a preserve.

Diante do exposto, verifica-se que o Estado, como agente que possui o dever de proporcionar ordem à sociedade, possui a responsabilidade de elaborar uma política de segurança pública que objetive organizar e instrumentalizar a administração pública e a sociedade, para garantir um nível aceitável de ordem pública, necessário à paz e à tranquilidade pública.

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3 PODER NACIONAL

O PN, como visto no capítulo anterior, está relacionado intimamente com a capacidade da Nação de alcançar seus objetivos maiores, de se tornar soberana em todos os aspectos de sua formação e de se tornar um porto seguro para os seus cidadãos.

O PN possui características próprias que, segundo a NCE “Poder Nacional” são: sentido instrumental; caráter de integralidade e relatividade (BRASIL, 2015a).

A instrumentalidade do PN está vinculada à produção dos efeitos, ou seja, mais que poder sobre, deve-se analisar o poder para. O PN não se esgota em si mesmo. Tira-se o rótulo abstrato desse Poder para que o mesmo possa operar na prática cotidiana da sociedade, no meio social, nas relações sociais. Isso garante, inclusive, sua representatividade e sua importância para o estudo e para a própria Nação.

O poder deve ser capaz de atuar sobre situações reais e potenciais que se apresentam hodiernamente. É sumamente importante que esse poder seja tal que possa inibir ações antagônicas e adversas em razão do temor dele ser acionado e, se acionado, ser de tal magnitude e importância que possa suplantar o poder contrário, as medidas antagônicas e adversas. Esse temor, que é essencialmente subjetivo, é chamado de capacidade dissuasória.

O cerne da questão é a busca de solução de eventuais conflitos e até para ações de cooperação que possam ocorrer no plano externo e interno de uma Nação.

Já o caráter de Integralidade do PN se relaciona ao efeito sinérgico e conjunto dos seus componentes. Ele é integral: de nada adianta cada componente isoladamente. É cogente que se apresentem e ajam em conjunto, gerando seus efeitos no todo e não em parte, nem em indivíduos, nem em grupos.

No que concerne à característica da relatividade, o PN está exposto a vetores que o moldam, como por exemplo, o fator tempo, espaço. O PN tem seu valor relativizado dependendo do campo de análise e de quem o analisa, e para qual finalidade é analisado.

Em sua estrutura, existem múltiplas concepções adotadas. A ESG adotou a seguinte estrutura, que será aproveitada ao estudo, e está explicitada na NCE 02-2015: Fundamentos – elementos básicos da composição do Poder; Fatores –

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elementos dinâmicos que influem sobre os fundamentos, valorizando-os ou depreciando-os; Organizações – agentes que promovem os Fatores, e; Funções – desempenhadas pelas organizações (BRASIL, 2015a). A mesma estrutura se aplica a cada uma das Expressões do PN.

Como o PN é uno e indivisível deve sempre ser compreendido como um todo, como já foi dito; todavia, para compreensão dos elementos acima elencados, didaticamente, estudamo-lo através de cinco Expressões, que retratam a sua manifestação pragmática, que são: Política, Econômica, Psicossocial, Militar e Científica e Tecnológica.

Vale frisar que, dependendo da conjuntura e do campo de observação, uma Expressão pode se sobressair a outra e, imperiosamente, uma Expressão sempre se liga a outra, havendo pontos de congruência entre elas. Daí a necessidade da interface entre as Expressões e da visualização do Poder como uno, como um todo.

Para este ensaio, é considerada a Expressão Psicossocial do PN.

3.1 A EXPRESSÃO PSICOSSOCIAL

A Expressão Psicossocial é intrínseca ao PN, na medida em que este se revela nos fenômenos e condições psicológicas e sociais em que vivem e convivem os homens e as instituições.

Mário Antonio Sayeg (s/d.), em sua obra “A Expressão Psicossocial do Poder Nacional”, afirma que:

A pessoa humana, como indivíduo e ser social, é agente e beneficiária do Poder Nacional. As Nações são, obviamente, mais poderosas quando integradas por homens sadios, criativos, cujas pautas de comportamento são estabelecidas em atenção à um eixo axiológico transcendente, que não se tenha desprendido de suas raízes histórico-culturais (SAYEG, s/d., p. 5).

Ademais, os aspectos relacionados ao ser humano e às instituições são determinantes nas relações em sociedade e são os pilares para que as diversas Expressões do PN tenham vitalidade e produzam seus efeitos, mesmo quando relacionadas.

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Os Fundamentos da Expressão Psicossocial são: a Pessoa Humana, o Ambiente e as Instituições Sociais.

Pessoa Humana que atua tanto no polo passivo quanto ativo do PN, é o protagonista, o sujeito de deveres e direitos, o ente formador da Nação-Estado que, devidamente motivado e educado, tem a capacidade de transformar um país. A pessoa é ainda aquela que tem o objetivo de buscar o bem-estar de todos, de conviver harmoniosamente com seu semelhante, de melhorar sua qualidade de vida e assegurar o pleno desenvolvimento de sua Nação de acordo com preceitos e identidades culturais; tudo isso configura o Bem Comum.

Bem Comum, que conceitualmente é o ideal de convivência que, transcendendo à busca do bem-estar, permite construir uma sociedade onde todos, e cada um, tenham condições de plena realização de suas potencialidades como pessoa e de conscientização e prática de valores éticos, morais e espirituais.

O Ambiente pode ser considerado como onde se vive, onde se desenvolve a capacidade de ser humano. É o espaço psicossocial das relações humanas. Está relacionada a atmosfera geográfica da vida em sociedade. Para efeito deste estudo será considerado o ambiente interno: o solo pátrio onde o brasileiro exerce sua cidadania e onde as instituições nacionais prestam seus serviços em prol do bem comum.

Caracterizada pela ideia de permanência, as Instituições, segundo a NCE “Objetivos Nacionais” (BRASIL, 2015c), são estruturas normativas decorrentes de necessidades sociais, as quais se apresentam como um complexo integrado de ideias, sentimentos, aspirações, padrões de comportamento, relações interpessoais, normas e valores.

Já os Fatores da Expressão Psicossocial são a Cultura, os Padrões de Comportamento; Níveis de Bem-estar; Dinâmica Ambiental e Dinâmica Estrutural.

A Cultura é entendida como o conjunto de valores de determinada sociedade que orienta os padrões de comportamento dos entes que compõem essa sociedade, fazendo com que coexistam elos de atuação, elos comuns de atitudes, mesmo que não perceptíveis por esses entes. A Cultura é a própria identidade da sociedade. É a parametrização dos procedimentos sociais e é nesse viés que buscar-se-á necessária relação com a Segurança Pública brasileira.

Padrões de Comportamento consistem na exteriorização da Cultura segundo modelos pré-estabelecidos ou, segundo a NCE “Objetivos Nacionais”, são o

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conjunto de atitudes e de cursos rotineiros de ação que revelam interesses e valores de algum modo consolidados, permitindo avaliar a medida em que determinados objetivos são perseguidos ou rejeitados (BRASIL, 2015c).

Níveis de Bem-estar são graduações relativas à qualidade de vida, mormente em uma visão positiva da vida social, onde se parte do pressuposto de que para viver em sociedade deve-se ter, no mínimo, um conforto social de estar seguro, protegido e em paz.

Já a Dinâmica Ambiental, segundo a NCE “Objetivos Nacionais” refere-se às relações de interdependência e mútua causalidade que determinam as alterações dos ecossistemas; enquanto a Dinâmica Estrutural envolve todas as formas de relacionamento entre grupos sociais das mais variadas dimensões, considerada sua sinergia, tanto do ponto de vista intragrupal, quanto intergrupal (BRASIL, 2015c).

Quanto às Organizações da Expressão Psicossocial tem-se: famílias; serviço de saúde; escolas; igrejas; empresas; sindicatos; serviços de previdência; serviços de assistência; serviços de comunicação social.

Vale comentar que as Organizações são grupos de pressão que, coordenados, podem gerar políticas de estado e ações governamentais inclusive no campo da Segurança Pública, objeto de interesse deste estudo.

Quanto às funções da Expressão Psicossocial do PN, tem-se a função de socialização e de controle. No caso da função de socialização resta saber:

[...] que o foco do conceito aparece geralmente sobre o processo educacional, de formação de hábitos e aquisição de conhecimentos e desenvolvimento da personalidade. A socialização é um verdadeiro produto criado, mantido e aperfeiçoado pelos homens que compõem a sociedade. A socialização é o elemento catalizador dos anseios individuais, daqueles que compõem uma sociedade (BRASIL, 2015c, p. 5).

A função de controle é importante porque cita e enuncia a necessária ideia do Controle Social que pode ser formal e informal. O controle formal é feito pelo Estado, por meio do Poder de Polícia que é privativo do ente público. Só o Estado pode utilizar a força para ordenar as relações em sociedade e está aí uma das facetas mais pragmáticas do PN. Nesse caso do controle social formal, o aparato policial deve utilizar da força para impor o bem comum. É a tradução literal do

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interesse coletivo sobrepondo o interesse individual. Será considerado mais detidamente na seção dedicada a Segurança Pública.

De outro lado existe o controle social informal que deveria ser realizado pela família, pela escola e por outras organizações sociais, mas que invariavelmente não têm se prestado a esse papel, potencializando em muito a possibilidade de ingresso no mundo da violência de crianças e jovens de forma muito precoce, fomentando um ciclo altamente pernicioso onde quem sai perdendo é a sociedade brasileira, tornando o país um dos mais violentos do mundo.

Nesse contexto está inserida a cultura que é o DNA da sociedade e é essa cultura que molda o perfil da comunidade, molda o arranjo procedimental dos cidadãos e dos grupos sociais. É a cultura que é responsável pelo que pensamos, como pensamos e principalmente como agimos.

Daí a necessidade de oportunizar o entendimento necessário de que o padrão cultural brasileiro está unido à insegurança pública, ao medo e à desordem.

3.2 CULTURA

Para o correto entendimento do termo Cultura, buscou-se Zygmunt Bauman que, em sua obra “A Cultura no Mundo Líquido Moderno”, explicita que:

[…] torna-se claro que a “cultura” (um conjunto de preferências sugerido, recomendado e imposto em função de sua correção, excelência ou beleza) era vista por seus elaboradores, sobretudo e em última instância, como uma força “socialmente conservadora”. Para se mostrar apta para essa função, a cultura teve de realizar, com igual comprometimento, dois atos de subterfúgio em aparência contraditórios. Ela é enfática, severa e inflexível tanto no endosso quanto na desaprovação, tanto na oferta de bilhetes de ingressos quanto em sua sonegação, tanto em emitir documentos de identidade quanto em negar os direitos dos cidadãos (BAUMAN, 2013, p. 11).

Outro entendimento interessante de Bauman (2013, p. 12) é que, segundo o conceito original, a “cultura” seria um agente da mudança do status quo, e não de sua preservação; ou, mais precisamente, um instrumento de navegação para orientar a evolução social rumo a uma condição humana universal.

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Verifica-se que o termo cultura, como anteriormente dito, está associado à forma de convivência social, de como pessoas e organizações se portam em relação umas as outras, de como expressam seus valores que foram absorvidos ao longo do tempo, podendo variar nesse mesmo tempo e espaço, e de acordo com os envolvidos, além de orientar a construção de um futuro.

A cultura de um povo, de uma nação, é construída de acordo com sua história, de acordo com sua formação histórica, da miscigenação de povos, da miscigenação de vários atributos.

A cultura acompanha a dinâmica social e se estabelece respeitando a diversidade dos traços comuns da sociedade e até normatizando procedimentos como a divisão de classes, regiões, possibilitando diversas culturas dentro de uma mais abrangente e determinante. Por exemplo, a cultura de uma região do país que é diferente das outras, mas balizada pela cultura da nação.

Então, tem-se a definição tradicional de cultura3 que, segundo Edward Burnett Tylor (1871), é todo o complexo que inclui os conhecimentos, as crenças, a arte, a moral, o direito, os costumes, e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade.

3.2.1 A Cultura Brasileira

A cultura brasileira, como o restante das culturas espalhadas pelo mundo, tem seu próprio contorno e predicados muito autênticos que podem ser interpretados de forma a atuar para o bem ou para o mal dos brasileiros.

No Brasil, segundo diversos autores, a formação cultural se deu com a chegada dos portugueses que transformou o que aqui estava, agregando uma série de fatores que nos dias de hoje formam a nação brasileira.

Descobriram o Brasil e, com atividades naturais colonizadoras, deram início à exploração da terra com o escopo de auferir vantagens econômicas e, a partir daí,

3

O termo “cultura” surgiu como síntese dos termos Kultur – termo alemão que simbolizava os aspectos espirituais de uma comunidade – e Civilization – termo francês que se referia às realizações materiais de um povo. Em 1871, Edward Tylor sintetizou-os no termo inglês Culture, abrangendo em um só vocábulo todas as realizações humanas, afastando cada vez mais a ideia de cultura como uma disposição inata, perpetuada biologicamente.

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que se pensou em catequizar e moldar os índios, impondo valores estrangeiros e suplantando sua natureza primitiva. Os jesuítas trouxeram valores educacionais e a religião católica. Depois vieram os escravos da África com suas tradições e crendices. A Colônia ia crescendo e as pessoas iam se multiplicando. Se não bastasse essa gênese multifacetada, depois vieram para o Brasil, em busca da terra prometida, milhares de europeus, principalmente italianos, que se espalharam pelo território brasileiro e acrescentaram mais um elo de cultura aos negros, índios e portugueses. O país, continental que sempre foi, com uma natureza deslumbrante e um solo fértil, continua atraindo pessoas do mundo todo e essas vão se juntando à sociedade brasileira, formando um grande caldo cultural com traços de diversas civilizações, culminando no que é o Brasil hoje. Uma nação de muitos povos, de indígenas no norte, de asiáticos, de árabes, de europeus no sul, de favelas e grandes condomínios, mas todos brasileiros, todos eivados de brasilidade. Isso torna o Brasil indiscutivelmente um país de vários rostos e com uma cultura muito rica, cheio de expressões na arte, na música, na religião; exemplos crassos de traços culturais.

Toda essa mistura e um caminhar histórico que fez surgir uma cultura política identificada conduz ao cenário social que se vivencia na atualidade.

Sobre o caminhar histórico-político, está entranhado nas elites e na formação das classes sociais, desde muito tempo, um tal “jeitinho brasileiro”. Se cresce neste país querendo utilizar engenho e arte para a solução dos problemas, muitas vezes ao arrepio da lei e da ordem e isso gera graves consequências nos diversos segmentos sociais.

Ao longo do tempo foi forjada uma sociedade desigual, com um problema considerável de distribuição de renda que perdura até hoje, concentrando a riqueza nas mãos de poucos, gerando exclusão social que acaba desaguando, associada a outros fatores, na violência.

A cultura também permitiu a alteração de correntes ideológicas no poder do país que foram introduzidas graças ao ideal de liberdade e liberalidade garantida aos concidadãos que importaram diversos modelos de gestão política e social desde o modelo democrático ao autocrático, em uma alternância perniciosa para uma sociedade não maturada e muito jovem.

Isso tudo sugere que o Brasil é um país dos extremos, um país extremamente inclusivo, mas que exclui, um país democrático que tem resquício de

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serviço escravo, um país rico com pessoas morrendo de fome e de sede, um país que tem uma constituição cidadã que esculpe inúmeros direitos e garantias, mas que, na prática, muitas vezes os suprime e não se permite manifestá-los ou quando manifestados, o são de maneira açodada, assoberbada.

Um país de elites que deveriam estar comprometidas com o bem-estar de seu povo, mas que estão comprometidas com a locupletação, com o enriquecimento ilícito, que não utilizam o bem público para o bem público, mas para ganhos pessoais e imorais, beirando a barbárie moral. Um país entranhado pela corrupção nas pequenas e grandes coisas. É comum, e muito comum, querer burlar o fisco, jogar papel no chão, furar fila, não ceder o lugar para um idoso, depredar o patrimônio alheio, pichar muros, entrar sem pagar em eventos, subtrair pequenos objetos, ganhar uma vantagem, superfaturar obras públicas, legislar em causa própria, ganhar salários escorchantes. Ainda tem o “sabe com quem está falando?”.

Na obra “A Cabeça do brasileiro”, Alberto Carlos Almeida cita que o Brasil é hierárquico, familista, patrimonialista e se encaixa em vários outros adjetivos que significam arcaísmo, atraso. E continua: “O Brasil, na verdade, são dois países muito distintos em mentalidade. Dois países separados, num verdadeiro apartheid cultural (ALMEIDA, 2007, p. 25).

Isso tudo gera impacto no cotidiano das pessoas, estabelecendo ações procedimentais em sociedade. E como essa cultura se relaciona com a segurança pública?

3.2.2 Cultura e Segurança Pública

Hoje uma das grandes preocupações da sociedade brasileira é a Segurança Pública. É, sem dúvida alguma, um dos principais itens da agenda política da nação. Todos querem melhorar sua qualidade de vida e minorar os índices de violência prevalentes na sociedade brasileira. Ficam as perguntas: Por quê tanta violência? E como se relaciona com a Cultura?

Mais uma vez é importante uma remissão histórica para o escorreito entendimento da questão vincular entre Cultura e violência, e Cultura e Segurança Pública.

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É fato a pluralidade de ingredientes que compõem a cultura brasileira e essa pluralidade, em determinado momento da história, propiciou um desvio, gerando essa violência vivenciada hoje no Brasil.

Sabe-se, por exemplo, que a convivência de presos políticos com marginais comuns em presídios na época do Regime Militar deu origem a facções criminosas como a Falange Vermelha, que hoje é conhecida como Comando Vermelho.

Outro aspecto importante, possivelmente um dos principais precursores do quadro atual, foi a desigualdade social gerada ao longo dos anos que propiciou um desequilíbrio e um consequente recrudescimento da violência.

Segundo a apostila do Curso Nacional de Multiplicador de Polícia Comunitária (CNMPC):

[...] Onde há riqueza e opulência convivendo com a miséria, aumenta o sentimento de privação do indivíduo, levando-o à violência.

Dessa forma, acentuam-se as diferenças sociais e familiares, prejudicando todas as estruturas sociais que contribuem para o estabelecimento da sociedade como um todo, dando a sensação que o caos está muito próximo (BRASIL, 2007, p. 360).

Esse marco característico do subdesenvolvimento do país, atrelado aos traços culturais brasileiros como o tal “jeitinho”, o individualismo e o patrimonialismo exacerbado, fazem do Brasil um país singular, no campo da violência.

A favelização, produto deste hiato social, fez fomentar esse ciclo. Não que a violência esteja relacionada com a pobreza, mas, sem dúvida alguma, a pobreza associada a outros fatores deficitários na sociedade levam, muitas vezes, à violência.

O acesso às drogas ilícitas dão a resultante dessa violência desenfreada que se assiste no dia a dia dos brasileiros.

Soma-se a tudo isso um sistema de justiça criminal letárgico e arcaico, que privilegia o encarceramento e não a oportunidade da punição, lotando cadeias e fazendo prosperar um déficit de quase trezentas mil vagas no sistema penitenciário. A máxima de que “no Brasil, se o quadro não for revertido, dentro de alguns anos teremos mais pessoas presas que em liberdade” é uma grande verdade.

Ademais, presencia-se, nos últimos tempos, uma degradação moral da sociedade, mormente de sua célula mater, que é a família. A família brasileira, primeiro espaço para socialização e principal freio moral para as novas gerações,

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em geral, não tem cumprido esse papel e formam verdadeiros humanos desajustados que são os perpetradores de crimes e violência de forma cada vez mais precoce.

É vantajoso ser criminoso e resolver os problemas com violência nesse país. A mídia destina boa parte de seu tempo divulgando as ações violentas dos anti-heróis. As escolas, ao invés de cumprirem seu papel social de educar, gastam seu tempo tentando minimizar ou corrigir aquilo que a família não conseguiu. A escola, não conseguindo educar os “jovens”, recorre à polícia e assim se instala o ciclo cultural da violência.

A carência ou ausência de valores considerados essenciais à formação cidadã já são algo em extinção na sociedade brasileira. Símbolos nacionais? O que será isso? Respeito aos mais velhos? Patriotismo? Uma grande ferida aberta que traz consequências danosas aos brasileiros. Como isso terminará? Essa é a pergunta que se faz.

Na mesma apostila, do CNMPC, tem um conceito vital ao entendimento, e que é incrivelmente próximo da cultura nacional, que é o conceito de anomia social, senão veja-se:

Daí surge o fenômeno da anomia social, no contexto brasileiro, que pode ser entendido não apenas como a ausência de processos normativos, mas também na descrença daquilo que regulamenta a vida em comum dos seres sociais. Com isso, torna-se claro ao indivíduo que o que “é certo” passa a ser “questionado ou duvidoso”; e o que era “incorreto”, pode ser considerado “vantajoso e seguro” (BRASIL, 2007, p. 360).

Este é o conhecido país da impunidade e é preciso compreender os padrões da violência e buscar tenazmente suas causas. Aí reside a possibilidade de alento à problemática. A apostila do CNMPC revela que:

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A violência social não é novidade, nem mesmo nas grandes cidades. Pode-se entender que os fatores que geram a violência social estão diretamente relacionados ao ambiente cotidiano e surgem sempre, em maior ou menor grau, quando as diferenças sociais se acentuam ou amenizam.

Somente o Estado perfeitamente constituído e organizado, poderá fazer frente aos aspectos que são os causadores da violência e, assim, agir preventivamente, e não após os fatos consumados, ou seja, nas conseqüências. As crescentes crises sociais urbanas e rurais demonstram em que patamar as coisas se encontram; tenta-se responsabilizar as instituições que têm por obrigação a manutenção da ordem pública e não aquelas que têm por dever de ofício agir na solução dos problemas estruturais do país (BRASIL, 2007, p. 362).

Além da cultura social do povo, existem outras subculturas que são importantes para o tema pois se entrelaçam com a cultura do país. Decorrente e derivada dessa, está a cultura das Organizações que lidam com o problema da violência e têm o dever de atuar comissivamente, tanto nas causas como nos efeitos desse mal.

3.2.3 Cultura Organizacional

O indivíduo é a figura mais importante dentro de uma estrutura organizacional, sendo o modo como ele vê a si, fundamental para seu equilíbrio interno e, automaticamente, para o equilíbrio da organização. É na cultura organizacional que o indivíduo busca sua realização e satisfação de suas necessidades, sendo que, o diferencial competitivo de uma organização se dá a partir do comprometimento das pessoas e, respectivamente, de suas expectativas e níveis de satisfação.

Segundo Luz (2001), o ser humano possui características gregárias. A formação do conjunto de crenças, valores e significados para o indivíduo, dá-se por meio da socialização. Assim, ao se tornar membro de um determinado conjunto social ele aprende seus códigos, suas normas e regras básicas de relacionamento, adquirindo conhecimentos sistematizados e acumulados pelo grupo. Essa participação implica em partilhar crenças, emoções, desempenhos, significados; enfim, apropriar-se das formas institucionais que caracterizam este grupo. Portanto,

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toda organização desenvolve sua própria cultura, com seus valores, crenças, ética, usos e costumes, sendo que, muitas vezes, pode firmar-se como uma cultura na sociedade, por meio de processos de interferência nesta ou por meio de comportamentos no meio externo. Essa influência no contexto externo, tanto pode reforçar a presença de um traço cultural, como negá-lo, independentemente da vontade dos gestores de uma organização.

A cultura organizacional é o conjunto de hábitos e crenças, que foram estabelecidos por normas, valores, atitudes e expectativas, sendo compartilhada por todos os membros da organização e representando as normas informais que orientam seu comportamento no dia-a-dia direcionando suas ações para o alcance dos objetivos organizacionais. Segundo Chiavenato (2002), a cultura organizacional define a missão e provoca o nascimento e o estabelecimento dos objetivos da organização, como planejamento, organização, direção e controle para que se possa conhecer melhor a organização. A cultura espelha a mentalidade que predomina em uma organização, pois constitui a maneira pela qual cada organização aprendeu a lidar com seu ambiente.

As organizações se diferenciam em virtude de suas naturezas culturais, que permeiam todos os seus ambientes e esferas. Geralmente estão presentes na dimensão cultural de uma empresa os aspectos históricos das instituições, bem como, os processos de socialização, particularidades do comportamento organizacional e cultura ambiental – que transforma a cultura organizacional e vice-versa. Portanto, depreende-se que a cultura nacional, regional e até mesmo inter-regional tem real interferência na cultura organizacional, que se dá nos relacionamentos, padrões de conduta e forma de administração.

Lima e Albano (2002) ressaltaram a importância de se reconhecer que a cultura organizacional abrange os principais elementos constitutivos de uma empresa, como valores, ambiente, comunicação, objetivos e políticas; elementos estes, que formam uma personalidade empresarial única, relacionada intimamente com o segmento de público composto pelos funcionários.

Desse modo, toda a estrutura interna de uma corporação é regida pela cultura organizacional, influenciando no desempenho das tarefas do cotidiano.

Assim, quando se enfoca cultura em uma organização, a atenção é voltada para a coletividade, que é claro, é constituída de indivíduos. Uma das formas mais evidentes da propagação da cultura organizacional se dá pela comunicação, seja de

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caráter formal ou informal, reforçando, dessa maneira, os padrões estabelecidos e criando uma referência para todos que convivem na coletividade. Além dos aspectos técnicos, administrativos, políticos e estratégicos, a cultura organizacional de uma empresa está também representada na complexidade da convivência em grupo, história da empresa, organograma, localização geográfica, contexto macrocultural e toda uma rede de aspectos (RIZZO et al., 1999).

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4 SEGURANÇA PÚBLICA

Na elaboração de sua política pública na área de segurança, o Estado deve atentar para o emprego de táticas e posturas condizentes com um estado democrático de direito, onde o emprego do uso legítimo da força seja dimensionado estritamente dentro dos limites legais, adstritos aos diversos princípios que regem a administração pública, os de caráter administrativo (compreensão, situação, ação, razão, realização, participação e transformação) e os de caráter público (legalidade, finalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade), além de atentar para a necessidade de se considerar usualmente o moderno princípio da eficiência, inserido no contexto legal brasileiro pela Emenda Constitucional nº. 19 (BRASIL, 1998), que impõe ao Estado o imperativo de atuar cada vez mais de forma efetiva, com o mínimo de gasto e o máximo de resultados.

Mister se faz, conhecer as diversas dimensões que compõem a ideia de segurança para que, compreendendo, se possa ser preciso na busca da solução, inclusive e principalmente no espectro cognitivo-subjetivo.

4.1 SEGURANÇA E MEDO

Ultimamente existe uma forte tendência das pessoas em sentirem medo; todos se sentem ameaçados, inclinados ao pânico. Contudo, o que exatamente significa “medo”?

De acordo com o Dicionário Aurélio, o medo consiste em: “1. Sentimento de viva inquietação ante a noção de perigo real ou imaginário, de ameaça; pavor, temor” (FERREIRA, 2008, p. 545).

Obviamente, a maioria dos indivíduos sente-se incomodada com a sensação de medo, porém, Dantas (2006) esclareceu que o medo pode ser visto sob dois aspectos: um positivo e um negativo. O aspecto positivo está associado ao fato de o medo servir como um método preventivo, que auxilia os indivíduos a mudarem suas atitudes frente aos fatores causais do medo, induzindo-os a adoção de hábitos e posturas defensivas no sentido de prevenção de ameaças, buscando-se a

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autopreservação. Já o aspecto negativo está associado ao medo como algo doentio, patológico, que ocasiona uma angústia exacerbada e injustificada nos indivíduos que por ele são acometidos. Em geral, não há nessas situações uma relação direta e/ou a incidência real e objetiva do perigo ou sua ameaça no local e momento considerados.

Em outras palavras, Silva (2011, p. 100) afirma que o medo está presente em todos os humanos e, “além de ser natural, exerce uma função relevante e evidentemente saudável. O problema está no medo excessivo, provocando desconfiança, criminalização e até mesmo violência”.

Segundo Bauman (2009), Sigmund Freud já havia enfrentado o ponto cego do enigma do medo, sugerindo que a solução poderia ser encontrada no desprezo tenaz da psique humana pela árida lógica factual. Os sofrimentos humanos decorrem muitas vezes da inaptidão em conviver socialmente perante a família, o Estado e a própria sociedade e se não se pode eliminar todos esses sofrimentos, se consegue eliminar alguns e atenuar outros.

Essa dimensão decorre da incapacidade humana de entender que as regras colocadas e estipuladas por quem deve fazê-las são postas para satisfazer os indivíduos enquanto seres humanos, mas insiste-se que elas nunca estão à altura das expectativas, que não são como deveriam, por isso tende-se a imaginar maquinações hostis, complôs, conspirações de um inimigo que se encontra na porta. Em suma deve haver um culpado, um crime ou uma intenção criminosa.

Bauman (2009) supõe que:

A aguda e crônica experiência da insegurança é um efeito colateral da convicção de que, com as capacidades adequadas e os esforços necessários, é possível obter uma segurança completa. Quando percebemos que não iremos alcança-la, só conseguimos explicar o fracasso imaginando que ele se deve a um ato mau e premeditado, o que implica na existência de algum delinqüente (BAUMAN, 2009, p. 15).

Pode-se dizer então que a insegurança moderna, em suas várias manifestações, é caracterizada pelo medo dos crimes e dos criminosos. Suspeita-se dos outros e de suas intenções, recusando-se à confiança.

Referências

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