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Prontidão para resposta à fauna. Guia de boas práticas para gestão de incidentes e para profissionais de resposta a emergências

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Guia de boas práticas para gestão de incidentes

e para profissionais de resposta a emergências

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Relatório 516 da IOGP Data de publicação: 2014

© IPIECA-IOGP 2014 Todos os direitos reservados.

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Guia de boas práticas para gestão de incidentes

e para profissionais de resposta a emergências

Imagens reproduzidas com cortesia de: Figura 3 (página 17) adaptada de C. J. Camphuysen, comunicado pessoal sobre o uso de dados corrigidos sobre aves marinhas no mar do banco de dados 4.1 da European

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Essa publicação faz parte da série Guia de boas práticas da IPIECA-IOGP, que resume as visões atuais sobre boas práticas para diversos temas de prontidão e resposta de derramamentos de óleo. A série visa ajudar a alinhar atividades e práticas de indústria, informar grupos de interesse e atuar como uma ferramenta de comunicação para promover conscientização e educação. A série atualiza e substitui a bem estabelecida 'Série de relatórios de derramamento de óleo' da IPIECA publicada entre 1990 e 2008. Ela trata de temas que são amplamente aplicáveis aos setores de exploração e produção, além de atividades de envio e transporte.

As revisões estão sendo realizadas pelo projeto conjunto da indústria (JIP) para resposta a derramamentos de óleo da IOGP-IPIECA. O JIP foi criado em 2011 a fim de implementar oportunidades de aprendizado com relação a prontidão e resposta de derramamentos de óleo após o incidente de controle de poço no Golfo do México ocorrido em 2010.

Observação sobre boas práticas

O termo 'boas práticas' é uma declaração de diretrizes, práticas e procedimentos reconhecidos internacionalmente que permitem que a indústria de petróleo e gás tenha um desempenho aceitável em relação à saúde, segurança e meio ambiente.

As boas práticas para um determinado tópico mudarão ao longo do tempo diante de avanços de tecnologia, experiência prática e compreensão científica, além de mudanças nas esferas políticas e sociais.

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Prefácio 2

Introdução 4

Como usar este guia 4

O que é a resposta à fauna oleada? 4

Por que se preparar? 5

O ciclo de prontidão 6

Onde começar 7

Elaboração de um plano de resposta à fauna 7

Definição da filosofia e escopo do plano 7

A estrutura de um plano de fauna 9

Definição de objetivos e identificação de desafios 13 de planejamento

Avaliação como parte do processo de planejamento 16 Desafios de incidentes e estratégias de resposta 21

Como tornar o plano operacional 30

Desenvolvimento de capacidade: uma abordagem escalonada 30 Estabelecimento e treinamento da equipe de resposta de nível 1 31

Programas de treinamento 32

Equipamentos e instalações 34

Simulados 36

Colocando à prova: resposta a incidentes 38

e avaliação do plano

Resposta a incidentes 38

Cronologia da resposta 39

Avaliando o sucesso de uma resposta 46

Programas de longo prazo 47

Avaliação 48

Leituras adicionais 50

Agradecimentos 51

Anexos

Anexo 1: Visão geral de resposta à fauna oleada 52

Anexo 2: Glossário de termos 55

Anexo 3: Abreviações 57

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Como usar este guia

Este guia para prontidão para resposta à fauna foi preparado como um manual de curso para profissionais cuja função é desenvolver a prontidão para resposta à fauna oleada para sua empresa ou país e para aqueles que só possuem conhecimento superficial sobre a resposta à fauna. Em vez de servir como um modelo para o desenvolvimento do plano de resposta, o presente documento busca fornecer uma compreensão sobre os princípios da prontidão e resposta à fauna oleada, além de um caminho lógico para alcançar a boa prática ao minimizar os impactos na fauna de

derramamentos de óleo. Dessa forma, o documento será útil para aqueles que se preparam para responder a um incidente que envolva fauna oleada e para aqueles que estão encarregados de avaliar os esforços de prontidão.

O documento proporciona uma visão geral dos principais conceitos e soluções sobre prontidão para resposta à fauna oleada e explica o nível máximo em que a prontidão integrada pode ser alcançada. No entanto, as diretrizes não substituem a necessidade do envolvimento de profissionais experientes em resposta à fauna oleada nos esforços de resposta e prontidão. Em vez disso, espera-se que, ao fornecer uma introdução a alguns detalhes e complexidades ligados ao campo de resposta à fauna, maior atenção seja concedida ao valor daqueles que se dedicaram a dominar o assunto. Embora este documento fale diretamente sobre o conhecimento e experiência obtidos ao responder a

derramamentos de óleo cru e combustíveis ao longo de diversas décadas, muitas dessas mesmas técnicas, políticas e procedimentos operacionais podem ser aplicadas em derramamentos de outras substâncias químicas que são transportadas por navios, trens ou oleodutos e que possam afetar a fauna. Sendo assim, este documento também será útil para planejadores encarregados de se preparar para eventos que envolvam tais produtos.

O que é a resposta à fauna oleada?

A resposta à fauna oleada, muitas vezes considerada como um sinônimo da reabilitação da fauna oleada, é um dos aspectos menos compreendidos e mais subestimados de uma resposta a derramamentos de óleo. Ela pode ser definida de modo mais preciso como a combinação de atividades que buscam minimizar os impactos de um derramamento de óleo sobre a fauna (como aves, mamíferos e répteis) por meio da prevenção do oleamento, onde possível, e da mitigação dos efeitos sobre os indivíduos oleados. As atividades de resposta incluem a avaliação de riscos à fauna em tempo e espaço, monitoramento em tempo real dos paradeiros da fauna em relação ao óleo,

proteção de locais de nidificação, afugentamento e dispersão (afastar os animais para longe do óleo), captura e coleta preventiva de animais não afetados e suas crias/ovos, coleta e análise dos corpos de animais mortos, eutanásia, reabilitação de animais oleados, sua soltura na natureza e, por fim, monitoramento da sobrevivência após a soltura.

Há décadas, as atividades de resposta à fauna existiam separadamente dos principais sistemas de pesquisa e desenvolvimento e prontidão para resposta a derramamentos de óleo, e faziam aparências ad hoc realizadas apenas por quem estivesse mais próximo e alerta o bastante para se envolver. No entanto, graças ao trabalho profissional de ONGs e de algumas

A integração legal obrigatória do planejamento de fauna oleada (por exemplo, nos EUA) forneceu oportunidades maiores para ONGs melhorarem os protocolos de cuidados com animais e profissionalizar seus serviços. S te v e E b b e rt /S e rv iç o d e F a u n a e P e ix e s d o s E U A

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universidades pioneiras, os protocolos de reabilitação de fauna oleada foram aprimorados, especialmente em países cuja legislação agora emprega um valor explícito sobre a mitigação e restauração de danos à natureza. Nas últimas décadas, incidentes que ocorreram em todo o mundo demonstraram que a resposta à fauna se desenvolveu como uma atividade profissional capaz de ser integrada com sucesso em uma resposta a derramamentos de óleo.

Esse reconhecimento, juntamente com as oportunidades proporcionadas pelas autoridades visionárias e grupos da indústria, levou à elaboração de novos conceitos e soluções para minimizar danos à animais selvagens e suas populações. Dependendo dos parâmetros do processo de planejamento, além das metas definidas para prontidão para resposta à fauna oleada, diversas operações podem agora ser consideradas, o que ocorre tanto no campo quanto em condições controladas em uma instalação.

Por que estar preparado?

Qualquer incidente com óleo tem potencial de causar impacto à fauna. Esses impactos podem ter consequências legais, econômicas, culturais, políticas ou de percepção pública para a indústria e o governo. Embora as normas atuais possam não exigir uma resposta à fauna, o público pode exigir que medidas profissionais sejam adotadas, especialmente quando os perigos ou danos

relacionados a fauna estão sendo informados pela mídia.

É importante notar que a escala dos impactos sobre a fauna não está ligada à quantidade de óleo derramado. Em vez disso, a escala depende de diversos outros fatores que incluem a época e o local do incidente, o tipo de produto, padrões climáticos e oceanográficos e os movimentos correspondentes das espécies que se alimentam, aninham ou no geral habitam uma determinada área. Mesmo um vazamento com pequeno volume de óleo pode ter um impacto grande em áreas de grande abundância de fauna, ou pode ameaçar indivíduos, as crias ou o habitat das espécies que são protegidas por seu valor de conservação nacional ou internacional.

Se animais se tornarem ameaçados ou oleados, isso provavelmente vai chamar a atenção e gerar preocupações da mídia e do público. Se a recuperação da fauna afetada não for legalmente obrigatória, não ocorrendo de modo efetivo, ou não ocorrendo de forma alguma, os indivíduos afetados ou organizações podem optar por desenvolver seus próprios esforços de resgate. Sem um esforço de pré-planejamento que seja integrado suficientemente no sistema de gestão de incidentes (SGI), esses esforços vão, na melhor das hipóteses, ser de pouca valia.

O mais provável é que eles ameacem a integridade e a segurança de pessoas e animais, podendo ter um impacto negativo sobre a eficácia e a percepção pública da resposta do incidente.

Alternativamente, um esforço de resposta à fauna totalmente integrado, profissional e bem planejado, coordenada pelos gerentes de resposta à fauna oleada com experiência, possibilita uma atividade de resposta alinhada com objetivos mais amplos em termos de saúde, segurança e operação. Ao levar em conta o potencial de impactos na fauna antes de um possível derramamento, as opções de resposta podem ser avaliadas e os objetivos definidos. Além disso, a uniformidade de esforço pode ser alcançada entre vários grupos de interesse, garantindo que a curta janela de oportunidade para responder a acidentes com a fauna viva possa ser usada de forma efetiva e adequada.

O derramamento de Tricolor (Bélgica, 2002) foi relativamente pequeno em termos de volume, mas teve um impacto em um grande número de aves marinhas; mais de 2.000 aves oleadas vivas foram recebidas pelas organizações de fauna do país dentro da primeira semana da resposta. W il d li fe R e sc u e C e n tr e O st e n d

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O ciclo de prontidão

Quando um país, uma empresa ou uma organização leva em conta a elaboração de um nível de prontidão para resposta à fauna, pode muitas vezes ser difícil identificar como isso pode ser feito e por onde começar. A Figura 1 mostra como a prontidão para resposta à fauna pode ser

desenvolvida por meio de uma série de etapas consecutivas (avaliação, planejamento, implementação e avaliação) que formam um processo contínuo e cíclico.

Se um incidente ocorrer, o plano de resposta à fauna oleada desenvolvido fornecerá orientação para as diferentes fases da resposta. A avaliação da resposta vai trazer de volta a experiência para o ciclo de prontidão e resultar em melhorias adicionais no futuro. Ao elaborar um plano de resposta à fauna oleada, presume-se que haja um plano de emergência de derramamento de óleo em vigor, proporcionando uma análise do risco de derramamento de óleo e as sensibilidades ambientais relacionadas como uma base para se trabalhar. O plano de emergência de

derramamento de óleo fornecerá a estrutura e a definição de um sistema de gestão de incidentes no caso de um incidente. Simulados Estratégia Integração Risco de derramamento de óleo Abundâncias de fauna sazonais e espaciais Cenário de oleamento/ resposta a fauna Responsabilidades legais/ exigências públicas Capacidades de resposta (experiência, forças de trabalho,

equipamentos, instalações) - Nível 1, Nível 2, Nível 3

Operações Dados Lacunas identificadas Lições aprendidas Notificação Avaliação/tática Mobilização Operações Iniciar, elevar Operações de escala máxima

Redução, desmobilização

Relatórios, indenização, reivindicações

Estudos de sobrevivência pós-derramamento Avaliação de impactos Programas de restauração Avaliação anterior ao derramamento Avaliação Desenvolvimento de capacidade e habilidade

Implementação: programas de longo prazo

Implementação: incidentes em tempo real 5 Desenvolvimento do plano / Revisão Plano de resposta a derramamento de óleo Início SGI Subseção de fauna Treinamento Aquisições, pesquisa e desenvolvimento O ciclo vermelho é a cadeia de atividades regulares que levam à prontidão ampla. O ciclo verde é a cadeia de atividades que devem ser implementadas logo após um incidente ameaçar a fauna (discutido nas próximas seções desta orientação). Os anexos 1 e 2 proporcionam detalhes adicionais sobre considerações operacionais para a resposta à fauna.

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Elaboração de um plano de resposta à fauna

Um plano de resposta à fauna visa fornecer uma estrutura integrada e definida para aqueles que realizam atividades de resposta à fauna, além dos objetivos, estratégia, orientação técnica e informações necessárias para desempenhar a tarefa com êxito. Quando totalmente integrada em um plano de emergência de derramamento de óleo, a resposta à fauna pode ser direcionada e coordenada como parte da estrutura de gestão de incidentes para que prioridades possam ser definidas em relação a outros aspectos da resposta, e recursos possam ser disponibilizados conforme necessário e adequado. O desenvolvimento de um plano de resposta à fauna deve ser baseado em uma avaliação adequada dos riscos a fauna, cenários e capacidades de resposta disponíveis. Seus objetivos e preparo

estratégico devem refletir os requisitos legislativos para as atividades de resposta programadas e os valores social, econômico, cultural e emocional que a fauna representa, como percebidos pela comunidade local.

O processo pelo qual o plano de resposta à fauna é desenvolvido pode variar conforme necessário para atender às necessidades do órgão ou da agência que será responsável por gerenciá-lo. A característica mais marcante de um plano de fauna é que ele condensa toda uma ampla variedade de informações e conhecimentos específicos, estando uma grande parte com cientistas, universidades e ONGs - todos estes sendo grupos de interesse. Foi provado que os planos de fauna mais eficazes são aqueles que garantem que os principais grupos de interesse sejam consultados e desempenhem seu papel. Reuniões com grupos de interesse são normalmente organizadas durante a fase de avaliação. Depois que interesses de diversos grupos de interesse são esclarecidos e equilibrados, a elaboração do plano pode ter início. Isso pode ser realizado por uma equipe ou um especialista em resposta à fauna oleada, sob a supervisão de um grupo de projeto dos principais grupos de interesse que ajudam a fornecer as informações mais importantes.

Depois de acordado e aprovado, o plano deve ser formalmente assinado e adotado. As revisões de qualquer plano também são necessárias regularmente para manter dados atualizados permitindo a modificação do plano a fim de refletir e incorporar informações novas e recentes - por exemplo, aprendizados a partir de um simulado ou derramamento, mudanças na posição ou compromisso dos signatários ou novas experiências e dados científicos de outras fontes. Consulte a seção sobre a avaliação do plano (páginas 48-49) para obter mais detalhes.

Definição da filosofia e escopo do plano

Compreender e incorporar os valores dos grupos de interesse no escopo, objetivos e estratégia de um plano de resposta à fauna vai ajudar a obter o suporte amplo das comunidades locais. Além disso, na maioria dos países há uma obrigação legal para conservação e bem-estar dos animais, algo que precisa ser respeitado e incluído no processo de planejamento. Em um nível tático, a consideração

Embora a assinatura e a adoção formal do plano sejam um grande marco, nessa etapa o processo é apenas uma intenção escrita. Para desenvolver integralmente seu valor, é necessário um programa de implementação de vários anos; os elementos de tal programa são discutidos na seção 'Como colocar o plano em ação', na página 30. S e a A la rm

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desses fatores permite a tomada mais ágil de decisões após um incidente real, especialmente quando tais decisões envolvem escolhas difíceis sobre questões potencialmente sensíveis.

Os gerentes de resposta precisam saber se certas opções de resposta podem ser consideradas inadequadas para uso em uma resposta específica ou dentro de um plano de fauna. Essa percepção economiza tempo e permite que eles se concentrem nas ferramentas consideradas aceitáveis. Um bom exemplo na resposta à fauna oleada é a eutanásia, onde o uso e o método são amplamente influenciados por valores culturais. Algumas culturas valorizam a vida acima de tudo, e a eutanásia não é uma opção. Outras podem valorizar mais o fim do sofrimento, e a eutanásia em massa pode ser a opção adotada. Se esses valores culturais ou locais entrarem em conflito com o plano e a estratégia de resposta, eles devem ser solucionados por meio de uma discussão bem antes do incidente. Adiar a solução até um derramamento ocorrer só vai aumentar a dificuldade da decisão e diminuir a probabilidade de se chegar a uma resposta mutuamente aceitável.

As reações do público nem sempre fornecem os melhores princípios orientadores para uma resposta, mas devem, ainda assim, serem consideradas como um termômetro de valores culturais que pode influenciar a estratégia de resposta à fauna e a percepção de uma determinada abordagem. Os valores que os seres humanos e as comunidades humanas (como o público geral, oficiais eleitos, ONGs e povos indígenas) associam à fauna podem variar bastante. Os responsáveis por atividades de resposta à fauna devem estar cientes sobre tais valores e sentimentos, e garantir que sejam reconhecidos, respeitados e, onde possível, acomodados no processo de planejamento. A tabela 1 na página 9 fornece uma visão geral dos princípios e valores que são importantes para decidir as ações de resposta.

Estrutura legal

Antes de atribuir responsabilidades para operações e tomada de decisões em uma resposta à fauna oleada, é importante estar ciente sobre as exigências legislativas locais. Aspectos importantes a serem considerados incluem conservação e proteção de espécies (licenças de manejo, espécies prioritárias), bem-estar animal, segurança alimentar, segurança de profissionais, proteção do meio ambiente, e leis e normas de acesso público. Certas agências, ministérios ou departamentos terão autoridade legal sobre os diversos aspectos da resposta à fauna e recomenda-se que seu

envolvimento ocorra em uma etapa inicial. Pode ser necessário que diversas dessas autoridades sejam envolvidas a fim de se levar em conta adequadamente todos os aspectos da resposta. Podem surgir questões de competência conflitante, não definida ou até mesmo negada, com opiniões divergentes entre as agências. Os papéis e deveres das diversas autoridades devem ser reconhecidos e respeitados na elaboração de um plano. Quanto maior for o envolvimento no processo de planejamento, melhor o plano vai refletir a abordagem e a estrutura de comando mais adequada e aceitável.

Decisões políticas

Um dos aspectos mais desafiadores do processo de planejamento é garantir que o plano e o sistema de prontidão subjacente tenham o mais amplo apoio político. Isso vai proporcionar um sólido ponto de partida para treinamentos e investimentos, e vai ajudar a alcançar os melhores resultados esperados em relação aos objetivos identificados, incluindo as expectativas públicas e o alcance de um benefício ambiental líquido, especialmente em áreas onde os riscos ultrapassarem os limites locais, regionais ou nacionais. Depois que a tomada de decisões políticas tiver sido realizada, o processo de elaboração do plano pode ter início.

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A estrutura de um plano de fauna

O principal desafio no processo de elaboração de um plano é reunir todos os aspectos em um só documento que:

l explique de forma clara o que o plano visa fazer, por quê, quando, como e por quem;

l forneça instruções operacionais claras e diretas para permitir que gerentes e profissionais de resposta respondam de forma rápida quando orientados a tal; e

l forneça os principais dados e recursos de suporte para possibilitar a tomada de decisões eficiente e eficaz.

O ideal é que o plano seja composto de três seções separadas, sendo elas: estratégia, operações e dados. A Tabela 2, nas páginas 10-12, lista os principais aspectos que precisam ser considerados dentro de cada uma dessas três seções.

Tabela 1 Exemplos de princípios e valores e como eles podem levar a reações e/ou interferência do público se os animais ficarem

oleados em um incidente.

Princípio

Valores que podem ser firmemente mantidos

Possíveis reações humanas se os animais

ficarem oleados Relação de ações de resposta

Bem-estar dos animais

Cualquier animal individual representa valores intrínsecos (incluidos los valores religiosos o culturales) y se debe maximizar su bienestar si se extrae del medio ambiente natural.

l Animais vivos devem ser resgatados para

que possam receber os cuidados apropriados.

l Animais oleados não devem sofrer se

não puderem ser resgatados e devem então sofrer eutanásia.

l Esforços proativos de

captura de animais para evitar oleamento.

l Reabilitação ou eutanásia

após captura, usando um método humano (aceitável ao público).

Conservação Um animal selvagem

representa um ambiente saudável, natural e preservado; ele é uma parte intrínseca do meio ambiente e deve ser preservado por essa razão.

l O ambiente é afetado e esse dano

deve ser avaliado e reparado; isso inclui a reabilitação de animais afetados pelo óleo.

l O poluidor é responsável e deve

compensar pelos danos e/ou restauração das populações de animais selvagens.

l Se uma certa espécie estiver em risco,

ela deve ser resgatada como prioridade.

l Captura, transporte para a

unidade, tratamento na unidade e soltura para o ambiente natural longe do óleo.

Sem intervenção Um animal selvagem não deve

receber nenhuma forma de assistência humana; sua sobrevivência deve depender apenas de condições naturais.

l Animais não devem ser ajudados, ainda

que possam sofrer e morrer sem tal assistência.

l Não se deve gastar dinheiro em animais

enquanto as necessidades de diversos humanos não são atendidas.

l Nenhuma intervenção de

campo é realizada.

l Garantir a saúde e a

segurança dos membros do público (para evitar qualquer ação fora da resposta oficial).

l Monitorar animais e avaliar a

mortalidade, se possível e adequado.

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Tabela 2 Aspectos que precisam ser considerados dentro da estratégia, operações e seções de dados do plano

de fauna.

continuação…

1. Sección de estrategia Introdução e escopo

l Autoridades e responsabilidades; comitê de coordenação

l Exigências estatutárias (normas relativas a permissões de manejo de vida selvagem, permissões de

reabilitação, espécies protegidas, transporte nacional e internacional de fauna e gerenciamento de resíduos)

l Limites geográficos do plano

l Limites administrativos relevantes

l Interface com outros planos/representação em centros de controle conjuntos

Análise de riscos

l Identificação de atividades e riscos (tráfego de petroleiros, clima inadequado)

l Tipos de óleo que podem ser derramados

l Espécies e habitats vulneráveis; sazonalidade

l Abundância de espécies e sua suscetibilidade ao oleamento; espécies predominantes em risco

l Efeitos do óleo na fauna em risco

l Desenvolvimento de cenários de fauna oleada

l Espécies prioritárias para proteção e/ou reabilitação

l Considerações locais especiais

Estratégia de resposta a derramamento

l Filosofia e objetivos

l Condições adversas e limitantes; resposta escalonada

l Estratégia para saúde e segurança

l Estratégia para evitar que o óleo chegue à fauna e para evitar o oleamento da fauna

l Estratégia para monitoramento de fauna oleada (viva e morta) no mar

l Estratégia para fauna oleada perdida e viva (incluindo triagem)

l Estratégia para fauna oleada encalhada morta

l Estratégia para armazenamento e descarte de resíduos oleados (sólidos e água de lavagem)

Equipamento, suprimentos e serviços

l Equipamentos de instalações temporárias

l Equipamentos veterinários

l Equipamentos de captura e coleta

l Equipamentos de TI, escritório e comunicação

l Inspeção, manutenção e testes

Gerenciamento, recursos humanos e treinamento

l Relação com o sistema de gestão de incidentes

l Gerente de resposta à fauna e unidades funcionais de apoio

l Gráfico de organização de incidentes

l Profissionais de resposta nacionais (licenciados) de fauna oleada

l Profissionais de resposta internacionais e consultores de fauna oleada

l Disponibilidade de profissionais (locais, sob chamada)

l Disponibilidade de mão-de-obra adicional (voluntários)

l Cronogramas de treinamento/segurança e programa de simulados/treinamentos

Comunicações e controle

l Unidade de fauna, sistema de gestão de incidentes

l Instalações temporárias e permanentes

l Equipamento de comunicação da equipe de campo

l Relatórios, manuais, mapas, gráficos e registros de incidentes (manutenção de registros)

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1. Seção de estratégia (continuação)

Ativação, desativação

Simulado, treinamento, revisão do plano Financiamento

l Controles financeiros

l Pedidos de indenização

2. Seção de Operações Procedimentos iniciais

l Comunicado do incidente, estimativa preliminar de nível de resposta

l Notificação dos principais membros da equipe e autoridades

l Definição e preenchimento de equipe da sala de controle

l Coleta de informações (tipo de óleo, localização do óleo, previsão climática, espécies oleadas no mar,

espécies oleadas em terra)

l Identificar espécies em risco imediato

l Estimar o porte esperado do incidente para a fauna com base na estação do ano e na localização do

derramamento

Operações, planejamento e procedimento de mobilização

l Estabelecimento de uma equipe de resposta completa

l Identificação das prioridades imediatas da resposta

l Mobilização da resposta imediata

l Identificação/definição de instalação para recebimento de fauna

l Preparação de nota inicial para a imprensa

l Planejamento de operações de médio prazo (24, 48 e 72 horas)

l Decidir se é necessário elevar a resposta para um próximo nível

l Mobilização de recursos necessários (ou colocação em estado de espera)

l Montagem de equipes de coleta e busca na praia, comunicação e transporte

Controle das operações

l Estabelecimento de uma equipe de gestão com especialistas e consultores

l Atualização de informações (previsões climáticas, monitoramento aéreo, relatórios de praia)

l Revisão e planejamento das operações

l Obtenção de equipamentos, suprimentos e profissionais adicionais

l Preparação de um relatório de incidente diário e de relatórios de gestão

l Preparação de relatórios financeiros e contábeis de operações

l Preparação de comunicados para conferências públicas e de imprensa

l Briefing para oficiais do governo

Encerramento de operações

l Decidir os níveis críticos diários de perda de animais abaixo dos quais a coleta e a busca serão encerradas

l Retirada de equipamentos; limpeza, manutenção e recolocação

l Elaboração de um relatório formal detalhado

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No momento da resposta, a seção Operações proporciona instruções claras, como um roteiro, que permitem que profissionais iniciem

rapidamente e mantenham as principais atividades. A seção Dados é como um conjunto de ferramentas que proporciona informações relevantes e material de suporte a decisões, conforme logicamente necessário em qualquer etapa da resposta, a fim de manter o fluxo ideal das operações. Os profissionais de resposta devem ter a estratégia em mente (ou no bolso), e não em suas mãos. Em um plano bem elaborado, a estratégia é refletida de modo consistente nas seções de operações e dados.

Estratégia

Operações

Dados

3. Seção de dados Mapas/gráficos

l Instalações costeiras, estradas de acesso, hotéis, etc.

l Mapas/atlas de distribuição de espécies; sazonalidade

l Locais de risco e provável destino do óleo

l Tipos de linhas de costa e zonas para estratégias de coleta e busca

l Planos de área (no caso de locais complicados, remotos ou vulneráveis)

Listas

l Espécies vulneráveis e sua suscetibilidade ao oleamento, história natural, comportamento em cativeiro,

sucesso esperado de reabilitação, doenças mais comuns

l Equipamentos para busca e coleta em linha de costa: EPI; redes e outras ferramentas; sacolas plásticas;

etiquetas; equipamentos de comunicação (incluindo fabricante/fornecedor, tipo, tamanho, local, transporte, contato, tempo de entrega, custo e condições)

l Instalações: centros de reabilitação permanente, laboratórios universitários; armazéns de estoque

l Equipamento de suporte: comunicações; serviço de alimentação; moradia; transporte; saneamento de

campo; abrigo; freezers e casas refrigeradas; operadores de locação de barcos (incluindo disponibilidade, contato, custo e condições)

l Detalhes de contato para organizações e agentes de emergência identificados

l Organizações relevantes e seus campos de responsabilidade: governo local e nacional; organizações de

proteção aos animais; departamentos universitários; centros de reabilitação de fauna; etc. (incluindo o nome do contato, formação e responsabilidade, endereço, telefone, fax e e-mail)

l Fontes de profissionais: médicos veterinários; enfermeiras veterinárias; profissionais de reabilitação de

fauna; biólogos de fauna; analistas; autoridades locais; fornecedores de alimentação; empresas de segurança; voluntários (incluindo disponibilidade, contato, custo e condições)

l Listas de verificação: preenchimento de equipe; kits veterinários; requisitos de instalação; kits de equipe

de busca e coleta; alfândega; gerenciamento de resíduos; briefings de segurança; etc.

l Listas de verificação para incorporar a fauna em unidades funcionais de um IMS (logística, administração,

finanças, planejamento, etc.)

l Critérios de triagem

Dados

l Fichas de instruções de manejo de fauna

l Protocolos de reabilitação e cuidados com animais

l Manuais de necropsia

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Integração

Integrar um plano de resposta à fauna à um plano de emergência de derramamento de óleo no nível apropriado garante que a resposta à fauna alcance os objetivos consistentes com a resposta geral. Essa integração é relevante tanto para incidentes onde a fauna oleada é avistada antes do vazamento ser comunicado como também onde óleo livre é observado no ambiente, fornecendo assim suporte ao SGI mesmo se a fauna oleada for a única ação de resposta necessária. A

integração possibilita que a resposta à fauna se beneficie de disposições administrativas nacionais e internacionais em vigor para assistência mútua (resposta escalonada). Alguns acordos

internacionais para cooperação de resposta a derramamento de óleo começaram agora a integrar a resposta à fauna em suas disposições e políticas.

Definição de objetivos e identificação dos desafios de planejamento

O objetivo de todo plano de resposta à fauna será minimizar o impacto nos animais, suas

populações e o habitat. Isso será alcançado com maior custo-benefício se o óleo puder ser mantido longe dos animais e seus habitats, ou se os animais puderem ser mantidos longe do óleo. No entanto, as circunstâncias de um incidente podem significar que há pouco ou nenhum tempo disponível para alcançar nenhuma dessas metas, e essas operações podem ter um efeito limitado ou podem não ser realizadas. Se os animais ficarem oleados, o plano deve informar de forma clara todas as possíveis operações e técnicas que podem ser aplicadas a fim de minimizar o impacto do oleamento.

A fauna adiciona uma camada de complexidade a qualquer situação de resposta de derramamento de óleo. Em casos ondes o óleo se movimenta em direção à áreas onde a vida animal é abundante, ou onde ele já começou a afetar a fauna, devem ser tomadas decisões sobre o que fazer, como fazer, quando e por quem. Em uma resposta a derramamento, as decisões devem ser tomadas de forma rápida, uma vez que há pouco tempo para iniciar uma medida efetiva. Medidas preventivas devem ser adotadas rapidamente antes que os animais possam ser contaminados. Medidas para minimizar os efeitos do oleamento devem ser adotadas antes que os animais fiquem hipotérmicos, sofram os efeitos tóxicos do óleo ou percam a condição corporal crítica.

Embora isso pareça simples, o processo de tomada de decisões precisa levar um grande número de fatores em conta para avaliar a viabilidade das diferentes opções de resposta e seu sucesso esperado em consideração das condições específicas em jogo (consulte a Figura 2 na página 14). Caixa 1 Estados Bálticos desenvolvem e adotam planos nacionais de resposta à fauna oleada

Os estados do Mar Báltico integraram a prontidão de resposta à fauna oleada em suas disposições de resposta e prontidão de poluição marinha sob proteção do Grupo de Resposta da Comissão Báltica de Proteção ao Ambiente Marinho (ou comissão Helsinki - HELCOM).

Os estados são obrigados a elaborar e adotar seus próprios planos nacionais de resposta à fauna oleada até 2016, que são apoiados por um mecanismo regional definido para comunicar e solicitar assistência no caso de um incidente de fauna oleada na área do Mar Báltico.

(16)

Isso inclui o contexto do derramamento (incluindo infraestrutura local e o suporte legal), a viabilidade técnica de montar uma resposta à fauna (incluindo a saúde e a segurança dos profissionais de resposta), a viabilidade financeira e quaisquer valores culturais que possam influenciar as opções e objetivos de resposta.

Todos esses elementos são melhor considerados como parte de um processo de planejamento proativo para garantir uma resposta eficiente e integrada do esforço caso um incidente ocorra.

Os fatores mais importantes que afetam a viabilidade das diferentes operações que podem ser considerados durante uma resposta à fauna oleada são apresentados aqui. A natureza de muitos desses fatores pode ser avaliada antes que um incidente de derramamento ocorra, e pode ser fornecida na etapa de planejamento. Isso vai possibilitar a rápida tomada de decisões táticas durante uma resposta real.

Fatores de fauna oleada a serem levados em conta:

Oleado/não oleado? Números?

Espécies? Estado de conservação?

Condição de saúde?

Quais opções de resposta escolher:

Prevenção de oleamento? Mitigação de oleamento? Via bili dad e fin ance ira Consid eraçõ es m or ais V iab ilid ad e té cnica Viabi lidad e d e co nte xto Fundos da O NG Fund os g overn am en tais Val ore s e exp ecta tiva s relig iosa s/cu ltura is lo cais Valo res e exp ecta tivas inte rnac iona is Valores e expec tativas corpora tivas Ambiente legal Am bien te so cioecon ôm ico Am bie nte re lativo In fra es tru tu ra lo ca l (e stra d as, ae rop o rto s, a ss en tam en to s) Re curs os de nív el 3 -1, mo bil iza ção e lo gís tica Jan elas de tem po Aces so à faun a afe tada Saúde,

segurança , meio a mbient e Fu nd o s r ela cion ad o s a o re sp on sá ve l p elo d erra m am en to

Figura 2Fatores que afetam a viabilidade das diferentes operações que podem ser considerados durante uma resposta à fauna oleada

Depois que os princípios orientadores foram definidos, o planejador de resposta deve considera as cinco questões operacionais (consulte a tabela 3) que vão levar à definição de objetivos de resposta e à identificação de desafios de planejamento específicos associados com cada objetivo.

(17)

Tabela 3 Aspectos generales de los problemas más importantes y los desafíos relacionados que se deben considerar en la planificación y la

preparación de respuesta para atención de la fauna. (Consulte el Apéndice 1 para ver mayores detalles acerca de los objetivos operativos).

Questões operacionais Objetivos Desafios de fauna

1. É possível manter o óleo afastado dos animais?

l Manter a poluição na, ou próxima da, fonte.

l Recolher o óleo de forma rápida e eficiente.

l Proteger áreas sensíveis.

l Saber onde estão as prioridades a qualquer

momento.

l Há capacidade adequada para combater o óleo na

fonte/no mar?

l Há dados disponíveis suficientes para uma análise de

risco confiável?

l Há mapas de sensibilidade sazonal disponíveis, além de

informações sobre padrões de migração e comportamento reprodutivo das espécies?

l É possível obter informações em tempo real sobre a

distribuição dos animais em relação ao óleo? 2. É possível manter

os animais afastados do óleo?

l Transferência dos animais (ou, no caso de

tartarugas, seus ovos/ninhos, se apropriado) para longe do óleo ou de um local ameaçado por:

l afugentamento/dispersão;

l captura preventiva ou coleta.

l Existe capacidade adequada para interação com

conhecimento e compreensão apropriados?

l Quais espécies estão presentes?

l Como os animais vão reagir aos métodos (há

possibilidade de impactos adversos?)?

l O que deve ser feito com os animais

capturados/coletados: como os animais podem ser mantidos vivos e saudáveis durante o cativeiro; há um local seguro para transferência dos animais; onde, quando e como eles devem ser soltos?

l Que medidas são necessárias após a soltura?

3. Como os animais devem ser tratados quando estiverem oleados?

l Coleta/remoção de animais mortos.

l Tratar animais vivos de acordo com o método

mais aceitável (resgate/reabilitação ou eutanásia).

l Quem vai realizar isso?

l É possível definir métodos científicos e sistemáticos para

coleta?

l Há métodos de reabilitação de fauna oleada confiáveis e

aprovados disponíveis que definam os limites

(específicos ou quantitativos de acordo com as espécies) desses métodos?

l Métodos de eutanásia que foram considerados efetivos,

aceitáveis (humanos) e seletivos foram (isso é, não matar/afetar animais que não são alvo)?

4. Como a própria resposta pode minimizar os danos às pessoas, ao meio ambiente e aos animais?

l Priorizar a segurança humana a todo momento

(sem resposta ou resposta adiada se for considerada insegura).

l Coletar/remover animais mortos (coletar e

armazenar de forma segura uma vez que eles constituem dados científicos valiosos; evitar o acúmulo e coleta para fins de necropsia).

l Garantir o bem-estar dos animais a todo

momento.

l Considerar o benefício ambiental líquido.

l Existe consciência dos potenciais efeitos nocivos de uma

resposta (saúde e segurança; poluição secundária; perturbação de animais não oleados; e sofrimento desnecessário ou morte de animais) e existem métodos para evitar tais efeitos?

l Há métodos em vigor para desencorajar o público de

realizar atividades por conta própria fora da resposta coordenada?

5. Como a mídia e o público podem ser informados para que a resposta seja compreendida e apoiada?

l Comunicar o plano de resposta e os desafios

imediatos.

l Fornecer atualizações diárias sobre a resposta.

l Permitir que o público participe (autorizar a

participação de voluntários; fornecer consumíveis como toalhas).

l Fornecer uma perspectiva de ação pública (o

que fazer se um animal oleado for encontrado).

l Permitir que a mídia informe sobre a resposta

à fauna.

l Estratégias para comunicação em massa (por exemplo,

uso de sites dedicados com diversas informações básicas) foram desenvolvidas e facilmente implementadas?

l Lições das experiências anteriores foram incluídas nas

informações em massa?

l Há dados de referência (por exemplo, tamanho da

população e integridade antes da ocorrência do derramamento)?

(18)

Avaliação como parte do processo de planejamento

Para desenvolver um plano de resposta à fauna efetivo (e implementá-lo caso um incidente ocorra), uma avaliação completa da situação anterior ao derramamento, em termos de risco e prontidão de resposta, precisa ser feita para que a estratégia e as táticas mais eficazes possam ser determinadas. Tal avaliação é melhor realizada por profissionais de resposta à fauna oleada experientes e especialistas na fauna local. Eles precisarão coletar, avaliar e incorporar informações de diversas fontes, formatos variáveis e diferentes níveis de detalhe e veracidade. Entre eles, estão dados de risco de derramamento de óleo, abundância e sensibilidade de fauna, infraestrutura costeira, instalações disponíveis, estoques de equipamentos e as capacidades e nível de treinamento de profissionais de resposta locais. Esse componente de coleta de informações é realizado de forma mais eficiente por meio do uso de um conjunto de técnicas, incluindo, entre outras, consulta de especialistas locais, regionais e de espécies, revisão de literatura disponível e analisada por pares, realização de visitas completas ao local e reunião com organizações de resposta a derramamento de óleo interessadas e disponíveis com responsabilidades e interesses regionais. Cenários de incidentes e opções de resposta precisam ser desenvolvidas e discutidas com autoridades de fauna local e grupos de resposta local. Os diferentes elementos de uma avaliação são explicados mais detalhadamente abaixo.

Risco de derramamento de óleo

A melhor avaliação de risco de derramamento de óleo vem do plano de emergência de

derramamento de óleo atual. As diferentes situações de derramamento (acidentes de navegação, acidentes de plataforma) vão ajudar a identificar as épocas e regiões de risco para os quais o perfil de fauna precisa ser elaborado. Informações sobre condições climáticas e meteorológicas também serão necessárias e podem ser fornecidas pelos operadores do plano. Além disso, muitos planos de emergência de derramamento de óleo incluem mapas de sensibilidade, que podem ser usados como base para desenvolver mapas de sensibilidade mais detalhados mas compatíveis para as principais espécies em risco.

Fauna sob risco

Os dados sobre abundâncias e atividades de fauna na área de planejamento são

normalmente mais bem coletados por meio de colaboração com biólogos locais e especialistas ambientais com experiência relevante, além de autoridades

regulamentares de fauna. Dados relevantes também podem estar disponíveis por meio de bancos de dados nacionais e internacionais.

Esquerda: Ilha dos pássaros na Baia de Algoa, no Sul da África, a maior colônia de atobás do mundo. Dados sobre abundâncias de fauna são essenciais para a avaliação da fauna em risco. S A N C C O B

(19)

Elementos chave Espaço

Compreender quais áreas em uma região estão em maior ou menor risco em termos de números de animais afetados permite a separação efetiva de recursos (por exemplo, instalações, equipamentos e profissionais). Ter instalações próximas aos locais onde os animais estão sob maior risco, e ainda assim perto de ambientes urbanos onde haja uma base sólida de voluntários e disponibilidade imediata de suprimentos necessários, permite um plano mais eficiente. Além disso, identificar as principais áreas de preocupação permite a identificação das organizações e sistemas existentes (por exemplo, centros de reabilitação, escritórios governamentais) que possam reduzir a necessidade da criação de novas estruturas ou ajustar as existentes. Por fim, ao compreender os locais geográficos de maior risco, é possível determinar e pré-estabelecer pontos de acesso, áreas de concentração para as equipes de recuperação de fauna (para animais vivos e mortos) e esforços de afugentamento dentro do plano.

Espécies

A identificação de taxa e espécies em risco na região, e compreensão de suas necessidades críticas, vai ditar os métodos adequados de reconhecimento, técnicas de captura e equipamentos,

exigências de profissionais e infraestrutura de instalação, além de requisitos de comunicados governamentais e locais. Por exemplo, há diferenças significativas entre as necessidades de

resposta relacionadas a cetáceos vivos (por exemplo, golfinhos e toninhas) ou répteis (por exemplo, tartarugas ou cobras) em relação a de aves (pelágicas, costeiras ou de água doce).

Além disso, conhecer o estado de conservação de cada espécie (por exemplo, ameaçada ou em perigo) permite uma resposta priorizada aos animais de maior preocupação.

Tempo

Compreender a natureza temporal do número de espécies e atividades em áreas de risco, bem como quando estão no estágio de vida mais sensível (por exemplo, jovens, condição de saúde fraca, época de muda) possibilita uma prontidão baseada no grau de risco. Por exemplo, o planejamento pode incluir contar com recursos adicionais disponíveis em certas épocas do ano com base nos padrões migratórios ou na presença de espécies de maior valor ecológico ou sob maior risco dos efeitos do óleo.

Sensibilidades dos estágios de vida, como o período de muda, são um fator essencial nas considerações de tempo para o planejamento e resposta à fauna. A abundância sazonal das espécies sensíveis pode variar consideravelmente, influenciando assim a probabilidade de um derramamento causar um grande número de ocorrências de animais oleados.

Figura 3 Flutuações bimestrais na abundância de aves aquáticas na área sul do Mar do Norte

Aves mergulhadoras mergulhões pardela-branca atobá pato marinho moleiros outras gaivotas rissa trinta-réis alcídeos

Dez-Jan Fev-Mar Abr-Mai Jun-Jul Ago-Set Out-Nov

n ú m e ro d e in d iv íd u o s (e m m il h a re s) S A N C C O B

(20)

Cenários de oleamento de fauna e fatores críticos

Os potenciais cenários para impactos da fauna podem ser projetados ao estudar o impacto ambiental previsto de um derramamento de óleo ao longo da distribuição de espécies vulneráveis na época e por estação, com base na experiência histórica. Dados demonstram que não

há relação direta entre a quantidade de óleo derramado e o número de mortes de animais (consulte a Figura 4). A relação entre a quantidade de óleo derramado em um incidente e a escala do impacto sobre a fauna não é linear. Alguns dos maiores incidentes com a fauna foram causados por uma quantidade relativamente pequena de óleo derramado.

O oleamento da fauna pode ocorrer em ambientes marinhos, de água doce ou até mesmo terrestres dependendo das circunstâncias do derramamento e do comportamento das espécies. Biólogos familiarizados com a área onde o óleo se espalha podem ser capazes de prever quais espécies, e seus números, estão em risco de oleamento na época do ano.

Em derramamentos marinhos, nem todos os animais oleados chegam à costa. Muitos podem morrer e desaparecer no mar. Por isso, o número dos que chegam à costa é uma fração do número total de óbitos.

Uma característica importante dos animais que entram em contato com o óleo e ainda estão vivos é que eles podem conseguir nadar, caminhar ou voar grandes distâncias antes de sofrerem maiores danos. Ventos e correntes podem ter um efeito diferente sobre os animais do que no óleo, de forma que os animais não necessariamente seguem o caminho das manchas de óleo. Isso pode resultar em dezenas ou centenas de animais oleados seguindo para áreas onde não há poluição visível, podendo assim espalhar a poluição para áreas que podem não estar incluídas nos planos de limpeza.

Tais movimentos podem ser difíceis de prever, e as operações de reconhecimento de fauna na resposta podem, portanto, precisar incluir extensões consideráveis de habitat longe de onde o impacto principal foi comunicado. A modelagem dos efeitos de correntes e ventos sobre o movimento de animais oleados, além das manchas de óleo no início do incidente, podem aumentar a eficiência das equipes de coleta.

Figura 4Comparação da quantidade de óleo derramado em um incidente e a escala do impacto sobre a fauna

n ú m e ro d e a v e s m a ri n h a s o le a d a s e n co n tr a d a s m o rt a s (e m m il h a re s) 50.000 100.000 150.000

óleo derramado (toneladas)

(21)

Assim como em outras áreas de uma resposta a derramamento de óleo, situações inesperadas e extremas podem gerar desafios adicionais para a resposta à fauna, especialmente se o incidente ocorrer longe de onde os recursos estão disponíveis e se um grande número de animais tiverem sofrido oleamento. A reabilitação de fauna oleada deve então ocorrer dentro de uma janela de oportunidade limitada para ser bem sucedida antes que os efeitos do oleamento tenham atingido um grau muito elevado. Se a resposta for elaborada muito tarde, a oportunidade para reabilitação efetiva pode ser perdida, deixando a eutanásia como a única solução para fins de bem-estar animal.

Cenários de avaliação

Uma série de potenciais cenários são discutidos abaixo juntamente com seus desafios específicos.

Cenário 1: Incidente próximo aos recursos necessários

Ao elaborar estratégias regionais, um planejador deve avaliar áreas de possível risco e identificar as necessidades de recursos com relação à localização de municípios e cidades, além de estradas principais. Locais para montagem de uma unidade de reabilitação de fauna oleada nessas, ou perto dessas cidades podem ser selecionadas com base em critérios pré-determinados. Por exemplo, o petroleiro MV Sea Empress naufragou a cerca de 16 km da cidade de Milford Haven no Reino Unido em 1996. Milford Haven tinha um plano ativo e instalações pré-determinadas que poderiam ser convertidas com mão-de-obra local (SEEEC, 1998).

Cenário 2: Incidente remoto

Em áreas remotas, a reabilitação pode não fazer parte do conjunto de opções de resposta viáveis. No entanto, antes que a reabilitação seja descartada, as duas soluções principais a seguir devem ser levadas em conta:

1. Criação de um acampamento ou estabelecimento- pode ser uma unidade temporária criada usando diversas unidades móveis

funcionais, incluindo reservatórios de água, geradores, refeitórios e afins onde a equipe operacional e os equipamentos podem ser trazidos e suportados por diversas semanas por vez. Essa técnica foi empregada após o naufrágio do

MV Oliva na Ilha de Nightingale no

arquipélago de Tristan da Cunha,

as ilhas habitadas mais remotas do mundo. Sem acesso por ar, suprimentos, equipamentos e profissionais foram transportados por mar direto da África do Sul.

2. Captura, triagem e estabilização de animais na área afetada: isso pode ser seguido pelo transporte para unidades de reabilitação nas partes mais desenvolvidas do país.

Em áreas remotas onde os riscos são consideráveis ou os recursos são vulneráveis, um plano de resposta e investimentos regulares em prontidão de resposta podem garantir o uso mais eficaz da janela de oportunidade para a fauna em risco.

Desafios logísticos aumentam significativamente em um incidente remoto. Essa unidade de reabilitação remota foi construída nas ilhas de Tristan da Cunha usando suprimentos e profissionais treinados da África do Sul. S A N C C O B

(22)

Cenário 3: Condições extremas de trabalho

Mesmo em uma situação ideal onde instalações possam ser montadas perto dos recursos

necessários, as condições meteorológicas ou marítimas podem se tornar muito extremas para que as operações sejam seguras e tenham êxito. Isso pode ser previsto em áreas conhecidas por suas temperaturas extremas no verão ou no inverno, ou por suas flutuações atmosféricas sazonais (por exemplo, monções). Isso pode exigir estratégias sazonais ou a elaboração de critérios de limite críticos dos quais a escolha de opções de resposta alternativas pode depender. Por exemplo, as respostas de fauna realizadas durante o incidente de Macondo (Golfo do México, 2010) e

Selendang Ayu (Alasca, 2004) exigiram diversos ajustes nas operações de campo e localizações de

instalações devido às condições meteorológicas extremas, incluindo baixas/altas temperaturas e tempestades árticas/tropicais, respectivamente.

Cenário 4: Enorme número de feridos

Mesmo o maior arranjo conceitual para uma instalação de reabilitação pode ser sobrecarregado pelo número de feridos que chegam todos os dias precisando de cuidados. Como foi o caso nos derramamentos de Erika e Tricolor (França, 1999 e 2002, respectivamente), é possível que diversos milhares de animais possam chegar nos primeiros dois dias. Embora possa ser levado em conta ampliar o espaço e a capacidade de uma instalação atual, ou a criação de uma segunda ou terceira unidade, em algum ponto, um ou mais fatores críticos relevantes para a operação bem-sucedida da unidade não vão conseguir acompanhar a expansão. Esses fatores incluem profissionais, uso de água, espaço, alimentação ou orçamento disponível. Contanto que uma situação seja prevista por meio de critérios de suporte de tomada de decisões, tal situação de sobrecarga pode ser evitada. Um sistema de triagem (consulte a página 23 para obter a definição completa do termo) deve ser colocado em vigor logo no início como a ferramenta de gestão definitiva para garantir o uso ideal de recursos, tendo em mente o bem-estar dos animais, conservação da fauna, eficácia e bom custo-benefício. Isso não significa que a eutanásia seja uma opção barata e “simples”. Estratégias que envolvam a eutanásia de um grande número de animais podem ter que ser consideradas, mas exigirão recursos logísticos consideráveis, além do envolvimento direto de autoridades estatutárias de fauna. As épocas de pico de entrada variam significativamente entre diferentes derramamentos

Figura 5Comparação das épocas de pico de entrada de diferentes derramamentos 5.000 n ú m e ro d e a v e s v iv o s e o le a d o s

dias após o início do incidente

Incidente de Macondo 4.500 4.000 3.500 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500

(23)

O sucesso de um esforço de reabilitação profissional está fortemente ligado ao nível de integração com a resposta de derramamento de óleo e sua capacidade de mobilizar recursos de modo eficiente com relação à ocorrência de animais feridos e sua coleta. O número de animais que chega à unidade para receber cuidados pode subir rapidamente ou se estender por semanas - um fator que não depende da quantidade de óleo derramado. O local do derramamento (isso é, offshore, como no incidente de Macondo no Golfo do México, ou perto da costa, como no derramamento de Rena na Nova Zelândia em 2011) ou a velocidade e a escala da resposta de campo também podem influenciar as épocas de pico de entrada.

Os números de entrada de animais podem ultrapassar os recursos de uma unidade em um só dia. Além disso, manter o sistema operante por um período prolongado também é um desafio significativo de recursos humanos, logística e finanças. Uma vez que também há um período de tempo entre a entrada do último animal e a soltura do último ser, a unidade de reabilitação pode estar entre as últimas operações a serem desmobilizadas.

Capacidades de resposta

Por último mas não menos importante, a capacidade e a habilidade dos recursos atuais precisam ser avaliadas com relação às possíveis situações. A capacidade de qualquer unidade permanente é um parâmetro importante para avaliar o uso ideal da unidade em uma resposta (como um centro de estabilização, ou centro completo de reabilitação, ou ambos, mas em situações diferentes). O equipamento disponível precisa ser avaliado pelas organizações de resposta, e deve-se levar em conta quão rápido e por quem ele pode ser mobilizado e implantado. Os recursos humanos precisam ser avaliados quanto ao nível de conhecimento específico, treinamento e especialização dos profissionais chave, bem como de cada possível organização de resposta como um todo (número de equipe, voluntários associados, seu nível de treinamento e a capacidade da organização em desempenhar um papel). O plano também precisa apoiar a integração correta quando várias entidades forem identificadas, a fim de garantir o uso eficaz de recursos que trabalham juntos para cumprir metas do plano e da resposta.

Desafios de incidentes e estratégia de resposta

Saúde e segurança

A prioridade número um de uma resposta de incidentes, antes que se leve em conta as atividades de resposta à fauna oleada, deve ser a saúde e a segurança das pessoas envolvidas e do público. O trabalho com animais vivos ou mortos apresenta questões específicas de saúde e segurança, como o risco de ferimentos (mordidas, arranhões) ou zoonoses. Além disso, atividades de campo ligadas à resposta à fauna possuem questões de segurança específicas do local que precisam ser tratadas, incluindo condições meteorológicas, climáticas, água (isso é, correntes e marés), material perigoso, terreno (por exemplo, litorais rochosos), equipamentos (por exemplo, barcos e veículos 4 x 4 (ATVs)) e outros animais (como, por exemplo, ursos). Um plano efetivo de prontidão a fauna inclui a exigência de um plano de segurança escrito que deve ser desenvolvido e

(preferencialmente) assinado por todos os participantes para enfatizar sua conscientização sobre os perigos gerais e específicos do incidente. Profissionais de resposta à fauna e voluntários podem se proteger ao compreender as questões relevantes de saúde e segurança relacionadas ao seu trabalho e ao usar medidas de controle adequadas.

Acima: o uso de equipamento de proteção individual (EPI) adequado é uma medida de controle importante para ajudar a garantir a segurança e a saúde de profissionais de resposta em campo.

(24)

Efeitos do óleo sobre a fauna

Todas as possíveis operações em uma resposta à fauna oleada são direcionadas de forma a evitar que o óleo tenha um impacto sobre os animais ou de forma a minimizar os efeitos do oleamento caso a prevenção falhe. Essas operações estão diretamente relacionadas à compreensão do comportamento e do movimento das espécies em risco, e do próprio óleo, além dos efeitos do óleo sobre a fauna. As aves são, provavelmente, a consequência mais visível dos danos do óleo ao meio ambiente, e muitas vezes são o primeiro indicador do impacto na fauna. Eles também são o grupo de animais com maior probabilidade de serem vistos na área para ações prioritárias. No entanto, muitos outros animais podem ser afetados, podendo a resposta ser montada para eles.

Cada grupo de animais (sejam eles aves, mamíferos ou répteis) é afetado de diferentes formas. Isso pode ocorrer devido a diversos fatores que incluem tipo de óleo, condições meteorológicas, ambientais e o tempo e localização do impacto. Os efeitos físicos imediatos sobre os animais podem ser alguns dos mais óbvios.

Depois que aves ou certos mamíferos marinhos com muita pelagem (por exemplo, lobos marinhos e lontras do mar) são oleados, eles perdem a capacidade da plumagem ou pelagem de manter o calor corporal. Na água, os animais perdem rapidamente a capacidade de flutuar e podem sofrer hipotermia. Os animais que não conseguem manter a temperatura do corpo e a flutuabilidade podem afogar, enquanto outros podem buscar a segurança relativa da costa. Eles também enfrentam desafios físicos de desidratação e fome.

Em um esforço para remover o óleo, os animais ingerem o produto, causando problemas internos -que se combinam aos externos. Desidratação, problemas gastrointestinais e anemia são

complicações comuns encontradas em animais oleados. Muitos desses problemas podem causar efeitos de longo prazo, sendo alguns irreversíveis. Os efeitos tóxicos do óleo ingerido vão afetar o fígado, gases voláteis causam danos ao pulmão e os efeitos de longo prazo podem afetar a reprodução e a sobrevivência de ovos e jovens.

Alguns mamíferos marinhos e répteis podem tolerar um certo nível de oleamento externo; no entanto, os efeitos internos da ingestão de óleo e da inalação de gases são tão nocivos para eles quanto para os aves.

Direita: aves oleados muitas vezes realizam o alisamento excessivo com o bico em um esforço para remover o óleo, resultando em sua ingestão. Extrema direita: os efeitos internos da ingestão de óleo e da inalação de gases são tão nocivos para répteis quanto para aves. O W C N , U C D a v is O W C N , U C D a v is

(25)

Triagem - o uso eficaz de recursos

Dependendo do número e das espécies de animais afetados e/ou que chegam a uma unidade de reabilitação, recursos financeiros, capacidade humana disponível e a razão para a entrada de animais, pode ser necessário empregar um sistema de seleção (por exemplo, triagem). Esse é um processo gerenciado de seleção que visa garantir que os recursos disponíveis possam ser usados para proporcionar os resultados ideais aos animais com maior chance de soltura e sobrevivência a longo prazo, ao mesmo tempo em que também minimizam o sofrimento daqueles com menores chances. As estratégias de triagem, bem como as diretrizes sobre quando a eutanásia é a melhor opção, devem ser desenvolvidas dentro do processo de planejamento com o veterinário designado e com as autoridades estatutárias de fauna relevantes para permitir a participação plena sem atrasos desnecessários durante o incidente. A implementação de estratégias específicas pode ser feita sob medida para o incidente.

Opções de resposta Medidas de prevenção

l Avaliação de campo

Avaliações de campo podem ser realizadas a pé, a bordo de veículos, barcos ou aeronaves, e devem ser realizadas em a) áreas oleadas e b) nas áreas que correm risco de oleamento ou c) onde a fauna afetada possa chegar à costa. Avaliações de campo podem servir para:

l confirmar e verificar informações de referência; l fazer um levantamento sobre os números da fauna; l identificar habitats e espécies prioritárias;

l localizar indivíduos oleados; e

l monitorar os impactos do derramamento de óleo na fauna ao longo do tempo, incluindo

impactos sobre o comportamento animal.

É importante notar que as atividades de monitoramento devem continuar durante o período das operações de resposta à fauna, não apenas em apoio a medidas preventivas.

l Afugentamento/dispersão

Afugentamento e dispersão são termos usados para atividades realizadas a fim de evitar que os animais entrem em áreas contaminadas e/ou para afastá-los de áreas que podem ser afetadas pelo derramamento. Entre as técnicas, estão:

l perturbação humana (a simples presença de pessoas no habitat); l perturbação por veículos (veículos terrestres, barcos, aeronaves); l perturbação visual (luzes, refletores, bandeiras, estátuas, balões, etc.);

l perturbação auditiva (geradores de ruídos, biossônicos, canhões de propano); l pirotecnia (canhões de gás, sinalizadores); e

l estruturas físicas (cercas, barreiras contra

multidão) para evitar que os animais acessem locais contaminados.

Animais muitas vezes se acostumam com os estímulos de afastamento, chegando a um ponto onde a eficácia cai acentuadamente e o método deve ser alterado. As técnicas de afugentamento/dispersão devem ser realizadas por profissionais experientes e treinados uma

Las evaluaciones en campo pueden emprenderse a pie, en vehículo, en bote o en aeronaves. Esse dispositivo tradicional para espantar aves funciona com propano e produz uma 'explosão' periódica alta (mas inofensiva), e é apenas um exemplo de um conjunto de técnicas de afugentamento disponíveis. m o u n ta in p ix /S h u tt e rs to ck .c o m K e it h E v a n s/ C re a ti v e C o m m o n s

(26)

vez que há diversos fatores a serem considerados, tanto antes quanto durante o afugentamento. Entre eles estão a área geográfica (se há um ambiente não oleado e adequado para a

transferência dos animais) e a variação de espécies. O afugentamento efetivo exige a criatividade de especialistas com conhecimento do comportamento das espécies e sua história natural para que os métodos mais adequados possam ser aplicados. Uma consideração significativa é a necessidade de evitar métodos que façam com que os animais se movam em direção ao óleo em vez de se afastar dele.

l Captura preventiva

Assim como com o afugentamento, essa opção de resposta evita, em primeiro lugar, que os animais fiquem oleados. Aqui, os animais são capturados antes de sofrerem oleamento e são:

l mantidos em cativeiro até o risco de oleamento ser eliminado; ou

l transferidos para um habitat alternativo onde não haja riscos, ou longe o bastante para que

espécies com fidelidade local só retornem depois do risco ter sido eliminado. A captura preventiva pode ser logisticamente desafiadora devido aos requisitos para:

l aprovações de agências relevantes;

l planejamento de captura adequado (técnicas e profissionais) para garantir o bem-estar

dos animais;

l acomodações adequadas no cativeiro (estadia, pares, experiência profissional, etc.); e l soluções corretas de realocação (local de soltura, transporte, fidelidade local, tempo previsto

de retorno, custos energéticos de retorno, etc.).

A dificuldade em capturar animais em segurança e de manter sua saúde em cativeiro ou durante sua realocação não deve ser subestimada. Quaisquer decisões de realizar a captura preventiva devem ser tomadas com muito cuidado uma vez que os riscos para a fauna podem ser altos. Os riscos de oleamento devem ser avaliados em relação aos riscos de ferimentos, doenças ou morte do animal durante atividades de captura preventiva. As decisões devem ser baseadas na probabilidade de oleamento dos animais - em situações nas quais a probabilidade de oleamento é alta, as vantagens da captura preventiva pode superar os riscos. No entanto, a demora na tomada de decisões pode ser um fator limitante; em muitos casos, há uma janela temporal curta na qual a captura preventiva pode ocorrer. Embora a captura preventiva seja uma atividade complexa com grandes riscos, ela foi usada com eficácia durante o derramamento de Treasure (África do Sul, 2000) para limitar os possíveis custos de reabilitação de um grande número de pinguins, e durante o derramamento de Rena para garantir a sobrevivência de uma parte significativa da população de borrelho-ruivos da Nova Zelândia.

Lidando com vítimas vivas

l Coleta de fauna oleada

Animais oleados tanto vivos quanto mortos precisam ser coletados durante uma operação de resposta a derramamento de óleo. A fauna oleada viva é coletada para posterior avaliação, tratamento, reabilitação ou eutanásia. As técnicas de coleta para animais vivos variam de acordo com a espécie, tipo de habitat, estágio de vida, acesso a eutanasia. Las técnicas de recolección para

Uma estratégia de captura preventiva foi usada com eficácia durante o derramamento de Rena na Nova Zelândia para proteger os raros borrelho-ruivos da Nova Zelândia. M a ri ti m e N e w Z e a la n d

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