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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL PROCURADORIA DA REPÚBLICA EM PERNAMBUCO 2º OFICIO DA TUTELA COLETIVA

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OLETIVA Ref. Inquérito Civil nº 1.26.000.002754/2014-46

Promoção de Arquivamento MPF/PR-PE nº. 355/2015

Cuida-se de inquérito civil instaurado para apurar possíveis irregularidades no que se refere ao concurso público da Defensoria Pública da União -DPU, por não ter cumprido o que determina o Decreto-Lei nº 3298/99, sobre reserva do percentual de 5% das vagas existentes para pessoas com deficiência ou necessidades especiais.

Segundo o representante, o concurso regido pelo Edital nº. 10, de 29 de junho de 2010, prorrogado até 29 de julho de 2014, nomeou 914 (novecentos e quatorze) candidatos aprovados da lista geral e apenas 22 (vinte e dois) candidatos deficientes, em ofensa às regras de reserva de vagas para pessoas com deficiência (fls. 03/06).

Expedido ofício à DPU para que se manifestasse sobre a representação, foi informado que, de acordo com o item 3.1.2 do Edital do Concurso, só haveria reserva imediata de vagas para candidatos portadores de deficiência nos cargos/áreas/localidades com número de vagas igual ou superior a 5 (cinco). Assim, apenas em Brasília/DF, Rio de Janeiro/RJ, Porto Alegre/RS, São Paulo/SP e Teresina/PI, foram oferecidas vagas para deficientes.

Relatou que, durante o prazo de vigência do concurso, foram providas 105 vagas do cargo de Agente Administrativo, sendo 6 (seis) delas para candidatos com deficiência; para o cargo de Analista Técnico Administrativo, foram 114 (cento e quatorze) vagas, sendo 6 (seis) reservadas para pessoas com deficiência e para o cargo de Economista, não houve candidatos inscritos nessa condição. Especificamente em relação à unidade da DPU em Recife, foi informado que não atingiu o número mínimo de cargos para validar a nomeação imediata de pessoa com necessidades especiais (fls. 17/18).

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expediente e alguns outros documentos, dentre eles a cópia do Edital nº. 1 - DPU, de 29 de março de 2010 e comprovantes de que a representação objeto dos presentes autos também foi apurada no âmbito da própria DPU, por provocação do ora noticiante, o sr. Sérgio Luiz Soares Bandeira (fls. 58/113).

É o que importa relatar.

Da análise dos fatos narrados na representação, das justificativas apresentadas pela DPU, assim como da distribuição de vagas constantes no Edital nº. 1 -DPU, de 29 de março de 2010, é possível antever que a reserva de vagas para pessoas com deficiência foi aplicada de acordo com a legislação pátria: Lei nº 8.112/90 (art. 5º, §2º), Decreto nº 3.298/1999 (art. 37, §1º) e Constituição da República (art. 37, inc. VIII).

O Decreto nº 3.298/99, que dispõe sobre a Política Nacional de integração das pessoas portadores de deficiências, traz no art. 37 o seguinte mandamento:

"Art.37.Fica assegurado à pessoa portadora de deficiência o direito de se inscrever em concurso público, em igualdade de condições com os demais candidatos, para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que é portador.

§1º candidato portador de deficiência, em razão da necessária igualdade de condições, concorrerá a todas as vagas, sendo reservado no mínimo o percentual de cinco por cento em face da classificação obtida. §2oCaso a aplicação do percentual de que trata o parágrafo anterior resulte em número fracionado, este deverá ser elevado até o primeiro número inteiro subsequente." (destacou-se)

No que tange à estipulação mínima de vagas para deficientes, verifica-se que a reserva de vagas no concurso DPU está de acordo com a norma. Com efeito, do total inicial de 2 (duas) vagas para o cargo de Agente Administrativo (na localidade para a qual concorrera o representante), não houve reserva de vaga para os candidatos com deficiência, uma vez que 5% (cinco por cento) de dois, que seria 0,1 (zero vírgula um), quando arredondado para o primeiro numero inteiro subsequente, resultaria em 1 (um), significando que a metade das vagas para o cargo seriam oferecidas à pessoa com deficiência, em afronta ao termos do §2º, do art. 5º da Lei nº. 8.112/90, in verbis:

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“Art. 5o São requisitos básicos para investidura em cargo público: [...]

§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso. [...]”

Assim, da análise do edital do concurso, tem-se que para todos os cargos oferecidos foi observada a reserva de vagas no percentual de 5% para deficientes, sempre que o número de vagas gerais foi de 5 (cinco) ou mais. Dessa forma, o edital do concurso sob análise assegura a nomeação da pessoa com deficiência após se atingir um número mínimo de nomeações, de modo a sempre respeitar o limite máximo de 20% (vinte por cento) das vagas.

Além disso, o critério adotado está em consonância com o entendimento do STF, tribunal competente para apreciar em última instância a matéria de índole constitucional, o que inviabiliza por ora o ajuizamento de ações na busca de critério mais vantajoso, in verbis:

“CONCURSO PÚBLICO - CANDIDATOS - TRATAMENTO IGUALITÁRIO. A regra é a participação dos candidatos, no concurso público, em igualdade de condições. CONCURSO PÚBLICO RESERVA DE VAGAS PORTADOR DE DEFICIÊNCIA -DISCIPLINA E VIABILIDADE.

Por encerrar exceção, a reserva de vagas para portadores de deficiência faz-se nos limites da lei e na medida da viabilidade consideradas as existentes, afastada a possibilidade de, mediante arredondamento, majorarem-se as percentagens mínima e máxima previstas.”

(“MS 26310 / DF - DISTRITO FEDERAL. Relator(a): Min. MARCO

AURÉLIO. Julgamento: 20/09/2007. Órgão Julgador: Tribunal Pleno.

Publicação: DJe-134, 30-10-2007)

O Relator do mandado de segurança acima, o eminente Ministro Marco Aurélio, fundamentou o seu voto da seguinte forma, in verbis:

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a percentagem mínima de cinco ou a máxima de vinte por cento, como definir vaga reservada a teor do aludido inciso VIII. Entender-se que um décimo de vaga ou mesmo quatro décimos, resultantes da aplicação de cinco ou vinte por cento, respectivamente, sobre duas vagas, dão ensejo à reserva de uma delas implica verdadeira igualização, olvidando-se que a regra é a não-distinção entre candidatos, sendo exceção a participação restrita, consideradas as vagas reservadas. Essa conclusão levaria os candidatos em geral a concorrerem a uma das vagas e os deficientes, à outra, majorando-se os percentuais mínimo, de cinco por cento, e máximo, de vinte por cento, para cinqüenta por cento. O enfoque não é harmônico com o princípio da razoabilidade.

(...) A eficácia do que versado no artigo 37, inciso VIII, da Constituição Federal pressupõe campo propício a ter-se, com a incidência do percentual concernente à reserva para portadores de deficiência sobre cargos e empregos públicos previstos em lei, resultado a desaguar em certo número de vagas, e isso não ocorre quando existentes apenas duas. Daí concluir pela improcedência do inconformismo retratado na inicial, razão pela qual indefiro a ordem.”

Assim, observa-se que foram atendidas as exigências legais quanto à previsão de reserva de vagas para candidatos com deficiência, no âmbito do concurso da DPU, já que, para as localidades nas quais foram disponibilizadas mais de 05 (cinco) vagas, o edital previu a reserva de 01 (uma) vaga para portadores de deficiência.

Observou-se, ainda, que ao considerar o total de vagas oferecidas por cargo em todo o território nacional, ainda assim, tem-se a aplicação da reserva de vagas nos termos legalmente previstos. Exemplificativamente: para o cargo de Agente Administrativo, o edital previu 70 (setenta) vagas distribuídas nas diversas localidades, sendo 4 (quatro) vagas para deficientes, ou seja: 5% de 70 = 3,5 que, arredondado, gerou a reserva de 4 (quatro) vagas. Nos demais casos, o quantitativo de vagas ofertado não atingiu um mínimo para possibilitar a reserva de vaga, à luz dos dispositivos supracitados e do entendimento do STF.

Ademais, a entidade demonstrou que manteve a reserva de vagas para os cargos surgidos durante o prazo de validade do concurso. Com efeito, embora previstas inicialmente 70 (setenta) vagas para o cargo de Agente Administrativo, foram oferecidas um total de 105 (cento e cinco) vagas, das quais 6 (seis) reservadas para candidatos com deficiência, ou seja, duas a mais além das quatro previstas no edital. Dessa forma,

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cumprido o percentual mínimo de 5% (cinco por cento), que corresponde a 5,25 (105 x 5%), após o devido arredondamento.

Ocorre que na localidade para a qual se inscreveu o noticiante não houve acréscimo no número de vagas que tornasse exigível a nomeação de candidato com deficiência. E sobre a distribuição de vagas não cabe ao Ministério Público intervir, pois se trata de questão afeta à discricionariedade da Administração, salvo eventual desvio de finalidade que não restou comprovado nos autos.

Conclui-se, destarte, que a DPU aplicou o percentual de vagas reservadas sobre o total de vagas, por cargo, incluindo aquelas supervenientes ao edital do concurso, conferindo efetividade à garantia constitucional de acesso ao cargos público às pessoas com deficiência.

Ante o exposto, entendo que não restaram caracterizadas as irregularidades apuradas nestes autos e decido pelo ARQUIVAMENTO do feito. À DICIV para que informe o representante da presente decisão, cientificando-o da previsão constante do art. 17, § 3º da Resolução CSMPF n. 87, de 2006.

Após, encaminhem-se os autos ao NAOP/5ª Região para fins de revisão e homologação desta decisão.

Recife/PE, 15 de junho de 2015.

MONA LISA DUARTE ABDO AZIZ ISMAIL Procuradora da República

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