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NOTA SoBRE UM TUFO DE GLOSSOPTERIDAE NA CAMADA IRAPUA, CmCIUMA, S.C. (*)

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NOTA SoBRE UM TUFO DE GLOSSOPTERIDAE

NA

CAMADA

IRAPUA,

CmCIUMA, S.C.(*)

Por

RIUITI YOSHIDA

Departamento de Geologia e Paleontologia da Faculdade de Filosofia, Ciencias e Letras da Universidade de Sao Pauio.

ABSTRACT

A tuft-like arrangement of five to six Glossopteris leaves, growing apparently in two levels and attached at the basis to a stemlike structure, has been found in Criciuma, State of Santa Catarina, Sou-thern Brazil.

The overlapping basis of the leaf remains indicates a whorled manner of phyllotaxy. The axis preservation is not good enough to determine precisely its affinity, but shows no Vertebraria structure. Shape, anastomosing secondary veins forming long, narrow shaped network and strong midrib of the leaves, allow to refer them to

Glossopteris angustifolia Brongniart.

The specimen has been collect at Subida do Bainha in the Irapua coal seam, Rio' Bonito Formation, Tubarao Group (Permocarboni-ferous).

INTRODU~AO

Entre os problemas da Paleobotanica, merece especial

aten-~ao 0 habito de crescimento das Glossopteridae e a re

consti-tui~ao anatomica das Plantas deste importante grupo da Flora de Gondvana.

A solucao destes problemas, alem da contribuicao it mor -fologia e evolueao da flora, seria de grande valia no conheci-mento da paleoclimatologia e paleoecologia destas plantas.

As contribuicoes para a elucidacao destes pontos datam de mais de cem anos atras. Segundo os autores, a primeira noticia vem de DANA (1849), que descreve urn conjunto de (* ) Trabalho execu t a d o sob os auspi cios do Conselh o Na ci on a l de Pesquisas.

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f6lhas de Glossopteris browniana preso a urn caule consti-tuindo aparentemente urn verticilo. Posteriormente, McCLE>-LLAND (1850), DE ZIGNO (1860), BUNBURY (1861), citam res-pectivamente Glossopteris acaulis, Glossopteris browniana e

Saqenopteris, com habito similar.

Muitos autores procuraram estabelecer urna identidade entre as f6lhas de Glossopteris e 0 genero Veriebraria, que foi interpretado como sendo raiz, rizoma ou caule que suportava essas frondes.

Os achados em quase todos os jazigos de Gondvana infe-rior, de f6lhas de Glossopteris associados a estruturas axiais referidos

a

Veriebraria, adotando aparentemente uma posi-<;ao de crescimento, levaram FEISTMANTEL (1881), ZEILLER (1896, OLDHAM (1894), ARBER (1905), SEWARD (1910), EDWARDS (1939) e DOLIANITI (1954) a tal interpretacao. Essa ideia persistiu ate 1960 com SURANGE & MAHESWARI na India,

que encontraram uma associacao de f6lhas de Glossopteris) em volta de um cauls classificado como Vertebraria. Neste mes-mo trabalho, compararam a estrutura anatomica da nervura mediana da Glossopteris srivastavai com um "caule" de Verte-braria raniganjensis, verificando similaridade e atribuindo-os a uma mesma planta.

Por outro lado, ETHERIDGE (1894 e 1904), Du TOIT (1927), WALTON & WILSON (1932) e THOMAS (1952), dao outra inter-pretacao, negando

a

haste que "sustenta" as f6lhas de Glossop-teris, qualquer similaridade com Vertebraria.

PLUMSTEAD (1958), aventa a possibilidade de que tanto o especime de THOMAS, quanto 0 de DOLIANITI, possam ser im-pressoes externas de Vertebraria, estudado por ZEILLER (1896), que seria entao apenas 0 cilindro vascular. Entretanto, nfio entra neste caso em maiores discussoes e considera ainda im-precisa qualquer conexao entre Vertebraria e Glossopteris.

Novamente PLUMSTEAD (1962), faz uma reconstituicao esquematica de Vertebraria com sua estrutura interna, a partir de material coletado na Antartida, em que se observam imi-meros elementos novos, sem no entanto, dar conclusoes quan-to

a

natureza deste 6rgao.

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YOSHIDA - TUFO DE GLOSSOPTERIDAE 71

Finalmente, SCHOPF (1965) com base em amostra tambem da Antartida, bastante favoravel a urn estudo interno deta-lhado, argumenta seguramente, concluindo serem as Verte-braria raizes e portanto nao poderiam emitir folhas. Re-eonhece entretanto, que possa haver alguma relacao com as f6lhas de Glossopteruiae. Assim, os dados de PLUMS-TEAD (1962) e a recente analise anatomica e histologica de SCHOPF ref'orcam a conclusao deste, com respeito it natureza radicular deste genero, colocando acreditamos, urn final nas diecussoes quanto it morfologia e natureza deste orgao vege-tativo.

TUFO DE GLOSSOPTERIDAE

o

nosso material consta das duas partes de uma mesma impressao, com duas f6lhas completas, sendo uma truncada na poreao apical, e cinco fragmentos inseridos em dois niveis de uma estrutura que lembra um eixo, dada a uniformidade de sua superficie, sua forma de haste, onde tambem nao se dis-tinguem elementos que parecam costelas ou nervuras. Esta estrutura

e

ligeiramente semelhante

a

haste apresentada por DOLIANITI (1954), nao oeorrendo, no entanto, na sua super-fieie, os sulcos longitudinais e transversais, formando areas quadrangulares oblongas, caracteristica de algumas impres-soes classificadas como Vertebraria. Entretanto, podemos con-sidera-la como urn eixo caulinar, pelos caracteres acima des-eritos, pela disposicao dos elementos foliares e tambem pela presenca de maior quantidade de residuos carbonosos eviden-ciando sua maior espessura e volume, 0 que nao se verifica com as f6lhas, que sao representadas apenas par impressoes

(moldes) .

Aparentemente, este conjunto de f6lhas e elementos f'o-Hares partiriam de dois niveis: run de uma descontinuidade ou "no" do eixo caulinar e 0 outro na altura do truncamento

da amostra (inferior).

A justaposicao das impress5es do eixo caulinar e das f6-lhas na parte basal, na regiao do ponto de insercao, leva-nos a acreditar numa disposicao verticilada, como menciona THO-MAS (1952) e DOLIANITI (1956). Difere entretanto, das

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des-Fig. 1 - Tufo de Glossopteris angustijolia Brongniart, Criciuma, Santa Catarina.

A impressil.o ma ls escura, axial , e0 ramo caulinar onde se inserem as fOlhas. Escala: 7/10.

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YOSHIDA - TUFO DE GLOSSOPTERIDAE 73

cri~oes dos exemplares destes autores, pois em nosso caso, as

folhas sao sesseis e a insercao ese faz diretamente atraves do limbo que se estreita e se alonga ate a base,

a

maneira de urn "peciolo" achatado .substituindo eventualmente urna bainha. A folha quase completa, mede aproximadamente 95 mm de comprimento e 25 mm de largura. 0 fragmento da haste tern urn comprimento de 120 mm e largura de 10 mm.

o

formato das folhas, alongadas, estreitas, com apice largo estreitando-se em direcao

a

basee; a nervura mediana bern visivel com nervuras secundarias partindo desta em an-gulos agudos e curvando-se ligeiramente para os bordos, for-mando malhas (pouco visiveis) bastante finas, estreitas e lon-gas, permitem ref'eri-las

a

Glossopteris angustitolia Brong.

Assim, quanto aos caracteres taxonomicos, a amostra coin-cide com a descricao da especie dada por DOLIANITI (1953), di-vergindo de FEISTMANTEL (1881) e ARBER (1905), unicamente no que diz respeito ao formato do apice. Na representacao e descricao destes, 0 apice apresenta-se agudo.

Fig . 2- Des enho do tufo iJ. camara clara. Not a m- s e ai dois niveis em arra njo

"ve rt icil ado" . As linh a s po ntilha d a s sao ob ti das a partir do con to r n o

da s impressoes mais fracas.

o

nosso especime provem da conhecida subida do Bainha, onde DoLIANITI descreveu urna serie de elementos da flora de Glossopteris, situada em Criciurna, Santa Catarina, incluida

(6)

em f'olhelho argiloso arroxeado, da Camada Irapua, Formacao Rio Bonito, Grupo Tubarao, Permocarbonifero da Bacia do Parana.

DISCUSSAO E CONCLUSc>ES

Antes de ent r a rm os em qua1quer discussao quanto ao ha-bito, seria util estabe1ecermos uma terminologia mais apro-priada ao modo de arranjo foliar ate agora encontrado. Como as fossilizacoes destes conjuntos de f6lhas nao permitem ob-servacoes detalhadas quanto ao modo de conexao, pelo menos ate agora, a designacao "cacho" ou "t ufo" dada pOl' PLUMS-TEAD (1958) seria mais adequada que 0 termo "verticilo"

em-pregado por THOMAS (1952) e DOLIANITI (1956).

A preservacao das Glossopteridae em posicao de cresci-mento, e extremamente rara, havendo somente noticias espar-sas desespar-sas ocorrencias, sendo portanto, pequeno 0 conheci-mento deste carater, PLUMSTEAD (1958) justifica este fato com bastante felicidade.

A ocorrencia de f6lhas isoladas, que e a que se verifica normalmente, pode formar espessos depositos, cujas impres-soes se apresentam superpostas nas mais variadas posicces,

comparaveis aos bancos outonais de hoje. Esta caracteristi-ca e tambem freqiientemente observada no Brasil, em Criciu-ma e Lauro MUller, suI do Estado de Santa Catarina.

Entretanto , 0 fato de aparecerem f6lhas de diferentes tamanhos (folhas jovens e velhas), num mesmo jazigo, nao imp1ica em que as mais jovens tenham sido arrancadas por tempestades, como acha PLUMSTEAD (1938). Norma1mente, nas plantas caduciformes, quando as condicoes se tornam ad-versas, formam-se celulas especializadas na base das f6lhas ja individualizadas, jovens ou velhas, constituindo a chamada zona de amputacao (abscission zone) estrangulando 0 feixe

vascular e formando uma cicatriz no ponto de insercao.

No caso da Saqenopterie de FEISTMANTEL (1881), que lembra mais uma £61ha composta do que urn tufo, a zona de amputacao ter-se-ia formado na base do conjunto e nao na base de cada foliolo.

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YOSHIDA - TUFO DE GLOSSOPTERIDAE

I I

I I

J I

Fig.3- Reconstitui~1io diag'ramatica do tufa descrito.

75

-

.

Assim, a presenca de f61has com tais habitos, fixas a uma haste, interpretadas como produto de tempestades ocasionais, ao lado de verdadeiros bancos de fOlhas nao desgastadas, mos-trando pouco transporte, seriam evidencias tipicas daquilo que ocorre numa vegetacao tropofItica durante a outono, em eli-mas temperados de inverno frio ou em regioes calidas com

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Poder-se-ia concluir tambem, que tanto 0 eixo caulinar observado na amostra, como a estrutura axial assinalada por

DOLIANITI (1954) interpretada como Vertebraria e tambem as

hastes de THOMAS (1952) e PlUMSTEAD (1958) deveriam ser

de urn mesmo tipo com alguns caracteres distintivos, devido

a

qualidade do grau de fossilizacao, nao sendo portanto atribui-veis

a

Veriebrarui de ROYLE (1833) e SCHOPF (1965, mas sim um genero ainda nao referido.

Finalmente, concordando com THOMAS (1952), DOLIANITI

(1956) e PLUMSTEAD (1958), sejam as folhas pecioladas ou

nao, com ou sem bainha, os achados ate hoje apresentados e

descritos demonstram claramente 0 habito verticilado ou em

tufo, comum a varies generos, podendo-se estende-la a todas as Glossopteridae, na ausencia de qualquer tipo diverso de

arranjo filotatico, Neste caso, restariam ainda como pontos

a serem investigados, a natureza deste ramo caulinar, a sua

relacao com

V

ert ebraria

e encontrar 0 elo que existiria entre

est as raizes e as frondes da flora de Glossopteris. Tudo isto

esta, certamente, na dependencia de ser encontrado um ma-terial adequado, bem preservado, que permita a observacao e conclusao destas relacoes, sem que tenhamos que entrar no terreno das conjecturas.

BIBLIOGRAFIA

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YOSHIDA - TUFO DE GLOSSOPTERIDAE 77

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Referências

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