• Nenhum resultado encontrado

Alterações posturais na adolescência

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Alterações posturais na adolescência"

Copied!
8
0
0

Texto

(1)

RESUMO

Objetivo: Identifi car e analisar alterações posturais em escolares de 11 a 16 anos e sua associação com fatores comportamentais e/ou antropométricos. Métodos: Estudo transversal, quantitativo, descritivo, desenvolvido por intermédio de coleta de dados em uma amostra de 100 escolares, de ambos os sexos, na faixa etária de 11-16 anos. Para a análise dos dados foram aplicados os testes de Hipótese de Frequência de Qui- Quadrado e teste Exato de Fisher. Utilizou-se um nível de signifi cância menor que 0,05 em todas as análises. Resultados: Avaliando-se a correlação entre estirão de crescimento e o desenvolvimento de atividades posturais, observou-se que no sexo masculino estas foram mais frequentes na fase pré-estirão. 59% dos alunos gastavam mais de 02 horas/dia em atividades de lazer com postura estática e sentada, como computador, TV e videogame. Foi observada correlação positiva entre o fator dor na coluna e ausência de prática esportiva (27%), assim como naqueles que apresentavam teste de Adams positivo ao exame físico (10%). Conclusão: Apesar de ser difícil prever qual alteração postural irá progredir, a observação do paciente durante o período de crescimento, demonstrou ser essencial para o diagnóstico precoce e a história natural destas patologias.

PALAVRAS-CHAVE

Desenvolvimento do adolescente, curvaturas da coluna vertebral, estilo de vida. ABSTRACT

Objective: To identify and analyze postural changes in schoolchildren between 11 and 16 years old and their associations with behavioral or anthropometric factors. Methods: Quantitative and descriptive cross-sectional study, conducted through collecting data from a sample of 100 male and female schoolchildren between 11 and 16 years old. The data analysis was based on chi-square hypothesis frequency testing and Fisher's exact test, with a signifi cance level of less than 0.05 for all analyses. Results: When assessing correlations between growth spurts and postural activities, it was noted that they were more frequent during pre-spurt phases among boys, with 59% spending more than two hours a day on sedentary recreational activities watching television, playing videogames and spending time on the computer. A positive correlation (27%) was noted between back pain and absence of sports, as well as youngsters whose physical examinations presented positive for the Adams test (10%). Conclusion: Although it is hard to predict how any postural changes will progress, keeping patients under observation during growth periods proved to be essential for early diagnosis and the natural history of these diseases.

KEY WORDS

Adolescent development, spinal curvatures, life style.

Alterações posturais na adolescência

Postural changes in adolescence

Priscila Gagliardi Kalil Debs1 Roseli Oselka Saccardo Sarni2 Ligia de Fatima Nobrega Reato3

Priscila Gagliardi Kalil Debs (lpgkd@yahoo.com.br) - Rua Ilansa, 36, Vila Prudente. São Paulo, SP, Brasil. CEP: 03127-070. Recebido em 31/03/2015 – Aprovado em 02/06/2015

1Médica ortopedista com título de especialização pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. São Paulo, SP, Brasil. Mestranda

do Programa de Pós graduação em “Ciências da Saúde” da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Santo André, SP, Brasil.

2Professora Titular Livre Docente da disciplina de Clinica Pediátrica da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC). Santo André, SP, Brasil. 3Professora Titular Livre Docente da disciplina de Hebiatria da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) e coordenadora do Centro de

Referência Adolescente Cidadão Esperança do Instituto de Hebiatria da FMABC. São Paulo, SP, Brasil.

>

>

>

(2)

funcional) onde a curva é reversível não haven-do no exame clínico evidência de gibosidade e estrutural (escoliose verdadeira) na qual eviden-cia-se a rotação vertebral e alterações morfoló-gicas não corrigíveis com a postura do paciente, juntamente com a presença de gibosidade (Tes-te de Adams positivo)1,8.

Dentre os tipos de escoliose, a mais comum é a escoliose idiopática do adolescente, descrita como de origem desconhecida e multifatorial e que progride principalmente durante o esti-rão do crescimento9,10,11. Segundo a Sociedade

Americana de Pesquisa em Escoliose, sua inci-dência é de 2 a 4 % dos indivíduos na faixa etá-ria entre 10 e 16 anos11.

O diagnóstico precoce tem grande im-portância na prevenção de complicações que podem ocorrer com a evolução da curva esco-liótica, sendo as principais relacionadas a dor, problemas cardiovasculares e deformidades apa-rentes2. Quanto mais cedo for diagnosticado o

problema, maior e melhor será o resultado com tratamento de menor morbidade e custo1,2.

A Academia Americana de Cirurgiões Or-topédicos recomenda o rastreamento para me-ninas de 11 a 13 anos e em meninos de 13 a 14 anos6,12. Existem controvérsias sobre as

avalia-ções posturais, uma vez que seus resultados ge-ram indícios da existência da alteração, que só pode ser confi rmada através de exames radioló-gicos, entretanto, o uso rotineiro de radiografi as em estudos de prevalência expõe a população aos efeitos da radiação, que alguns consideram inapropriado e de alto custo6,12.

Acredita-se que, para tentar minimizar a alta incidência de afecções posturais no adulto, se faz necessário um trabalho de base abrangen-te atuando, principalmenabrangen-te, no plano preventivo e educacional7,9. Desse modo, as avaliações

or-topédicas realizadas por meio de testes não in-vasivos constituem uma estratégia interessante para o estudo das alterações posturais na popu-lação, particularmente no período da adolescên-cia, por serem de baixo custo, fácil execução e possibilitarem um diagnóstico precoce6,7.

INTRODUÇÃO

A postura corporal da população vem se tornando uma preocupação crescente, princi-palmente quando se leva em consideração o estilo de vida atual, onde o avanço tecnológi-co acaba por predispor a problemas da tecnológi-coluna vertebral, já que a grande maioria das pessoas passa muito tempo parada e inativa, iniciando este sedentarismo já no período escolar. Tal fato faz com que a postura humana seja objeto de estudos biomecânicos, a fi m de se evitar a instalação e/ou progressão dos principais des-vios da coluna vertebral (escoliose, cifose e hi-perlordose)1,2.

Estudos comprovam que existe uma gran-de variação fi siológica na postura e na mobilida-de da coluna vertebral durante o crescimento e que o período de estirão na adolescência está correlacionado com o desenvolvimento e acen-tuação de desvios posturais2,3,4,5,6.

A postura do adolescente pode ser afetada por vários fatores intrínsecos e extrínsecos, tais como hereditariedade, condições físicas e am-bientais, bem como fatores emocionais, socioe-conômicos e as alterações próprias do desenvol-vimento1,3,6,7. Dentre as condições ambientais

incluem-se o uso de mochilas e mobiliário esco-lar inadequados, atividades de lazer em posição estática, como permanecer sentado por perío-dos prolongaperío-dos e sedentarismo1,3,5,6.

Consideram-se as alterações posturais na adolescência como um dos fatores predisponen-tes ao desenvolvimento de condições degene-rativas da coluna vertebral no adulto, manifes-tada geralmente por quadro álgico, de forma que se torna necessário estabelecer mecanismos de intervenção precoce como método preventi-vo1,4,6. É no período de crescimento na

adoles-cência que se consegue reverter os problemas surgidos, ou mesmo a não instalação de possí-veis lesões2,7.

Dentre as alterações posturais a mais popu-larmente conhecida é a escoliose, sendo classi-fi cada em não estrutural (atitude escoliótica ou

>

(3)

OBJETIVO

Análise das alterações posturais em adoles-centes de 11 a 16 anos e sua associação com fatores comportamentais e/ou antropométricos em ambos os sexos.

MÉTODOS

Estudo transversal, descritivo e quantitati-vo, onde foram avaliados 100 escolares, de am-bos os sexos na faixa etária de 11 a 16 anos, cor-respondente à adolescência inicial e média. O campo de estudo foi a Escola Estadual Senador João Galeão Carvalhal, instituição pública, loca-lizada no município de Santo André, região do ABC paulista, sendo a coleta de dados realizada no período compreendido entre 05 de novem-bro e 03 de dezemnovem-bro de 2010.

Foram incluídos no estudo escolares com idade entre 11 e 16 anos, sem alterações ortopé-dicas congênitas e com Termo de Consentimen-to Livre e Esclarecido (TCLE) assinado pelos res-ponsáveis e o Termo de Assentimento assinado pelos adolescentes.

Foi aplicado um questionário (anexo 1) para coleta de dados e posterior análise de variá-veis demográfi cas (idade, sexo e etnia) e aspec-tos comportamentais (lazer preferido, tempo dispensado neste, prática de atividade física, po-sição em sala de aula, uso de mochila e queixa de dor na coluna).

Foram consideradas como corretas a postu-ra em sala de aula com pés e costas apoiados e o uso de mochila com ambas as alças.

Considerou-se como prática de atividade fí-sica a frequência acima de 02 vezes por semana. Após coleta destes dados, os adolescentes foram submetidos ao exame físico ortopédico, por examinadora única, onde foram avaliados parâmetros como Índice de Massa Corporal (IMC), estadiamento puberal de Tanner, desvios na coluna vertebral, alterações na cintura esca-pular e pélvica, presença de deformidades

signi->

fi cativas nos joelhos (varo, valgo ou recurvatum acentuados) (anexo 2).

ANEXO 1 - FACULDADE DE MEDICINA DO ABC

**respondido pelo paciente

1. Nome completo

2. Data de nascimento ____ /____ / _______ 3. Sexo

Feminino (menarca: ____anos) Masculino

4. Raça

5. Pratica esportes (fora da escola) Não (até 2x semana)

Sim (mais de 2x semana) 1. Lazer em casa

TV

Computador Videogame Outros

1. Quanto tempo você costuma ficar nesta atividade

Até 2 horas Mais de 2 horas 1. Transporte de materiais

outra forma

Uso de mochila com ambas as alças (posição correta)

1. Posição ao sentar na aula Apoia as costas na carteira Apoia os pés na carteira da frente Cruza as pernas flexionadas

Apoia braços na carteira e leva o tronco para frente

Senta-se sobre uma das pernas Cruza as pernas estendidas 1. Queixa de dor na coluna

Ausente

Presente (Cervical) (Torácica) (Lombar)

(4)

A avaliação do estadiamento puberal foi realizada por meio das pranchas de Tanner através da autoavaliação, seguida da avaliação do examinador, sendo considerada esta última como referência fi nal para defi nição dos parâ-metros encontrados. Para melhor análise, os alunos foram divididos em 02 subgrupos, um pré-estirão e outro pertencente ao estirão de acordo com o sexo. No primeiro subgrupo,

fo-ram agrupados os alunos do sexo masculino até G3 e até M2 do sexo feminino, ambos estes con-siderados marcos para o estirão do crescimento. No segundo subgrupo, foram reunidos os alu-nos classifi cados como G4, para o sexo masculi-no e a partir de M3, para o feminimasculi-no.

A presença ou ausência de desvios da co-luna vertebral foram avaliadas nos três planos (sagital, frontal e dorsal). Foram consideradas al-terações posturais escoliose, cifose, cifoescoliose e hiperlordose. Como parte do exame físico da coluna foram aplicados o Teste de Adams, para evidenciar-se presença de gibosidade indicativa de escoliose estrutural, e observada a presença de assimetrias no ângulo de talhe.

Os dados foram computados em planilhas do programa Excel para Windows e o SPSS 17.0. Para a comparação entre as variáveis foi aplicado o teste de Hipótese de Frequência de Qui- Qua-drado para todas as variáveis, exceto para a ava-liação do estirão do crescimento em ambos os sexos, onde foi utilizado o Teste exato de Fisher. Utilizou-se um nível de signifi cância menor que 0,05 em todas as análises.

A pesquisa cumpriu as exigências do Conselho Nacional de Saúde, que regulamen-ta a pesquisa em seres humanos (Resolução 196/96), sendo autorizada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina do ABC (parecer nº 197/2010).

Após a coleta de dados, todos os pais foram informados sobre as alterações posturais detec-tadas, recebendo orientação por escrito encami-nhando o aluno para avaliação mais detalhada e seguimento ambulatorial.

RESULTADOS

A amostra total era constituída de 100 ado-lescentes (n=100), sendo do sexo masculino 38 (38%) e 62(62%) do sexo feminino. Na faixa etária considerada pertencente à adolescência inicial e média (11 a 16 anos), a média etária foi de 13 anos e 6 meses, com desvio padrão de 1 ano e 6 meses. A idade predominante no sexo

>

ANEXO 2 - FACULDADE DE MEDICINA DO ABC

**Realizado pelo examinador

1. Nome 2. Peso 3. Altura 4. IMC 5. Tanner 6. Deformidades Não Escoliose (D) (E) Hipercifose Cifoescoliose Hiperlordose

1. Assimetria de cintura escapular Sim (D) (E) Não 1. Teste de Adams Sim (D) (E) Não 1. Ângulo de Talhe Assimétrico (> D) (>E) Simétricos

1. Assimetria de cintura pélvica Sim (D) (E) Não 1. Joelhos Normal Varo ____ Valgo ____ Recurvatum

(5)

Tabela 1. Identificação da amostra segundo idade e sexo.

Idade Masculino Feminino Total

11 anos 4 (4%) 15 (15%) 18 (18%) 12 anos 6 (6%) 13 (13%) 19 (19%) 13 anos 10 (10%) 9 (9%) 19 (19%) 14 anos 11 (11%) 14 (14%) 25 (25%) 15 anos 4 (4%) 4 (4%) 8 (8%) 16 anos 3 (3%) 7 (7%) 10 (10%) Total 38 (38%) 62 (62%) 100 (100%)

feminino e masculino foi respectivamente de 11 anos (15%) e 14 anos (11%) (tabela 1).

Dos adolescentes, 27 (27%) do sexo mas-culino e 22 (22%) do feminino relataram a prá-tica de esportes mais de 2x/semana, porém, apesar se mostrar prevalente no sexo mascu-lino (71,05%), esta prática não se mostrou na amostra total (49%). Com relação ao transporte do material escolar, a maior parcela da amostra indicou preferência pela forma correta. A prefe-rência postural nas aulas, embora incorreta, foi a de escolha pelos adolescentes em 19 (19%) do sexo masculino e 43 43%) do sexo feminino. Quanto ao IMC, este se mostrou predominante na faixa de peso normal, tanto para o sexo fe-minino (36%) quanto para o masculino (19%), sem diferenças entre os sexos na amostra.

Não foram encontrados dentre os escolares avaliados casos de desnivelamento de cintura pél-vica ou deformidades signifi cativas dos joelhos. Na cintura escapular, o alinhamento dos ombros

apresentou assimetria em 11 casos (11%), com predomínio à direita na amostra total.

As alterações posturais estavam presentes no sexo feminino em 36 (36%) dos casos, embora não houvesse diferença estatisticamente signifi ca-tiva entre os sexos (tabela 2). O teste de Adams, foi positivo em 15% dos casos, com predomínio de gibosidade à direita em ambos os sexos; já na avaliação do ângulo de talhe, este se mostrou au-mentado em 25 dos casos (25%), com predomí-nio à esquerda para ambos os sexos.

Dos 100 alunos, 45 (45%) se encontravam na fase considerada como pré-estirão do cresci-mento, não havendo diferença estatística de sua distribuição entre os sexos. Quanto à avaliação do estirão do crescimento no sexo masculino, cons-tatou-se que as deformidades são menos frequen-tes na fase pré-estirão (p=0,04). No sexo femini-no, embora tenham sido encontrado resultados semelhantes, não foram observadas associações estatísticas relevantes (p=0,65) (tabela 3).

Tabela 2. Distribuição da amostra segundo as alterações posturais.

Alterações posturais Masculino Feminino Total

Ausente 23 (23%) 36 (36%) 59 (59%) Escoliose 12(12%) 22 (22%) 34 (34%) Cifose 3 (3%) 1 (1%) 4 (4%) Cifoescoliose 0 (0%) 0 (0%) 0 (0%) Hiperlordose 0 (0%) 3 (3%) 3 (3%) Total 38 (38%) 62 (62%) 100(100%)

(6)

>

Tabela 3. Estirão do crescimento x alterações posturais no sexo masculino.

Deformidade Pré-Estirão Pós-Estirão Total

Ausente 14 9 23

Presente 4 11 15

Total 18 20 38

Tabela 4. Queixa álgica na coluna x prática de esportes.

Esportes Dor ausente Dor presente Total

Não 24 27 51

Sim 36 13 49

Total 60 40 100

Tabela 5. Teste de Adams x queixa álgica.

Queixa Algica Adams positivo Adams negativo Total

Ausente 5 55 60

Presente 10 30 40

Total 15 85 100

A referência da presença de dor na coluna (40%) foi catalogada de acordo com o segui-mento comprometido: cervical (1%), torácica (27%) e lombar (12%). Quanto a ausência de dor na coluna com a prática de esportes, esta se mostrou consideravelmente superior naque-les que realizam esta atividade regularmente (p=0,007) (tabela 4).

Quando avaliada a presença de dor em conjunto com o teste de Adams, observou-se uma predominância estatisticamente relevante nos pacientes em que o resultado se mostrou positivo (p=0,022) (tabela 5).

DISCUSSÃO

Optou-se pela escolha da faixa etária refe-rente à adolescência inicial e média, consideran-do que a maioria das referências literárias neste tipo de pesquisa utiliza esse período como pa-drão, por englobar as alterações mais relevantes para seu propósito: relação entre estirão de

cres-cimento e surgimento das alterações posturais da coluna vertebral1,3,13.

A prevalência encontrada foi de 41% de al-terações posturais. A prevalência de casos suspei-tos de escoliose foi de 34%, sendo 12% do sexo masculino e 22% do sexo feminino. Quanto à frequência de escoliose na população desta faixa etária, as taxas encontradas variam de 49,7% a 19,3%. A distribuição proporcional entre os se-xos é variável nas referências bibliográfi cas estu-dadas, no estudo de Campos et al., a prevalência foi, assim como nesta amostra, maior no sexo feminino, porém, no desenvolvido por Ferriani et al. foi observado o contrário1,3,13,8,14.

No presente estudo, não foi possível de-tectar correlações entre os hábitos posturais investigados, como transporte de materiais e modo de sentar durante as aulas, e alterações da coluna vertebral, embora essas estejam des-critas em diversos trabalhos na literatura15,5.

Acredita-se que para evidenciar tais associações seria necessária uma análise mais aprimorada

(7)

dos hábitos, por intermédio de uma avaliação ergonômica individual.

Dentre os fatores clínicos determinantes na progressão dos desvios posturais incluem-se o sexo, a idade cronológica, o estirão do cresci-mento e a idade no mocresci-mento do diagnóstico16,17.

Neste estudo, foi analisada a infl uência dos três primeiros critérios citados, encontrando-se correlação estatisticamente signifi cante somen-te quando computadas as fases pré e estirão do crescimento no sexo masculino. Acredita-se que esta associação não foi encontrada no sexo fe-minino devido à distribuição da faixa etária das pacientes analisadas, já que é preconizado que a triagem das meninas seja em uma faixa etária menor (9 até 11 anos)2,10,17.

Os distúrbios posturais acarretam inúmeras implicações, sendo sua consequência mais ime-diata a dor, presente em adolescentes na fase es-colar com queixa cada vez mais frequentemen-te5,7. Os hábitos sedentários, a falta de atividade

física, posturas inadequadas e o predomínio da posição sentada levam à fraqueza muscular so-brecarregando a coluna vertebral, resultando em dor e incapacidades. O exercício físico res-taura a função muscular melhorando a função da coluna vertebral1,5,6,15.

59% dos alunos gastavam mais de 02 ho-ras/dia em atividades de lazer, como computa-dor, TV e videogame, com postura estática e sentada. Foi observada correlação positiva entre dor na coluna nos escolares que não praticavam esportes (27%), assim como naqueles com teste de Adams positivo ao exame físico (10%).

A prevalência do teste de Adams foi de 15%, com predomínio no sexo feminino. Este teste usado como metodologia para evidenciar a deformidade vertebral rotacional, diferencia a escoliose estrutural da atitude escoliótica,

po-rém apresenta a limitação de ser examinador dependente, sendo necessária uma investigação radiográfi ca posterior para confi rmação e men-suração dos casos suspeitos2,3,10.

Em relação aos fatores associados às altera-ções posturais, o presente estudo não possibilitou o estabelecimento de uma relação temporal de causa e efeito, devido ao tipo de delineamento utilizado, no qual as informações sobre exposi-ção e desfecho foram obtidas ao mesmo tempo. Cumpre salientar também, que a não realização de estudos radiográfi cos constitui um fator limi-tante, todavia sua execução poderia difi cultar e onerar este estudo, optando-se, portanto, pela execução somente do exame físico individual.

É extremamente difícil prever qual alteração postural irá progredir, o que torna a observação do adolescente durante o período de estirão do crescimento, essencial para o diagnóstico preco-ce e a história natural destas patologias2,16,18.

CONCLUSÃO

Embora tratando-se de um estudo focal, os resultados permitiram concluir que no sexo masculino as alterações posturais são menos frequentes na fase pré-estirão do crescimento e que as queixas álgicas na coluna predominaram em adolescentes que não praticavam esportes e que foram constatados com Teste de Adams positivo ao exame físico.

Em suma, verifi ca-se a necessidade e a im-portância do desenvolvimento de métodos de rastreamento que possam detectar precoce-mente as alterações posturais e o encaminha-mento dos casos suspeitos para seguiencaminha-mento am-bulatorial, assim permitindo uma atuação mais efetiva na prevenção da evolução desses casos.

REFERÊNCIAS

1. Politano RC. Levantamento dos desvios posturais em adolescentes de 11 a 15 anos em escola estadual do Municipio de Cacoal-RO [tese]. Brasília (DF): Universidade de Brasília; 2006.

2. Contri DE, Petrucelli A, Bianchini DC, Perea NM. Incidência de desvios posturais em escolares do 2o ao 5o ano do ensino fundamental. ConScientiae Saude. 2009;8:219-24.

>

(8)

3. Pereira LM, Barros PC, Oliveira MND, Barbosa AR. Escoliose: triagem em escolares de 10 a 15 anos. Rev Saude Com. 2005;1:134-43.

4. Braccialli LMP, Villarta R. Aspectos a serem considerados na elaboração de programas de prevenção e orientação de problemas posturais. Rev Paul Educ Fís. 2000;14:159-71.

5. Guerra LA, Cano MAT, Zaia JE. Interferência da educação postural sobre algia na coluna vertebral e a postura corporal com alunos de 4ª série da rede pública de ensino fundamental. Rev Digital [Internet]. 2008 [citado 2015 Jun 10];13. Disponível em: http\\www.efdeportes.com

6. Detsch C, Luz AMH, Candotti CT, Oliveira DS, Lazaron F, Guimaraes LK, et al. Prevalência de alterações posturais em escolares do ensino médio em uma cidade no Sul do Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2007;21(4):231-8

7. Santos CIS, Cunha ABN, Braga VP, Saad IAB, Ribeiro MAGO, Conti PMB, et al. Ocorrência de desvios posturais em escolares do ensino púbilco fundamental de Jaguariúna, São Paulo. Rev Paul Pediatr. 2009;27:74-80. 8. Ferriani MGC, Cano MAT, Candido GT, Kanchina AS. Levantamento epidemiológico dos escolares

portadores de escoliose da rede pública de Ensino de 1o grau no município de Ribeirão Perto. Rev Eletron Enfermagem [Internet]. 2000 [citado 2015 Jul 05];2. Disponível em http:// www.fen.ufg.br\revista 9. Santo AE, Guimarães LV, Galera FM. Prevalência de escoliose idiopática e variáveis associadas em escolares

do ensino fundamental de escolas municipais de Cuiabá, MT, 2002. Rev Bras Epidemiol. 2011;14(2):347-56. 10. Zurita OF, Moreno LC, Ruiz RL, Martinez MA, Zurita OA, Castro SAM. Screening of scoliosis in a school

population of 8 to 12 years in the province of Granada (Spain). An Pediatr (Barc). 2008;69(4):342-50. 11. Minghelli B. Rastreio escolar: a importância na detecção precoce de posturas escolióticas em adolescentes

das escolas de Silves, Algarve. Rev Port Saude Publica. 2008;26:61-8.

12. Grivas TB, Wade MH, Negrini S, O’Brien JP, Maruyama T, Hawes MC, et al. SOSORT consensus paper: school screening for scoliosis. Where are we today? Scoliosis. 2007;2:17.

13. Pereira SHD, Peres LS. Alterações posturais da coluna vertebral e fatores associados em escolares de 12 a 15 anos de idade na cidade de Foz do Iguaçu Foz do Iguaçu (PR): Universidade Estadual do Oeste do Paraná; 2008.

14. Campos FS, Silva AS, Fisberg M. Descrição fi sioterapêutica das alterações posturais em adolescentes obesos. Rev Saúde. 2002.

15. Aguiar NH, Bertolini SMMGG. Estudo da incidência de cifose postural em crianças na faixa etária de 7 a 9 anos da rede escolar de Maringá - PR. Arq Cienc Saude Unipar. 1997;1:71-4.

16. Velezis MJ, Sturm PF, Cobey J. Scoliosis screening revisited: fi ndings from the District of Columbia. J Pediatr Orthop. 2002;22(6): 788-91.

17. Bunnell WP. Selective screening for scoliosis. Clin Orthop Relat Res. 2005;434:40-5.

18. Leal JS, Leal MCPS, Gomes CER, Guimaraes MDC. Inquérito epidemiológico sobre escoliose idiopática do adolescente. Rev Bras Ortop. 2006;41:309-19.

Referências

Documentos relacionados

Além disso, é importante notar na contribuição acima que, apesar de julgarem, anteriormente, que o PT incentiva mais os programas voltados para as pessoas mais pobres no nível

Em outro trabalho seu, essa ideia é reforçada seguindo o mesmo pensamento já difundido na GPPB e o autor segue afirmando que “Não parece haver razão por que chamar

DIDÁTICOS DE HISTÓRIA REGIONAL: tecendo a formação histórica nos anos iniciais da educação básica", assumo a responsabilidade de utilizar as informações contidas nas fontes que

Ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca da sua sobrevivência e

- a Deliberação do Comitê Extraordinário COVID-19 nº 19, de 22 de março de 2020, que dispõe sobre as medidas adotadas no âmbito do Sistema Estadual de Saúde, enquanto durar o

C.Tavares Bastos, O Vale do Amazonas, 3ª.. 26 I Almir

1 O embate entre a fotografia analógica e digital é sempre tema dos trabalhos de Joan Fontcuberta, uma vez que ele se utiliza das tecnologias de produção,