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COMPORTAMENTO SOCIAL: A INFLUÊNCIA DO INDIVIDUALISMO E DO COLETIVISMO NOS GRUPOS SOCIAIS

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Academic year: 2021

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COMPORTAMENTO SOCIAL: A INFLUÊNCIA DO INDIVIDUALISMO E DO COLETIVISMO NOS GRUPOS SOCIAIS

FACULDADE GUAIRACÁ SERGIO DIAS CEZAR

ANTONIO ALEXANDRE PEREIRA JÚNIOR

Resumo:

O presente trabalho caracterizou-se por uma pesquisa exploratória, sendo desenvolvido um levantamento bibliográfico com relação às orientações individualistas e coletivistas, como fatores de identificação de comportamentos sociais no âmbito dos grupos sociais. Nesse sentido o trabalho enfatizou a conceituação dessas dimensões culturais, desde seus primeiros estudos e observações, passando pelo aprimoramento da teoria com a criação dos atributos horizontal e vertical, até observar como tais fatores influenciam o comportamento dos indivíduos no contexto social que estiverem inseridos. Ao final procurou-se fazer uma análise de como é fundamental a existência de teorias na psicologia social que melhor identifiquem os perfis de comportamento social em vários contextos. As orientações individualistas e coletivistas estão presentes nas sociedades e estas são influenciadas por suas variáveis e atributos. Portanto é de fundamental importância o conhecimento por parte dos profissionais da psicologia a respeito de tais orientações, para que assim possuam um melhor entendimento das relações sociais.

Palavras-chave: Comportamento, Individualismo, Coletivismo.

O Individualismo e o Coletivismo

Segundo Gouveia et al. (2002), as Ciências Humanas e Sociais têm buscado compreender como se desenvolvem as relações que se estabelecem entre os homens e sociedade, tanto individualmente como em grupo. As tentativas de compreensão de tais contextos visam estabelecer essas relações como um todo integrado.

Para Ferreira et al. (1994 apud TRIANDIS, 2002), a psicologia transcultural possui dentre os seus propósitos, estudar a variabilidade que existe no comportamento de diferentes grupos culturais para identificar aspectos específicos e gerais de tais culturas. Com isso, [...] “os sistemas ou dimensões de valores subjacentes a diferentes grupos e culturas nacionais têm constituído o referencial mais freqüentemente adotado,

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com destaque especial para o individualismo e o coletivismo.” (FERREIRA et al., 2002)

Na perspectiva de Gouveia et al. (2002) nas últimas décadas o Individualismo e Coletivismo têm se constituído em um foco de investigações. “Embora não sejam orientações recentes no mundo ocidental, o individualismo e o coletivismo passam a ser tema de pesquisa em Psicologia e Sociologia, sobretudo a partir dos anos 80.” (GOUVEIA & CLEMENTE, 1989, apud KAGITÇIBASI & BERRY, 2000)

Geert Hofstede (1984) foi o grande responsável pelo início de tais estudos. Em uma pesquisa, realizada com mais de 100.000 trabalhadores da empresa IBM, localizada em aproximadamente 50 países, identificou dimensões básicas de variação cultural, e, dentre elas, o individualismo-coletivismo se fez a mais notória.

“Sua tipologia propõe classificar as culturas nacionais segundo sua pontuação em metas específicas do trabalho. No caso do individualismo, compreende dar importância a ter um trabalho que lhe permita tempo suficiente para sua vida pessoal e familiar, ter considerável liberdade para adotar sua própria abordagem no trabalho e ter tarefas desafiantes, nas quais possa conseguir um sentido pessoal de realização; o coletivismo expressa a importância atribuída a ter oportunidades de ser treinado (para melhorar suas habilidades ou aprender habilidades novas), ter boas condições físicas de trabalho (boa ventilação e iluminação, espaço físico de trabalho adequado etc.) e usar plenamente suas habilidades e capacidades no trabalho.” (GOUVEIA & CLEMENTE, 1984 apud HOFSTEDE, 2000)

Segundo Gouveia & Clemente (2002), tais fatores determinam um único fator bipolar, onde a pontuação máxima corresponde ao individualismo (Estados Unidos) e a pontuação mais baixa corresponde ao coletivismo (Venezuela), sendo que países como o Brasil e Espanha não estão situados nesses extremos, ou seja, possuem pontuações intermediárias nesse estudo.

Depois de Geert Hofstede, possivelmente Harry C. Triandis seja o nome mais conhecido nesses estudos nas décadas de 80 e 90. Segundo Gouveia & Clemente (1993, apud Triandis et al., 2000), Triandis apresentou diversas definições com relação a esses estúdios. Conceituou o individualismo sob dois aspectos, sendo eles a separação do indivíduo dos seus grupos de pertença e confiança em si mesmo, e da mesma forma conceituou o coletivismo pelo aspecto de integração familiar e interdependência solidária. Atualmente seus estudos indicam a existência de uma estrutura mais ampla, agregando ao individualismo e coletivismo, o atributo horizontal e o atributo vertical,

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resultando assim, em quatro padrões específicos de orientação, que serão vistos na seqüência do trabalho.

Anos mais tarde, Shalom H. Schwartz desenvolveu uma teoria sobre o individualismo e o coletivismo em 1990 e 1994. Para tanto, se norteou em tipos de interesse. Segundo Gouveia & Clemente (1990, 1994, apud Schwartz, 2000), no interesse individual estão os valores que quando realizados beneficiam a própria pessoa, como poder, êxito, estimulação e autodireção. No interesse coletivo, tem-se o grupo como beneficiado com a adoção de valores como tradição, conformidade e benevolência. E no interesse misto os valores que o caracteriza são aqueles que, quando assumidos pelos indivíduos, tanto podem beneficiá-los diretamente como a todo o grupo, como universalismo e segurança.

“O Individualismo e o Coletivismo como culturas sociais consistem em compartilhar atitudes, crenças, normas e comportamentos do indivíduo com relação à sociedade.” (1996, GOUVEIA et al., TRIANDIS, 2003) Para Gouveia et al. (2003), Individualistas e coletivistas possuem diferentes tipos de objetivos. Em culturas predominantemente coletivistas, espera-se como mais provável um modo de vida mais centrado na sociedade. Por outro lado, em culturas individualistas, valoriza-se o indivíduo.

Segundo Ferreira et al. (2006), a diferença básica entre o individualismo e o coletivismo está, portanto, no valor atribuído às metas pessoais ou grupais, já que os individualistas dão mais valor a seus próprios interesses e realizações pessoais, enquanto os coletivistas atribuem maior importância ao bem-estar coletivo e às metas grupais.

Para Ferreira et al. (2006), nos contextos em que se observe conflitos de objetivos, sendo estes pessoais e grupais, os individualistas colocam seus próprios objetivos à frente dos objetivos do grupo, enfatizando a competição, enquanto os coletivistas tendem a priorizar os objetivos grupais em relação aos seus próprios objetivos o que os leva a adotar a cooperação em suas relações interpessoais. Essas características, quando identificadas possibilitam um melhor diagnóstico do perfil de comportamento de um determinado grupo, favorecendo assim intervenções que beneficiem as relações interpessoais, bem como a capacidade de produção.

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Segundo Gouveia & Clemente (2000), no individualismo os indivíduos são considerados discretos, autônomos, auto-suficientes e respeitosos quanto aos direitos dos demais. Nas suas relações com os demais, consideram princípios tidos como racionais, como igualdade, justiça, não interferência e separação. As leis e regras são institucionalizadas com o propósito de proteger os direitos individuais. O Estado é governado pela democracia, e tem a finalidade de manter os direitos individuais e a viabilidade das instituições públicas. Sendo assim, em culturas individualistas, a pessoa é estimulada a ser autônoma.

No coletivismo, Gouveia & Clemente (2000) enfatizam o bem comum e a harmonia social acima dos interesses individuais. Os indivíduos se estabelecem em uma rede de relações que dão suporte a um objetivo comum. Cada indivíduo é estimulado a colocar os interesses do grupo a cima dos seus próprios interesses pessoais. Os compromissos são os preceitos fundamentais sendo que a ordem social é preservada na medida em que cada um cumpre com seus deveres. Os valores morais são institucionalizados em leis, exatamente com o fim de garantir a ordem social. Para estimular o bem-estar coletivo e a ordem social, as pessoas são encorajadas a suprimir parte de seus interesses e individuais. Como resultado, a interdependência, o apoio social e o cumprimento são alguns dos seus aspectos mais importantes.

O individualismo e o coletivismo podem ser verificados em uma mesma pessoa ou cultura. É possível encontrar pessoas individualistas em culturas coletivistas e vice-versa, ou simplesmente culturas em que se evidencia uma mistura destes dois tipos de orientações. Seja como for, reconhece-se que estes estudos expressam síndromes culturais, evidenciando crenças, sentimentos, atitudes, valores, entre outros, que as pessoas de determinada cultura compartilhariam, podendo ser úteis para explicar diferenças culturais no comportamento social. Gouveia et. al (2003) reconhece que não necessariamente são pólos opostos, mas as pessoas são um pouco de cada um, sendo o contexto, que vai definir o estilo mais próprio de comportamento.

Segundo Gouveia et. al (2002), o individualismo e coletivismo apresentam alguns efeitos no âmbito das suas sociedades: permitem diferenciar as sociedades; produzem um padrão de conduta proporcional à orientação cultural, com tendência de pessoas de culturas individualistas apresentarem atitudes, valores e condutas individualistas, enquanto as coletivistas fazem o mesmo em termos coletivistas; esta

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características podem ser permitir fazer projeções para uma variedade de condutas; além das diferenças culturais, o nível individual e o coletivo apresentam variações; e possuem potencial para se transformar fatores de variação das culturas.

Na primeira metade dos anos 1990, Triandis (1995 apud GOUVEIA et al., 2003) identificou dois atributos-chave para diferenciar os principais tipos de individualismo e coletivismo: horizontal e vertical.

Para Gouveia et al (1995, apud Triandis, 2003), o atributo horizontal indica que as pessoas são semelhantes na maioria dos aspectos, principalmente no aspecto status. No individualismo, em razão da alta liberdade e igualdade existente, se concebe um indivíduo independente, mas não diferente dos demais membros da mesma sociedade. Ou seja, as pessoas que se orientam pelo individualismo horizontal querem ser distintas dos grupos. Em relação ao coletivismo, onde existe uma baixa liberdade e alta igualdade, e assim, as pessoas se vêem como sendo iguais às outras, assumindo objetivos comuns com os outros.

Para Gouveia et al (1995, apud Triandis, 2003), o conceito vertical aceita a desigualdade e privilegia a hierarquia. Para os individualistas, isto se reflete em independência e diferença dos demais. Observa-se a baixa igualdade dando importância à liberdade. As pessoas que seguem esta orientação querem ser distintas dos demais, adquirindo status social. Fazem isso geralmente em competição com os outros. No caso dos coletivistas, percebe-se um “serviço” aos outros, ao fazer “sacrifícios” em benefício do seu próprio grupo, dando ênfase a um eu independente.

Para cada tipo de orientação social em questão, identifica-se uma característica que mais descreve de forma adequada a pessoa que a adota: no Individualismo horizontal, o indivíduo é um ser único, que enfatiza a privacidade. No Individualismo vertical, o indivíduo é orientado ao êxito, ao prestígio. No Coletivismo horizontal o indivíduo é alguém que dá importância a cooperação e a harmonia dentro do grupo. E no Coletivismo vertical o indivíduo é servidor, cumpridor com os demais.

Além de todos esses atributos Triandis (1995, apud GOUVEIA et. al, 2003) identifica o protoindividualismo, que caracteriza um individuo batalhador, característico das sociedades em que as pessoas realizam suas atividades com independência das demais. Este tipo de individualismo parece ser uma forma de sobrevivência, e não de se

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relacionar com outras pessoas necessariamente, característica de culturas com desigualdades sociais e econômicas, como no caso do Brasil.

Também considera ainda um atributo denominado de individualismo expressivo, onde se dá maior importância aos relacionamentos, principalmente no âmbito familiar e no contexto da comunidade local. O indivíduo tende a ser expressivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao conhecer o significado e o conceito das orientações individualistas e coletivistas como influentes no comportamento dos grupos sociais, a psicologia passa a dispor de condições que favorecem um melhor entendimento sobre as relações sociais. Na sociedade contemporânea, observa-se um complexo sistema de relações, que modelam a forma de cada grupo social se relacionar. Essas características acabam que identificando esses grupos de acordo com as suas orientações.

De acordo com os comportamentos individualistas e coletivistas, nações se definem, e com isso, toda a trajetória genérica de toda uma sociedade se constrói. Não é exagero supor que decisões históricas a respeito de todos os elementos que regem uma sociedade sejam influenciadas em parte por essas orientações de comportamento social.

Os estudos voltados à análise dos comportamentos sociais vêm nos últimos anos contribuir para uma melhor intervenção por parte das ciências humanas e sociais. Nesse sentido o estudo ganha seu propósito ao contribuir para o conhecimento por parte de todos os envolvidos nesse contexto de atuação, pois assim se terá possibilidade de se usufruir de tais estudos e teorias para uma melhor compreensão de como os grupos sociais se modelam e se posicionam de acordo com o seu perfil de comportamento.

REFERÊNCIAS

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