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O elo da produção na cadeia produtiva do leite: sua constribuição no desenvolvimento dos associados da cooperativa Copermil (Santa Rosa/RS)

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DESENVOLVIMENTO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL E GESTÃO DE SISTEMAS PRODUTIVOS

ALINE DE MATTOS

O ELO DA PRODUÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE: SUA CONTRIBUIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS ASSOCIADOS DA

COOPERATIVA COOPERMIL (SANTA ROSA/RS)

IJUÍ – RS 2017

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ALINE DE MATTOS

O ELO DA PRODUÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE: SUA CONSTRIBUIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS ASSOCIADOS DA

COOPERATIVA COOPERMIL (SANTA ROSA/RS)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação

Stricto Sensu em Desenvolvimento, na Linha de Pesquisa

Desenvolvimento Territorial e Gestão De Sistemas Produtivos da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento. Prof. Dr. Argemiro Luís Brum

UNIJUÍ - Orientador

IJUÍ – RS 2017

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Catalogação na Publicação

Eunice Passos Flores Schwaste CRB10/2276

M444e Mattos, Aline de.

O elo da produção na cadeia produtiva do leite: sua contribuição no desenvolvimento dos associados da cooperativa Coopermil (Santa Rosa/RS) / Aline de Mattos. – Ijuí, 2017. –

88 f. : il. ; 29 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Desenvolvimento.

“Orientador: Argemiro Luís Brum”.

1. Cadeia produtiva do leite. 2. Cooperativa. 3. Produtores associados. I. Brum, Argemiro Luís. II. Título.

CDU: 631.1 (816.5)

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UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento – Mestrado

A Banca Examinadora, abaixo assinada, aprova a Dissertação

O ELO DA PRODUÇÃO NA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE: SUA CONTRIBUIÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DOS ASSOCIADOS DA

COOPERATIVA COOPERMIL (SANTA ROSA/RS)

elaborada por

ALINE DE MATTOS

como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Desenvolvimento

Banca Examinadora:

Prof. Dr. Dr. Argemiro Luís Brum (UNIJUÍ): ______________________________________

Prof. Dr. Vilmar Antônio Boff (URI/SA): _________________________________________

Prof. Dr. Jorge Oneide Sausen (UNIJUÍ): _________________________________________

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho À MINHA FAMÍLIA:

Aos meus avós, Elma e Elídio, pequenos agricultores, incentivadores dos meus estudos; À minha mãe Noemi, exemplo e força em toda a minha vida;

Ao meu marido Adriano, em reconhecimento ao seu companheirismo e apoio;

Ao meu filho Henrique, inspiração para os meus dias.

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AGRADECIMENTOS

O Mestrado possibilitou transformações relevantes graças ao aprendizado vivenciado ao longo de dois anos e meio. O conhecimento foi imprescindível e o crescimento pessoal e intelectual permanece em construção.

Esta conquista foi possível pela dedicação pessoal frente aos desafios e pelo apoio recebido de muitas pessoas que acompanharam esta trajetória acadêmica. Por isso, agradeço profundamente ao meu Orientador, Professor Dr. Argemiro Luiz Brum, pela dedicação, pelo conhecimento compartilhado, pela compreensão em momentos especiais e pela convivência.

A todos os professores do Mestrado em Desenvolvimento da Unijuí, com os quais tive a oportunidade de aprender muito, e em especial aos Professores Denize Grzybovski,

Jorge Oneide Sausen (Membro da Banca), Martinho Kelm, Lurdes Marlene Seide Froemming, Dieter Rugar Siedengerg, Gerd Wassemberg e Daniel Knebel Baggio

agradeço pela excelência na condução das disciplinas e pelo conhecimento proporcionado; Aproveito a oportunidade para tecer agradecimentos ao Professor Dr. Vilmar Boff, da Universidade Regional Integrada – URI – de Santo Ângelo, pelo aceite em participar de minha banca de mestrado, contribuindo com melhorias a este trabalho.

Aos colegas da turma do Mestrado 2015, quero agradecer pela convivência, aprendizagem e pelas amizades conquistadas. Agradeço de forma especial à colega Janice

Walter pelo companheirismo, apoio e incentivo a mim dispensado nos últimos anos;

Para encerrar, quero agradecer aos colegas de trabalho da Coopermil, em especial à equipe de profissionais da Área de Leite e Gestores, pela solicitude e colaboração durante todo o período de desenvolvimento da pesquisa e à equipe de Recursos Humanos pelo incentivo.

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RESUMO

Este trabalho apresenta um estudo de caso que referencia a contribuição do elo produtivo da cadeia da cadeia do leite na região de atuação da Cooperativa Coopermil, a partir da caracterização dos produtores de leite associados à ela. Traz como tema “o elo da produção da cadeia do leite e sua contribuição para o desenvolvimento dos produtores de leite associados da Cooperativa Coopermil – Santa Rosa/RS. Como objetivo principal, este trabalho busca a caracterização do elo da produção e sua importância para a cadeia do leite. Também apresenta como objetivos secundários, verificar aspectos referentes ao mercado do leite em âmbito mundial, nacional, estadual e regional; compreender o papel da Coopermil na atividade leiteira e sua importância para o elo produtivo da cadeia do leite; identificar o potencial produtivo dos associados da Coopermil e propor estratégias para melhorar a relação entre os produtores e a cooperativa. Para isso, utilizou-se de dados estatísticos disponibilizados por institutos de pesquisa como IBGE, FEE e Cepea, além de bibliografias, periódicos atuais e análise documental de dados concedidos pela cooperativa em estudo. O Universo da pesquisa limitou-se aos produtores de leite associados da Coopermil – ano de 2016 – num total de 1100 produtores, do qual foram selecionados para amostra, um total de 111 produtores de leite, o que corresponde a 10% do total, definidos igualmente a partir dos critérios de acessibilidade e conveniência a partir da indicação da equipe da área técnica da cooperativa. A pesquisa foi aplicada a dois grupos de sujeitos; Grupo 01 - 08 funcionários da cooperativa (gestores e técnicos) e Grupo 02 - 111 produtores de leite. A coleta de dados com os Sujeitos do Grupo 01 foi realizada através de entrevista presencial conduzida pela pesquisadora, a partir de roteiro semiestruturado e com os sujeitos do Grupo 02 através da aplicação de questionários fechados, impressos, durante reuniões técnicas da área de leite e em visitas às agropecuárias da cooperativa. Entre os resultados da pesquisa, observou-se que que as propriedades rurais, embora consideradas pequenas em extensão territorial, são rentáveis para a atividade leiteira e garantem o sustento das famílias e a sua permanência no campo. Identificou-se que a maioria dos produtores de leite associados à Coopermil pretendem dar continuidade à atividade leiteira e manifestaram satisfação no desempenho da mesma, tanto como realização pessoal, quanto no que se refere a rentabilidade. Percebeu-se também que a cooperativa tem papel fundamental no fomento da atividade leiteira da região, constituindo-se numa das principais fontes geradoras de conhecimento e difusora de tecnologia através da prestação de serviços e assistência especializada, contribuindo para o desenvolvimento da atividade na região.

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ABSTRACT

This paper presents a case study that refers to the contribution of the productive chain link of the milk chain in the Coopermil Cooperative region, based on the characterization of milk producers associated to it. It brings as a theme "the link of the production of the milk chain and its contribution to the development of the associated milk producers Coopermil Cooperative - Santa Rosa / RS. As main objective, this work sought to characterize the production link and its importance for the milk chain. It also presented as secondary objectives, to verify aspects related to the milk market at world, national, state and regional level; To understand Coopermil's role in dairy farming and its importance to the productive chain of the milk chain; Identify the productive potential of Coopermil members and propose strategies to improve the relationship between producers and the cooperative. For that, statistical data provided by research institutes such as IBGE, FEE and Cepea were used, as well as bibliographies, current periodicals and documentary data analysis granted by the cooperative under study. The research universe was limited to Coopermil's associated milk producers - 2016 - in a total of 1100 producers, from which a total of 111 milk producers were selected for the sample, corresponding to 10% of the total, defined Also from the criteria of accessibility and convenience from the indication of the staff of the technical area of the cooperative. The research was applied to two groups of subjects; Group 01 - 08 employees of the cooperative (managers and technicians) and Group 02 - 111 milk producers. Data collection with the subjects of Group 01 was carried out through a face-to-face interview conducted by the researcher, using a semi-structured script and with the subjects of Group 02 through the application of closed, printed questionnaires during technical meetings in the milk area and in Visits to the cooperative's farms. Among the results of the research, it was observed that the rural properties, although considered small in territorial extent, are profitable for the milk activity and guarantee the sustenance of the families and their permanence in the field. It was identified that most of the milk producers associated to Coopermil intend to continue the milk activity and expressed satisfaction in the performance of the same, as much as personal fulfillment as in what refers to profitability. It was also realized that the cooperative plays a fundamental role in promoting the dairy activity of the region, becoming one of the main sources of knowledge and technology diffusion through the provision of specialized services and assistance, contributing to the development of the activity in the region.

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LISTA DAS FIGURAS

Figura 1 – Modelo Cadeia Produtiva...29 Figura 2– Estrutura do ambiente institucional e organizacional das cadeias produtivas...30 Figura 03 – Tendência da Produção de leite nos principais países importadores e exportadores – 2015...33 Figura 04: Região Territorial de Atuação da Coopermil...44 Figura05: Ciclo Representativo da Relação dos Negócios da Coopermil...51

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LISTA DOS QUADROS

Quadro 01: Considerações sobre o PIB – comparação dos últimos anos, sobre a participação do Agronegócio na economia brasileira a partir dos dados do PIB...26 Quadro 2. Representação do Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil...31 Quadro 03: Sujeitos do grupo 01 - Equipe Técnica da Coopermil ...52 Quadro 04: Pontos Fortes e Pontos Fracos da Atividade Leiteira na Região de Atendimento da Coopermil...55

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Volume de lácteos comercializados no mercado internacional – 2015...35. Tabela 02. Produção de leite no Brasil de 01.01 a 31.12 - 2013 – Total e Região Sul...38 Tabela 03. Produção de leite no Rio Grande do Sul, Noroeste Gaúcho e Santa Rosa de 01.01 a 31.12 – 2013...39 Tabela 04: Distribuição do leite produzido conforme o destino no RS (litros/ano)...42 Tabela 05: Produtores de Leite Associados à Coopermil – relação por município - 2016...48 Tabela 06: Volume de Leite Cru Produzido em 2015 e Valor médio pago ao produtor no período...50

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01: Crescimento da Produção de Leite no Brasil 2005 – 2014...36

Gráfico 02: Crescimento do PIB gaúcho em 2015...40

Gráfico 03: Faturamento total Coopermil...45

Gráfico 04: Faturamento Coopermil 2016 – Participação por negócios...46

Gráfico 05. Sujeitos (Grupo 02) participantes da pesquisa por município...60

Gráfico 06: Idade dos Sujeitos (Grupo 02)...61

Gráfico 07: Idade das pessoas que residem nas propriedades produtoras de leite de associados da Coopermil...62

Gráfico 08: Tempo de atuação dos produtores na área de leite...64

Gráfico 09: Representação territorial das Propriedades Rurais dos Produtores de Leite Associados da Coopermil...65

Gráfico 10: Número de Animais (gado leiteiro) por propriedade...67

Gráfico 11: Outras fontes de renda dos produtores de leite associados da Coopermil...68

Gráfico 12: Produção média diária de leite em litros...69

Gráfico 13: Estimativa de investimentos na produção de leite...70

Gráfico 14: Perspectivas do produtor em relação ao tempo em que pretende continuar na atividade leiteira...71

Gráfico 15: Estimativa de continuidade de investimentos na atividade leiteira...72

Gráfico 16: Grau de Satisfação dos produtores em relação á atividade leiteira...73

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LISTA DAS SIGLAS

CCGL – Cooperativa Central Gaúcha Ltda.

CEPEA – Centro de Estudoss Avançados em Economia Aplicada COMTUL - Cooperativa Mista Tucunduva Ltda.

CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento COOPERMIL – Cooperativa Mista São Luiz Ltda. COOPEROQUE – Cooprativa Mista Agrícola São Roque

COOPRAL – Cooperativa dos Pequenos Agricultores de Alecrim COPEAGRIL –Cooperativa de Pequenos Produtores de Leite COTRIMAIO – Cooperativa Tritícola Três de Maio

COTRIROSA – Cooperativa Tritícola Santa Rosa

DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos EMATER – Empresa de Assistencia Técnica e Extensão Rural

EMBRAPA - A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária FAO – Food and Agricltare Organization of the United Nations FEE – Fundação de Economia e Estatística

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IGL – Instituto Gaúcho do Leite

IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário

OCERGS – Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul PIB – Produto Interno Bruto

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SAG – Sistema Agroalimentar

SEAB – Secretaria de Estado de Agricultura edo Abastecimento SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo USDA – United States Departament of Agricultare

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...15

CAPÍTULO I: O AGRONEGÓCIO E A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NO BRASIL...21

1.1 O AGRONEGÓCIO ...22

1.2 ABORDAGENS TEÓRICAS DE CADEIAS PRODUTIVAS...27

1.3 A ESTRUTURA GERAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE...30

1.4 ASPECTOS DO MERCADO MUNDIAL DO LEITE...32

1.5 ASPECTOS DO MERCADO BRASILEIRO DO LEITE...35

1.6 ASPECTOS DO MERCADO DO LEITE NA REGIÃO SUL DO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL...37

1.7 AGRICULTURA FAMILIAR E A PRODUÇÃO DE LEITE...40

CAPÍTULO 2 A COOPERMIL NO CONTEXTO DA PRODUÇÃO DE LEITE DO NOROESTE GAÚCHO...41

2.1 A COOPERMIL...42

2.1.1 A COOPERMIL E SUA ATUAÇÃO NA ATIVIDADE LEITEIRA...47

2.1.2 A COOPERMIL E O LEITE SOB A ÓTICA DA EQUIPE TÉCNICA DA COOPERATIVA...52

CAPÍTULO 3 OS PRODUTORES ASSOCIADOS À COOPERMIL E A IMPORTÂNCIA DO LEITE PARA A SUSTENTABILIDADE DAS FAMÍLIAS ASSOCIADAS...59

3.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PRODUTORES ASSOCIADOS DA COOPERMIL...62

3.2 CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES DOS PRODUTORES DE LEITE ASSOCIADOS DA COOPERMIL...64

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PRODUÇÃO LEITEIRA DOS PRODUTORES ASSOCIADOS DA COOPERMIL...69

3.4 PERSPECTIVAS SOBRE A PRODUÇÃO LEITEIRA NAS PROPRIEDADES DOS PRODUTORES ASSOCIADOS DA COOPERMIL...71

CONSIDERAÇÕES FINAIS...76

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...82

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INTRODUÇÃO

O Brasil é um país com alto potencial para exploração da pecuária leiteira, dadas às condições de solo e clima favoráveis para a atividade, e desde o início dos anos 2000, vem aumentando consideravelmente sua produtividade no que se refere ao volume de leite cru produzido. A produção mundial de leite, no ano de 2008 ultrapassou os 578 bilhões de litros, conforme os dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2011).

Os dados estatísticos apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE referentes à produção leiteira no Brasil registrada em 2014 apontam crescimento no volume produzido na última década – 2005 a 2014. Em 2005 registrou-se a produção de 24,5 bilhões de litros de leite cru (in natura) e em 2013 a quantidade registrada foi de 35,2 bilhões de litros do produto. Estes dados indicam um crescimento em produção em 10,7 bilhões de litros, equivalente a 43,7% no período entre 2005 e 2013 – 8 anos, e reflete na potencialidade da cadeia produtiva do leite no País, além da sua importância concretizada para o mercado.

As regiões Sul e Sudeste do País são as maiores produtoras de leite cru, com destaque para os estados de Minas Gerais, Paraná e Rio grande do Sul, conforme os índices apresentados pelos órgãos de pesquisa – IBGE e Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea. Pesquisadores têm realizado estudos1 abordando a temática da cadeia produtiva do leite sob diversos aspectos no estado do Rio Grande do Sul, dada sua importância para a geração de emprego e renda às famílias rurais. Encontram-se estudos referentes à cadeia produtiva do leite nas diversas regiões geográficas do estado, mas apesar disso, há espaço para a realização de estudos que contemplem elementos da cadeia produtiva do leite envolvendo especificamente produtores associados à cooperativas, inseridos geograficamente no Noroeste Gaúcho.

A referida região é atualmente, conforme os indicadores do IBGE (2015), a maior bacia leiteira do Estado do Rio Grande do Sul e por isso, considera-se fator relevante compreender o funcionamento da cadeia produtiva do leite na mesma, observando a atuação dos diversos agentes.

1 MONTOYA, M. A.; FINAMORE, E. B. M. de C. Performance e Dimensão Econômica do Complexo Lácteo

Gaúcho. Textos para discussão Universidade de Passo Fundo, nº 06/2004 página 1 a 18, 2004; FINAMORE, E. B. M. de C.; MONTOYA, M. A.. Estrutura produtiva da cadeia láctea gaúcha: perspectiva regional do Corede Nordeste. Passo Fundo: Ed. Universidade de Passo Fundo, 2008; TRENNEPOHL, Dilson; TYBUSH, Tania Marques; BRUM, Argemiro Luís. Proposição de estratégicas de desenvolvimento ligadas ao agronegócio para o Corede Noroeste Colonial do Rio Grande do Sul. Ijuí: Unijuí, 2007.

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O crescimento em produtividade já citado em parágrafo anterior e a atuação significativa de indústrias (BRF, Lactalis) e cooperativas (Cooperativa Central Gaúcha Ltda - CCGL; Cooperativa Mista São Luiz Ltda – Coopermil; Cooperativa Tritícola Santa Rosa – Cotrirosa; Cooperativa Mista Tucunduva Ltda – Comtul; Cooperativa Tritícola Três de Maio - Cotrimaio) neste mercado na região, pode resultar de ações estratégicas praticadas no passado, porém, deve-se investigar os fatores que contribuíram para destacar a região como importante produtora de leite em volume, no estado do Rio Grande do Sul.

Conforme os dados do IBGE (2015) referentes à produção de leite no Brasil em 2014, entre os 200 municípios maiores produtores de leite do país em volume, 21 estão no Rio Grande do Sul e destes, 9, localizam-se na região Noroeste.

Nesta contextualização, este estudo de caso referencia a contribuição do elo produtivo da cadeia da cadeia do leite na região referida, a partir dos indicadores de produtividade, rentabilidade e empregabilidade. Assim, o trabalho proposto apresenta o tema “o elo da produção da cadeia do leite e sua contribuição para o o desenvolvimento dos produtores de leite associados da Cooperativa Coopermil – Santa Rosa/RS.

Assim, é objetivo principal deste trabalho promover a caracterização do elo da produção da cadeia do leite a partir dos produtores associados à Coopermil. Como objetivos secundários, busca verificar aspectos referentes ao mercado do leite em âmbito mundial, nacional, estadual e regional; compreender o papel da Coopermil na atividade leiteira e sua importância para o elo produtivo da cadeia do leite; identificar o potencial produtivo dos associados da Coopermil e propor estratégias para melhorar a relação entre os produtores e a cooperativa.

Sabe-se que a cadeia produtiva do leite vem se destacando como importante meio de sobrevivência de famílias no campo, como geradora de renda e fomentadora da economia regional, no que se refere aos municípios de abrangência da Coopermil, na região Noroeste – RS. Para isso, há diversos fatores que interferem tanto na produtividade quanto na qualidade e nos resultados econômicos da cadeia produtiva do leite na região referida – há oportunidades e desafios neste cenário.

A Coopermil, uma das cooperativas agropecuárias mais antigas da região (fundada em 1955), atua diretamente na captação e distribuição de leite para indústrias. Por isso, o estudo se delimita, à abrangência geográfica da cooperativa, o que se justifica pela representatividade na produção leiteira do Estado do Rio Grande do Sul e suas possíveis contribuições com o desenvolvimento regional em caráter socioeconômico. Também, optou-se pela realização do estudo com produtores desta cooperativa por ser uma das principais da região, assim como ser

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a empresa onde a mestranda desenvolve suas atividades profissionais, fato que lhe permite qualificar sua prática a partir dos resultados oriundos deste.

Este trabalho está alicerçado nos pressupostos metodológicos do Positivismo, modelo científico proposto por Auguste Comte, que, conforme Gomes (2001) se baseia essencialmente nas ciências naturais e no método empírico-analítico, fundamentado nos critérios de objetividade e neutralidade.

A aplicação do método empírico-analítico relaciona a utilização de técnicas de coleta e tratamento de dados quantitativos, através do uso de dados estatísticos disponibilizados (através da internet) pelo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea e pela Fundação de Economia e Estatística – FEE.

Também são utilizadas neste estudo, pesquisas já efetuadas na área da cadeia produtiva do leite no Brasil e também regionalizadas, disponibilizadas em bibliografias e periódicos atuais, além da própria pesquisa que será efetuada pela pesquisadora, junto aos sujeitos relacionados.

Quanto à classificação, com base Gil (1999), este estudo trata-se como pesquisa aplicada, com abordagem qualitativa e quantitativa. No que se refere aos objetivos a pesquisa classifica-se como exploratória e também pode ser enquadrada como pesquisa descritiva.

O desenvolvimento do estudo utilizou-se da aplicação de procedimentos técnicos, conforme a definição proposta por Gil (2002) e pesquisa bibliográfica, que com base em Lakatos e Marconi (2002), a qual envolve o referencial teórico referente ao tema estudado e disponível através de publicações científicas impressas e virtuais. A pesquisa bibliográfica contribuiu para referenciar os principais estudos relacionados à cadeia produtiva do leite, os quais serviram para nortear o estudo onde a pesquisa foi aplicada, auxiliando no encaminhamento dos resultados.

Também utilizou-se o método de pesquisa documental, através do qual foram usados dados de documentos de arquivos relativos à produção de leite na região de estudo, disponibilizados pela cooperativa em estudo, além de dados disponibilizados pelos institutos de pesquisa IBGE, Fundação de Economia e Estatística – FEE, Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural - Emater/RS, Empesa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa e Cepea. A delimitação geográfica deste estudo está centrada nos municípios da Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul onde atua a Coopermil, cuja sede administrativa está situada no município de Santa Rosa.

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Desta região geográfica, selecionou-se o universo composto pelos produtores de leite associados à cooperativa Coopermil escolhidos pelos critérios de acessibilidade e conveniência. Este universo está estimado num total de 1100 produtores cadastrados à cooperativa, conforme registros documentais da área técnica da unidade captadora de leite da mesma com referência ao ano de 2016.

Deste universo, foram selecionados para amostra, um total de 111 produtores de leite, o que corresponde a 10% do total, definidos igualmente a partir dos critérios de acessibilidade e conveniência a partir da indicação da equipe da área técnica da cooperativa. A amostra está baseada na referência da Tabela de Amplitude da População indicada por Gil (2010), que indica um número aproximado de 10% do universo e cujo coeficiente de confiança é de 95,5%.

A pesquisa foi aplicada a dois grupos de sujeitos. Consideram-se Sujeitos do Grupo 01, os funcionários da cooperativa (gestores e técnicos) que atuam diretamente com a área de leite da Coopermil, totalizando o número de 08 pessoas, e como Sujeitos do Grupo 02, os produtores de leite selecionados para a amostra, conforme definido no item anterior.

A coleta de dados com os Sujeitos do Grupo 01 foi realizada através de entrevista presencial conduzida pela pesquisadora, a partir de roteiro semiestruturado de questionamentos, conforme modelo disponível no Anexo 01. As entrevistas foram agendadas e realizadas na Sede Administrativa da Coopermil, em Santa Rosa, entre os meses de Julho e dezembro de 2016.

A pesquisa foi realizada através da aplicação de questionários fechados, impressos, conforme modelo disponível no Anexo 02, aos Sujeitos do Grupo 02, com o auxílio da equipe técnica da cooperativa Coopermil, através da participação da pesquisadora em reuniões técnicas da área de leite e em visitas às agropecuárias da cooperativa, frequentadas pelos produtores de leite associados2.

Ainda, foram utilizados conteúdos publicados em sites oficiais de pesquisa para a seleção de dados estatísticos dos institutos de pesquisa (Cepea; FEE; Embrapa; IBGE) e documentos impressos e virtuais fornecidos pela cooperativa Coopermil que contém dados específicos referentes à captação e destinação do leite produzido pelos seus associados.

Os dados coletados nos questionários foram analisados sob o formato de análise de discurso. Tal análise buscou a compreensão dos dados estatísticos coletados através da pesquisa em documentos fornecidos pela cooperativa, bem como os dados disponibilizados em sites de

2 Mensalmente, em datas determinadas pela cooperativa, os produtores de leite comparecem às Lojas

Agropecuárias da Coopermil para receber o pagamento da produção de leite entregue à cooperativa. Acompanhando o cronograma de pagamentos nas Unidades de Santa Rosa e Santo Cristo, a pesquisadora compareceu nas Lojas gropeucárias destas Unidades no mês de novembro, onde foram coletados dados com parte dos Sujeitos do grupo 02.

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pesquisa, como o do IBGE e Cepea, com os quais identificou-se o cenário atual da cadeia produtiva do leite na região. Também contribuiu para a análise dos dados coletados através dos questionários respondidos pelos produtores de leite, conforme a amostra selecionada.

Da mesma forma, a análise de discurso foi aplicada para compreender os dados coletados através das entrevistas realizadas com os sujeitos da pesquisa. O método permitiu à pesquisadora construir uma análise necessária para atingir os objetivos propostos nesta pesquisa.

Ainda, a pesquisa promoveu a análise dos dados coletados a partir dos seguintes indicadores relativos à produção de leite: a) geração de renda: representatividade da atividade leiteira para a renda familiar; b) empregabilidade: pessoas do grupo familiar dedicados à atividade leiteira; empregabilidade de terceiros e ou terceirização de serviços; c) produtividade: capacidade produtiva da propriedade, extensão territorial da propriedade e número de animais.

Esta dissertação está composta pela parte introdutória, que apresenta a contextualização do trabalho, incluindo a temática desenvolvida, os objetivos, a justificativa e a metodologia utilizada para o seu desenvolvimento.

Está estruturada em três Capítulos: o primeiro, intitulado “O Agronegócio e a cadeia produtiva do leite no Brasil”, apresenta as principais referências bibliográficas sobre o tema, bem como referencia dados estatísticos relativos à produção leiteira; o segundo, “A Coopermil no contexto da produção de leite do Noroeste Gaúcho”, discorre sobre a o elo da produção e a cooperativa onde o estudo foi realizado, trazendo as contribuições da pesquisa de campo realizada com os Sujeitos do grupo 01; e o terceiro e último capítulo, “Os produtores associados à Coopermil e a importância do leite para a sustentabilidade das famílias associadas”, que explicita os resultados da pesquisa aplicada aos produtores – Sujeitos do Grupo 02, inserindo a análise sobre os dados coletados.

Após o terceiro capítulo encontram-se as considerações finais onde são apresentados os resultados obtidos através da análise dos dados coletados e as percepções finais sobre a pesquisa, bem como as recomendações para a cooperativa e para novos estudos. O trabalho encerra com as referências bibliográficas utilizadas neste estudo e, em anexo, os instrumentos de coleta dos dados à campo.

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CAPÍTULO 1

O AGRONEGÓCIO E A CADEIA PRODUTIVA DO LEITE NO BRASIL

O cenário mundial do agronegócio é apresentado como tema de diversos estudos realizados por pesquisadores, oriundos principalmente das ciências sociais aplicadas, biológicas e agrárias de várias nacionalidades, dada sua relevância como gerador de riquezas e sua relação com a produção mundial de alimentos, entre outros fatores.

Entre as diversas ramificações do agronegócio, encontram-se estudos direcionados à cadeia produtiva do leite – das características referentes à produtividade até os modelos de gestão de propriedades, qualidade de vida dos produtores, mercado do produto e derivados. Países como a Nova Zelândia, Austrália e Canadá são citados no meio científico como referência da temática (MATOS, 2002; ALMEIDA, 2005;) colocando a cadeia produtiva do leite no cenário da pesquisa acadêmico-científica.

No contexto brasileiro, pesquisas referentes ao agronegócio (BATALHA, 2001; 2005; ZYLBERTSZTAIN, 2005; CONSOLI e NEVES, 2005; BRUM, 2009, 2012 E 2013; GASQUES, 2004) sinalizam que a cadeia produtiva do leite está entre as mais relevantes, quando considerada a sua capacidade de geração de emprego e renda aos numerosos agentes envolvidos em todo o processo. A atividade produtiva leiteira vem ganhando espaço em debates e estudos atuais em diferentes esferas – em especial no Rio Grande do Sul, despertando a atenção para sua potencialidade como geradora de renda para famílias rurais, possibilitando sua manutenção nas propriedades, como oportunidade de negócio para investidores e empresários do agronegócio, e ainda contribuindo com o desenvolvimento econômico de municípios e regiões onde se desenvolve.

Historicamente, observa-se que a pecuária, mais especificamente a produção leiteira, cumpriu uma função secundária na economia brasileira: a de subsistência; diferentemente de outros produtos com valor agregado pela industrialização. Neste contexto vivido na primeira metade do século XX (CÔNSOLI; NEVES, 2006) configurou-se a atividade tradicional, sem ganhos de eficiência; ficou à margem de outras atividades agrícolas vistas com propósito comercial, como por exemplo, o café e a cana-de-açúcar. No Rio Grande do Sul isso ocorreu em relação à soja até o final dos anos de 1970 (BRUM; 2015).

Nos anos de 1940, “o Brasil iniciou um processo de regulamentação da atividade leiteira, estabelecendo critérios sanitários de processamento e distribuição de leite e de seus derivados” (CÔNSOLI; NEVES, 2006). A interferência do governo teve o objetivo de oferecer mais segurança ao consumidor de produtos lácteos e também, de controlar o preço pago ao

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produtor pelo leite in natura e pasteurizado. Os referidos autores afirmam ainda que, entre 1946 e 1991, o marco na cadeia produtiva do leite foi a regulamentação, embora poucos resultados efetivos tenham sido obtidos neste longo período.

Um dos principais fatores que contribuiu para a expansão do mercado foi a comercialização do leite longa vida (CEPEA, 2000), produto que alterou e ampliou as fronteiras de produção, antes representadas por mercados regionalizados, principalmente para o leite fluído. No mesmo período também se registrou o processo de granelização da coleta de leite nas fazendas, encetado aspecto tecnológico ao setor leiteiro no país.

Outro fator importante que interferiu no formato da cadeia produtiva do leite foi a estabilidade da economia brasileira após a implementação do Plano Real, que impactou diretamente no aumento do consumo de leite e derivados, estendendo-o a uma maior parcela da população. Isso ocorre consideravelmente no final dos anos 90 e início dos anos 2000, gerando estímulos à produção de leite em todo o território nacional, mas principalmente nas regiões do Cerrado e Centro do país (CLEMENTE; HESPANHOL; 2008).

O crescimento em produtividade e a contribuição da cadeia produtiva do leite para a economia brasileira nos últimos 15 anos apresentou-se de forma crescente, e a atividade leiteira ganha cada vez mais destaque, tanto no que se refere à sua capacidade produtiva como também na busca pela evolução de qualidade para a conquista de novos mercados, inclusive internacionais, projetando crescimento e prestígio ao setor, conforme de apresenta na sequência deste capítulo.

1.1 - O AGRONEGÓCIO

As cadeias produtivas do setor agropecuário, caso da cadeia do leite, fazem parte de um contexto mais amplo, o qual comporta o que nas últimas décadas, passou a chamar-se de agronegócio.

O agronegócio está entre um dos relevantes assuntos abordados por pesquisadores mundiais e brasileiros, oriundos das ramificações das ciências sociais aplicadas. A conceituação de agronegócio ou agribusiness da dependência nas relações entre a indústria fabricante de insumos agrícolas e de alimentos, bem como da produção agropecuárias.

O termo agribusiness passou a integrar o vocabulário científico no final dos anos 50, quando pesquisadores da universidade de Harvard John Davis e Ray Goldberg o mencionaram com o objetivo de alertar para que as negociações que envolviam a agricultura não poderiam mais representar o chamado de "setor primário", conforme resgata Zylbersztajn (2000).

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Batalha (1997) propõe uma definição inicial de agronegócio que engloba a junção das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas com as operações de armazenagem, processamento e distribuição de produtos de origem agrícola e seus derivados. A difusão da expressão agronegócio dá-se nos anos 90, quando o crescimento do setor atinge picos consideráveis em todo o mundo, dada sua representatividade econômica.

O agronegócio passa a ocupar destaque no cenário mundial e seu papel no desenvolvimento econômico dos países tornou-se pauta em importantes discussões internacionais, no que se refere ao desenvolvimento econômico dos países. Este tipo de discurso também envolve a preocupação com a produção de alimentos, a capacidade produtiva e o potencial perfil dos produtores agrícolas. Para Brum e Heck (2008), “as aberturas econômica, financeira e comercial brasileiras, o avanço da ciência e das tecnologias modernas de modificação genética aumentam a competitividade nos mercados agrícolas”, exigindo cada vez mais, a aplicação de gestão na agricultura.

Heredia, Palmeira e Leite (2010), afirmam que “o gerenciamento de um negócio que envolve muito mais que uma planta industrial ou um conjunto de unidades agrícolas é uma das tônicas da ideia de agronegócio” (HEREDIA; PALMEIRA; LEITE; 2010, p.160).

Ainda, com base em Brum e Heck (2008), pode-se dizer que historicamente a agricultura vem cumprindo papel fundamental no que se refere ao desenvolvimento dos países e que representa um suporte para o desenvolvimento de outros setores como a própria indústria e os serviços. É possível assim afirmar que países em desenvolvimento podem aproveitar-se das oportunidades do agronegócio para encontrar espaço competitivo numa economia capitalista prevalecente no cenário mundial.

Observando por outro ângulo, por parte da ciência, percebe-se que uma das principais contribuições do Agronegócio dá-se no fomento da pesquisa e sua relação com o aumento da produção agrícola e pecuária nos últimos anos, ampliando a oferta de produtos e matéria-prima.

No início dos anos 2000, os indicadores de produção agrícola brasileiros já demonstravam sua importância para a economia nacional, sendo que já em 2003, os indicadores do IBGE sinalizavam um crescimento na produção nacional de grãos as taxas médias anuais de 9,49%. Do mesmo modo, a produção de leite acompanhou o crescimento em taxas elevadas e conforme o IBGE, entre 1990 e 2002, totalizando 45%. O bom desempenho da agropecuária tem sido constante e contribui para o crescimento considerável e positivo do agronegócio brasileiro.

Contudo, a combinação da aplicação de tecnologia, do desenvolvimento da pesquisa e da extensão através de importantes órgãos apoiados pelo governo, entre os quais destaca-se o

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trabalho da EMPBRAPA nos últimos anos, e as oportunidades naturais do território, tem feito do Agronegócio um propulsor do desenvolvimento econômico do Brasil.

No que se refere ao Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio no país, que é calculado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA), analisando a mesma época (final dos anos 90 e início dos anos 2000), este apresentou um crescimento significativo entre 1997 e 2003 sendo que o maior crescimento ocorreu no Setor de Insumos da Agropecuária, seguido pelo Setor Primário da Agropecuária e depois pela distribuição e pela indústria. Entre 1990 e 2002, o PIB agropecuário cresceu a 3,18% a.a., enquanto o PIB total cresceu 2,71%; e de 1999 a 2002, o PIB agropecuário cresceu 4,29% e o PIB total, e 2,32% (IPEA, 2004).

Cabe destacar o período referido ao se falar em Agronegócio no Brasil, pela importância que se dá ao desenvolvimento do mesmo:

A produção nacional de grãos tem crescido a taxas médias anuais elevadas – 9,49% em 2003 (Ipea) – e esse aumento da produção ocorre quase exclusivamente apoiado no crescimento da produtividade , uma vez que a área pouco tem se alterado (conforme dados do IBGE). Do mesmo modo, a produção animal cresce a taxas elevadas. Entre 1990 e 2002, a produção da avicultura cresceu 223%; a bovinocultura, 125%; o pescado, 68%; e a produção de leite, 45% (Pinaza, 2003). Esse desempenho da agropecuária tem sido essencial para a regularidade da produção do agronegócio. (IPEA; 2004, p.22)

Entre os fatores que contribuíram para consolidar o Agronegócio como fundamental para a composição do PIB brasileiro (CEPEA; 2016) estão o desenvolvimento da pesquisa e a estabilização da economia, com o controle das taxas de inflação motivadas pelo Plano Real no final dos anos 90, propiciando a competitividade do mercado interno, ampliando a possibilidade de crédito e assim, propulsionando a produção agrícola e pecuária.

O agronegócio é claramente um caso de sucesso do país. Sua competitividade internacional é visível em muitas culturas e observa-se o avanço da produtividade da agropecuária. Em 1995, o Agronegócio contribuiu com o total de 844.782 milhões de reais, e 20 anos depois, em 2015, conforme os dados divulgados pelo CEPEA (2016), este valor alcançou 1.280.827 bilhão de reais, o que representa 21,35% do PIB Brasileiro. (CEPEA; 2016).

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O Agronegócio é um dos setores que mais tem contribuído com o crescimento econômico, mesmo em anos de baixo desempenho de outros setores da economia brasileira. No período entre os anos de 2005 e 2014, o Agronegócio contribuiu positivamente com a economia, mantendo crescimento e participação considerável na composição do PIB brasileiro.

O bom desempenho do setor, resultado da valorização real acumulada de preços, principalmente no que se refere aos setores primários, contrariando o cenário econômico que seguiu em baixa para atividades importantes. Com relação ao ambiente macroeconômico brasileiro, a conjuntura de 2016 confirmou-se desfavorável, com recuo de 3,6% no PIB nacional, segundo o IBGE. Ao longo do ano, houve queda no nível de emprego, mas destaca-se a reversão da tendência inflacionária e desvalorização cambial. O ano de 2017 ainda segue no campo da incerteza, ainda que as projeções do mercado, até o momento, já deem sinais de recuperação. De acordo com o relatório Focus do Banco Central (de 17 de março de 2017), prevê-se crescimento de 0,48% do PIB brasileiro em 2017, com IPCA abaixo do centro da meta de inflação e taxa de câmbio a um patamar próximo ao atual. Tais projeções indicam melhora nas expectativas do mercado, mas ainda é necessário fazer uma ressalva quanto à resiliência da crise político-institucional brasileira e à incerta eficácia das reformas apresentadas pelo governo até o momento, que, aliadas à elevação sistemática da taxa de desemprego e à queda de renda da população ainda não permitem a configuração de perspectivas mais otimistas. (CEPEA; 2016).

O Quadro 01 comprova a importância econômica deste setor para o País e também para o Estado do Rio Grande do Sul. Em 2015 (CEPEA; 2016), o PIB total nacional retraiu 3,8%. Já o do agronegócio cresceu 1,8%, em relação a 2014 (0,4%). (IBGE; 2016). No ano de 2016,considerando janeiro a dezembro, o PIB do agronegócio brasileiro acumulou crescimento de 4,48%.

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Quadro 01: Considerações sobre o PIB – comparação dos últimos anos, sobre a participação do Agronegócio na economia brasileira a partir dos dados do PIB.

Fonte: IBGE 2016.

Em 2015 (CEPEA; 2016), o PIB total nacional retraiu 3,8%. Já o do agronegócio cresceu 1,8%, em relação a 2014 (0,4%). (IBGE; 2016). No ano de 2016, considerando janeiro a dezembro, o PIB do agronegócio brasileiro acumulou crescimento de 4,48%.

O bom desempenho do setor, resultado da valorização real acumulada de preços, principalmente no que se refere aos setores primários, contrariando o cenário econômico que seguiu em baixa para atividades importantes. Com relação ao ambiente macroeconômico brasileiro, a

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conjuntura de 2016 confirmou-se desfavorável, com recuo de 3,6% no PIB nacional, segundo o IBGE. Ao longo do ano, houve queda no nível de emprego, mas destaca-se a reversão da tendência inflacionária e desvalorização cambial. O ano de 2017 ainda segue no campo da incerteza, ainda que as projeções do mercado, até o momento, já deem sinais de recuperação. De acordo com o relatório Focus do Banco Central (de 17 de março de 2017), prevê-se crescimento de 0,48% do PIB brasileiro em 2017, com IPCA abaixo do centro da meta de inflação e taxa de câmbio a um patamar próximo ao atual. Tais projeções indicam melhora nas expectativas do mercado, mas ainda é necessário fazer uma ressalva quanto à resiliência da crise político-institucional brasileira e à incerta eficácia das reformas apresentadas pelo governo até o momento, que, aliadas à elevação sistemática da taxa de desemprego e à queda de renda da população ainda não permitem a configuração de perspectivas mais otimistas. (CEPEA; 2016).

As análises econômicas comprovam a importância do setor para o desempenho econômico do País e reflete a tendências do mercado positivo para o segmento, em todos os setores.

1.2 - ABORDAGENS TEÓRICAS DE CADEIAS PRODUTIVAS

Para compreender a concepção de cadeias produtivas, buscou-se na literatura, a compreensão de sua origem, a partir do entendimento de Sistema Agroindustrial (SAG) e Agronegócio. O SAG é uma forma de organização sistêmica e coordenada da cadeia produtiva agroalimentar. Compreende um conjunto de agentes econômicos, posicionados sequencialmente: antes, dentro e depois da atividade agropecuária, responsável por diferentes etapas de produção, transformação e comercialização de um produto de origem agropecuário, até o produto chegar ao consumidor final (ZYLBERSZTAJN, 1995).

Brum (2015) conceitua o Sistema Agroalimentar (SAG) como conjunto de relações contratuais entre empresas e agentes especializados, com o objetivo final de disputar o consumidor de determinado produto. Neste conceito, o autor identifica como agentes do SAG: a) Produtor primário; b) Agroindústria; c) Atacado; d) Varejo do alimento; e) Consumidor.

Retomando o conceito de Agronegócio de John Davis e Ray Goldberg pode–se compreende-lo como a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos

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agrícolas; das operações de produção nas unidades agrícolas; do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles.

A abordagem sobre SAG foi desenvolvida em Harvard (EUA) e a de filiéres na França e as duas abordagens visavam possibilitar o entendimento das particularidades na competitividade de uma cadeia produtiva, como também a coordenação do agronegócio ou

agribusiness nos papéis das instituições públicas e privadas. O conceito de filière se refere ao

grau de integração dos mercados de insumos industrializados, com a indústria de alimentos, para definir a classificação de cadeias produtivas, sendo aplicado ao estudo da organização agroindustrial (BATALHA, 1997).

Para Brum (2015), o principal conceito de cadeia é o de filière que vem da França e o mesmo é aplicado ao estudo da organização agroindustrial. O conceito de sistemas agroindustriais tem como denominador comum, as relações verticais de produção ao longo das cadeias produtivas e devem servir de balizador para a formulação de estratégias empresariais e políticas públicas (BRUM; 2015).

Cadeia (filière) neste conceito é uma sequência de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é amplamente influenciada pela fronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é definida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros. É “a sequência de atividades que transformam uma commodity em um produto pronto para o consumidor final” (BRUM, 2015).

No Brasil, o enfoque sistêmico do produto, a partir da década de 70, passou a orientar os estudos sobre melhorias das cadeias produtivas agroindustriais no Brasil. As relações de dependência entre as indústrias de insumos, a produção agropecuária, a indústria de alimentos e o sistema de distribuição passaram a ser observados, com mais frequência nos estudos das relações agroindustriais (Zylbersztajn; 2000), ainda fundamentados nos estudos de Jonh Davis e Ray Goldberg e, também, pelo conceito de cadeia produtiva.

A conceituação de agronegócio é ampla e segundo Castro, Lima e Cristo (2002), nem sempre aplicado adequadamente na formulação de estratégias setoriais, e por isso, com o propósito de criar modelos de sistemas dedicados à produção, que incorporassem os atores antes e depois da porteira, criou-se o conceito de “cadeia produtiva como subsistema (ou sistemas dentro de sistemas) do agronegócio (...) composto por muitas cadeias produtivas, ou subsistemas do negócio agrícola”(CASTRO; LIMA; CRISTO, 2002).

Originário no setor agrícola, a partir da necessidade de ampliar a visão de dentro da

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Nesta concepção, uma cadeia produtiva agropecuária seria composta por elos que englobariam as organizações supridoras de insumos básicos para a produção agrícola ou agroindustrial, as fazendas e agroindústrias com seus processos produtivos, as unidades de comercialização atacadista e varejista e os consumidores finais, todos conectados por fluxos de capital, materiais e de informação. (Castro, Lima e Cristo; 2002; p.8).

Também conceituando, cadeias produtivas, com base em Brum (2012), podem ser compreendidas como operações ou conjunto de relações comerciais e financeiras que estabelecem transformações, propiciando um fluxo de troca entre clientes e fornecedores. Na mesma linha de raciocínio, Batalha (2007), caracteriza a cadeia produtiva como um conjunto de ações de cunho econômico, nas quais que dirigem a valoração dos meios de produção e preservam a articulação das operações.

Ainda, para Zylbersztajn (2000) a definição de cadeia produtiva refere-se a operações interdependentes e sequenciais que visam a produção, modificação e distribuição de um produto, com a coordenação existente entre os agentes atuantes.

Para ilustrar, a Figura 1 apresenta o modelo geral de uma cadeia produtiva, construída concepção dos autores partir da visão dos pesquisadores Castro, Lima e Cristo (2002).

Figura 1 – Modelo Cadeia Produtiva

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Neste modelo, a cadeia produtiva está alicerçada sobre seis pilares, onde o primeiro elo insere os fornecedores de insumos; o segundo a propriedade agrícola, onde se instalam sistemas produtivos; o terceiro onde está a agroindústria; o quarto onde se insere o comércio atacadista; no quinto, o comércio varejista, e conclui o ciclo com o consumidor final.

Já na concepção de Brum (2012), a cadeia produtiva está alicerçada sob quatro pilares: a) a produção, que relaciona produtores de insumos, máquinas e implementos, bem como os serviços de apoio; b) o sistema produtivo, o qual fará uso dos insumos para produzir; c) a indústria transformadora da produção (agroindústria); d) a distribuição, responsável por levar o produto transformado ao atacado e o varejo, entre outros serviços de apoio que são necessários para propiciar a comercialização ao consumidor final.

No que se refere às aplicações do conceito de cadeia produtiva, Brum (2015) destaca quatro aspectos: 1) como ferramenta de análise e formulação de políticas públicas e privadas; 2) como ferramenta de descrição técnico-econômica; 3) como metodologia de análise da estratégia das firmas; 4) como espaço de análise das inovações tecnológicas.

1.3 - A ESTRUTURA GERAL DA CADEIA PRODUTIVA DO LEITE

Os estudos relativos à cadeia produtiva do leite apontam para sua importância como fomentadora de renda e empregabilidade, influenciando positivamente na economia. A estruturação desta importante cadeia produtiva está alicerçada sob cinco elos fundamentais (ZYLBERSZTAJN; 2000) que são os Insumos, Agropecuária, Processamento, Distribuição e Consumo. A figura 3 corresponde a interpretação desta organização:

Figura 2– Estrutura do ambiente institucional e organizacional das cadeias produtivas.

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Para Zylbersztajn (2000), a cadeia produtiva do leite inicia pelos insumos, sejam eles agropecuários ou industriais, como os produtos veterinários, melhoramento genético, rações e compostos de nutrição, animais, equipamentos de ordenha e refrigeração, sementes de pastagem, adubos e defensivos agrícolas, entre outros utilizados para a produção leiteira.

Na sequência o autor inclui a Agropecuária como segundo elo, que representa o setor da economia onde está alocada a produção leiteira. O terceiro elo da cadeia para o autor está identificado como o processamento do leite, o qual se refere à industrialização do produto e portanto, de seus derivados. Já o quarto elo é o da distribuição, que envolve a logística, o transporte do produto até os pontos de venda e finaliza a organização da cadeia com o consumidor final.

Ainda, na Figura 2, representada na concepção de Zylbersztajn (2000), os elos da cadeia estão colocados entre dois ambietes: o intitucional e o organizacional. No ambiente institucional, consideram-se todo o conjuto das leis, normas e regulamentações que envolvem o setor, além das influências culturais e educacionais sistematizadas e aplicadas na produção leiteira. Já o ambiente organizacional inclui as organizações que contribuem para o fomento leiteiro, como os institutos de pesquisa, universidades, cooperativas, entidades de classe e agentes bancários.

Em estruturação semelhante, Viana e Ferraz (2011), com base em Canziani (2003) enquadram os principais representantes da cadeia produtiva do leite em quatro categorias: fornecedores, produtores rurais, indústria e o sistema agroindustrial, conforme pode ser representando no Quadro 2.

Quadro 2. Representação do Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil

FORNECEDORES PRODUTORES RURAIS INDÚSTRIA SISTEMA AGROINDUSTRIAL Insumos, máquinas e equipamentos. Especializados e não especializados Coleta, processamento e distribuição. Varejo

Fonte: elaborado pela pesquisadora.

Nesta organização, apresentada de forma mais simplificada que a concepção de Zylbersztajn (2000), é possível compreender que a cadeia inicia com os fornecedores de insumos, máquinas e equipamentos aos produtores. O segundo elo é representado pelos

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produtores rurais, que podem ser divididos em especializados. No terceiro elo está a indústria, a qual tem o papel de coletar o produto junto aos produtores, processar e distribuir ao comércio varejista. A cadeia se completa com o sistema agroindustrial.

Embora apresentados de forma diferenciada, as duas estruturas apresentadas pelos autores através da Figura 2 e Quadro 2, englobam os mesmos atores, desde os fornecedores de insumos, produtores, indústria, e distribuição, além do consumidor final que está incluso na Quadro 02, junto ao elo da distribuição no varejo.

No Modelo de Zylbersztajn (2000), o elo da produção está incluso na Agropecuária (Figura 02). Já na referência do Quadro 02, o segundo elo da cadeia apresenta-se composto pelos produtores rurais.

1.4 – ASPECTOS DO MERCADO MUNDIAL DO LEITE

Conforme levantamento de informações realizado pela Conab (2015), a produção mundial de leite de vaca evoluiu a uma taxa de 2,4% ao ano, no período entre 2011 e 2014 em países selecionados, que juntos representam 63,5% do total da produção de leite no mundo, entre os quais destacam-se os EUA e a União Europeia.

É possível visualizar no mapa (Figura 03) a representação do potencial de importação e exportação distribuído no mundo. Só a União Europeia, conforme os dados coletados pela FAO3 (Food Outlook, 2015) exportou 11,1% de sua produção em 2014. “Apesar do fim do regime de quotas de produção em abril deste ano e o enfraquecimento do euro, a prorrogação do embargo russo às importações lácteas europeias, dos Estados Unidos, Austrália, Canadá e Noruega até agosto/2016, aliado à demanda global e interna fraca e aos preços baixos ao produtor, inferiores aos custos operacionais, suportam a estimativa de pouco aumento da produção” (CONAB; 2016).

Nos Estados Unidos, a produção aumentou + 1,6% aa entre 2011 e 2014. Conforme as informações da FAO (Food Outlook; 2015), em 2014 as exportações lácteas norte-americanas, em equivalente leite, representaram 11,3% da produção interna, um aumento quando comparado à proporção de 10,1% verificada no período 2011 -13.

3FAO – Food and Agricultare Organization off the United Nations. Food Outlook BIANNUAL REPORT ON

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Figura 03 – Tendência da Produção de leite nos principais países importadores e exportadores – 2015.

Fonte: FAO – Maio/2015.

Já o Brasil aumentou a sua produção de leite de vaca a um ritmo de + 4,2% ao ano no período entre 2011 e 2014, porém a estimativa do período 2015 a 2025), é de que a taxa média anual estimada de aumento da produção concentre-se em 2,5% ao ano de acordo com levantamento apresentado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, considerando possível redução no consumo resultante da recessão econômica que vive o País. Outro fator considerável é a produção de leite na China, que evoluiu a uma taxa de crescimento média de 6,7% ao ano no mesmo período. Mesmo assim, o fechamento dos números de 2014 indicou o Brasil como o quinto país em produtividade de leite, com uma produção de 33.375 mil toneladas. (IBGE; 2015)

Na Nova Zelândia, registrou um crescimento de 4,9% ao ano entre 2011 e 2014, porém, tende a crescer em taxas mais baixas, em torno de 1,5% ao ano até 2025. “Conforme dados da FAO, as exportações da Nova Zelândia devem representar 26,7% do total das exportações

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mundiais em equivalente leite em 2015, após representarem 26,1% no período 2011 -13, sendo o maior exportador mundial.” (CONAB; 2015)

Na Argentina, a produção de leite diminuiu no período em 1,1% ao ano e deve aumentar a taxas baixas de cerca de 1,7% ao ano até 2024. Na Austrália, a produção de leite também deve continuar crescendo até 2024, conforme as projeções da FAO (2015).

A produção dos cinco principais exportadores (Nova Zelândia, UE - 28, Estados Unidos, Austrália e Argentina) deve aumentar + 0,4% em 2015, para 283,8 milhões de t, ou 74,0% das exportações mundiais em equivalente leite, e deve aumentar adicionais + 0,8% em 2016. As projeções indicam a continuidade da concentração das exportações nesses países e região, mantendo-se a Nova Zelândia como principal exportador de manteiga e leite em pó integral e a UE-28 como principal exportador de queijo e leite em pó desnatado (CONAB; 2016).

Ainda, com base no relatório da Conab (2016) “os países desenvolvidos devem aumentar a sua produção em + 11,7%, entre a média 2012 - 14 e 2024, um acréscimo de 44,1 milhões de t, ou 25,2% do acréscimo da produção mundial, a uma taxa de + 1,1 % aa, alcançando 421,3 milhões de t no final do período”. No mesmo período, os países em desenvolvimento terão um aumento de sua produção de + 34,5%, ou 131,3 milhões de t, a uma taxa de + 3,0% aa, alcançando 511,6 milhões de t em 2024, participando com 74,8% do acréscimo da produção mundial nos próximos dez anos.

Em 2015, conforme relato da pesquisadora da Embrapa Gado de Leite Rosângela Zoccal, em artigo publicado na revista eletrônica Balde Branco “o comércio internacional de lácteos foi dinâmico e tentou equilibrar a desaceleração das compras chinesas e o embargo russo”. (ZOCCAL; 2015)

Zoccal (2015) comenta que os principais países participantes do mercado internacional de lácteos estão destacados são os países da União Europeia, os Estados Unidos e a Austrália, que são exportadores e tiveram crescimento da produção de leite. Já a Nova Zelândia, o Uruguai, Chile e a Argentina, que também são fornecedores para o mercado mundial, porém, estes tiveram redução do volume produzido em dez meses de 2015.

Outra informação apresentada pela pesquisadora indica o crescimento na produção de leite também em países importadores de lácteos, como o Japão e o México. O Brasil e a Rússia, compradores de lácteos, reduziram a produção, considerando que a produção brasileira reduziu 1,8% no primeiro semestre de 2015.

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Outra consideração de Zoccal (2015) refere-se aos países importadores de lácteos, onde “a China apresentou redução de 23% do volume de leite em pó desnatado e de 52% do pó integral em dez meses de 2015 e a Rússia reduziu em 44% a compra de queijo, e em 32%, de manteiga”. Isso pode ser observado na Tabela 01, sobre a comercialização de lácteos em países selecionados:

Tabela 01 – Volume de lácteos comercializados no mercado internacional – 2015.

Mesmo produzindo integrando o ranking dos maiores produtores mundiais de leite em volume produzido, a demanda de consumo brasileiro ainda coloca o País entre os maiores importadores do produto, em formato de leite em pó integral. A taxa de importação do produto em 2015 alcançou os 118%, ou seja, é o maior importador de leite em pó.

1.5 – ASPECTOS DO MERCADO BRASILEIRO DO LEITE

Entre as principais características da cadeia produtiva do leite no Brasil está sua relevância para o agronegócio no País. Gomes (2001) afirma que nela encontram-se segmentos de produção, industrialização e comercialização do leite e derivados distribuídos em todas as regiões brasileiras, desempenhando papel importante na geração de emprego e renda para a população, além de fomentar o suprimento de alimentos.

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É comprovado que desde o início dos anos 2000 registrou-se um aumento no consumo interno de leite e derivados e com isso, também elevou-se a produção. Com base nos dados coletados pelo IBGE (2015), constata-se que no período entre 2005 e 2014 a produção cresceu 43%, como pode ser observado no Gráfico 01:

Gráfico 01: Crescimento da Produção de Leite no Brasil 2005 - 2014

Fonte: IBGE – Pesquisa Agropecuária Municipal . 2015. Elaborado pela pesquisadora.

O volume de leite produzido em 2014 no Brasil (IBGE; 2015) superou em 2,7% a produção registrada em 2013 e alcançou o total de 35,17 bilhões de litros. No ranking mundial, essa produção coloca o Brasil na quinta posição, conforme indica o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture - USDA), atrás da União Europeia, Índia, Estados Unidos e China, conforme apontou o estudo promovido pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (SEAB; 2015/2016).

Diferentemente do que ocorria em anos anteriores, em 2014 a região com maior produção no País foi a Região Sul, e foi responsável por 34,7% da produção nacional, superando pela primeira vez a região Sudeste que produziu 34,6% do total.

Na região Sudeste, o destaque é para o Estado de Minas Gerais que sozinho produziu 77% da produção da Região Sudeste e 26,6% do total da produção nacional, mantendo-se como o principal estado brasileiro produtor de leite, com 9,37 bilhões de litros. O Estado do Rio Grande do Sul foi o segundo maior produtor de leite com 4,6 bilhões de litros produzidos e o Paraná, o

0 5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 30.000.000 35.000.000 40.000.000 2005 2008 2011 2014

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terceiro com 4,5 bilhões de litros – ambos na Região Sul do País, conforme os dados do IBGE (2014).

Ainda com base nos dados do IBGE (2015), tem-se que a aquisição de leite por estabelecimentos industriais sob inspeção sanitária (municipal, estadual ou federal), em foi de 24,75 bilhões de litros.

Com relação à produtividade, a média de leite produzido no país foi de 1.525 litros por vaca ao ano e a maior produtividade nesta relação foi registrada na Região Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul com a maior produtividade nacional que produziu a média de 3.034 litros por vaca no ano. (IBGE, 2015)

Quanto às características, o mercado de leite (IPEA, 2004) é caracterizado por um grande número de produtores de leite bastante heterogêneo em tamanho (grandes, médios, pequenos e micro) e em formação (especializados e não especializados), e ainda, por uma concentração no segmento da distribuição e da indústria.

O segmento industrial (IPEA; 2004). caracteriza-se por grandes companhias nacionais e multinacionais e há também as grandes cooperativas, formadas a partir da coalizão de cooperativas pequenas, com a finalidade de ganhar em volume de processamento, com a peculiaridade que a maioria dos produtos processados retornam à região de origem e nelas são comercializados.

No que se refere à economia, o Agronegócio brasileiro tem contribuído positivamente com a geração de emprego e renda aos brasileiros. Em dados estatísticos, observa-se que o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária cresceu 1,8%, em 2015, em relação ao ano anterior (IBGE; 2015); período em a indústria sofreu queda de 6,2% e o setor de serviços registrou recuo de 2,7%.

1.6 – ASPECTOS DO MERCADO DO LEITE NA REGIÃO SUL DO BRASIL E NO RIO GRANDE DO SUL

A região Sul do Brasil, composta pelos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, produziu no ano de 2013, conforme o IBGE (2015), um total de 11,77 milhões de litros de leite cru, o que representou 34,36% da produção nacional no ano. A produção nacional do referido ano foi de 34,25 milhões de litros, conforme pode ser observado na Tabela 02:

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Tabela 02. Produção de leite no Brasil de 01.01 a 31.12 - 2013 – Total e Região Sul Grandes Regiões e Unidades da Federação Vacas ordenhadas (cabeças) Quantidade (1 000 litros) Valor (1 000 R$) Sul 4 403 259 11 774 330 10 650 465 Paraná 1 715 686 4 347 493 3 948 784 Santa Catarina 1 132 664 2 918 320 2 688 746 Rio Grande do Sul 1 554 909 4 508 518 4 012 934

Brasil 22 954 537 34 255 236 32 417 960 Fonte: Adaptado do IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal 2015.

Conforme a Tabela 02, que apresenta os dados relativos à produtividade do ano de 2013, entre os três estados da região Sul, o Rio grande do Sul foi o maior produtor de leite cru, produzindo 4, 5 milhões de litros, enquanto que o Paraná produziu mais de 4,3 milhões de litros. Em Santa Catarina e produção do ano fechou em 2,9 milhões de litros de leite.

A Região Sul do Brasil em 2014 destacou-se como a maior em produção de leite no País, responsável por 34,7% da produção nacional, superando pela primeira vez a região Sudeste que produziu 34,6% do total.

O estado do Rio Grande do Sul foi o segundo maior produtor de leite do Brasil, ficando atrás do estado de Minas Gerais apenas. Entre os estados da região Sul, foi o maior produtor, à frente do Paraná e Santa Catarina respectivamente. (IBGE, 2015)

Já no seguinte, 2014, no Rio Grande do Sul foram produzidos no total 4,50 bilhões de litros de leite cru, conforme o levantamento do IBGE. Vale ressaltar que este número corresponde ao leite cru produzido e fiscalizado no país, sabendo-se que há produção e destinação de leite cru não regulado pela fiscalização, cujos números não integram os dados oficiais do órgão de pesquisa.

A importância da produção de leite nas regiões em que é desenvolvida, está relacionada com a possibilidade de manter a população rural desempenhando a atividade, contribuindo assim, para a minimização do desemprego e da exclusão social. Esta realidade é vivenciada no território gaúcho, onde em regiões como a Noroeste e o Centro Norte principalmente, são constituídas em maioria de pequenas e médias propriedades rurais (BRUM; KELM; 2013).

A produção científica, aliada aos dados disponibilizados por renomados institutos de pesquisa atuantes no País como o IBGE, EMBRAPA e CEPEA, e no Rio Grande do Sul, como

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FEE e EMATER, contribuem para contextualizar a concepção atual da cadeia produtiva leiteira no estado do RS.

O Noroeste Gaúcho, região territorial em que está concentrada esta pesquisa, foi considerada a maior bacia leiteira do estado (IBGE, 2015). Só nesta região, como mostra a Tabela 03, foi produzido o equivalente a 2,99 bilhões de litros do total de leite cru do Rio Grande do Sul no ano de 2013, que foi de 4,4 bilhões de litros. Destaca-se também que desta produção, o município de Santa Rosa (onde está sediada a cooperativa Coopermil), produziu 274 milhões de litros, concentrando a maior produção do estado por região e por município. Tabela 03. Produção de leite no Rio Grande do Sul, Noroeste Gaúcho e Santa Rosa de 01.01 a 31.12 - 2013

Unidades da Federação, Mesorregiões, Microrregiões e Municípios produtores. Vacas ordenhadas (cabeças) Quantidade (1 000 litros) Valor (1 000 R$)

Rio Grande do Sul 1 554 909 4 508 518 4 012 934

Noroeste Rio-grandense 923 459 2 995 208 2 682 637

Santa Rosa 78 412 274 380 241 822

Fonte: Adaptado do IBGE - Pesquisa da Pecuária Municipal 2015.

Em 2014, o valor nominal do Produto Interno Bruto do Estado foi de R$ 357,8 bilhões (FEE/RS; 2016). O Setor de Serviços gerou o total de R$ 208,6 bilhões, equivalente a 58,3% do PIB do Estado, seguido pela indústria, com 20,2% e pela agropecuária, responsável por 8,1%. Porém, ressalta-se que a estrutura se difere em cada município no Rio Grande do Sul, sendo que em 111 municípios, a agropecuária foi destacada como a principal atividade (FEE; 2016).

As estatísticas de 2015 já se apresentaram de forma diferente. “No quarto trimestre de 2015, a taxa acumulada ao longo do ano do PIB Trimestral do RS teve uma redução de 3,4%. Em sua composição, os impostos caíram 8,0%, e o Valor Adicionado Bruto (VAB) reduziu-se em 2,7%. A agropecuária foi a única grande atividade com taxa positiva no período (13,6%), com a indústria caindo 11,1% e com os serviços diminuindo 2,1%” (FEE/RS; 2016). Isso fica claro com a apresentação do Gráfico 02:

Referências

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