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PROJETO COMEÇANDO DO ZERO Direito Constitucional Orman Ribeiro 2º MATERIAL DE APOIO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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Academic year: 2021

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2º MATERIAL DE APOIO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Elaboração: Prof. Orman Ribeiro

1. PODER CONSTITUINTE

7.1. CONCEITO

É o poder de elaborar uma nova Constituição, bem como de reformar (alterar) a vigente. A palavra “poder” deve sempre ser entendida como a faculdade de impor, de fazer prevalecer a sua vontade em relação a outras pessoas. O Poder Constituinte, desta forma, inaugura uma nova ordem jurídica fundamental para o Estado.

7.2. PODER CONSTITUINTE X PODERES CONSTITUÍDOS

É importante distinguir o Poder Constituinte dos chamados poderes constituídos. Aquele, como dissemos, é o poder de elaborar uma nova constituição, ou de reformar a vigente. Já os poderes constituídos são os previstos pela Constituição (Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário), sendo fruto do Poder Constituinte. 7.3. ESPÉCIES

O Poder Constituinte pode ser dividido em originário e derivado.

P. C. Originário: É o poder de elaborar uma nova Constituição, o qual é convocado em situações de revolução ou consenso entre as diversas forças sociais. Estabelece uma nova ordem jurídica, fazendo nascer um novo Estado, extinguindo completamente a ordem jurídica anterior. Por isso é que se diz tratar-se de um poder inicial, além de ser também um poder ilimitado e incondicional, já que não está sujeito a limites nem condições.

Note-se que o P. C. Originário é convocado para a elaboração de uma nova Constituição justamente porque a anterior já não corresponde aos valores sociais vigentes. Ora, se é assim, parece claro que não faria sentido que uma

Constituição que já não representa os valores sociais viesse a limitar ou condicionar a atividade do P. C. Originário.

Por isso, quando surge uma nova Constituição em um País, ela poderá tratar do assunto que quiser e do jeito que quiser, inclusive contrariando a anterior.

P. C. Derivado: É o poder de reformulação do texto constitucional, bem como o do Estado-Membro de uma Federação de elaborar sua própria Constituição. Ao contrário da espécie anterior, trata-se um poder limitado e condicionado, já que há limitações e condições para a alteração da Constituição, previstos nela própria.

No que tange às limitações impostas à atuação do Poder Constituinte Derivado, podem ser de três tipos:

a) Limitações materiais: são algumas matérias sujeitas a regras especiais de alteração. Podem ser explícitas (art. 60, §4º - cláusulas pétreas) ou implícitas (art. 60, exceto o § 4º e arts. 1º, I a V, e 3º).

b) Limitações circunstanciais: consistem na regra do art. 60, §1º, que proíbe que se façam alterações na Constituição na vigência de Estado de Defesa, Estado de Sítio e Intervenção Federal.

c) Limitações procedimentais: consistem na regra do art. 60, §5º, que impõe uma proibição ao exame, na mesma sessão legislativa, das propostas de emenda constitucional rejeitadas ou havidas por prejudicadas.

Quando o P. C. Derivado se refere ao poder de reforma constitucional, é chamado de Poder de Reforma, enquanto que o poder dos Estados membros de elaborarem a sua própria Constituição é chamado de Poder Decorrente. Esse último está previsto no art. 25 da CF.

Há ainda um último tipo de Poder Constituinte Derivado. É o chamado Poder Revisional, já que se refere à chamada revisão constitucional,

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prevista no art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT, nos seguintes termos:

“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral.”

O Poder Revisional não mais de manifesta, já que foi previsto para atuar uma única vez, o que já ocorreu no ano de 1993 (cinco anos após a promulgação da CF).

7.4. TITULARIDADE

A doutrina majoritária aponta que o titular do Poder Constituinte, teoricamente, é sempre o povo, que elabora ou reforma a Constituição por meio de representantes legitimamente eleitos.

2. CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS QUANTO À SUA EFICÁCIA / APLICABILIDADE

Todas as normas constitucionais possuem, em alguma medida, eficácia jurídica. Ocorre que, em alguns casos, a maior ou menor produção de efeitos imediatos pode depender da complementação de outras normas, o que enseja algumas classificações feitas pela doutrina no que tange à aplicabilidade de normas da Constituição.

A mais tradicional e conhecida é a classificação do Prof. José Afonso da Silva, trazida a seguir. 2.1. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA

São as de aplicabilidade imediata, direta e integral, não dependendo da edição de qualquer legislação posterior. Produzem efeitos imediatamente, e não possibilitam o advento de leis restritivas do seu alcance. Ex: Art. 5º, caput, da CF.

2.2. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA

São as de aplicabilidade imediata, mas cujos efeitos podem ser contidos pela legislação infraconstitucional. Ex: a liberdade profissional assegurada pela CF, no art. 5º, XIII, com a seguinte redação: “...atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.”

2.3. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA

São as que dependem de complementação do legislador infraconstitucional para que se tornem exequíveis. Podem ser de dois tipos:

- Declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: estabelecem o esquema geral de estruturação e atribuições de órgãos, entidades ou institutos públicos, para que o legislador ordinário as regulamente. Ex: art. 33.

- Declaratórias de princípios programáticos: são as que fixam princípios, programas e metas a serem alcançadas pelos órgãos do Estado. Ex: art.196 da CF.

Note-se que, mesmo as normas de eficácia limitada, que não são exequíveis de imediato, possuem uma eficácia mínima, na medida em que: a) revogam a legislação ordinária que seja contrária à mesma; b) impedem a edição de leis contendo dispositivos contrários ao mandamento constitucional; c) estabelece um dever legislativo para os Poderes Constituídos.

3. PRINCÍPIO DA SUPREMACIA CONSTITUCIONAL

A Constituição é a lei maior do país, o vértice do sistema jurídico. Como já dissemos, contém todas as normas fundamentais do Estado, sujeitando todos ao seu império. Sua supremacia decorre da sua própria origem, pois é fruto do Poder Constituinte Originário - cujo titular é o povo - que possui natureza absoluta.

Todo o conjunto das demais leis (legislação infraconstitucional) é menos importante que a Lei

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Maior, de tal modo que qualquer lei comum que porventura venha a contrariar a Constituição será inconstitucional, e como tal, inválida.

Existem mecanismos para fazer valer essa supremacia da Constituição perante as demais leis, estudados no assunto Controle de Constitucionalidade.

4. RECEPÇÃO NO DIREITO CONSTITUCIONAL

Quando uma Constituição entra em vigor em determinado Estado, surge uma importante questão para a ordem legal vigente, ou seja, saber-se se as leis vigentes perante a Constituição anterior são automaticamente revogadas ou permanecem ainda vigentes. A legislação infraconstitucional anterior, desde que não conflitante com a nova Constituição, permanecerá em vigor, de onde se diz que haverá, nesse caso, a recepção constitucional das leis anteriores. Obviamente, em razão do princípio da supremacia constitucional, as leis antes vigentes que se mostrarem em desacordo com o novo texto magno estarão automaticamente revogadas e, portanto, não recepcionadas. Ex: O Código Penal brasileiro, de 1940, ainda hoje se encontra em vigor, já que foi recepcionado por todas as Constituições que se seguiram.

Importante registrar que o processo de recepção se dá automaticamente, não havendo qualquer órgão a quem caiba a tarefa de verificar cada lei anterior à nova Lei Maior. Havendo dúvidas quanto à ocorrência de recepção de determinada lei, caberá ao Poderá Judiciário a solução no caso concreto.

Além disso, vale frisar que, para a ocorrência de recepção, só serão considerados aspectos materiais (assunto tratado pela lei anterior), e não aspectos formais (procedimentos de elaboração observados na época em que aquela lei surgiu). Assim, se a matéria tratada pela lei se mostrar compatível com a nova CF, a mesma será recepcionada, ainda que o procedimento de

elaboração observado na época de sua elaboração seja distinto do previsto pela nova Lei Maior.

5. DESCONSTITUCIONALIZAÇÃO

Chama-se desconstitucionalização a possibilidade de uma Constituição revogada ter alguns dos seus dispositivos (os compatíveis com a nova ordem) recebidos pela nova Constituição com o status de legislação infraconstitucional. No Brasil, este fenômeno é absolutamente inadmissível, de modo que, sempre que for promulgada uma nova Constituição, estará automaticamente revogada toda a Constituição anterior, aproveitando-se apenas a legislação infraconstitucional que não se mostre incompatível (recepção constitucional).

6. REPRISTINAÇÃO

Ocorrerá a chamada repristinação quando uma lei revogada por outra voltar a vigorar por força de revogação da lei revogadora.

No Brasil, a Lei de Introdução ao Código Civil veda, em regra, a repristinação (art. 2º, §3º), ao dizer que “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”

No Direito Constitucional, também não se admite o fenômeno da repristinação, de modo que uma lei revogada por uma Constituição não voltará a viger, mesmo que esta Constituição que a revogou seja também revogada por outra, e esta outra não se mostre incompatível com aquela lei. Caso, no entanto, a nova Constituição traga uma disposição expressa no sentido da restauração dos efeitos da lei antes revogada, haverá a repristinação. Ou seja, só haverá a repristinação se for expressa, jamais podendo ser automática. 7. MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Chama-se de mutação constitucional o processo de alteração informal da Constituição, a partir das

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novas interpretações do seu texto que vão sendo apresentadas, sobretudo, pelo Poder Judiciário. Como os valores sociais são modificáveis, é necessário que também a interpretação das normas constitucionais vá sendo constantemente alterada, para que a CF seja aplicada de modo condizente com os novos valores da sociedade. Isso, muitas vezes, conduz a uma alteração do sentido dado à norma, independentemente de alteração formal do seu texto.

8. “VACATIO CONSTITUTIONIS”

Denomina-se vacatio constitutionis o lapso temporal que vai do momento em que uma Constituição é publicada até o momento em que ela efetivamente começa a viger. Ex: A Constituição brasileira de 1967 foi outorgada/publicada em 24 de janeiro de 1967, mas só entrou em vigor do dia 15 de março do mesmo ano.

Importante notar que, no período de vacatio constitutionis, continua vigendo a Constituição anterior.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO 1. INTRODUÇÃO

Como já tivemos a oportunidade de dizer, o Direito é ciência humana e, como tal, a ciência da discussão, da controvérsia. E isto ocorre porque ele parte de uma tarefa eminentemente subjetiva que é a interpretação. Para que a Constituição Federal seja aplicada, é necessário que ela seja antes interpretada, ou seja, que seja extraído pelo intérprete o seu significado.

É nesse momento que o Direito se depara com seu grande drama. Interpretar não é uma tarefa matemática. Não existe interpretação 100% certa ou 100% errada. Quase sempre haverá mais de um significado possível.

No caso da Constituição, lei mais importante de todas, a tarefa ganha ainda maior relevância pela repercussão que pode ser produzida para toda a ordem jurídica. Por isso é que a doutrina aponta algumas técnicas de interpretação, a seguir explicadas.

2. MÉTODOS CLÁSSICOS DE INTERPRETAÇÃO

2.1. INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL

Qualquer interpretação de lei deve partir do exame do significado de cada palavra presente na norma. Esse método, portanto, consiste na base de qualquer interpretação. Apesar de isso parecer óbvio, tal técnica, na maioria das vezes, será insuficiente, podendo até conduzir a situações de interpretação completamente despropositadas.

2.2. INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA

Consiste na análise de qualquer texto de lei levando-se em conta o contexto no qual está inserido. Nenhuma norma surge isoladamente. Ela sempre faz parte de um sistema maior. Interpretar sistematicamente é extrair o sentido que a norma assume dentro do contexto normativo de onde ela emana.

2.3. INTERPRETAÇÃO HISTÓRICA

É o exame dos registros históricos da lei, investigando-se as discussões travadas no Congresso Nacional no momento em que ela foi elaborada. O intérprete volta suas atenções para a vontade do legislador, manifestada por ocasião da criação da lei.

2.4. INTERPRETAÇÃO FINALÍSTICA OU TELEOLÓGICA

Consiste da análise de qualquer norma levando-se em consideração a finalidade para a qual ela foi criada. Busca-se identificar o sentido, o objetivo da norma, o bem jurídico protegido por ela, para que se lhe possa aplicar a situações

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concretas apenas quando relacionadas com o seu intuito inicial.

3. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL

3.1. PRINCÍPIO DA CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU DA CEDÊNCIA RECÍPROCA (HARMONIZAÇÃO)

Quando houver uma situação de conflito entre duas ou mais normas da Constituição, deve-se buscar a solução interpretativa que implique no menor sacrifício possível para os bens jurídicos envolvidos. Sempre que possível, deverá o intérprete fazer compressões recíprocas, de modo a conciliar os valores conflitantes.

3.2. PRINCÍPIO DA UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO

A interpretação de qualquer artigo da Constituição deve ser feita levando-se em conta que o texto constitucional forma um sistema integrado e harmonioso em todas as suas partes. Com isso, eliminam-se os aparentes conflitos entre normas constitucionais.

3.3. PRINCÍPIO DA MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA

Deve-se interpretar as normas constitucionais adotando-se a solução interpretativa que confira à mesma a maior aplicabilidade e produção de efeitos possíveis.

3.4. PRINCÍPIO DA INTERPRETAÇÃO DAS LEIS CONFORME A CONSTITUIÇÃO

Deve-se dar às leis sempre um significado interpretativo, dentre vários possíveis, que esteja conforme a Constituição Federal, já que ela é a Lei mais importante de todas e que não pode ser contrariada pela legislação comum.

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CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE (NOÇÕES GERAIS)

1. INTRODUÇÃO

Em razão do princípio da supremacia constitucional, que coloca a Constituição federal no vértice do sistema jurídico brasileiro, todas as outras normas legais devem estar compatíveis com ela, não sendo concebível que contrariem dispositivo constitucional.

Neste contexto é que pode-se falar em controle de constitucionalidade, que nada mais é do que a verificação da adequação vertical que deve existir entre as normas infraconstitucionais e a Lei Maior. É sempre, portanto, um exame comparativo entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição. Todo ato normativo ou legislativo que contrariá-la deverá ser declarado inconstitucional.

Podem-se apontar dois pressupostos fundamentais de ordem lógica para que haja o exercício do controle de constitucionalidade, a saber: a) a presença de uma Constituição rígida, ou seja, que está sujeita a procedimentos especiais de modificação mais árduos do que a legislação infraconstitucional, do que resulta a superioridade das normas constitucionais sobre as demais; b) existência de um órgão que efetivamente assegure a supremacia do texto constitucional.

2. ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE A inconstitucionalidade, ou seja, a incompatibilidade entre um ato legislativo ou normativo e a Constituição, pode ser: por ação ou por omissão; originária ou superveniente; total ou parcial.

INCONSTITUCIONALIDADE POR AÇÃO

É a produção de atos legislativos ou normativos que contrariem dispositivos constitucionais. Esta inconstitucionalidade pode ser por motivos formais ou materiais. A primeira ocorre quando o ato é produzido por autoridade incompetente ou em desacordo com as formalidades legais, como

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prazos, ritos etc.. Já a inconstitucionalidade material se dá quando a matéria tratada pelo ato normativo ou legislativo desrespeitar o conteúdo de norma(s) constitucional(s).

INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO É a não elaboração de atos normativos ou legislativos que impossibilitem o cumprimento de preceitos constitucionais. Sempre que uma norma constitucional não puder ser cumprida em razão da inércia legislativa ou administrativa dos poderes constituídos, estaremos diante de uma inconstitucionalidade por omissão. Ex: participação dos trabalhadores na gestão da empresa, “conforme definido em lei” (art. 7º, XI, da CF).

INCONSTITUCIONALIDADE ORIGINÁRIA A inconstitucionalidade será originária quando o ato normativo ou legislativo já nascer com o vício de incompatibilidade com a Constituição.

INCONSTITUCIONALIDADE SUPERVENIENTE Ocorrerá quando o ato normativo ou legislativo nascer constitucional e vier a se tornar posteriormente inconstitucional em razão de alteração da Constituição.

IMPORTANTE: O STF não aceita a existência de inconstitucionalidade superveniente. Para a Corte, lei que nasceu constitucional que seja incompatível com um novo texto constitucional, ou emenda constitucional, será revogada (fenômeno da não-recepção), não sendo possível falar-se de inconstitucionalidade.

INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL X PARCIAL

Será total a inconstitucionalidade quando todo o ato for contrário à Constituição. Será parcial quando uma parte do ato for incompatível com a Lei Maior, hipótese em que poderá subsistir a parte válida.

IMPORTANTE: Para o STF, tanto a inconstitucionalidade por ação quanto a por omissão podem ser totais ou parciais.

3. ÓRGÃOS DE CONTROLE

O controle de constitucionalidade pode ser exercido por órgãos diversos, pertencentes ou não ao Poder Judiciário. A depender disso, poderá ser político ou judicial.

CONTROLE POLÍTICO

É o controle exercido por órgão não pertencente ao Poder Judiciário. Ex: Na França, ele é feito por um órgão chamado Conselho Constitucional. CONTROLE JUDICIAL

Também chamado judiciário, este tipo de controle é exercido pelo Poder Judiciário. Ex: Brasil, EUA. 4. FORMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

No que tange à oportunidade em que é exercido, o controle de constitucionalidade pode ser preventivo ou repressivo.

CONTROLE PREVENTIVO

Feito antes da elaboração da lei, impede que um projeto de lei venha a ser promulgado. Incide sobre o projeto de lei e é feito pelos Poderes Legislativo (Comissão de Constituição e Justiça) e Executivo (veto do Presidente da República). Note-se que o controle preventivo é, de regra, político (há uma única exceção em que o controle preventivo será judicial: Mandado de Segurança impetrado por Parlamentar perante o STF contra projeto de lei que considere inconstitucional). CONTROLE REPRESSIVO

Também chamado sucessivo ou à posteriori, esta forma de controle é feita após a elaboração da lei ou ato normativo e tem por finalidade retira-lo da esfera jurídica. No Brasil, este controle é exercido, em regra, pelo Poder Judiciário.

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Excepcionalmente, a Constituição permite o controle repressivo realizado pelo Poder Legislativo, o que se dará em apenas dois casos: 1) Decreto Legislativo do Congresso Nacional visando sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar (art. 84, IV, segunda parte, da CF) ou que exorbitem dos limites da delegação legislativa (art. 68, §2º, da CF), conforme o estabelecido no art. 49, V; 2) Medidas Provisórias rejeitadas pelo Congresso Nacional por conterem vícios de inconstitucionalidade (art. 62, §5º, da CF).

5. CRITÉRIOS DE CONTROLE 5.1. CONTROLE DIFUSO

É o controle judicial exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. Neste tipo de controle, qualquer juiz ou tribunal pode declarar a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo no caso concreto que lhe chegar para exame. Este critério de controle é adotado pelo Brasil. 5.2. CONTROLE CONCENTRADO

É o controle judicial que é exercido por um único Tribunal Superior ou Corte Constitucional, que, no caso do Brasil, é o STF – Supremo Tribunal Federal. O controle concentrado também é adotado pelo Brasil.

6. MEIOS DE CONTROLE

6.1. INCIDENTAL OU POR VIA DE DEFESA (CONCRETO)

Se dá quando o objeto do processo é um bem jurídico qualquer discutido entre duas partes (Ex. propriedade de um imóvel), surgindo de maneira apenas incidental a dúvida sobre a inconstitucionalidade de ato normativo ou lei relacionada com a discussão em face do texto da Constituição.

6.2. PRINCIPAL OU VIA DE AÇÃO (ABSTRATO)

O objeto da ação judicial é a própria questão da inconstitucionalidade. Não há partes que divergem sobre um bem jurídico, sendo o processo estabelecido apenas com a finalidade de se declarar a inconstitucionalidade da lei ou ato normativo em face da Constituição.

7. NULIDADE X ANULABILIDADE DO ATO INCONSTITUCIONAL

A diferença básica entre ato nulo e ato anulável é que o ato nulo já nasce inválido, não podendo produzir efeitos jurídicos, já que não pode ser sanado. Já o ato anulável é o que pode vir a ser anulado em razão de um vício que pode ser sanado a qualquer tempo.

A doutrina moderna do direito constitucional reconhece que, no Brasil, o ato inconstitucional é nulo, já que, desde a sua origem, traz um vício de ordem absoluta (incompatibilidade com a Constituição) que não admite sanação. Por isso, quando se declara a inconstitucionalidade de um ato, o que se faz é expulsa-lo do mundo jurídico reconhecendo-se que ele nunca existiu e , por conseqüência, nunca produziu efeitos. Portanto, na grande maioria das vezes os efeitos dessa declaração serão retroativos (ex tunc).

Há outros casos em que o reconhecimento de inconstitucionalidade se dará somente a partir da sua declaração, não retroagindo os seus efeitos (ex nunc).

No controle difuso, que pode ser feito por qualquer juiz ou tribunal, os efeitos de uma eventual declaração de inconstitucionalidade serão retroativos (ex tunc). No controle concentrado, feito somente pelo STF, em regra, os efeitos também retroagirão, mas pode haver casos em que razões de segurança jurídica recomendem a não retroação dos efeitos da decisão. Nestes casos, o próprio tribunal pode decidir que, embora o ato seja nulo, os efeitos da declaração de inconstitucionalidade só serão produzidos dali para a frente (ex nunc), ou a partir de outro momento que venha a ser fixado.

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8. EFEITOS DA DECISÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE

A decisão judicial que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo poderá produzir efeitos tanto somente para as partes do processo judicial onde ela for proferida (efeito inter partes), como ocorre no controle difuso, ou também perante terceiros que não participaram do processo (efeito erga omnes), como é o caso do controle concentrado.

9. ADIN - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE GENÉRICA

Prevista no art. 102, I, a, da CF, A Ação Direta de Inconstitucionalidade visa a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual perante a Constituição Federal. Trata-se de ação de competência originária do STF e tem o seu procedimento regido pela Lei nº 9.868/99.

Os legitimados para propô-la são somente aqueles previstos pelo art. 103, da CF, a saber: - Presidente da República;

- Mesa do Senado;

- Mesa da Câmara dos Deputados;

- Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

- Governador de Estado ou do Distrito Federal;

- Procurador Geral da República;

- Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

- Partido político com representação no Congresso Nacional;

- Confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Os efeitos da declaração de inconstitucionalidade feita pelo STF através de uma ADIN serão erga omnes e vinculantes para os demais órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública, por força do art. 102, §2º, da CF. Além disso, via de regra, haverá retroação dos efeitos da decisão (ex tunc).

10. ADIN POR OMISSÃO

O objeto de uma Ação Declaratória de Inconstitucionalidade por omissão é suprir a omissão dos poderes constituídos, que deixaram de elaborar a norma regulamentadora que possibilita o exercício de um direito previsto na Constituição.

O art. 103, §2º, da CF, diz que “declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.”

11. ADC – AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

Essa ação visa a declaração de constitucionalidade de uma lei ou ato normativo federal. Os legitimados para propô-la passaram a ser os mesmos da ADIN, o que é uma novidade trazida pela Emenda Constitucional nº45, que modificou a redação do art. 103 da CF.

As decisões proferidas numa ADC, assim como as da ADIN, são erga omnes e vinculantes para os demais órgãos do Poder Judiciário e Administração Pública, como manda o já mencionado art. 102, §2º, da CF.

Para que se proponha esta ação, é necessário que se demonstre a existência de divergências jurisprudenciais a respeito da constitucionalidade do ato normativo ou legislativo federal respectivo. 12. ADPF ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL

A Constituição de 1988, em seu art. 102, § 1º, da CF, trouxe uma nova forma de controle concentrado de constitucionalidade. Compete ao STF apreciar e julgar argüição de descumprimento de preceito fundamental. Essa norma de eficácia limitada veio a ser regulamentada pela Lei nº 9.882/99, que trouxe em seu art. 4º, §1º, o chamado princípio da

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subsidiariedade, segundo o qual essa ação constitucional não será admitida “quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade”, ou seja, quando for cabível ADIN, ADC ou qualquer outro instrumento judicial apto a satisfazer aos interesses do Autor.

Os legitimados a propor esta ação são os mesmos da ADIN e ADC.

Uma importante peculiaridade desta ação é que ela pode ser proposta quando houver relevante divergência jurisprudencial a respeito da constitucionalidade de lei ou ato normativo municipal ou estadual, o que estaria fora do objeto da ADC, que só trata de ato federal, como visto acima. Pode ainda ser proposta a ADPF para evitar ou reparar lesão a preceito fundamental decorrente de ato ou omissão do Poder Público.

A decisão proferida na ADPF possui eficácia erga omnes e efeito vinculante em relação ao Poder Público. Em regra os efeitos serão produzidos ex tunc, sendo possível, por razões de segurança jurídica, que o STF estabeleça, excepcionalmente, efeitos ex nunc, como ocorre com a ADIN e ADC.

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