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SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

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SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GGH 04 14 a 17 Outubro de 2007 Rio de Janeiro - RJ GRUPO I

GRUPO DE ESTUDO DE GERAÇÃO HIDRÁULICA – GGH

REFORMA DE ROTORES DE TURBINAS HIDRÁULICAS – UMA FORMA ECONÔMICA DE ATINGIR BONS RESULTADOS

Richard Allan Straatmann * Luciano Teixeira dos Santos Gilberto André dos Santos ALSTOM HYDRO ENERGIA BRASIL LTDA

RESUMO

Temos, de um lado, os recursos hídricos finitos, e do outro, o constante crescimento do consumo de energia elétrica. Neste cenário a tendência já percebida do mercado de hidrogeração é de ter um aumento na demanda de reformas de usinas hidrelétricas à medida que estas se tornam antigas, obsoletas, e também à medida que novas tecnologias são desenvolvidas.

Entre os diversos itens que podem ser objeto destas reformas, destacamos e apresentamos neste informe o rotor da turbina, discorrendo sobre as possibilidades de melhoria, análise de custo-benefício, facilidades e dificuldades de diferentes casos vivenciados.

PALAVRAS-CHAVE

Rotor da Turbina Hidráulica, Engenharia Reversa, Reforma e Recuperação do Perfil Hidráulico, Atualização de Unidades Hidrogeradoras

1.0 - INTRODUÇÃO

Empregamos o termo reforma para generalizar as diferentes abordagens de melhoria em unidades hidrogeradoras, sendo que, de acordo com o escopo ou local, diferentes termos ou jargões podem ser adotados, tais como upgrade, update, retrofiting, “fazer cavitação”, recuperação, atualização, melhoria, modernização, dentre outros.

A demanda de reformas em usinas hidrelétricas é inevitável quando estas atingem uma vida útil considerável e tende a crescer à medida que estas vão se tornando antigas, obsoletas, e também à medida que novas tecnologias são desenvolvidas. Esta tendência toma uma importância ainda maior quando levamos em consideração que os recursos hídricos são finitos e que o consumo de energia elétrica se mantém sempre crescente devido a economia mundial em constante expansão.

Reformas em unidades hidrogeradoreras são particularmente interessantes pelo fato de que frequentemente, com relativo baixo investimento, pode-se conseguir um aumento da produção de energia elétrica e conseqüente rápido e elevado retorno de investimento.

(*) Av. Charles Schneider, s/nr. – Deptº de Anteprojeto – CEP 12040-001 Taubaté, SP – Brasil Tel: (+55 12) 3608-3288 – Fax: (+55 12) 3608-3286 – e-mail: richard.straatmann@power.alstom.com

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Estas reformas podem ser objeto de um escopo extremamente variado, sendo orientado pela situação real de cada usina hidrelétrica e pela priorização de objetivos definidos pela empresa de geração de energia elétrica, geralmente apoiada por consultores e/ou fabricantes de unidades hidrogeradoras.

Dentre as diversas possibilidades de reforma, a geometria do rotor da turbina hidráulica é um dos itens de alta complexidade, sendo, ao mesmo tempo, um item com alta suscetibilidade ao desgaste, seja por erosão, abrasão ou ainda cavitação. Desta forma, a reparação destes desgastes, normalmente executadas através de solda e esmerilhagem, é uma tarefa comum nas usinas hidrelétricas. Observamos também que, principalmente nas usinas mais antigas, a falta de dados e desenhos é muito freqüente. E por conseqüência dos reparos notamos que, a cada intervenção executada sem desenhos ou gabaritos, a geometria das pás do rotor acumula deformações e distancia-se, cada vez mais, do perfil originalmente projetado, afetando negativamente a produtividade da unidade hidrogeradora.

Devido aos constantes trabalhos de pesquisa e desenvolvimento sobre a geometria das turbinas hidráulicas, podemos afirmar que quanto mais antigo o perfil das pás do rotor, maior é a possibilidade de termos um perfil hidráulico novo que possua um rendimento superior ao antigo ou ainda uma potência transferida para o eixo maior para um mesmo diâmetro de rotor e rotação. Adicionalmente a este fato, quanto mais intervenções o rotor tiver sofrido, menor será o rendimento hidráulico do mesmo relativamente ao rendimento original do projeto, potencializando ainda mais as vantagens de uma reforma.

A Alstom, sempre atenta às tendências do mercado e buscando satisfazer as necessidades de seus clientes, tem um forte processo de melhoria contínua em reforma de rotores de turbinas hidráulicas, possuindo um importante conjunto de tecnologias e especialistas, consolidando atividades de engenharia reversa, modelamento tridimensional e otimização da geometria hidráulica. Conforme cada caso, pode ser executado desde um alisamento básico do perfil, passando por análise de Computational Fluid Dynamics (CFD) para melhoria do perfil e da eficiência hidráulica da turbina e até um desenvolvimento completo compreendendo ensaios da turbina em modelo reduzido

Sistemas de medição tridimensional estão se tornando mais comuns e acessíveis, permitindo que os dados e desenhos perdidos sejam recuperados de forma cada vez mais econômica através da tecnologia de engenharia reversa. Contudo, o tema engenharia reversa estende-se muito além de uma simples medição tridimensional, passando pela reconstrução e análise matemática da superfície hidráulica, chegando até a otimização hidráulica com validação através do ensaio de modelo reduzido. Todas estas atividades demandam um know-how multidisciplinar desenvolvido por especialistas ao longo de vários anos de atuação neste segmento.

O nível de otimização do perfil e da eficiência hidráulica da turbina são acordados com o cliente em cada projeto. Pode ser aplicável desde uma simples substituição de rotor até uma completa reforma e modernização das unidades hidrogeradoras, sendo esta última uma das especialidades da Alstom.

Este trabalho discorrerá sobre o tema “reforma”, concentrando-se principalmente no rotor da turbina hidráulica e aprofundando-se na engenharia reversa.

2.0 - NECESSIDADE DE REFORMA

Quando abordamos uma usina hidrelétrica lidamos com uma quantidade muito grande de variáveis, que dividimos em dois grupos, sendo tecnológicas e econômicas, dentre as quais destacamos:

• Tecnológicas: hidrologia, potência compromissada para o sistema ou rede, modo de operação, características da água, rendimento e potência hidráulica, tamanho do reservatório e tipo de rotor;

• Econômicas: Taxa de depreciação, disponibilidade financeira da empresa de geração, custo por MW gerado, valor recebido por MW gerado, custo de manutenção, demanda de energia;

Note-se que, dado esta quantidade de variáveis, cada usina hidrelétrica, ou até mesmo cada unidade hidrogeradora, possui características muito particulares e que demandam estudos caso a caso.

Portanto, é importante atentarmos ao fato de que generalizações a respeito de reforma são, via de regra, impraticáveis, sendo mandatório a análise específica de cada necessidade.

Adicionalmente às variáveis listadas acima, devemos ainda levar em consideração os seguintes fatores: • Tempo e quantidade de intervenções em cada unidade;

• Data de elaboração do projeto e histórico de reformas; • Documentação existente;

• Histórico de problemas; • Idade da usina.

Para viabilizar este informe, abordaremos apenas alguns pontos pertinentes ao rotor da turbina hidráulica, retratando, assim, uma pequena parte da experiência da Alstom.

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Dadas as variáveis e fatores adicionais listados acima, podemos utilizar a tabela abaixo para ponderar a necessidade de reforma de um rotor:

Tabela 1 - Ponderação da necessidade de reforma

Item Peso

Ha pouca disponibilidade de água 2

O sistema ou a rede está com déficit de geração de energia 1

A usina ou algumas unidades operam apenas no pico 2

As características físico-químicas da água atacam o rotor 1

O rendimento hidráulico é baixo 3

A variação de nível do reservatório prejudica a operação 2

Os equipamentos já estão depreciados 2

A empresa está disposta a investir em melhorias 1

O custo de geração e manutenção são elevados frente ao valor recebido por MW gerado 2

O tempo e quantidade de intervenções são elevados 3

Não há ou faz muito tempo que não se faz uma reforma 1

A documentação dos equipamentos é muito precária ou inexistente 1

Há problemas graves a serem resolvidos 3

O rotor tem mais de 15 anos 1

O rotor tem mais de 30 anos 2

O rotor tem mais de 45 anos 3

Para cada item verdadeiro, soma-se o peso para determinar a probabilidade da necessidade de reforma conforme a tabela abaixo:

Tabela 2 - Probabilidade da necessidade de reforma Soma dos pesos Probabilidade

de 0 a 10 Baixa de 11 a 20 Media de 21 a 30 Alta

Conforme já mencionado anteriormente, as generalizações são impraticáveis. Sendo a probabilidade identificada acima como média ou alta, deve ainda ser validado a necessidade de reforma com os responsáveis da unidade.

3.0 - POSSÍVEIS MELHORIAS

O escopo e a relevância das possíveis melhorias depende, em parte, do tipo de rotor que simplificadamente podemos listar em três grandes famílias, sendo Francis, Kaplan e Pelton.

Sem a pretensão de elaborar um guia para identificação de possíveis melhorias e sem fazer inferência ao tipo de rotor, listamos e comentamos abaixo alguns itens que podem auxiliar na definição do escopo da reforma e que retratam superficialmente o know-how da Alstom. Não abordamos as possíveis alternativas de execução dos itens listados, cabendo tal colocação aos fornecedores ou consultores oportunizados de acordo com possibilidade e experiência de cada um. Por outro lado, colocamos alguns aspectos pertinentes a serem considerados sobre cada melhoria possível:

• Material base – O material do rotor pode ser selecionado para conferir ao mesmo melhoria em algumas características importantes tais como:

o Resistência mecânica; o Resistência à cavitação;

o Resistência à abrasão por partículas sólidas; o Resistência à corrosão química;

o Resistência à fadiga; o Custo de manutenção;

• Concepção construtiva e processo de fabricação – De aparente pouca relevância, mas que, nos casos de fabricação de um novo rotor, influencia:

o Resistência à fadiga; o Freqüência natural;

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• Projeto hidráulico – Item de alta relevância e que agrega um grande valor tecnológico, não pode ser considerado como um item isolado ou autônomo, mas sim, como um componente do quadro hidráulico completo. Sua colaboração está nos seguintes aspectos:

o Rendimento hidráulico; o Potência hidráulica;

o Condições operacionais em cargas parciais, seja por potência ou queda; o Freqüência natural;

o Intensidade dos fenômenos hidráulicos: ƒ Cavitação;

ƒ Flutuação de pressão; ƒ Vortex inter-pás; ƒ Trança.

• Projeto mecânico – Também de aparente baixa importância, afeta: o Custo de manutenção

ƒ Possibilidade de desmontagem sem remoção de todos componentes adjacentes; ƒ Facilidade de reparo ou substituição dos anéis de desgaste;

ƒ Tempo de desmontagem e montagem do acoplamento com o eixo. o Vida útil dos componentes de desgaste mecânico;

o Perda hidráulica nas vedações, labirintos e elementos estruturais.

• Precisão e qualidade de fabricação – São itens como ondulação do perfil hidráulico, rugosidade superficial, tolerância geométrica hidráulica, tolerância dos raios de concordância, dentre outros. Sua influência recai sobre:

o Rendimento hidráulico;

o Estabilidade dinâmica do conjunto; o Resistência à fadiga;

o Vida útil.

• Documentação – Importante no sentido de viabilizar que seja mantido as características originais do rotor e que, consequentemente, colabora nos seguintes aspectos:

o Custo de manutenção; o Vida útil;

o Rendimento hidráulico;

Uma vez que a equipe técnica responsável pela unidade hidrogeradora levantou e analisou as possibilidades de melhoria, é necessário definir e consolidar o escopo da reforma, que segue abaixo.

4.0 - ESCOPO, CUSTO-BENEFÍCIO E ANÁLISE DE RISCO

Concomitantemente à definição e consolidação do escopo da reforma devem ser tratados os aspectos econômico-financeiros do investimento que, por sua vez, demanda a participação de gestores, técnicos e/ou especialistas, condizentes com as abordagens desta etapa do processo de melhoria. A colaboração de consultores, parceiros, fabricantes, etc., a critério da equipe responsável, podem vir a completar as competências requeridas nesta fase. Entrementes, é natural o conflito entre os anseios dos responsáveis técnicos, que gostariam de renovar praticamente tudo, e os anseios dos gestores ou administradores, que gostariam de ter apenas receitas e não despesas. A análise de custo-benefício, que resulta uma taxa de retorno de investimento - ROI - de cada oportunidade de melhoria é o melhor suporte para as decisões sobre o escopo. Quanto melhor o histórico, tanto técnico quanto administrativo, mais fácil e assertiva será a análise de custo-benefício.

Ainda, por vezes negligenciado, a análise de risco é de suma importância durante o processo decisório, e não deve ser restrito apenas aos aspectos técnicos, mas também econômico-financeiros, logísticos, dentre outros a serem abordados de acordo com cada caso e situação.

Não nos aprofundaremos neste tópico, pois facilmente encontra-se literatura de suporte e respeita-se o fato de que cada empresa, seja ela um fornecedor de equipamentos ou um produtor de energia, possui sua experiência e forma particular de tratar estes itens.

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5.0 - ENGENHARIA REVERSA

Recriar o desenho que originou a peça existente é dado como “engenharia reversa”. É um processo conceitualmente simples e antigo, empregado em inúmeras situações para diversas finalidades. Nos concentraremos no rotor da turbina hidráulica, onde, dentre outros motivos já mencionados, é mais notória a aplicação desta tecnologia.

Quando ainda não existiam computadores, a otimização do perfil hidráulico era executada fisicamente sobre os rotores através de um processo totalmente empírico e iterativo. A engenharia reversa, feita com recursos totalmente manuais, era empregada para elaborar ou atualizar os desenhos originais, viabilizando, assim, que fossem fabricados novos rotores iguais ao que foi otimizado. Nos primórdios da exploração da energia hidráulica através de turbinas, a maioria destes processos de otimização dava-se em campo, no rotor em tamanho real que chamamos de protótipo. Posteriormente foram desenvolvidos laboratórios, onde se padronizou todo o processo sobre rotores em escala reduzida que chamamos de modelo.

Com a evolução da tecnologia da informação, dos computadores, dos programas de desenho e de cálculo, já podemos fazer otimizações na engenharia ao invés de no laboratório. Contudo, os ensaios de modelo reduzido são mandatórios para a validação dos cálculos e para as otimizações em situações que a matemática ainda não consegue simular e sobretudo pela responsabilidade que se tem de desenvolver uma geometria específica e totalmente adaptada para as condições do aproveitamento que é objeto dos estudos. Nestes casos de otimização no laboratório a engenharia reversa continua sendo empregada para que as modificações sejam transferidas para o desenho original.

Considerando-se que:

• O custo dos equipamentos eletrônicos é decrescente;

• A necessidade de intervenção nos rotores das turbinas é crescente à medida que vão sendo usados; • Rotores muito antigos não possuem desenhos ou gabaritos;

• As intervenções nos rotores inferem e acumulam deformações com conseqüências nocivas à hidráulica dos mesmos;

Torna-se cada vez mais viável empregarmos a engenharia reversa para que sejam elaborados gabaritos de controle com a finalidade de se manter a geometria dos rotores com variações minimizadas a cada intervenção. Atualmente, os recursos para execução de engenharia reversa são variados. Para a primeira etapa da execução de engenharia reversa de rotores, ou seja, levantamento dimensional, os sistemas de medição têm que ser tridimensionais (3D), como por exemplo máquinas tridimensionais (CMM), teodolitos, laser-trackers, braços, fotogrametria, sistemas globais de posicionamento (GPS), sistemas de varredura 3D (scanners, digitalizadores), e até máquinas CNC equipadas com apalpador. Tanto para a aquisição de equipamento quanto para a contratação de serviços de levantamento dimensional 3D, é necessário uma avaliação criteriosa dos recursos e limitações de cada equipamento frente as necessidades e condições de medição.

Para completarmos a engenharia reversa é necessário transformar em desenho o resultado obtido do levantamento 3D, ou seja, um arquivo eletrônico de pontos em formato específico. Para esta transformação há também uma variedade de soluções, cada uma com diferentes recursos para gerar os desenhos 3D. A escolha deste software e, principalmente, a experiência na utilização do mesmo, determinará a qualidade efetiva da engenharia reversa e que a Alstom oferece aos seus clientes.

Ainda, considerando-se que:

• O custo dos programas de medição e inspeção 3D é decrescente,

• O custo dos programas de desenho 3D, de cálculo e de programação CNC 3D também são decrescentes,

• A experiência e evolução tecnológica sobre a hidráulica dos rotores é crescente, Nota-se crescente as possibilidades e vantagens de otimização hidráulica dos rotores.

6.0 - OTIMIZAÇÃO HIDRÁULICA

Otimização hidráulica, uma das especialidades da Alstom, consiste em modificar a geometria do perfil hidráulico com o objetivo de melhorar algumas características ou condições de funcionamento do rotor. Desta forma, tanto para unidades geradoras existentes quanto para projetos novos, podem ser viáveis estudos de otimização hidráulica, dado que cada usina tem suas características particulares.

No caso de otimização hidráulica de protótipos existentes deve ser considerado que há diferentes níveis de otimização, com respectivas necessidades de informações previas, que resumimos abaixo em ordem crescente de complexidade:

• Regularização da superfície e homogeneização da geometria de todas as pás ou conchas o Não há necessidade de informações previas;

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• Pequena modificação do perfil hidráulico através de cálculos hidráulicos básicos

o São necessários dados de rotação, queda líquida, vazão, posição angular das pás do distribuidor e do rotor, potência, etc;

• Verificação e otimização do quadro hidráulico – neste nível de otimização já não é possível estudar o rotor isoladamente e as modificações não se restringem ao rotor

o São necessários os desenhos do quadro hidráulico completo, e ainda o mesmo tipo de informação hidráulica listada no item anterior;

• Adequação do quadro hidráulico para solucionar problemas específicos – geralmente envolve a substituição do rotor e modificação de outros componentes hidráulicos, podendo até ser executado ensaio de modelo reduzido em laboratório

o A necessidade de informações prévias são definidas caso a caso

Quando não há desenhos disponíveis, mesmo nos níveis mais avançados de otimização, podemos fazer uso da engenharia reversa do quadro hidráulico completo - como apresentado no item 7.2 abaixo - viabilizando-se estes trabalhos em unidades geradoras de qualquer idade.

Especial atenção deve ser dada na análise de risco e de custo-benefício quando se estima o ganho de rendimento hidráulico nas otimizações de usinas antigas, pois, conforme já citamos, cada caso tem suas características particulares e, portanto, as melhorias possíveis também são muito específicas para cada situação. Os ganhos são confirmados apenas nos ensaios de campo da máquina reformada. Uma correta análise previa da situação, e o trabalho de uma equipe experiente, minimizam as diferenças entre o estimado e o realizado.

7.0 - CASOS

Apresentamos abaixo dois casos muito interessantes de reforma, executados pela Alstom, onde podemos observar a aplicação de diversas técnicas e conceitos apresentados neste informe técnico.

7.1 Rotor Francis horizontal duplo de uma pequena central hidrelétrica

Trata-se da reforma de três rotores de 5,2MW, queda de 118m, velocidade de 750rpm, da UHE de Charcani, com fornecimento de rotores com cinta incorporada. Observa-se na figura 1 que o rotor original não possuía a cinta integrada ao mesmo, o que diminuía a vida útil devido trincas resultantes de fadiga. Também o rendimento hidráulico era prejudicado por conseqüência da folga entre as pás e a cinta fixa original.

Figura 1 – Rotor original

Não havia informações suficientes para a fabricação de um novo rotor, tendo sido necessário o emprego a engenharia reversa onde podemos observar na figura 2 o resultado bruto do levantamento dimensional.

A criação da superfície, seguida de pequenas modificações identificadas no calculo hidráulico básico, resultou no desenho 3D apresentado na figura 3. Este desenho é utilizado como base para criação de outros desenhos

requeridos para todas etapas do processo de fabricação do rotor, que se inicia na confecção do modelo de fundição ou estampagem e termina no controle final da peça acabada.

Figura 2 – Medição 3D

Figura 3 – Desenho 3D Conseguimos com este fornecimento o ganho de rendimento médio da ordem

de 1,2% e o aumento da vida útil devido a eliminação total do aparecimento de trincas, o que fazem deste caso uma referência de absoluto sucesso.

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7.2 Rotor Kaplan vertical de uma grande central hidrelétrica

A reforma de uma usina hidrelétrica grande pode gerar ganhos de mesma envergadura. O caso apresentado refere-se a reforma de duas unidades de 24MW, queda de 22m, velocidade de 140rpm, da UHE de Coaracy Nunes, onde foi necessário aplicar a engenharia reversa no quadro completo para que todos cálculos pudessem ser feitos. A figura 4 refere-se á medição em campo do canal direito de entrada da caixa fronto-espiral.

Na figura 5 podemos observar o desenho 3D resultante da engenharia reversa, num ângulo de visualização semelhante ao da figura 4.

Figura 4 – Medição em campo

Figura 5 – Desenho 3D

Inicialmente foi previsto a substituição do rotor e das palhetas diretrizes. Após os cálculos hidráulicos completos, além de confirmar o melhor perfil hidráulico para os componentes substituídos, identificou-se também a necessidade de modificações na entrada da caixa fronto-espiral e nas palhetas do pré-distribuidor.

Após a comparação entre as medições de rendimento executadas antes e depois dos serviços, verificou-se que os ganhos inicialmente estimados em 2 % de rendimento médio atingiram 3,8%, superando em 1,8% a previsão. Adicionalmente, a faixa operacional foi aumentada em 25%, permitindo maior flexibilidade da usina e conseqüente melhor aproveitamento hídrológico, conferindo a este caso mais uma reforma de grande sucesso.

8.0 - CONCLUSÃO

Os estudos de uma reforma, não podem de forma alguma se limitar aos aspectos técnico-financeiros. Um levantamento adequado de todos os parâmetros que poderiam influenciar a necessidade de reforma é de extrema importância. A tabela de ponderações apresentada nesta contribuição tem a pretensão de ser o mais resumida possível, porém sem perder sua abrangência. Devido a sua fácil aplicação, consideramos que pode ser uma ferramenta muito importante no início do processo de avaliação, para que se possa realmente engajar todos os “players” necessários para a realização de um estudo de reforma adequado.

Para uma unidade geradora hidráulica, a aplicação de engenharia reversa é praticamente indispensável tendo em vista o histórico de intervenções que cada empreendimento é obrigado a sofrer no decorrer de sua vida útil. Ao aplicar tal procedimento, tanto o prestador de serviços, quanto os empreendedores da reforma têm que ter uma completa consciência das informações possíveis de serem obtidas. Neste informe técnico foi possível dar uma dimensão realista do emprego deste tipo de ferramenta.

Uma analise de risco abrangendo a maior quantidade possível de parâmetros pertinentes que influenciam o resultado da empreitada deve ser seriamente desenvolvida. Por exemplo, as metodologias possíveis de serem aplicadas são tão diversas e antagônicas, que a experiência neste tipo de negócio deve ser um dos parâmetros mais importantes tanto no aspecto tecnológico, quanto no aspecto execução dos trabalhos de reforma.

Os estudos financeiros de ROI, quando norteados por uma avaliação de escopo de reforma adequada, assim como uma analise técnico econômica confiáveis e ainda uma avaliação de risco detalhada; podem ser um dos processos decisórios mais pertinentes. Todavia, alguns aspectos imponderáveis devem ser levados em consideração, tendo em vista que, mesmo com um estudo feito da forma que acabamos de descrever, muitas vezes em uma unidade geradora é obrigatório algumas intervenções depois de ultrapassado a vida útil dos equipamentos. Neste contexto, a perspectiva de manutenção com predição de eventos e incidentes é também um

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dos pontos que deve ser estruturado de forma objetiva para que se possa garantir o mínimo de intervenções e ainda evitar paradas não previstas de operação, o que poderia comprometer sobremaneira a remuneração do empreendimento.

Todo aproveitamento hidroenergético pode ser objeto de uma melhoria ou reforma, dependendo do estado em que se encontra e dos ganhos de potência identificados. No desenvolvimento dos estudos da reforma, a identificação de melhorias deve ser conduzida para obtenção de resultados concretos e tangíveis. Várias possíveis melhorias foram listadas neste informe técnico, entretanto devemos ter condições de identificar quais são aplicáveis para o projeto que é objeto dos estudos. Fica evidente que a quantidade de parâmetros que pode influenciar a decisão de seguir em frente ou não com uma reforma é tal que não se pode sub-avaliar a necessidade inicial de uma análise profunda, além de estudos detalhados e específicos. Logo, é de extrema importância que uma parceria intensa possa ser estabelecida entre os produtores de energia, consultores e fabricantes de equipamentos com experiência em reforma de unidades hidrogeradoras.

Não obstante, é de extrema importância que seja caracterizado e comprovado com ensaios no campo a performance de cada componente e de cada da unidade que sofrerá intervenção. Procedendo desta maneira, é possível retornar após toda e qualquer reforma repetindo os mesmos ensaios com uma base de comparação nos ensaios anteriores. Tal comparação assegura o atendimento das metas e resultados previstos e serve ainda para suportar de maneira transparente os vários aspectos contratuais de limite de responsabilidade de cada parte envolvida no processo de reforma.

E, finalmente, graças à otimização de custos, tecnologias e know-how, cada vez mais reformas estão se tornando viáveis e rentáveis, conferindo ao tema uma relevância digna de destaque no ramo da hidrogeração.

9.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Não referenciaremos nenhuma bibliografia, pois este informe técnico foi concebido consolidando-se a experiência dos autores ao longo da atuação profissional em atividades e projetos relacionados direta ou indiretamente ao tema. Tais atividades foram desenvolvidas com a participação de diversos colaboradores onde consideramos agregado trabalhos de pesquisa e desenvolvimento, especializações, mestrados, treinamentos, estágios, leituras técnicas e outras.

10.0 - DADOS BIOGRÁFICOS

Richard Allan Straatmann

Nascido em Porto Alegre, RS, em 06 de setembro de 1966. Graduação (1992) em Engenharia Mecânica: UNITAU-Taubaté

Empresa: ALSTOM Hydro Energia Brasil Ltda, desde 1985 (na época: Mecânica Pesada S.A.) Especialista em Industrialização de Perfis Hidráulicos e Coordenador de Ofertas de Upgrade no Departamento de Anteprojeto e Orçamentos

Luciano Teixeira dos Santos

Nascido em Cachoeiro do Itapemirim, ES, em 12 de julho de 1972.

Mestrado (1997): INPG-Grenoble, Graduação (1995) em Engenharia Mecânica: UNIFEI-Itajubá e (1997) em Engenharia Hidráulica: ENSHMG-Grenoble

Empresa: ALSTOM Hydro Energia Brasil Ltda, desde 1996 Gerente do Departamento de Anteprojeto e Orçamento

Gilberto André dos Santos

Nascido em São José dos Campos, SP, em 11 de novembro de 1970. Cursando 5º ano de Engenharia Mecânica: UNITAU-Taubaté

Empresa: ALSTOM Hydro Energia Brasil Ltda, desde 1996 Projetista no Departamento de Anteprojeto e Orçamentos

Referências

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