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Palavras-chave: canina, neoplasia, ovário. Keywords: canine, neoplasm, ovary.

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Academic year: 2021

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. TECOMA EM CADELA - RELATO DE CASO

Thaís de Almeida MOREIRA1, Marcelo Carrijo da COSTA2, Willian Torres

BLANCA3, , Suzana Akemi TSURUTA4, Márcio de Barros BANDARRA5 1 Residente em Patologia Animal, Universidade Federal de Uberlândia, MG.

2 Residente em Clínica Cirúrgica em Animais de Companhia, Universidade Federal de Uberlândia, MG, marcelocarrijo@hotmail.com

3 Mestrando em Medicina Veterinária, Universidade Federal de Uberlândia, MG.

4 Docente em Clínica Médica e Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia, Universidade Federal de Uberlândia, MG.

5 Docente em Patologia Animal, Universidade Federal de Uberlândia, MG.

Resumo

O tecoma é uma neoplasia ovariana derivada do cordão sexual estromal e que possui ocorrência rara, geralmente unilateral e benigna. Na literatura científica as informações sobre esta neoplasia são escassas. Neste trabalho relata-se um caso de tecoma, em uma cadela de 10 anos de idade, da raça labrador. O histórico clínico constava aumento de volume abdominal, diminuição da evacuação e presença de coágulos na urina. A avaliação histopatológica da massa demonstrou um agregado de células fusiformes, por vezes ovais, dispostas em feixes, com núcleo central, citoplasma claro de aspecto vacuolizado, indicando a possivel presença de lipídios e ainda, fibras colágenas dispostas entre as células. Estes achados permitiram o diagnóstico de tecoma do subtipo estromal esclerosante. Palavras-chave: canina, neoplasia, ovário.

Keywords: canine, neoplasm, ovary. Introdução

Tecoma ou tumor das células da teca é uma neoplasia de origem mesenquimal, derivada do cordão sexual e considerada benigna (BREMMER et al., 2014). A classificação dos tecomas é baseada nos achados histopatológicos e nesta classificação destacam-se o tumor estromal esclerosante e o tumor estromal com células em anel de sinete por serem de ocorrência rara (BURANDT e YOUNG, 2014).

Macroscopicamente esta neoplasia se caracteriza como uma massa firme, sólida e que ao corte possui áreas de coloração amarelo pálido, devido presença de células produtoras de hormônios (MACLACHLAN e KENNEDY, 2002; JUBB e

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associadas ao tecoma, podendo levar a ocorrência de sangramento uterino (FREITAS, 2011).

Microscopicamente os tumores das células da teca apresentam um agregado irregular de células, com predominância das células da teca, as quais possuem citoplasma claro e podem conter vacúolos lipídicos (MACLACHLAN e KENNEDY, 2002). O tumor estromal esclerosante pertence ao subgrupo dos fibrotecomas (LOMBARDÍA e FERNÁNDEZ, 2010) e ao exame histopatológico são visualizadas áreas pseudolobuladas altamente celulares, separadas por um fino estroma fibroedematoso. Os lóbulos contem células fusiformes produtoras de colágeno e com formato variando de arredondado à oval, que são células luteinizadas com características degenerativas (SOBRINHO et al., 2013).

Descrição do Caso

Realizou-se exame necroscópico em uma cadela de 10 anos, labrador, com histórico clínico de diminuição da evacuação e aumento de volume abdominal, encaminhada ao laboratório de Patologia Animal da Universidade Federal de Uberlândia. Ainda, o proprietário havia relatado ter observado a presença de sangue com coágulos na urina.

O hemograma demonstrou anemia e leucocitose e o exame ultrassonográfico revelou a presença de uma massa de grandes dimensões ocupando a cavidade abdominal. A cadela foi submetida à laparotomia exploratória, sendo realizada eutanásia transcirúrgica.

À necropsia verificou-se acentuado aumento de volume abdominal, secreção vulvar serossanguinolenta e palidez das mucosas oral e ocular. Na cavidade abdominal notou-se ocupando extensa área uma massa firme de formato arredondado, superfície irregular, coloração avermelhada e com áreas brancacentas intercaladas com áreas amareladas que aprofundavam ao corte. Esta massa localizava-se na região do ovário esquerdo e apresentava parte encapsulada e intensamente vascularizada. O tamanho do tumor foi mensurado em 42 x 30 x 20 centímetros de diâmetro, com peso de 7,900 quilogramas. Ainda, na cavidade abdominal havia aproximadamente 200 ml de líquido serossanguinolento e na luz do corno uterino direito notou-se nódulos milimétricos brancacentos, arredondados e firmes.

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Fragmentos foram coletados para análise histopatológica, fixados em formol a 10% e processados segundo protocolo de rotina, com coloração por Hematoxilina-Eosina (HE). O diagnóstico diferencial de tumores mesenquimais como o leiomioma e o fibroma, indicados na literatura, deu-se por meio da avaliação histopatológica com coloração por Tricrômio de Masson (TM).

Microscopicamente foram observadas áreas pseudolobuladas com intensa proliferação de células ora ovais, arredondadas, ora fusiformes, com citoplasma claro, vacuolizado e algumas contendo vacúolos lipídicos. A coloração por TM permitiu observar a presença de estroma colagenoso, não sendo encontradas células miofibroblásticas. A análise histopatológica dos nódulos no corno uterino direito permitiu verificar que se tratava de hiperplasia da mucosa endometrial. Dessa forma, baseado nos achados de necropsia e histopatológico instituiu-se o diagnóstico de tecoma do subtipo estromal esclerosante.

Discussão

Tecomas do subtipo estromal esclerosante representam cerca de 2-6% dos tumores estromais com origem no ovário, estando incluídos no subgrupo dos fibrotecomas ováricos, segundo classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) (LOMBARDÍA e FERNÁNDEZ, 2010).

Em mulheres, os tecomas convencionais são diagnosticados frequentemente no período pós-menopausa e aqueles do subtipo tumor estromal esclerosante mais de 80% ocorrem em mulheres jovens, na segunda ou terceira décadas de vida (SOBRINHO et al., 2013). Na medicina veterinária, a literatura científica consta apenas relatos deste tumor em égua (NÓBREGA et al., 2008; PRESTES et al., 2013) e furão fêmea (MARTÍNEZ et al., 2011), sendo o primeiro em uma égua de 12 anos de idade, o segundo em uma égua de 10 anos e o último em um furão fêmea da idade de quatro anos. Considerando que este trabalho trata de um caso de tecoma do subtipo estromal esclerosante em uma cadela de 10 anos de idade, não podemos inferir que nos animais os diferentes tecomas tem maior frequencia em determinada faixa etária, como ocorre em humanos.

No presente estudo o histórico de coágulos na urina, relatado pelo proprietário, contribuiu para suspeita de neoplasia envolvendo o sistema reprodutor e que tivesse ocasionado hemorragia uterina. Este achado corrobora com Freitas

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(2011), que descreveu que o tecoma em mulheres é geralmente assintomático, podendo estar acompanhado de sangramento uterino anormal e dor abdominal.

As características macroscópicas observadas neste caso como tratar-se de tumor de grandes dimensões, localizado na região do ovário, unilateral e com áreas amareladas, estão de acordo com a descrição do tumor estromal esclerosante segundo Freitas (2011). Ainda, conforme este autor, devido produção de estrógenos esta neoplasia pode associar-se a hiperplasia do endométrio, o que enfatiza o diagnóstico deste trabalho.

A presença de áreas pseudolobuladas separadas por septos de tecido conjuntivo, está de acordo com o descrito por Sobrinho et al. (2013). Estes descrevem ainda, que o tumor estromal esclerosante é composto por dois tipos celulares distintos, sendo o primeiro constituído de células fusiformes (produtoras de colágeno) e o segundo de células ovais ou arredondadas (células luteinizadas com característica degenerativa). Esta descrição está de acordo com nossos achados, sendo confirmada a presença de fibras colágenas pela coloração Tricrômio de Masson.

Conclusão

O presente relato demonstrou a ocorrência de um tumor estromal esclerosante em cadela. Este é um tumor dos cordões sexuais, do grupo dos tecomas e com base nos achados de necropsia e histopatológicos, nosso caso enquadra-se nesta definição. Não se encontra até o momento relatos sobre este tumor em cadelas, o que torna seu estudo relevante para a medicina veterinária. Referências

BREMMER, F.; BEHNES, C. L.; RADZUN, H. J.; BETTSTETTER, M.; SCHWEYER, S.; Sex cord gonadal stromal tumors. Der Pathologe, v.35, n.3, p.245-251, 2014. BURANDT, E.; YOUNG, R .H. Thecoma of the ovary: a report of 70 cases emphasizing aspects of its histopathology different from those often portrayed and its differential diagnosis. American Journal of Surgical Pathology, v.38, n.8, p.1023-1032, 2014.

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FREITAS, F., MENKE, C.H., RIVOIRE, W.A., PASSOS, E.P. Rotinas em ginecologia. 6 ed. Artmed. 2011, 748p.

JUBB, K. V. F; KENNEDY, C. P. Pathology of domestic animals. (4th ed.) Academic Press, New York, 2007, 450–456.

LOMBARDÍA, J.; FERNÁNDEZ, M. Ginecología e Obstetricia – Manual de consulta rápida. 2a ed. Editora Médica Panamericana, S.A. Madrid, 2010, 923p, p.695.

MACLACHLAN, N. L.; KENNEDY, P.C. Tumors of the genital systems. In: Meuten DJ, ed. Tumors in Domestic Animals, 4th Edition Iowa State Press, Ames, Iowa, USA, 2002, 800 pp.

MARTÍNEZ, A.; MARTÍNEZ, J.; BURBALLA, A.; MARTORREL, J. Spontaneous thecoma in a spayed pet ferret (Mustela putorius furo) with alopecia and swollen vulva. Journal of Exotic Pet Medicine, v. 20, n. 4 (October), p. 308–312, 2011.

NÓBREGA, F.S.; GIANOTTI, G.C.; BECK C.A.C.; ALIEVI, M.M.; GOMES, A.; ARRUDA N.S.; ROCIO T.F.; GONZALEZ P.C.; FERREIRA, M.P. Tecoma em uma égua. Acta Scientiae Veterinarie, v.36, n.2, p.185-189, 2008.

PRESTES, N. C.; MORAES C. N.; MAIA, L.; OLIVEIRA, I. R. S.; FABRIS, V. E.; ALVARENGA, M. A. Ovarian Tumor in a Mare – Thecoma - Case Report. Journal of Equine Veterinary Science, v.33, n.1, p.196-200, 2013.

SOBRINHO, D. B. G; VASCONCELOS, R. G.; CARVALHO, B. R.; FURTADO, V. M. G.; RAMOS, F. A. H; NETTO; J. P. S; FREITAS, M. A. Tumor estromal esclerosante de ovário associado à síndrome de Meigs e gestação: relato de caso. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetricia, v.35, n. 7, p. 331-335, 2013.

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