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DESENHOS ANIMADOS: USO DE IMAGENS COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA A PARTIR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

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DESENHOS ANIMADOS: USO DE IMAGENS COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DA GEOGRAFIA A PARTIR DA EDUCAÇÃO INFANTIL

BARROS, José Maria1 SILVA, Alzenir Severina da2

RESUMO

Os resultados apresentados neste artigo resultam de um trabalho realizado como Bolsista de Iniciação Acadêmica (BIA) que compõe o programa de bolsas acadêmicas proposto pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Face às especificidades da atuação dos graduandos formados na licenciatura em pedagogia, escolhemos trabalhar com desenhos animados, tendo o seguinte questionamento: Como as imagens de desenhos animados podem auxiliar no entendimento da relação entre as pessoas, os espaços vividos e na compreensão da relação do homem com a natureza no cotidiano dos alunos da educação infantil? Devido a importância dos desenhos animados na atualidade e no âmbito escolar, nosso principal objetivo é entender como o uso de imagens animadas pode auxiliar na construção do conhecimento geográfico e contribuir na leitura e entendimento da relação sociedade-natureza a partir da educação infantil. Acreditamos que adotar esses desenhos animados como ferramenta pedagógica aos conteúdos trabalhados no ensino fundamental é uma forma de potencializar os conhecimentos escolares, além de despertar o interesse e motivação das crianças no processo de aprendizagem. Para fundamentar a pesquisa sob a ótica da geografia, da leitura de imagens e dos desenhos animados, embasamos nossas análises em trabalhos desenvolvidos por autores como Lima (2011), Callai (2005), Barbosa (2002), Freire (2014), entre outros. No conjunto dos resultados que obtivemos constatamos que os desenhos animados são muito importantes para a construção social e cognitiva do indivíduo, pois através deles é possível desenvolver a criatividade e senso crítico.

1Universidade Federal Rural de Pernambuco – Unidade Acadêmica de Garanhuns, Garanhuns, graduando do 5° período do curso de Licenciatura em Pedagogia. junior.barros.3000@hotmail.com.

2 Universidade Federal de Pernambuco - Unidade Acadêmica de Garanhuns, professora do Curso de Licenciatura em Pedagogia. alzenirsilva@uol.com.br

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Palavras-chave: Desenhos Animados. Geografia. Leitura de mundo.

1. INTRODUÇÃO

Com aumento do acesso às mídias, com destaque para a televisão e com o avanço das tecnologias da informação e da globalização, os desenhos animados vêm ganhando cada vez mais importância, tanto nos meios de comunicação quanto no cotidiano dos telespectadores, especialmente das crianças. Em vista desse destaque, muitos desenhos animados estão sendo produzidos e/ou capturados com função educativa e não apenas como uma forma de entretenimento.

Tendo em vista a recente produção dos desenhos animados com função educativa e levando em conta sua importância no âmbito escolar, deu-se início a essa pesquisa que emergiu do seguinte questionamento: Como as imagens de desenhos animados podem auxiliar no entendimento da relação entre as pessoas, os espaços vividos e na compreensão da relação do homem com a natureza no cotidiano dos alunos da educação infantil? Assim, agindo da ingenuidade à busca da rigorosidade metódica, na tentativa de “inventar” metodologias de ensino que auxiliem na leitura da palavra, na leitura do mundo, na leitura da realidade, como aponta Freire (2011), tivemos como objetivo principal entender como o uso de imagens animadas pode auxiliar na construção do conhecimento geográfico e contribuir na leitura e entendimento da relação sociedade-natureza a partir da educação infantil.

Os desenhos animados escolhidos como objeto de estudo foram Dora - a

Aventureira e Go Diego Go. Ambos os personagens dos desenhos animados contam com

a ajuda de instrumentos geográficos de orientação como a bússola e o mapa e interagem com animais nos mais diversos ecossistemas; alguns deles com caráter de fantasia, por exemplo, rios de chocolate. Foram selecionados por facilidade de acesso aos alunos e professores e por possuírem uma linguagem atrativa e acessível, já que os personagens são crianças e os desenhos são direcionados principalmente para o público de faixa etária de 03 a 06 anos. Para analisar e interpretar o conteúdo dos desenhos, limites e possibilidades de seu uso em sala de aula, embasamos nosso estudo nas ideias de autores como Lima (2011), Callai (2005), Barbosa (2002), entre outros.

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Na fase atual da investigação realizamos a seção que corresponde à pesquisa documental, tendo como fonte documentos impressos, fotos, filmes, gravações, documentos legais e a bibliográfica relativa ao tema. Para realizarmos o estudo e atingir os objetivos propostos no projeto de pesquisa, começamos com estudos bibliográficos necessários para fundamentar a pesquisa. Após o levantamento da mesma, ocorreu o processo de escolha, leitura e análise das obras que seriam usadas, almejando aprofundar o estudo no qual seja possível colocar em prática o que está sendo discutido ao longo do trabalho.

Os resultados expostos neste artigo abordam questões e análises relativas à: uso de desenhos animados como ferramenta educativa, leitura da relação sociedade-natureza nas imagens do desenho animado e à produção do conhecimento geográfico escolar, exposta através da leitura do mundo com a geografia animada.

Acreditamos que, enquanto ferramenta pedagógica, atrelar desenhos animados a conceitos geográficos essenciais no ensino fundamental requer uma atitude crítica do professor, na busca de alternativas pedagógicas utilizadas com o intuito de potencializar tais conhecimentos na construção do sujeito que a escola busca formar. É uma forma atrativa e eficaz de ensinar os conteúdos escolares.

2. DESENHOS ANIMADOS - ALGUMAS DISCUSSÕES TEÓRICAS SOBRE A IMAGEM

O desenho animado como ferramenta educativa contribui para o crescente uso de diferentes modalidades de linguagens disponíveis e que podem favorecer a atividade didático-pedagógica cotidiana. Isso ocorre à medida que o professor tenha domínio do uso que fará deles e também ser seletivo na escolha das imagens (no caso do desenho animado) e da organização da aula. Castellar e Vilhena (2010) corroboram esta discussão ao apontar que na atualidade os professores fazem uso de diferentes linguagens, visto que são elas contribuintes e responsáveis pela ampliação da capacidade leitora e escritora do aluno, podendo ainda despertar o interesse dos educandos pelos conteúdos geográficos, a partir do desenvolvimento da imaginação, ilustração e leitura do mundo, focado no

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reconhecimento dos ambientes/lugares, motivando assim o processo de ensino e de aprendizagem.

Dessa maneira, não podemos negar a riqueza dos desenhos animados em termos de conteúdo. Mas para que os desenhos sejam usados como ferramenta se faz necessária uma mediação de forma contextualizada. E para isso o professor deve estar preparado para proporcionar uma compreensão do tema/conteúdo exposto no desenho animado escolhido, com o qual fará a mediação entre imagens apresentadas e aprendizagens esperadas. Silva Junior e Trevisol (2009) afirmam um objeto que não tem natureza específica para a educação, pode sofrer uma transformação em seu uso e se transformar em uma ferramenta pedagógica tão potente quanto qualquer outro elemento que serve de práticas pedagógicas. Dessa forma, se manipularmos os desenhos com a finalidade de construção de conhecimento, e não só de entretenimento, podemos considerar os mesmos como uma ferramenta pedagógica tão potente quanto qualquer outra, pois o que importa nesse sentido é a transformação dos desenhos animados para fins pedagógicos.

Para Bulgraen (2010), o professor trabalha para que no fim de todo processo educativo o educando possa reelaborar o conhecimento e expressar uma compreensão da prática em termos tão elaborados quanto era possível ao educador. Dessa forma, o professor desempenha o papel de mediador do conhecimento, ele é o responsável por tornar o conhecimento mais claro e acessível para as crianças. Se ele souber mediar o conhecimento presente nos desenhos de forma adequada, as crianças irão apreender e compreender o conteúdo, as relações entre o mundo fictício e o real, como uma ferramenta pedagógica tradicional. Para isso, é necessário que os professores ouçam seus alunos para buscar entender suas compreensões e problematizações, analisando assim o conhecimento da criança.

3. GEOGRAFIA E ALEITURA DE MUNDO

Para que não sejam passadas de qualquer forma, as imagens animadas necessitam de planejamento para que o professor auxilie na atribuição de sentidos realizadas pelas crianças. Isso porque, o professor não ensina como ler as imagens, pois não há uma leitura como a mais correta, há atribuições de sentidos construídos pelo autor

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em função das informações e dos seus interesses do momento (BARBOSA, 2002). Assim, além de uma atribuição de significados ao se trabalhar com as imagens, é necessária uma mediação e contextualização de imagens por parte dos professores que apontem visões diferentes sobre o mesmo objeto e façam a criança refletir sobre elas, problematizando e aos poucos buscando construir suas próprias interpretações.

Assim, ao realizar a leitura de imagens devemos ter em mente algumas distinções entre o ver e o olhar. Alguns autores atribuem diferentes concepções entre o ato de “ver” e o “olhar”, e afirmam que começamos olhando para posteriormente ver. Isso porque:

O ver não diz somente a questão física de um objeto a ser focalizado pelo olho; o ver em sentido mais amplo requer um grau de profundidade muito maior, porque o indivíduo tem, antes de tudo, de perceber o objeto em suas relações com o sistema simbólico que lhe dá significado (Zamboni, 1998, p. 54).

Isso significa que é quando mudamos o “olhar” para o “ver” que realizamos o ato de leitura e reflexão. Ao olhar, fazemos a análise objetiva, a apreensão da imagem com suas características e detalhes. Ao ver, decodificamos os significados culturais do objeto. Ou seja, o “ver” é a interpretação em torno do objeto. Dessa forma, o “ver” requer um conhecimento prévio simbólico que envolve suas relações e experiência para efetuar a leitura do objeto.

Sendo assim, o conhecimento e experiências que possuímos são responsáveis pelas leituras, interpretações de imagens e do mundo que nos cerca, e pelos significados que atribuímos. A leitura de imagem se faz a partir do momento que consideramos e atrelamos o nosso olhar com o nosso ver; ou seja, nossos conhecimentos, experiências e relações estabelecidas e adquiridas perante o mundo com as imagens e vivências que estão ao nosso dispor, diante de nosso olhar. A relação homem-natureza nesse contexto, se dar por meio da leitura que fazemos utilizando nosso conhecimento acerca da natureza com a nossa perspectiva construída por meio das experiências com o mundo.

. Por isso, o professor deve levar em conta a bagagem que o aluno já possui. Dessa forma, o professor está mostrando a relação do conteúdo com a vida pessoal do aluno, isto é, a extraclasse; e assim está favorecendo a aprendizagem significativa. Isso porque a aprendizagem significativa segundo Darsie “é aquela que valoriza o conhecimento

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prévio como apoio de novas aprendizagens” (1996, p. 49). Isto é, os novos conhecimentos são moldados em cima de conhecimentos anteriores. Isso implica em uma atualização qualitativa do conhecimento prévio do aluno.

Os desenhos animados podem repassar o conhecimento para o aluno e provocar reflexões neles. Para isso, é necessária a leitura crítica para que a assimilação das informações não seja feita passivamente, pois através dele o aluno pode relacionar tanto com os conteúdos propostos quanto com sua realidade. Lima diz exatamente isso na seguinte fala:

Levar os desenhos animados para a sala de aula pode possibilitar uma dinamização educacional no ambiente acadêmico e na vivência social, com estímulos ao pensamento crítico geográfico para que eles assistam os desenhos podendo relacionar com conteúdos estudados em sala de aula e com acontecimentos do seu entorno (2011, p. 29).

O desenho pode ser um grande auxiliar do professor no fazer pedagógico, como vimos. Porém, é necessário, previamente, fazer um planejamento acerca da forma de se usar esta ferramenta, para que a assimilação seja de maneira crítica e reflexiva e possam-se construir novos conhecimentos a partir das conclusões tomadas com espossam-se processo. Como afirma Lima:

O desenho animado pode ser utilizado para uma discussão educativa que atrai a atenção e interesses dos estudantes, a partir de uma linguagem própria, onde a imagem reconstrói a realidade com base em um contexto histórico e tem o poder de reproduzir a vida como ela é; possibilitando aos jovens uma relação entre os conteúdos e desenhos de forma crítica (2011, p. 13).

Em outras palavras, os conteúdos dos desenhos não fogem do contexto e da realidade da criança ou da escola. Ela pode extrair elementos dele para analisar de uma forma diferente sua realidade. Ademais, as crianças se sentem mais interessadas no conteúdo porque enxergam neles elementos interessantes que possuem ligações com suas vidas, instigando-as, por meio do caráter fantasioso, a buscar aprender mais sobre o que trata os desenhos, de uma maneira lúdica.

Para que haja interesse é necessário que haja algo interessante ou atrativo. Além dos desenhos animados, a geografia configura-se como a ciência mais atrativa, como

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afirma Kropotkin “é quase seguro que não existe outra ciência que possa torna-se tão atrativa para a criança como a geografia, e que possa se constituir num poderoso instrumento para o desenvolvimento geral do pensamento” (1986, p. 3). Em vista dessa afirmação podemos observar o quanto é importante trabalhar com essa disciplina como uma forma de potencializar o ensino e o aprendizado da criança.

Para kropotkin (1986, p. 5) uma das tarefas da geografia é desencadear na criança o interesse pelos grandes fenômenos da natureza e despertar nela o desejo de conhecê-los. Dessa forma a criança torna-se interessada em aprender os demais conteúdos escolares tendo como ponto de partida a geografia. Usar práticas pedagógicas que favoreça esse interesse e curiosidade da criança é um ponto chave a ser considerado no ensino. Os desenhos animados devem ser enxergados como sendo uma dessas práticas pedagógicas capazes de chamar atenção, o interesse e a curiosidade da criança, assim como a vontade do aprendizado.

Nesse contexto, além da sala de aula, a escola é um elo fundamental. Ela deve aceitar e reconhecer a importância dessas novas ferramentas de aprendizagem e abrir espaços para que se possa trabalhar com eles e alcançar excelentes resultados. A escola deve criar oportunidades para que os alunos construam conhecimentos sobre essa linguagem nos dois sentidos: como pessoas que representam e codificam o espaço e como leitores das informações expressas por elas (BRASIL, 1998, p. 79). Dessa forma o aluno percebe que é parte integrante do espaço que analisa e buscar respostas para suas indagações.

Os desenhos estudados apresentam aspectos de primeira e segunda natureza que são assim denominados por Versentini que afirma “a primeira natureza, ou natureza original e independente da ação humana, não mais existiria e no seu lugar haveria tão somente uma segunda natureza ou natureza humanizada, reelaborada pela sociedade moderna” (2009, p. 159).A primeira natureza diz respeitos aos elementos naturais que estão no espaço independente da ação do homem, não foi criado por ele. A segunda diz respeito às alterações no espaço feitas pelas ações humanas. No caso do desenho, as pontes e estradas são exemplos de uma segunda natureza e as paisagens de elementos de predominância natural são exemplos da primeira natureza.

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Dessa forma, trabalhar esses desenhos ajuda as crianças a construírem suas primeiras concepções de geografia usando o imaginário; e aos poucos, essas concepções vão adquirindo caráter concreto e consequentemente a leitura do real será mais crítica e poderá captar as irregularidades na natureza e buscar meios de mudar ou de amenizar tais irregularidades.

Vale salientar também que a partir do momento em que a criança toma consciência de suas funções e importância no mundo ela busca maneiras de intervir criticamente nas irregularidades que acontecem ao seu redor e está pronta para atuar no mundo nos mais variados aspectos, desde o político ao cultural. Em vista disso, compartilhamos da ideia de Callai no que se refere à leitura de mundo, pois para ela “fazer a leitura do mundo não é fazer uma leitura apenas do mapa, ou pelo mapa, embora ele seja muito importante. É fazer a leitura do mundo da vida, construído cotidianamente” (2005, p. 228). Assim, a leitura de mundo é algo amplo não se limita a um instrumento escolar como o mapa. A leitura de mundo se dar cotidianamente por meio de nossas vivências e experiências atreladas ao nosso conhecimento que foi construído gradativamente. E dessa forma, podemos compreender e ensinar a criança o porquê de o homem mudar a natureza e os diversos espaços ao seu redor. Por isso, Callai afirma que o papel da geografia é “ler o mundo da vida, ler o espaço e compreender que as paisagens que podemos ver são resultado da vida em sociedade, dos homens na busca da sua sobrevivência e da satisfação das suas necessidades” (2005, p. 228 e 229). Dessa forma, a geografia vem com o propósito de oferecer a compreensão dos atos humanos e de suas atitudes perante a natureza, assim como mostrar as contradições existentes entre sua busca por sobrevivência e a degradação daquilo que garante essa busca e sobrevivência: a natureza e seus recursos.

Os desenhos estudados podem ajudar no alcance desse propósito geográfico e na leitura de mundo, pois mostram essas contradições do homem perante a natureza como a poluição, por exemplo. A geografia auxilia o entendimento das relações entre sociedade e natureza que estão presentes no desenho animado. Por isso, o professor deve favorecer a compreensão da criança, o entendimento, por meio dos conteúdos trabalhados, contextualizando-os e ampliando a visão de mundo para além da sala de aula.

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e escrevê-la, mas também a ler o mundo e escrever sobre ele também, ou seja, atuar por meios de análises críticas que se convertem em estímulos e consequentemente provocam atitudes que modificam o espaço de maneira a garantir acesso a todos; tanto no presente quanto no futuro. Logo, para fazer essa demanda precisa-se de uma alfabetização geográfica. E os desenhos animados são instrumentos capazes de auxiliar nessa construção de visão de mundo e de alfabetização cartográfica se usado de maneira adequada.

Nesse sentido, Callai (2005, p. 237) afirma: “ao ler o espaço, a criança estará lendo a sua própria história, representada concretamente pelo que resulta das forças sociais e, particularmente, pela vivência de seus antepassados e dos grupos com os quais convive atualmente”. Assim, a leitura de espaço não se faz de maneira desassociada. As marcas deixadas pelo homem na natureza fazem parte da nossa história e implicam de uma forma ou de outra em nossa leitura de mundo. Essas marcas também são traços e provas de que nossos atos são permanentes e que devemos ter cautela com eles.

Em vista do que foi apresentado nesse tópico, podemos afirmar que a geografia atrelada aos desenhos animados se constitui em um elemento fundamental para a leitura de mundo e construção de conhecimentos significativos e relevantes para criança. Isso porque a geografia favorece e amplia o olhar da criança sobre o mundo, auxiliando-a a apreender os elementos do espaço e usá-los como fonte para analisar criticamente o espaço em que está inserida; e os desenhos animados são importantes ferramentas que podem permitir o resgate de experiências e vivências do aluno como base para o fazer pedagógico geográfico.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em vista do que foi exposto, podemos afirmar que o uso do desenho animado em sala de aula pode dividir espaço de/com outros instrumentos pedagógicos; desde que sua mediação seja feita de maneira adequada e leve em conta os conhecimentos que se desejar construir, assim como os que a criança possui para, a partir disso, fazer a contextualização e problematização do conteúdo; tendo como base a leitura do mundo que nos cerca e das demais realidades, sob a ótica da ciência que se deseja trabalhar, nesse caso a geografia. Além disso, podemos afirmar que os desenhos podem ajudar a criança a se desenvolver

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socialmente e a construir concepções sobre o mundo em que vive de maneira crítica e reflexiva por meio da relação deles com os conteúdos escolares.

Cabe ao professor levar em consideração que as crianças trazem experiências do mundo no qual estão inseridas e associar ao que a escola busca. Essas experiências podem ser aproveitadas e adaptadas à prática pedagógica, proporcionando a criança o desejo pela busca e aquisição de novos conhecimentos, ou seja, moldar os conhecimentos que a criança possui em outros conhecimentos e aperfeiçoá-los.

A relação sociedade-natureza construída através dos desenhos possibilita uma compreensão e mobilização da criança ou indivíduo em buscar soluções para os problemas com os quais se depara, ou seja, essa construção de conhecimentos mediada pelo pensamento geográfico é a principal responsável por essas inquietações presentes nas crianças. Em um sentido lato, ela amplia o conhecimento da criança e proporciona criticidade e reflexão acerca do mundo que vive e dos demais contextos que possa se deparar.

De forma geral, os desenhos animados são muito importantes para a construção social e cognitiva do indivíduo, já que através deles é possível desenvolver a criatividade e senso crítico. Sendo assim, usá-los em sala de aula é uma maneira de despertar o interesse dos alunos pelos conteúdos escolares e enriquecer as aulas; tornando a relação aluno-professor, e consequentemente sociedade-natureza, mais produtiva e agradável do ponto de vista pedagógico.

Portanto, a geografia é o elo responsável por unir esses elementos na construção de um sujeito social que reage e age aos fenômenos sociais, políticos e culturais. Entendendo assim, sua contribuição na sociedade na qual está inserido e contribuindo para que sua visão e seu conhecimento favoreça o desenvolvimento e a evolução de todos a sua volta, como uma forma de fazer a diferença por si e pelo próximo.

5. REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae, Inquietações e mudanças no ensino de Arte. São Paulo: Cortez, 2002.

BRASIL, Secretaria de Educação. Parâmetros curriculares nacionais: geografia. Brasília: MEC, SEF, 1998.

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BULGRAEN, Vanessa C. O papel do professor e sua mediação nos processos de elaboração do conhecimento. São Paulo: Revista Conteúdo, v.1, n.4; 2010. Disponível em: http://www.conteudo.org.br/index.php/conteudo/article/viewFile/46/39. Acessado em: 16/04/12.

CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Campinas: Cad. Cedes, vol. 25, n. 66, p. 227-247, maio/ago. 2005. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v25n66/a06v2566.pdf. Acesso em: 24/10/2015.

CASTELLAR, Sonia; VILHENA, Jerusa. Ensino de Geografia. São Paulo: Cengage Learning. 2010.

DARSIE, Marta Maria Portin. Avaliação e Aprendizagem. São Paulo: cad. Pesq., nov. 1996.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia - saberes necessários à prática educativa - 43ª Ed. São Paulo: Paz e Terra, 2011.

KROPOTKIN, Piotr. O que a geografia deve ser. Seleção de textos – 13 Teoria e Método. São Paulo: AGB-SP, 1986.

LIMA, Joélica Pereira de, A construção do pensamento geográfico através dos desenhos animados: uma experiência utilizando o Pica-Pau como Recurso Didático. Universidade Estadual da Paraíba, centro de educação, 2011.

SILVA JÚNIOR, Adhemar Gonçalves da, TREVISOL, Maria Teresa Ceron. Os desenhos animados como ferramenta pedagógica para o desenvolvimento da moralidade. IX Congresso Nacional de Educação – EDUCERE; III Encontro Sul

Brasileiro de Psicopedagogia, 2009. Disponível em:

http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2009/anais/pdf/3137_1761.pdf. Acesso em: 11 de dezembro de 2015.

VERSENTINI, José William. Ensaios de geografia crítica: história, epistemologia e

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http://www.geocritica.com.br/Arquivos%20PDF/Ensaios%20de%20Geografia%20Cr%

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ZAMBONI, Sílvio, A pesquisa em Arte: Paralelo entre Arte e Ciência. Campinas: Autores Associados, 1998.

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