Galáxias Ativas e Buracos Negros
Supermassivos
Thaisa Storchi Bergmann
Instituto de Física, UFRGS, Brasil
www.if.ufrgs.br/~thaisa/bn
www.if.ufrgs.br/astronews
Sumário
•
O que são Buracos Negros?
•
Tipos de Buracos Negros
•
Quem tem medo deles? Gamma Ray Bursts
•
BN’s supermassivos
•
A acreção de matéria como fonte de energia
•
Galáxias Ativas
•
Acreção de matéria a BNs supermassivos
•
Conclusões
BURACOS NEGROS (BN): O QUE SÃO
•
Força gravitacional:
•
Velocidade de escape:
•
Raio de Schwarschild:
•
Qualquer objeto que atinge um raio menor do que o raio de
Schwarschild se transforma em um buraco negro, uma vez que
nenhuma força da natureza pode resistir ao seu colapso
gravitacional, pois velocidade de escape = c!
•
Para a Terra: R
Sch=9 mm! Para o Sol: 3 km!
•
Para o BN no centro da Via Láctea: 3x10
6km=4 R
Sol 2R
GMm
F
=
R
GMm
mv
esc=
2
2 2 22
c
R
GM
v
Sch esc=
=
22
c
GM
R
Sch=
Como se formam? Depende do tipo:
1)
Estelares: final da vida de estrelas massivas: explosão
como supernova
Possível influência dos buracos negros na nossa civilização:
Se explosão de hipernova acontecer perto do Sol: raios-gamma
destróem camada de ozônio: hipótese favorecida para explicar a
extinção de 60% da vida na terra há 450 milhões de anos atrás.
Concepção artística: jato de raios – gamma na direção da Terra
Drestruição da
camada de
ozônio
(concepção
artística)
2) Buracos negros de massa intermediária:
associados a aglomerados de estrelas
Maillard (Nov. 2004),
em imagens de ótica
adaptativa com
Telescópio Gemini: BN
de massa 1300 M
Solpróximo ao centro da
Via Láctea
3) Buracos
negros
supermassivos:
No centro das
galáxias, com massas
de milhões a bilhões
de vezes a massa do
Sol.
Exemplo: galáxia
ativa (rádio-galáxia)
Centaurus A:
imagem composta
•
Quasares emitem
3.3x10
46ergs s
-1•
Em 10
8anos: 10
62ergs≡≡≡≡10
11SN’s
(energia nuclear)
•
Precisaríamos a
energia da explosão
de todas as estrelas
de uma galáxia
como supernovas:
isto não se observa!
p
Modelling results
A Energia dos Núcleos Ativos de Galáxias (AGN)
•
A energia dos AGNs vem da
acreção de matéria
ao Buraco Negro
central:
transformação de energia potencial gravitacional em energia
radiativa + cinética dos jatos
•
A acreção se dá através de um
“disco de acreção”,
que se forma
para conservação do momentum angular
•
Energia nuclear
E
N=0.007mc
2=6.3××××10
18ergs para m=1g; numa
estrela, fusão nuclear ocorre com 10% da massa; 10
62ergs= 6.3×××× 10
18ergs/g×××× 0.1 ×××× 2××××10
33g/estrela ×××× 10
11estrelas
•
Energia gravitacional
E
G=GMm/R; para m=1g:
E
G(Sol)=2x10
15ergs; E
G
(Anã branca)=10
17ergs;
Mas para objetos compactos (Estrela de nêutrons ou BN):
E
G(BN)=10
20ergs/g;
p
2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = → 2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = → 2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = →Modelling results
A Energia dos Núcleos Ativos de Galáxias (AGN)
•
Energia nuclear
•
Energia
gravitacional
•
Luminosidade (potência) dos AGNs:
2 2 2
10
5
10
0.1
0.1
G Sch G GGMm
E
R
GM
GMm
R
R
E
c
c
GM
E
mc
ε
=
=
=
→
=
=
→ =
2 20.007
0.007
NE
=
mc
=
ε
mc
→ =
ε
20.1
dE
dm
dm
L
c
dt
dt
dt
p
2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = → 2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = → 2 2 2 10 5 10 0.1 G Sch G G GMm E R GM GMm R R E c c GM E mc = = = → = = →Modelling results
Paradigma atual dos Núcleos Ativos de Galáxias (AGN)
•
Luminosidade dos AGNs:
transformação da taxa de energia potencial
da matéria acretada em potência radiativa e jatos
Galáxias Ativas:
Quasares:
Distantes, têm as mais altas luminosidades, que dominam aluminosidade da galáxia; com os telescópios mais antigos, não se observava a
galáxia, só o núcleo brilhante; hoje sabemos que são núcleos ativos de galáxias com alta taxa de acreção; Telescópio Espacial mostrou a galáxia em torno
Rádio-galáxias:
galáxias ativas muito luminosas em rádio (jatos de partículas relativísticas); são raras, habitam galáxias elípticas (fusão de galáxias); Ex. :Centaurus A (página anterior)
Galáxias Seyfert:
galáxias mais próximas, cujo espectro nuclear é semelhante aos dos Quasares, mas menos luminoso; observa-se a galáxia “hospedeira” com facilidadeObjetos BL Lac:
galáxias ativas (rádio-galáxias na sua maioria) observadas ao longo do jato: efeitos de amplificação relativísticos fazem que o espectro sejadominado pelo espectro do jato.
LINERs:
galáxias com atividade nuclear fraca; quase 50% das galáxias pode ter esta atividade, observação com boa resolução espectral e espacial é necessária para ver emissão “não-térmica” do núcleoModelo
Unificado
para os
AGNs
O toro de poeira:
(concepção artística)
Calculando a Massa dos BN’s supermassivos
•
Se há um BN no centro de uma galáxia, uma massa m (estrelas
ou gás) em equilíbrio virial no seu potencial gravitacional
obedece a relação:
onde M=massa do BN; v=velocidade da massa de prova m;
R=raio de sua órbita.
G
Rv
M
R
GMm
mv
U
T
0
2 22
+
=
=
=
Observações com o Telescópio Espacial Hubble
mostraram que todas galáxias vizinhas que possuem
bojo, possuem BNSM, mesmo sendo não-ativas
Buracos negros no núcleo de todas as galáxias?
Ferrarese and Merrit (2000) e Gebhardt et al. (2000) encontraram que massa do BN é proporcional à massa do bojo sempre que há bojo há BNSM!
Tremaine et al. (2002):
log M =8.13(±0.06)+4.02(±0.32)log 200⋅km⋅s−1M
sol
Fig BN propto massa bojo
Resultado de observações com o Telescópio Espacial Hubble: massa dos
Observação
de órbita
completa de
estrela (S2)
em torno de
Sgr A*: BN
com 2x10
6M
Sol(Genzel et al.
Out. 2002)
BN supermassivo mais próximo: no núcleo da
nossa galáxia, a Via Láctea
Imagem do núcleo da Via Láctea observada com satélite Chandra de raios-X: emissões de energia produzidas por acreção de matéria ao BN supermassivo.
Consequências da presença de um BN no centro de
uma galáxia, uma vez que todas parecem ter um:
Quando uma estrela chegar a uma distância menor do que o raio de maré rT será
destruída, sendo parte da matéria capturada formando um disco ou anel que fica
orbitando o BN até ser engolida por ele (Rees 1988).
• Para a densidade típica de estrelas no centro das galáxias, frequência destes eventos é de 1 a cada 10.000 anos
Instrumentos utilizados para “observar” BNs
•
Numa observação em 1991 da galáxia NGC1097 (ao fundo),
que está a 50 milhões de anos luz de distância detectei “por
acaso” o disco de acreção que pode ter sido formado pelos
restos de uma estrela capturada pelo buraco negro central.
Próximo episódio talvez só daqui a 10 000 anos!
Nas revistas de divulgação científica saiu: cientista captura
“gritos de despedida” de uma estrela sendo engolida por um
buraco negro supermassivo!
Observação:
Não dá para resolver disco de acresção espacialmente, mas no espaço de velocidades: Perfil da linha de emissão Hα do H largo e de duplo pico.
Interpretação:
Disco de gás girando a alta velocidade (~10000 km/s) Fonte se aproxima Observador Fonte se afastaEfeito Doppler:
⇐
⇐
⇐
⇐
•
Storchi-Bergmann et al. 1993, 1995, 1997, 2003; Nemmen et al.
2006: disco tem braços espirais que precessam; brilho dimimuiu
com o tempo; estrutura do disco de acreção: RIAF
Cartoon para a região central de NGC1097:
Trabalho atual
1) Feeding:
mass inflow toward Active Galactic Nuclei (AGN); never observed! • Instrument: GMOS IFU• Collaborators: Barbosa, Riffel, Dors Jr., Winge, Axon, Robinson, Fathi, Ostlin, Marconi
Jon Lomberg: mass inflow along nuclear spiral arms
2) Feedback:
mass outflow in the Narrow-Line Region (NLR); always observed!• Instruments: GMOS & GNIRS IFUs, NIFS
• Collaborators: Barbosa, Riffel, Lopes,
Feeding: Motivation
• AGN paradigm: Nuclear activity phase in galaxy evolution triggered by mass accretion to the nuclear supermassive blackhole (SMBH)
(Ferrarese & Merrit 2000; Tremaine 2002; Marconi & Hunt 2003, Peterson & collabs. 2000-2007)).
• Origin of fuel and nature of triggering mechanism: two of the main unsolved questions in AGN research (Martini 2004)
• Theory: (1) galaxy interactions can send gas inwards to trigger the activity (Hernquist 1989; Barnes & Hernquist 1992); (2) non-axisymmetric galactic pontentials (bars, ovals) can promote gas inflow from galaxy disk towards nuclear region (e.g. Shlosman 1989, 1990, 1993); (3) nuclear gaseous
spirals formed in response to non-axisymmetric pontentials can send gas all the way to the nucleus if a SMBH is present (Englmeier & Shlosman 2000; Maciejewski 2004)
Signatures of feeding: morphology:
Simões Lopes, Storchi-Bergmann, Martini 2007:
Structure maps for 34 early-type galaxies pairs (T<0)
Lopes et al. 2007: Results for 34 early-type pairs:
• Dust structures in inner kpc
much more frequent in active than in non-active galaxies (100% vs 27%): feeding material on its way in?
• Other works: Van Dokkum & Franx 1995, Pogge & Martini, 2002; Martini et al. 2003, Xilouris & Papadakis 2002, Ferrarese et al. 2006, Lauer et al. 2005
• Inner kpc morphology support nuclear spirals (~100 pc scales) as means to feed the AGN. But: kinematic signatures still missing!
• Storchi-Bergmann, Fathi, Axon, Robinson, Marconi, 2006-2007: proposed GMOS IFU observations to look for streaming motions along nuclear spirals in AGN hosts. Sample extracted from Simões Lopes et al. 2007 (structure maps).
• Observational (tricky) constraints: intermediate inclination to allow measurement of kinematics, presence of emitting gas, low-activity to avoid too much outflow.
NEW: Already found two cases: NGC1097 and NGC6951
• Luminous (MB=-21.2) SBb galaxy at 17 Mpc with nuclear ring (700 pc); LLAGN with
double-peaked Balmer lines (Storchi-Bergmann et al. 1993-2003)
• HST ACS FR656N images of inner 500 pc: gas/dust filaments (Prieto et al. 2005; Fathi et al. 2006)
NGC 1097
Results:
(1) Distorted rotation:
residuals relative to circular rotation of ~50 km/s
delineate spiral arms (dots); (2) redshifts in the near side, blueshifts in the far side
streaming motions along spiral arms towards the
nucleus Fathi et al. 2006: Gemini IFU GMOS spectra of
H region covering 7″×15″(3 fields; 3000 spectra)
N ea r sid e Fa r sid e
NGC6951
• Galaxy
• SABbc galaxy at 24 Mpc with LLAGN (LINER/Sy 2) , with star-forming ring at ~ 500 pc from nucleus • Has radio, CO and HCN emission
IF
U
fie
ld
s
Str
uc
tu
re
m
ap
s
ho
w
s
nu
cle
ar
sp
ira
ls
Storchi-Bergmann et al. 2007
:
NGC6951 kinematics
• Streaming motions along nuclear spirals • Plus: outflow produced by radio jet
(Saikia et al. 2002) Nea r sid e Far s ide
Observações recentes com o Gemini: sugerem que disco de acreção
está também sendo alimentado por braços espirais nucleares:
Conclusões
• Quasares, rádio-galáxias, galáxias ativas em geral: fase na vida de
uma galáxia, em que um BN central está “engolindo” matéria;
•
Atividade mais intensa maior taxa de acreção de matéria• BNs supermassivos presentes em toda as galáxias, crescedo junto com elas; na maior parte do tempo estão quietos, pois estão sem “combustível”;
• Combustível: matéra que flui para dentro de alguma forma: (a) Acreção episódica, resultando em baixa atividade: por exemplo,
captura de uma estrela que passa perto do BN;
(b) Observações recentes e inéditas com IFU: gás “escorre” para o centro ao longo de braços espirais; “inflow” nunca antes observado, somente “outflow”! Mais observações necessárias para estabelecer “universalidade” do mecanismo.
•
Implicações para o Universo:
No futuro as estrelas vão evoluir e esgotar sua fonte de energia, o Universo vai se tornar um lugar frio e escuro, onde as últimas estruturas que vão sobreviver serão os BNs supermassivos....
Equipe: Rodrigo Nemmen, Carlos Brandt, Patricia Spinelli, Rogemar Riffel, Fausto K. B. Barbosa, Ramiro D. S. Lopes, H. Fraquelli, D. Raimann
Para saber mais:
www.if.ufrgs.br/astronews
www.if.ufrgs.br/~thaisa/bn
!
March, 1-5, 2004, Hotel Serrano, Gramado, Brasil
International Conference: www.if.ufrgs.br/bhsign/
Figure Credits: Weiss (CXC), Figer, O´Dell & Wong (HST)