Plano linguístico do tipo descritivo
A narração consiste em arranjar uma sequência de fatos na qual os personagens se movimentam em determinado(s) espaço(s) à medida que o tempo (cronológico ou psicológico) passa. A descrição, por sua vez, ocorre em um recorte de tempo e espaço, não há, portanto, variação quanto a esses aspectos.
O texto descritivo decorre uma percepção sensorial, já que o autor traduz para seu interlocutor o que apreende por meio de um ou mais dos cinco sentidos (visão, tato, paladar, olfato e audição) com o objetivo de propiciar-lhe a reconstrução mental do elemento descrito. Quanto maiores os detalhes, maior será a proximidade da imagem construída pelo alocutário em relação ao que se descreve. Descrever significa, então, representar por meio de palavras algo perceptível a alguém, por meio da indicação dos seus aspectos mais característicos, dos pormenores que o individualizam, que o distinguem.
Uma boa descrição não é aquela em que se apresenta o maior número de detalhes, mas a que se estrutura a partir dos traços mais singulares, que permitam ao alocutário distinguir o elemento descrito de outros da mesma natureza.
A descrição, embora possa se apresentar em seu estado puro, como em alguns textos propagandísticos, muitas vezes é acionada a serviço da narração: faz-se uma interrupção na sequência de ações seja para detalhar um personagem, o lugar ou qualquer outro elemento que o autor queira realçar.
Em seu plano linguístico, uma sequência descritiva apresenta:
substantivos, por meio do qual se insere o elemento descrito;
adjetivos elocuções adjetivas, com que se atribui características ao objeto da descrição;
verbos de ligação, que ligam o sujeito descrito às suas características que estejam no predicado;
coordenação de ideias, que, neste tipo textual, é mais recorrente que a subordinação;
verbos, predominantemente, no pretérito imperfeito e no presente do indicativo, uma vez que se busca fazer com que aquilo que se descreve apareça como um quadro vivo à nossa frente. O pretérito permite tornar “presente” o que já passou;
metáforas e comparações, que, apesar da subjetividade que lhes é própria, fornecem ao alocutário mais elementos para montar a imagem descrita.
Poucos autores, entretanto, evidenciam que os artigos e os pronomes possessivos também
podem ser tomados como elementos descritivos, como se observa a seguir: I- Comprei um sapato.
II- Comprei o sapato.
Note que, do período I, não se infere o propósito de descrever, de caracterizar o objeto sobre o qual se fala, “sapato”. A presença do artigo indefinido, “um”, faz com que o “sapato” não seja especificado.
Em II, por sua vez, o artigo definido, “o”, implicita um traço descritivo, pois não se trata de um sapato qualquer, mas daquele sobre o qual os interlocutores possivelmente tenham trocado impressões, visto que esse tipo de artigo aponta para algo que seja de conhecimento do ouvinte e do falante.
Finalmente, III apresenta o artigo definido “o” com valor adjetivo: não se trata de um sapato qualquer, mas de um mais bonito que os outros, pelo menos na percepção do locutor. Percebe-se esse efeito de sentido a partir das aspas que ladeiam a referida palavra, como também pelo ponto de exclamação que dá, ao artigo “o”, nesse contexto, um traço superlativo: um sapato muuuuuito legal (ou caro; ou sofisticado, ou...)
Se essa frase fosse utilizada na linguagem oral, possivelmente, esses efeitos decorreriam da entonação.
No caso dos pronomes possessivos, teríamos: IV- Bati meu carro...
V- Bati seu carro...
Imagine que essas frases tenham sido ditas por uma esposa ao marido que é alucinado por automóveis, de modo especial pelo dele. A natureza descritiva de que se reveste o pronome possessivo, possivelmente, faria com que ele reagisse com certa preocupação ao ouvir a frase I, mas, talvez, tivesse um ataque de fúria ao ouvir II.
O ponto de vista
A descrição pode não se limitar ao detalhamento dos aspectos físicos do elemento descrito – descrição objetiva, uma vez que ela pode ser perpassada pela atitude psicológica do autor da descrição em relação ao que se detalha –descrição subjetiva.
Sistematização
Atividade 1 TEXTO I
Retrato
Cecília Meireles
Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face?
http://pensador.uol.com.br/textos_descritivos_de_cecilia_meireles/ - Acesso em 20 jan. 2015.
1ª questão
EXPLIQUE por que se pode considerar o poema “Retratos” de tipologia híbrida: narrativo e descritivo.
2ª questão
JUSTIFIQUE a recorrência do verbo “ter” no pretérito imperfeito do indicativo e EXPLIQUE o efeito que esse procedimento linguístico imprime ao texto em estudo.
3ª questão
JUSTIFIQUE a transição da predominância do pretérito imperfeito – 1ª e 2ª estrofes – para o pretérito perfeito – 3ª estrofe –, tendo em vista o sentimento do eu-lírico.
4ª questão
Descreva o plano linguístico a partir do qual é estruturada a parte descritiva do poema em estudo. 5ª questão
Retextualize as duas primeiras estrofes, de modo que se apresentem como uma descrição objetiva em prosa.
TEXTO II
Lua Adversa Cecília Meireles
Tenho fases, como a lua. Fases de andar escondida, fases de vir para a rua... Perdição da minha vida! Perdição da vida minha! Tenho fases de ser tua, tenho outras de ser sozinha. Fases que vão e vêm, no secreto calendário que um astrólogo arbitrário inventou para meu uso. E roda a melancolia seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém (tenho fases como a lua...) No dia de alguém ser meu não é dia de eu ser sua... E, quando chega esse dia, o outro desapareceu...
http://pensador.uol.com.br/textos_descritivos_de_cecilia_meireles/ - Acesso em 20 jan. 2015
6ª questão
EXPLIQUE se há no poema “Lua Adversa” a predominância da descrição objetiva ou subjetiva. 7ª questão
ANALISE se a autora se utiliza da metáfora em seu poema. 8ª questão
PESQUISE o verbete “adverso” e JUSTIFIQUE o título do poema. 9ª questão
RETEXTUALIZE o poema para uma página de diário, utilizando-se prioritariamente da descrição objetiva.
10ª questão
COMPARE o plano linguístico a partir do qual se estrutura o poema “Retratos” ao do poema “Fases da lua”.
Atividade 2 TEXTO I
http://belohorizonte.olx.com.br - Acesso em 23 jan. 2015.
1ª questão
INDIQUE, dentre os elementos que compõem o plano descritivo de sequências descritivas, os que se percebem no TEXTO I.
2ª questão
TRANSCREVA 2 substantivos presentes no anúncio, que tenham sido utilizados com o propósito de caracterizar o imóvel à venda.
3ª questão
EXPLIQUE se os numerais adquirem, no texto em estudo, valor descritivo. 4ª questão
Considere o advérbio “semi”, presente na chamada, para ANALISAR a relevância dos advérbios em algumas descrições. Fundamente sua análise com exemplos.
5ª questão
AVALIE se a presença limitada de adjetivos compromete o cumprimento do objetivo comunicativo do anúncio, que é, essencialmente, descritivo.
6ª questão
Levante uma HIPÓTESE que JUSTIFIQUE a presença do valor do imóvel na chamada do anúncio.
7ª questão
Levante uma HIPÓTESE que JUSTIFIQUE a ausência de foto do imóvel no anúncio. 8ª questão
Imagine como seria o “barracão” anunciado, busque uma imagem que o representaria e REESCREVA o anúncio utilizando-se de adjetivos e locuções adjetivas que valorizem o produto. Você pode, ainda, fazer a planta baixa do imóvel.
Atenção!
1- Mantenha as características anunciadas;
TEXTO II
http://belohorizonte.olx.com.br - Acesso em 23 jan. 2015.
1ª questão
INDIQUE, dentre os elementos que compõem o plano linguístico de sequências descritivas, os que se percebem no TEXTO II desta atividade.
2ª questão
TRANSCREVA os adjetivos de que se vale o autor para descrever o produto à venda.
Releia a seguinte informação, com base na qual responderá à 3ª, 4ª e 5ª questões.
3ª questão
ANALISE se é possível identificar a que avenida o autor refere-se. 4ª questão
AVALIE se a inserção dessa informação favorece ou dificulta o cumprimento do propósito comunicativo do texto em análise.
5ª questão
Levante uma HIPÓTESE que JUSTIFIQUE a inserção dessa informação no anúncio. 6ª questão
AVALIE a pertinência de um mapa como elemento descritivo no gênero em estudo. 7ª questão
1ª questão
Considere os textos I, II e III desta atividade para avaliar se há uma estrutura padrão para a parte descritiva dos anúncios de imóveis.
2ª questão
ANALISE se, apesar de estruturado, sobretudo, a partir de elementos de sequências descritivas, o gênero anúncio de imóveis tem como principal objetivo propiciar a “visualização mental” do produto anunciado.
3ª questão
AVALIE se a descrição verbal é necessária aos anúncios que são veiculados pela internet, tendo em vista as múltiplas “ferramentas” que esse suporte oferece.
Fragmento para resolução da 4ª e 5ª questões.
“Esta magnífica residência de 5 suítes, possui tudo que poderia se esperar de um imóvel de luxo: uma vista espetacular, sofisticação, conforto, segurança e privacidade. O fabuloso living tem vistas deslumbrantes para o mar e jardim vertical de incomparável beleza.”
4ª questão
PREENCHA a tabela a seguir com o que se indica.
CATEGORIAS GRAMATICAIS UTILIZADAS COM O PROPÓSITO DESCRITIVO
substantivo adjetivo / loc. adjetiva numeral pronome
5ª questão
Considere as seguintes características do imóvel – sofisticação, conforto, segurança e privacidade – para descrever o perfil do público alvo do anúncio em estudo.
6ª questão
TRASCREVA, do TEXTO III, palavras e expressões que indiquem a ideia de adição e EXPLICITE o efeito que decorre da recorrência desses elementos no texto em análise.
7ª questão
PREENCHA a tabela a seguir com fragmentos do TEXTO III. DESCRIÇÃO
objetiva subjetiva
8ª questão
PRODUZA um pequeno texto explicando o papel descritivo dos numerais. Atenção: não se limite a abordar o gênero propagandístico.