Paulo
Sedas,
Comandante
dos
Bombeiros
Voluntários
"É
ofensivo
e
um
atentado
à
Paulo
Sedas
Comandante
J.
A
-A
população deAzeitão ficapior servida com os Bombeiros voluntários do que com os
Bom-beiros Municipais?
P.S
-A
população deAzeitão fica igualmente bem servida com os Voluntários, corpo de bombeiros que detém todas as condições humanas emateriais para prestaro socorro.
J.A
- Como julgamos que saberá,os Bombeiros Municipais
distri-buíram um folheto à população
de Azeitão, avisando dos graves
perigos que os cidadãos correm devido aesta troca dos Bombei-ros Municipais pelos Bombeiros Voluntários. Que comentários tem a fazeracerca dessa ação informa-tiva dos Bombeiros Municipais?
RS
-A ANBP
não mede o que afirma e não tem hesitado, nesteprocesso, em caluniar edifamar os
bombeiros voluntários
portugue-sese, em particular, osBombeiros Voluntários de Setúbal, instituição centenária que deveria merecer um pouco mais de respeito. O
jor-nal que distribuíram emAzeitão é o melhor exemplo dessa postura de falta de respeito, que, neste caso se traduz num conjunto de falsidades que nunca imaginámos que alguém pudesse utilizar.A
propósito da questão daforma-ção dos voluntários, por exemplo, fomos alvo de um ataque sem precedentes por parte desta
asso-ciação, que insiste emomitir que temos a formação necessária, a
mesma, aliás, que têm mais de
91 por cento dos corpos de
bom-beiros que servem, em exclusivi-dade, 85 por cento da população portuguesa, uma vez que apenas
existem bombeiros sapadores em cinco concelhos do país.
Acusar-nos de não termos
for-mação equivale a lançar a ideia absurda de que na esmagadora
maioria do território nacional, onde osvoluntários têm o exclu-sivo do socorro, não há segurança
e aspopulações estão em risco. É
falso. Repito, éfalso e acrescento: éofensivo eum atentado à nossa dignidade e honra que irá ser
julgada pelos tribunais, uma vez que, por causa de declarações dos responsáveis da
ANBP
com o mesmocariz,
pusemos os dirigentes desta associação em tribunal.J.A - A
Serra da Arrábida éumpatrimónio natural damaior
im-oortância. OsBombeirosVolun-Repito,
é
falso
e
acrescento:
é
ofen-sivo e
um atentado
à
nossa
dignidade
e
honra
que
irá
ser
jul-gada pelos
tribunais,
uma vezque
f
por
causa de declarações
dos
responsáveis
da
ÁNSPcam
o mesmo
cariz, pusemos
os
dirigentes
desta
AC/PL
tários estão preparados para atuar em cenários de fogo florestal?
RS
-A
Serra da Arrábida é um património inestimável dossetu-balenses edos azeitonenses, bem como de Portugal e do Mundo.
Portanto, éuma prioridade para os
Bombeiros Voluntários deSetúbal
e cabe-nos atuar em qualquer
incêndio que nela ocorra. Neste contexto, pode-se afirmar que os bombeiros portugueses são
consensualmente reconhecidos como grandes combatentes do fogo nafloresta. Aspessoas sabem disso ereconhecem-no. Os bom-beiros voluntários, em Setúbal, não sãoexceção. Integramos, anu-almente oDispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais emtrês níveis: municipal, distrital
e nacional e,para o desempenho
desta missão, os nossos elementos têm formação adequada em, por
exemplo, técnicas de combate,
segurança na frente de fogo,
topografia,
comunicações ou condução todo-o-terreno, alémda formação especializada das
chefias e comando.
J.A
-Não lhe parece que oma-ciço da Serra deveria ter aceiros para cortar aprogressão de fogos
epara uma rápida intervenção?
RS
-A
maior parte do Parque Natural daArrábida éproprieda-de privada, estando asua gestão
sob aresponsabilidade do
ICNB.
Porém, posso adiantar que a Ser-ra daArrábida, em certos locais, dispõe de aceiros que podem serutlizados como caminhos pene-trantes durante as operações de combate. Por outro lado, existem locais de reserva integral como
a
Mata
do Solitário onde, porrazões evidentes, não épossível
abrir aceiros. No entanto, este
tipo de povoamentos apresenta
maior resiliência, considerando
a ambiência
dendrocaustológi-ca que os enquadra; isto é, são
ecossistemas constituídos por uma flora muito mais resistente ao fogo ecom maiores
potencia-lidades de regeneração.
J.A
-Em termos de emergênciamédica, os bombeiros
voluntá-rios que formação têm?
RS
-A
emergênciapré-hospita-laré amais frequente missão dos
bombeiros. Representa mais de 75 por cento do total de ocorrên-cias de proteção e socorro. Isto
significa que os bombeiros têm de estar devidamente preparados
para tal. Todos os bombeiros têm de receber formação em socorrismo, designadamente,
trauma, hemorragias, fracturas,
choque e suporte básico de
vida, entre outras.
Ao
longo da carreira necessitam de atualizar esses conhecimentos através deformação contínua e de recer-tificações. Alguns bombeiros
são especialistas em suporte
avançado de vida.
J.A- Como encontraram as instala-ções deAzeitão queagora ocupam?
RS
- As instalações encontram-se em estado razoável, ainda que necessitem de algumas limpezas motivadas por uma longa e des-preocupada utilização.As instalações do
Choilo
têm todas as condições para setrans-formarem num excelente quartel de bombeiros, tarefa em que
es-tamos atrabalhar ativamente com
oapoio dasjuntas de freguesia de São Lourenço e São Simão, lim-pando, arranjando e remodelando alguns espaços. Queremos criar
um quartel em que, a partir de agora, aspopulações deAzeitão se
revejam eque seja capaz de atrair para a
AHBVS
novos associados enovos bombeiros. Aproveito, aliás,
para deixar aqui um apelo atodos
aqueles que sempre desejaram ser
bombeiros para que nos contactem. Ser bombeiro voluntário é uma missão nobre e estou convencido de que em Azeitão haverá muitos jovens, muitos homens emulheres que se querem juntar a nós nesta
nobre missão.
J.A
- Como se faz asustentabi-lidade financeira do Corpo de Bombeiro Voluntários?
RS
- Com muita imaginação epersistência. As nossas receitas têm origem em verbas transfe-ridas pela Autoridade Nacional
de Proteção
Civil,
que não são atualizadas há mais de quatro anos, no transporte de doentesfeito, maioritariamente, para o
Ministério da Saúde, entidade que
seatrasa sistematicamente nos
pa-gamentos, enoutros serviços que prestamos, em especial aos
esta-leiros navais daLisnave. No nosso caso há ainda que acrescentar as
verbas de um protocolo que temos com aCâmara Municipal para a
prestação de vários serviços, que
nos garante uma verba de 60 mil
euros anuais, e, agora, este novo
protocolo para a prestação de serviços de socorro em Azeitão
no valor de 150mil euros anuais,
verba que será reduzida logo que haja a instalação de um posto do
INEM
nos Bombeiros Voluntá-rios de Setúbal. Tudo isto numacasa que tem um orçamento anual que ronda um milhão deeuros. Muitas vezes confunde-se o facto de sermos um corpo de
bombei-ros voluntários, onde as pessoas
prestam serviços de forma de-sinteressada, ainda que, hoje, tenhamos ao nosso serviço cerca de quarenta bombeiros profissio-nais, com a obrigatoriedade de tudo funcionar sem custos, oque
éum absurdo. Os únicos que aqui
são voluntários são aspessoas que
se fazem bombeiros. Permita-me uma pequena piada: oscarros não
são voluntários, custam dinheiro;
o gasóleo para que eles se mo-vimentem não é voluntário; os
fardamentos e equipamentos de proteção individual dos bombei-ros não são voluntários, custam dinheiro, muito dinheiro. Por isso
tão estranho éouvir que oscorpos
de bombeiros voluntários têm de funcionar sem dinheiro.
J.A
-Como seatrai osjovens para voluntariado nos bombeiros?RS
- Mostrando-lhes como é no-breesta nossa missão ecomo a de-sempenhamos com total sentido de responsabilidade. Contamos fazer emAzeitão várias ações desensibilização, em particular nas
escolas, para as quais contamos com oapoio dasjuntas de fregue-sia. Estou certo de que, a breve prazo, teremos muitos bombeiros
azeitonenses.
JA
-Ao longo dasua carreira como Bombeiro Voluntário, qual foi a si-tuação mais horrível queenfrentou? P.S-Entre assituações mais signi-ficativas que vivi como bombeiro, em Setúbal, contam-se o incêndio florestal na Arrábida em 2004, a ex-plosão do edifício na Praceta Afon-soPaiva em2007,um incêndio em armazéns com matérias perigosas naMitrena,
além de inúmerasocorrências de dimensão nacional com que tenho lidado enquanto comandante de permanência às
operações no Comando Nacional de Operações de Socorro (Cama-xide
-
Oeiras -Lisboa).J.A
- E qual foi a situação maissaborosa?
RS
- Foram, pelo menos, quatro,as situações mais gratificantes da minha vida de bombeiro: atomada deposse como comandante, oDia
Nacional do Bombeiro em Setúbal
(2007), o 125.° Aniversário e, por
fim, a nossa vinda para Azeitão, que considero especial pela di-mensão do desafio que envolve.
J.A
-Quer deixar alguma mensa-gem final aos azeitonenses? P.S-
Começo por agradecer aosazeitonenses o carinho e a hospi-talidade com que nos acolheram e
quero partilhar que nos sentimos muito honrados por podermos estar ao seu serviço!
Pessoalmente, desde a juventude que tenho sido acarinhado por Azei-tão, terra berço da mãe do meu avô bombeiro, e pelas suas gentes, no seio das quais tenho bons amigos. Colectivamente, sentimo-nos muito motivados para desempenhar, da
melhor forma, a nossa tarefa ao serviço da população das freguesias
deS.Lourenço edeS.Simão.
Para esse efeito dispomos demeios humanos e materiais adequados parao desempenho danossa missão.
Contamos com os azeitonenses como companheiros desta caminha-da que começou há perto de trinta
diasequeremos corresponder com o nosso trabalho eempenho abem da