Doenças infecciosas dos felinos
FeLV
Patologia Clínica das Doenças Infeciosas I Docente: Miguel Fevereiro
2011/2012
Elaborado por:
Egídia Guerreiro 24827
Eurico Correia 25189
Leonardo Leiras 24640
Marta Cabral 24836
Paulo Bróis 22226
Tiago Carvalho 24839
Doenças infecciosas dos felinos
FeLV
História
Taxonomia
História…
•
Descrito pela primeira vez por W. Jarrett, 1964
•
Viriões a saírem por “budding” de linfoblastos de gatos
com linfomas.
•
Inoculando o vírus em gatos saudáveis, estes
desenvolveram lesões semelhantes.
FeLV
Taxonomia
Família: Retroviridae
Subfamília:
Orthoretrovirinae
6 géneros:
Alpharetrovirus Betaretrovirus Deltaretrovirus Tipo D Lentivirus
Gammaretrovirus:
FeLV e FeSV
Vírus da leucemia e sarcoma murínica
Doenças infecciosas dos felinos
FeLV
Etiologia
Estrutura viral
Genoma viral
Replicação viral
Características dos retrovírus
•
Vírus esféricos e envelopados;
•
Cápsula icosaédrica ;
•
Genoma: molécula simples de RNA de
sentido positivo;
•
Possuem transcriptase reversa;
•
Elevada taxa de mutação
(os erros são relativamente frequentes durante o processo de retrotranscrição);• Capacidade de induzir neoplasia;
Estrutura Viral
• Envelope viral
– GP 70 (Ag)
– P15e (imunossupressão celular)
• Cápside
– P27 (diagnóstico)• Núcleo
– ssRNA + (2 cópias) – Transcriptase reversa – Integrase – ProteaseEstrutura Genómica
– Gag (antigénio grupo-específico) codifica proteínas
estruturais
– pro codifica a enzima protease
– pol (polimerase) codifica as enzimas Transcriptase
reversa e integrase
– Env (envelope) codifica glicoproteínas-transmembrana,
(TM) e de superfície, (SU) do envelope.
Ciclo dos retrovírus
1º fase Transmissão 2 ª Adsorção
3ª Penetração - fusão do envelope 4º Transcrição reversa integração do genoma transcrição
tradução
5ª montagem do virião
Retrovírus fsRNA+, RT
Nos retrovírus ocorre retrotranscrição a partir do RNA
O RNA viral serve de molde para a enzima RT sintetizar o DNA
Esse DNA é posteriormente integrado no genoma dos hospedeiro como provírus, onde será transcrito , dando origem a mRNAs e novos RNAs virais processo mediado por uma RNA polimerase DNA-dependente celular.
Persistência viral
Quando o DNA viral é integrado no genoma dos
hospedeiro, denomina-se provírus
Persistência viral
genes provirais podem permanecer no genoma felino
de forma silenciosa, sem se expressarem e sem serem
Doenças infecciosas dos felinos
FeLV
Etiologia
Origem….
FeLV exógena
FeLV endógena
⇔
Subtipos
?
Retrovírus exógenos x endógenos
retrovírus exógenos
FeLV,
FIV
os retrovírus endógenos
enFeLV,
RD-114 e Mac-1
os endógenos são regulados por genes celulares sendo em geral silenciososEtiologia dos diferentes subgrupos
• Existem 4 subgrupos: A,B, C e T
– Todos têm como base o Subgrupo-A.
– Alterações genéticas no gene env do subgrupo-A,
reflectem-se em diferenças nas glicoproteínas do
envelope (gp70) e, consequentemente, na afinidade
para as células hospedeira
FeLV – A
FeLV -A é a forma transmissível de FeLV , encontra-
se em todos os gatos infectados
Menos patogénico dos subgrupos!!
Associado a
imunodeficiência crónica
Nota:
Apenas o FeLV-A é contagioso de gato para gato. Os
outros subgrupos só podem ser gerados num gato
infectado com FeLV-A (mutações e recombinações
genómicas)
FeLV – B
FeLV-B surge de uma recombinação com gene env
do FeLV-A com enFeLV
Efeito sinérgico na oncogenicidade tem maior
FeLV - C
FeLV-C deriva de mutações na região de ligação ao
rceptor do gene env do FeLV -A
Responsável por anemia não-regenerativa severa
O + patogénico de todos
FeLV - T
– Tropismo e citotoxicidade especial para linfócitos T
– Causa imunossupressão severa
Mecanismo de oncogénese
• Vírus oncogénico não transdutor.
• Pode causar neoplasia por promoção da expressão de c-onc.
• Inserção junto de um c-onc.
FeSV- Feline Sarcoma Virus
Oncovírus transdutor
Recombinação do
genoma do FeLV com
oncogene celular;
Genoma viral adquire
oncogene celular mas
perde genes essenciais;
Incapaz de se multiplicar sem FeLV;
FeSV- Feline Sarcoma Virus
• Mais comum em gatos jovens ou persistentemente infectados;
• Fibrossarcomas:
– multicêntricos em gatos jovens
– Unitários em gatos velhos
• Raramente melanomas na pele e olho
• Podem regredir em animais com
↑
título de Ac’s para FeSV e
FOCMA
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FeLV
Epidemiologia
– Vírus com distribuição mundial;
– Em zonas com elevada densidade populacional;
• Grupos de Risco
• Gatos em contacto com outros infectados ou com estados de
infecção desconhecidos;
• Gatos vadios;
• Crias nascidas de mães infectadas;
• Maioritariamente machos;
• Diminuição da prevalência (testagem sistemática de animais, vacinação);
Epidemiologia
30% dos expostos, apresentam virémia
persistente
80% morre de doença não neoplásica
20% morre por neoplasia, principalmente linfossarcoma
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FeLV
Transmissão
Patogénese
Estágios
Virémias
Ubiquitário
O vírus é bastante instável no ambiente persistente aprox. 20min em
ambiente seco…
•
A prevalência da infecção depende da idade, do estado de saúde,
ambiente e estilo de vida
Vírus espécie – específico
Não há evidências de que infecte cães ou humanos
Transmissão
O vírus é excretado pelas secreções corporais:
▪
Transmissão vertical
Ingestão de leite/colostro e via transplacentáriaTransmissão horizontal Grooming, morder, bebedouros e wc partilhados,
transfusões sanguíneas… Urina fezes Sangue colostroPrincipal via de
transmissão
Saliva
Lágrimas Secreções nasais persistentemente infectados!!Patogénese
– estágios de infecção por FeLV
Infecção por
via oronasal Replicação nos tec. Linfóide local Virémia Primária ( Transitória)
Virémia Secundária ( Persistente) Envolvimento extensivo da medula óssea, estômago, faringe, esófago, gl. Salivares, bexiga e tracto respiratório Após replicação vírus eliminado infecção latente Infecção progressiva Infecção local Virémia persistente 4º 5º 6º 1º-3º
Replicação nos tec. Linfáticos
sistémicos, medula
óssea e outros
Resultado da infecção
Eliminação viral – 20-30% são assintomáticos Título de anticorpos neutralizantes elevado Infecção latente – (30%) por tempo indefinido Vírus permanece comoprovírus nos tecidos, s/replicação
Sem virémia! - Não pode ser detectado pelos testes convencionais
Virémia transitória
Após a exposição ocorre virémia primária,
podendo ser uma infecção abortiva ou progressiva
Infecção activa (virémia persistente) – 30-40% Portador/transmissor Desenvolvem doença clínica Infecção local/sequestrada (pouco frequente 5-10%): Tecido linfóide do aparelho digestivo, mamário…
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FeLV
Sinais clínicos e sintomas
Infecções secundárias Morte ?
Formas neoplásicas e não
neoplásicas
Sinais Clínicos-
infecção persistente
1. Fase aguda da infecção
-Febre, mal estar e linfadenopatia (subclínico);
2. Portadores assintomáticos
Os sinais clínicos variam de acordo com as diferentes formas de doença, estando relacionados com a natureza, a extensão e localização das lesões
3. Doença clínica crónica
Doenças não neoplásicas (imunossupressão/anemia)
Doenças neoplásicas (linfomas/ leucemias)
Sinais clínicos e formas de doença
Formas neoplásicas:
▪ Linfossarcomas – aproximadamente 20% dos gatos persistentemente infectados desenvolvem uma das quatro formas de linfossarcomas:
Forma alimentar
anorexia, vómito, diarreia e massa abdominal envolvendo o intestino delgado, o ceco e o cólon linfonodos mesentéricos Forma multicêntrica linfoadenopatia generalizada, linfossarcoma renal, esplenomegália e hepatomegália
Forma leucémica linfóide
anemia severa, palidez das mucosas, linfoadenopatia, esplenomegália e hepatomegália; são evidentes vários graus de hipertermia, anorexia e debilidade.
Forma timíca
disfagia, dispneia e cianose associada aos casos mais severos; o fluido pleural pode conter células neoplásicas.
•Leucemia mieloproliferativa – lesão primária na medula óssea com envolvimento secundário do fígado, baço e linfonodos.
Formas
neoplásicas:
Sinais clínicos e formas de doença
São reconhecidas 4 formas:
1. Eritromielose – as células alvo são os eritrócitos.
2. Leucemia granulocítica – são atingidas as células mielóides granulocíticas, sobretudo os neutrófilos.
3. Eritroleucemia – são afectados os precursores mielóides granulocíticos e eritróides, tornando-se neoplásicos.
4. Mielofibrose – há proliferação dos fibroblastos e encerramento do osso.
Sinais clínicos e formas de doença
Formas não neoplásicas:
• Imunossupressão – aumenta a susceptibilidade aos agentes bacterianos, fúngicos, protozoários e virais devido à citotoxicidade dos antigénios, por diminuição das células linfóides, deste modo podem ser desencadeadas várias infecções secundárias com por exemplo:
• Gengivas pálidas;
• Abcessos persistentes e recorrentes; • Doenças respiratórias crónicas;
• Peritonites infecciosas; • Infecções urinárias
• Anemia – transformação das células hematopoiéticas pode produzir eritroblastose, eritroblastopénia ou pancitopénia.
Sinais clínicos e formas de doença
• Afecções reprodutivas
- A infecção por FeLV pode resultar em morte fetal (endometrite e placentite), aborto e infertilidade.
- Os fetos que sobrevivem até ao fim da gestação tornam-se persistentemente infectados, sendo crias fracas e doentes.
• Glomerulonefrite - pode estar presente em gatos com infecção persistente, resultando da deposição de complexos Ac-Ag no rim. Esta patologia é causa fatal nesta infecção.
Doenças infecciosas dos felinos
FeLV
Diagnóstico
Prevenção, tratamento e controlo
Prognóstico
Resposta imunitária
• Dirigida principalmente à gp70.
• Importância dos FOCMA (feline oncovirus cell membrane antigen) na imunidade celular.
Diagnóstico
- ELISA;
- Imunofluorescência indirecta (IFA); - Isolamento de vírus;
- PCR- (RT);
- Exame de medula óssea; - Titulação de Ac FeLV.
ELISA
- Utiliza-se soro, plasma ou sangue total (lágrimas e saliva são pouco
fiáveis);
- Detecta a p27 da nucleocápside viral;
• Podem passar a negativos, se a infecção for combatida antes do vírus atingir a medula óssea
•Todos os positivos devem ser testados ao fim de 3-4 meses ou resultado ser confirmado através de IFA
IFA
- Detecta o antigénio p27 no citoplasma das células sanguíneas infectados
(leucócitos e plaquetas)
- Utiliza-se esfregaços de sangue total
•Indicam que a medula óssea está infectada com o vírus, gato persistentemente infectado
•Um animal positivo ao ELISA e negativo ao IFA ou passa a positivo no IFA dentro de semanas ou passa para um estado negativo no ELISA.
Infecção Persistente
Virémia persistente
Porquê um teste para Ag e não Ac?
– Imunossupressão
– Disponibilidade do ag p27
– Vacinas
Ter em atenção: animais que tenham tido contacto
com o vírus anteriormente, por exemplo, infecção
abortiva, o animal vai apresentar titulação de Ac
elevada, mas já não apresentará virémia.
Diagnóstico diferencial
– FIV
– Doenças neoplásicas
– PIF
Tratamento
Não existe cura, mas terapia de controlo consoante o estado clínico do animal;
Terapia Imunomodeladora para restaurar a função imunitária;
Terapia Anti-viral para inibir directamente a infecção e a replicação viral;
Terapia de Suporte
Antibióticos: para controlo de infecções secundárias; Transfusões sanguíneas: tratamento de anemias;
Quimioterapia e Radioterapia: tratamento das neoplasias;
Corticoesteróides tópicos: tratamento de uveítes anteriores (< inflamação, sem comprometer o sistema imunitário);
Prevenção e Controlo
Estabelecer um bom programa de despiste;
• Vacinação;
• Higiene e desinfecção regulares de locais infectados;
• Controlo da população de gatos vadios;
• Castração de gatos machos impedindo lutas;
• Nos hospitais com animais infectados, devem ser tomados cuidados
adicionais de modo a evitar transmissão por fómites, comedouros,
bebedouros....
Gatos Felv positivos
Mantidos em casa
Evitar contágio para outros e proteger os próprios de
Vacinação
• Deve ser feita em gatos com acesso ao exterior ou que coabitam com
animais FeLV positivos;
• Importante testar os animais antes da vacinação;
• Não deve ser feita em animais já infectados (não traz qualquer
benefício);
• Associado à vacinação, existe o risco de desenvolvimento de
fibrossarcoma na zona de administração;
• Vacinas comummente utilizadas conferem protecção contra virémia
persistente e doença associada a esta;
Vacinação
Tipo de vacinas:
Vacinas à base de proteínas inactivas e recombinantes de superfície viral; Vacinas com vírus atenuado;
Vacinas com o vírus inactivo;
Vacina de vectores virais, como o vector do vírus canarypox (ALVAC).
Este vírus apenas replica-se nas células de aves, no entanto consegue estimular uma resposta imunitária nos
mamíferos.
A vacina ALVAC-FeLV
expressa os genes env, gag e parte de
pol do FeLV-A
Cél. T
Citotóxicas
Anticorpos