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Palavras Chave: Qualidade de Vida; Estresse no Trabalho; Condições do Trabalho; Saúde; Policiais.

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Academic year: 2021

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RESUMO

O ambiente laboral e as dinâmicas de trabalho geram estímulos que interagem com o trabalhador, tanto de forma positiva, gerando satisfação e saúde, quanto negativa, que podem gerar insatisfações, sofrimento e adoecimento físico e mental. Devido às condições adversas de trabalho, a atividade policial é vista como uma das profissões mais estressantes do mundo, sendo que os policiais mantêm um estilo de vida inadequado e uma qualidade de vida prejudicada. Diante disto, o presente estudo teve como objetivo verificar a percepção da qualidade de vida, condições de trabalho e estresse ocupacional em policiais civis e militares de Unidades de Operações Especiais (UOEsp) de Santa Catarina. Participaram do estudo 84 policiais civis e militares atuantes em UOEsp (BOPE/COBRA, COPE, SAER, GRAER). Foram coletadas informações sociodemográficas, ocupacionais, atividade física, medidas antropométricas, estresse relacionado ao trabalho e qualidade de vida. Os policiais apresentaram média de idade de 34,7 anos. A média da qualidade de vida geral foi 66,1 pontos, com maior escore no domínio relações sociais (82,1 pontos) e menor no domínio físico (58,6 pontos). O domínio psicológico apresentou maior capacidade preditiva da qualidade de vida geral. A qualidade de vida geral se correlacionou com o tempo de trabalho na unidade (r= -0,295, p= 0,007), atividade física (r= 0,336, p= 0,002) e gordura corporal (r= -0,283, p= 0,009). Quanto ao estresse relacionado ao trabalho observou-se que mais da metade dos policiais identificou seu trabalho como de baixa demanda, baixo controle e baixo apoio social, sendo que os policiais com apoio social alto têm escores médios superiores na qualidade de vida geral. Apenas o apoio social apresentou correlação positiva com a qualidade de vida geral. A percepção das condições de trabalho apresentou 24,1 pontos de escore geral, sendo o ambiente social o componente que apresentou escore mais alto (6,92 pontos) e o componente que apresentou menor escore foi remuneração e benefícios (4,50 pontos). Além disso, foi observado que quase metade (45,2%) dos policiais investigados classificou o seu trabalho como ativo. Os resultados mostraram uma relação direta, de forma inversa, entre as condições de trabalho e o estresse laboral. Policiais civis e militares atuantes em UOEsp de Santa Catarina apresentam qualidade de vida regular/boa e o domínio psicológico parece exercer maior influência na qualidade de vida geral, seguido por uma percepção de suas condições de trabalho negativa, sendo que os dois componentes que mais ajudaram a esta percepção negativa foram remuneração e benefícios, e ambiente físico. Neste sentido, fica nítida a importância do investimento do estado na melhoria destes pontos a estes servidores. Ações de promoção de programas de atividade física, acompanhamento de serviço, apoio psicossocial, valorização salarial, adequação da jornada de trabalho são alternativas para a criação de um panorama favorável em relação à qualidade de vida e condições de saúde do policial, o qual prestará à comunidade serviço de segurança pública mais eficiente e eficaz.

Palavras Chave: Qualidade de Vida; Estresse no Trabalho; Condições do Trabalho; Saúde; Policiais.

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ABSTRACT

The work environment creates stimuli that interact with the employee, generating satisfaction and health as a benefit and dissatisfaction, suffering and mental and physical illness as negative. Policing is seen as one of the most stressful professions in the world. The police officer keeps an inappropriate lifestyle and impaired quality of life. This study aimed to verify perception of quality of life, work conditions and occupational stress of police officers of special operation units from Santa Catarina State. 84 police officers from four special operation units (BOPE/COBRA, COPE, SAER, GRAER) were investigated. Sociodemographic data was collected. Quality of life, stress at work, physical activity levels and anthropometric indicators were measured. The average age for the police officers as a whole was 34.7 years. The mean score of the quality of life questionnaire was 66.1, with the highest scores in the domain of social relations (82.1) and the lowest ones in the physical domain (58.6). The quality of life is related to the work time in the special operation unit (r= -0,295, p= 0,007), physical activity (r= 0.336, p= 0.002) and body fat (r= -0.283, p= 0.009). More than half of the police officers identified his work as low-demand, low control and low social support. The perception of working conditions presented an overall score of 24.12. The social environment was the component that higher scores (6.92 points) and the component that lowest score was the compensation and benefits (4.50 points). 45.2% of police officers classified his work as active. The results showed a direct relationship, in reverse, between working conditions and work stress. The police officers showed regular/good quality of life and this is influenced by psychological domain and negative perception of their working conditions. The remuneration, benefits and physical environment were the components that most influenced the negative perception. It’s important to state investment to improve these points, in police performance and providing public security service. Promotion of physical activity, psychosocial support at work, wage recovery and proper working hours are alternatives to increase the quality of life of police officers.

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1 INTRODUÇÃO

O processo do trabalho é uma necessidade essencial para o homem, sendo a ele vinculado o desenvolvimento e as realizações nas esferas psicológica, social e econômica. Atrelados a esse contexto, o ambiente laboral e as dinâmicas de trabalho geram estímulos físicos, químicos, mecânicos, fisiológicos e emocionais que interagem com o trabalhador, tanto de forma positiva, gerando satisfação e saúde, quanto negativa, que podem gerar insatisfações, sofrimento e adoecimento físico e mental (DEJOURS et al. 1994). Assim, tem sido observado que quesitos favoráveis nas condições e no ambiente de trabalho são aspectos que interferem na satisfação e na saúde do trabalhador (DEJOURS et al. 1994; KARASEK; THEORELL, 1992).

Neste sentido, algumas profissões vêm despertando a atenção de pesquisadores, devido a ampla relação entre os processos laborais e os fatores ligados à saúde de trabalhadores, destacando-se a qualidade de vida, as condições de saúde e o estresse ocupacional. Dentre as profissões investigadas, destacam-se estudos conduzidos em professores (PEREIRA et al., 2014; ROCHA; FERNANDES, 2008; MOREIRA et al., 2012), enfermeiros (SCHMIDT; DANTAS, 2006; FRANCO, DE BARROS; NOGUEIRA-MARTINS, 2005; FERNANDES; IWAMOTO; TAVARES, 2010) e policiais.

No que tange às condições de saúde de policiais, alguns estudos apontam evidências preocupantes relacionadas às características físicas, fisiológicas e psicológicas, as quais revelam que além de manter um estilo de vida inadequado, baixa autoestima e uma qualidade de vida prejudicada (ANDRADE; SOUZA; MINAYO, 2009; RICHMOND et al., 1998; HSIU-CHAO et al., 2006; LIPP, 2009), estes profissionais apresentam transtornos de ordem psicossomática (MINAYO; DE ASSIS; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA; SANTOS, 2010;), níveis elevados de estresse, depressão, burnout (OLIVEIRA; BARDAGI, 2009; AGOLLA, 2009; COSTA et al., 2007; MENEGALI et al., 2010; DESCHAMPS et al., 2003; BERG et al., 2006), dificuldades em relacionamentos interpessoais (HSIU-CHAO et al., 2006; OLIVEIRA; SANTOS, 2010; GERSHON et al., 2009;), inatividade física (MINAYO; DE ASSIS; OLIVEIRA, 2011; RICHMOND et al., 1998; FERREIRA; BONFIM; AUGUSTO, 2011), sobrepeso e obesidade (MINAYO; DE ASSIS; OLIVEIRA, 2011; RICHMOND et al., 1998), hábitos comportamentais nocivos e dependência química (RICHMOND et al., 1998; FERREIRA; BONFIM; AUGUSTO, 2011).

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Destacam-se alguns estudos recentes (CALHEIROS; NETO; CALHEIROS, 2013; BARBOSA et al., 2013; BEZERRA; MINAYO; CONSTANTINO, 2013; LIZ et al., 2014; ALEXOPOULOS et al., 2014) conduzidos em policiais de unidades convencionais no Brasil como o de Ferreira et al. (2012) que apontou que o trabalho repetitivo (76,1%), a pouca liberdade para decidir (74,3%), o ritmo de trabalho acelerado (72%), o esforço físico em excesso (58,2%), a realização de atividades físicas rápidas e contínuas (62,7%), permanência por longos períodos em posições inadequadas e incômodas do corpo (66,9%) e incômodas da cabeça e braços (60,1%) são os aspectos negativos referentes ao trabalho destes profissionais.

Especificamente considerando o estresse relacionado ao trabalho, foram observados, em policiais, escores médios inferiores para a demanda física (12,8; DP= 2,5), suporte social dos colegas (11,2; DP= 2,1) e dos superiores (8,8; DP= 4,4), e que mais da metade dos policiais militares identificaram seu trabalho como de baixo controle (56,4%), alta demanda física (53,9%) e baixo suporte social (59,8%) (FERREIRA; BONFIM; AUGUSTO, 2012).

Outro achado relativo ao estresse foi verificado no estudo de Liz et al. (2014), no qual foi constadada uma média maior de policiais que apresentavam estresse percebido em policiais inativos fisicamente (27,7%) e naqueles policiais que executavam sua função na parte operacional (27,2%).

Dados preocupantes também podem ser observados no estudo de Minayo, De Assis e Oliveira (2011), em que os autores identificaram relação entre o trabalho policial (civis e militares) e distúrbios psicossomáticos, sendo identificado sofrimento psíquico em 33,6% dos policiais militares e 20,3% dos policiais civis.

Diante deste cenário, a atividade policial apresenta especificidades em sua atuação profissional, na qual os atuantes desta profissão podem apresentar no decorrer do tempo de serviço problemas de saúde em função das condições de trabalho, tais como a jornada de trabalho extensiva, imprevisibilidade de horários de acionamento, riscos iminentes de acidentes de trabalho, riscos iminentes de ferimentos e morte em confrontos com criminosos, efetivo humano insuficiente, influência do peso de equipamentos específicos, desordenamento de horários de sono, cargas emocionais elevadas ao atendimento de ocorrências, inadequadas condições de infraestrutura e organizacional, dentre outros fatores em que estes profissionais são impostos e, que, consequentemente, podem refletir de maneira negativa nas condições de saúde do policial, fazendo com que os mesmos apresentem uma redução na qualidade de vida,

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atividade física e alterações na composição corporal (MAIA et al., 2007; MINAYO et al., 2007; MINAYO; DE ASSIS; OLIVEIRA, 2011; MINAYO; SOUZA; CONSTANTINO, 2007; RICHMOND et al., 1998; FERREIRA; BONFIM; AUGUSTO, 2011).

De acordo com informações da Organização Mundial de Saúde (OMS) (OMS, 2014), em 2012 o Brasil registrou 50.108 homicídios, e destes 73% foram ocasionados por arma de fogo. Esses dados somados ao aparelhamento especializado dos criminosos vêm exigindo do estado e de suas instituições responsáveis pela segurança pública, uma constante busca por resoluções e ações efetivas no combate às causas e efeitos que estas impõem à sociedade. Em função deste contexto, com o intuito de respaldar a sociedade quando da ocorrência de ações criminosas não convencionais, foram formadas e capacitadas Unidades de Operacionais Especiais (UOEsp), as quais caracterizam-se por ser geralmente constituídas por equipes com um número reduzido de operadores, doutrinados, equipados e capacitados de forma diferenciada para agir em situações consideradas de alta complexidade e riscos, não resolutivas pelo emprego de agentes e intervenções convencionais (DENÉCÉ, 2009; WILLIAMS; WESTALL, 2003).

Neste sentido, a eficiência do trabalho de policiais pode ser determinada por uma boa condição mental, capacidade física e características morfológicas adequadas (ZOREC, 2001), pois em situações de crises, em que as mudanças de cenários são muito rápidas e as tomadas de decisão destes profissionais devem acompanhar estas mudanças, o cansaço físico e a falta de equilíbrio emocional podem influenciar a performance destes profissionais em sua atuação, podendo fazer com que estes tomem decisões errôneas ou realizem atitudes irracionais. Portanto, este reflexo da diminuição de desempenho por parte destes profissionais em decisões não acertadas em momentos de crises, irão expor o policial e a população em geral à riscos em potencial (OLIVEIRA; SANTOS, 2010).

Com a importância de compreender as relações entre trabalho e na saúde do trabalhador, e ainda levando em consideração que a profissão policial, especialmente aqueles das UOEsp, apresenta características específicas em função da exposição à riscos em ambientes de conflitos resultantes da violência e criminalidade e que por sua vez exercem influência nas condições de saúde, o presente estudo apresenta a seguinte questão problema: qual a percepção da qualidade de vida, condições de trabalho e estresse ocupacional em policiais civis e militares de UOEsp de Santa Catarina?

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar a percepção da qualidade de vida, condições de trabalho e percepção de estresse no trabalho em policiais civis e militares de unidades de operações especiais de Santa Catarina.

1.1.2 Objetivos específicos

Caracterizar os policiais civis e militares atuantes em unidades de operações especiais de Santa Catarina quanto às características sociodemográficas, ocupacionais, composição corporal, atividade física, condições de trabalho, qualidade de vida e percepção de estresse no trabalho.

Investigar as relações e associações da qualidade de vida com as condições de trabalho, percepção de estresse, aspectos ocupacionais, atividade física e composição corporal de policiais civis e militares atuantes em unidades de operações policiais especiais de Santa Catarina.

Investigar a relação das condições de trabalho com a percepção de estresse relacionado ao trabalho de policiais civis e militares atuantes em unidades de operações policiais especiais de Santa Catarina.

1.2 DEFINIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Qualidade de vida

Conceitual: A interpretação que o indivíduo tem de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (THE WHOQOL GROUP, 1995).

Operacional: Resposta ao questionário WHOQOL em sua forma abreviada, sobre “o quanto você tem tido certos sentimentos nas últimas duas semanas”, sendo que as respostas são dadas em uma escala de cinco níveis, na qual a percepção da qualidade de vida e seus domínios (físico, psicológico, social e ambiental) podem variar de zero

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(pior) a 100 (ótimo), sendo que quanto mais próximo de 100 melhor a percepção da qualidade de vida.

Estresse relacionado ao trabalho

Conceitual: Um conjunto de perturbações psicológicas ou sofrimento psíquico associado às experiências de trabalho, que ocorre em função dos diversos tipos de cargos, de ocupação que a pessoa exerce, resultante da incapacidade de lidar com as fontes de pressão no trabalho, tendo como consequências problemas na saúde física, mental, afetando o indivíduo e as organizações (LIPP, 1996)

Operacional: Percepção do estresse ocupacional e suas dimensões (demanda do trabalho, controle no trabalho e apoio social) através da resposta da “Job Stress Scale”, os questionamentos são respondidos por meio de uma escala Likert de quatro níveis. Sendo que os seus escores foram distribuídos em quatro quadrantes: trabalho passivo (baixa demanda e baixo controle), trabalho ativo (alta demanda e alto controle), alto desgaste (alta demanda e baixo controle) e baixo desgaste (baixa demanda e alto controle).

Condições de trabalho

Conceitual: Fatores físicos, sociais e administrativos que afetam o ambiente de trabalho (DESCRITORES EM CIÊNCIAS DA SAÚDE, 2015).

Operacional: Percepção em relação a sua realidade de trabalho quanto às características ambientais relacionados ao bem estar individual, sendo que esta percepção pode ser negativa (Ruim ou Regular/Sofrível) ou positiva (Bom ou Excelente), informações obtidas por meio do questionário Perfil de Ambiente e Condições de Trabalho de Nahas (2009).

1.3 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação será apresentada em formato de artigos, de acordo com o Art. 2º da norma 01/2014, do Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano (PPGCMH), do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).

Em um primeiro momento serão apresentados a introdução geral, objetivos gerais e específicos e a definição das variáveis. Na sequência é descrito o método do

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estudo. A seção de resultados apresenta dois capítulos, em formato de artigos científicos. O primeiro intitulado “Qualidade de vida de policiais civis e militares de operações especiais de Santa Catarina” tem como objetivo verificar a percepção da qualidade de vida de policiais civis e militares atuantes em unidades de operações especiais de Santa Catarina e o segundo artigo intitulado “Percepção de estresse e condições de trabalho de policiais civis e militares de unidades de operações especiais de Santa Catarina” cujo objetivo é analisar a percepção de estresse e as condições de trabalho de policiais civis e militares de Unidades de Operações Especiais de Santa Catarina. Por último serão apresentadas a conclusão e recomendações.

Referências

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