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NÍVEL DE INFORMAÇÃO DOS ADOLESCENTES DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA SOBRE PLANEAMENTO FAMILIAR E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS

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NÍVEL DE INFORMAÇÃO DOS ADOLESCENTES DA REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA SOBRE PLANEAMENTO FAMILIAR

E DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS Ana Isabel Gomes Alves

Maria dos Anjos Coelho Rodrigues Dixe Manjos@esenf.iplei.pt

O presente trabalho incidiu sobre 89 adolescentes de Machico (Região Autónoma da Madeira) com idade entre os 17 e os 21 anos que preencheram um questionário anónimo composto por dados sociodemográficos e familiares, informação sobre sexualidade, métodos contraceptivos e os comportamentos relativos à vida sexual e à utilização de contraceptivos, nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis. O estudo teve como objectivos determinar o nível de informação dos adolescentes relativamente ao planeamento familiar e às doenças sexualmente transmissíveis e conhecer alguns factores preditivos do nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis.

Da totalidade da amostra 77,5% dos adolescentes recorrem aos professores para adquirir informação sexual, 41,6% já iniciaram actividade sexual, dos quais 75,7%% utiliza contraceptivo, sendo o preservativo o mais usado (67,9%). Quanto ao nível de informação sobre planeamento familiar e doenças transmissíveis verificou-se que os valores oscilaram entre 26 e 39 (sendo o valor máximo de 50) para uma média de 34,4 e 2,5 de desvio padrão, sendo a SIDA e a Hepatite B as doenças sexualmente transmissíveis as doenças mais conhecidas pelos adolescentes.

Verificou-se igualmente que não existem diferenças estatisticamente significativas entre o nível de informação sobre planeamento sexual e doenças sexualmente transmissíveis e: sexo do aluno, ter namorado, nível socioeconómico, agrupamento escolar frequentado, prática de actividade sexual, no entanto as diferenças são estatisticamente significativas entre o nível de informação sobre planeamento sexual e doenças sexualmente transmissíveis e o facto de viverem ou não com ambos os pais.

INTRODUÇÃO

Para Martins (1995), a adolescência é um período de grandes alterações que se reflectem no indivíduo, assim como na sua família. É uma fase do processo de desenvolvimento humano com tarefas psicológicas complexas a realizar no plano emocional, sexual, intelectual e social que estão relacionadas com as alterações físicas, o estabelecimento de uma relação sexual, a emancipação perante os pais, a interiorização de valores éticos e morais e a aquisição duma identidade que integrará todas as dimensões.

De acordo com o mesmo autor durante o contexto de desenvolvimento alguns adolescentes decidem tornar-se sexualmente activos. Esta forma de motivação não é concreta, podendo ser variável e influenciável pelo meio ambiente em que o adolescente se encontra inserido.

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Para Caetano (2001), entre os 16 e os 19 anos, proporcionam-se os namoros a sério, onde cada adolescente define a sua identidade e a sua sexualidade. De acordo com um estudo realizado a nível nacional foi possível verificar que:

• A maioria dos adolescentes tem namorado.

• A maioria dos adolescentes inicia a vida sexual (cerca de 78% ) sendo que a idade média da primeira relação sexual, nas raparigas, é entre os 19/20 anos e nos rapazes é por volta dos 17 anos.

• Nesta faixa etária existem comportamentos e factores de risco em termos sexuais preocupantes (Nodin, 2000).

Ao longo dos tempos a sexualidade constituíu um “tabu” na sociedade portuguesa. Hoje em dia os jovens adolescentes desprenderam-se de atitudes conservadoras impostas pela sociedade, tornando-se desde então, a sexualidade e a contracepção um tema actual que se deve abordar o mais precocemente possível, visto que o contacto sexual também ocorre cada vez mais cedo

Os métodos anticoncepcionais têm como principal objectivo evitar uma gravidez não planeada ou não desejada. É de crucial importância que os adolescentes conheçam os métodos contraceptivos, assim como as respectivas vantagens e desvantagens, de forma a escolherem e optarem pelo método mais adequado.

A saúde e o bem-estar dos adolescentes são hoje entendidos como elementos de extrema importância para o desenvolvimento humano, no entanto, é necessário quebrar algumas barreiras nesta área para que os adolescentes não se sintam intimidados em se dirigir aos serviços de saúde e obter as informações e orientações conforme as suas necessidades.

Para Calado (1990) a ausência de informação e educação sobre o corpo, o sexo, a sexualidade, a contracepção tornam as mulheres mais vulneráveis psíquica e emocionalmente, tornando-se, assim, mais difícil o uso de métodos contraceptivos, evitar as DST’s, bem como procurar ajuda.

Para Nodin (2000), existem múltiplos factores de risco associados à gravidez na adolescência como por exemplo: nível sócio-económico baixo; crescimento em famílias mono parentais; filhos de mães adolescentes; baixo nível educacional; falta de informação dos aspectos biológicos do sexo, dos métodos anticoncepcionais e da gravidez, pertencer a minorias étnicas e abuso de álcool e outras

substâncias e falta de apoio familiar e social, de

educação e de supervisão.

Citando a UNICEF (1998), Marques (2000) refere que Portugal é o país da

União Europeia com maior número de mães adolescentes, dado que por cada 1000

partos; 22 são de mães que têm idades compreendidas entre os 15 a 19 anos. Segundo o

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estudo da Associação para o planeamento familiar citado por Nodin (2000)

paralelamente à problemática do desenvolvimento de comportamentos e atitudes

relativas à sexualidade dos indivíduos, existem outros riscos que continuam a prevalecer

como as DST´s e a gravidez não desejada.

Segundo o estudo efectuado pela Escola Secundária Alves Martins (2001/2002),

é ainda

reduzido o número de adolescentes que estão preparados para usar e perguntar às pessoas com conhecimento informação sobre os métodos de controlo de natalidade na altura em que ocorrem as primeiras relações sexuais.

Segundo Nodin (2000), num estudo efectuado pela Associação para o planeamento familiar verificou-se:

F Que a maioria dos jovens utiliza métodos contraceptivos nas relações sexuais (69,8%), comparativamente com 24,4% que referem não utilizar.

F Que o método mais escolhido (73,8% )pelos adolescentes é o preservativo, seguindo-se a pílula ( 44,2%), mesmo na primeira actividade sexual.

F Que os métodos contraceptivos mais conhecidos pelos jovens são o preservativo e a pílula. F Que a doença sexualmente transmitida mais conhecida pelos adolescentes é a SIDA e a Hepatite B.

Também no estudo efectuado pela Escola Secundária Alves Martins (2001/2002) se verificou que:

• O grande perigo dos nossos tempos, são as doenças sexualmente transmissíveis.

• Os adolescentes sexualmente activos estão cada vez mais em risco de exposição ao SIDA. • Parece ainda continuar a verificar-se que, embora conscientes dos perigos resultantes dos comportamentos, são poucos os jovens que modificam as suas atitudes.

Segundo Thomasa-Sànchez (1992), os adolescentes, de um modo geral, precisam de ser dirigidos, com o fim de evitar que a sua conduta tenha repercussões graves sobre a sua integridade emocional e sexual. Esta deve ser a altura em que os pais devem conversar com a filha (o) de forma a (o) instruí-la (o) de assuntos tão vitais como são os problemas relacionados com a vida sexual.

De acordo com Sprinthall e Collins (1999), o diálogo na família sobre sexualidade é uma das formas possíveis de aprendizagem sexual, no entanto, é frequente os pais comunicarem pouco com as crianças e adolescentes sobre esta temática, devido ao mal-estar e vergonha; obrigando os adolescentes a recorrerem a outras fontes tais como, televisão, irmãos mais velhos, colegas, revistas ou jornais.

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Para Sampaio (2000), as fontes de informação actuais sobre a educação afectiva e sexual são provenientes em 42% dos amigos, 20% dos meios de comunicação social, ficando apenas 15% a 17% para os pais e escola, respectivamente.

“A educação para a saúde é um processo educativo, que disponibiliza informação e suscita vivências relevantes com a finalidade de facilitar a adopção de comportamentos potencialmente favoráveis à saúde dos indivíduos. Este tipo de abordagem pode ser bem sucedido, mas os limites do seu alcance variam muito de pessoa para pessoa e são influenciados pelos contextos e comportamentos concretos em causa. Quando se confronta a informação, possivelmente nova e percepcionada enquanto algo que lhe diz respeito, o indivíduo tem de se decidir sobre a magnitude e a relevância que os riscos têm para ele. Assim o optimismo exagerado pode afastar os indivíduos da prática de comportamentos adequados de promoção de saúde e de prevenção da doença.” Marques (2000: 24).

“Os programas de educação sexual devem começar antes da puberdade e algumas pessoas defendem o seu início no jardim escola.” (Bobak, 1998: 759).“Nos estabelecimentos de ensino básico e secundário será implementado um programa para a promoção da saúde e da sexualidade humana, no qual será proporcionada adequada informação sobre a sexualidade humana, o aparelho reprodutivo e a fisiologia da reprodução, sida e outras doenças sexualmente transmissíveis, os métodos contraceptivos e o planeamento da família, as relações interpessoais, a partilha de responsabilidades e a igualdade entre os géneros.” (PortugaL, 1999: 4)

De acordo com Lopes (1993), a educação sexual é uma forma de comunicação, para a qual é necessário que pais, educadores e adolescentes participem. Sendo também importante o envolvimento das instituições comunitárias, tais como, igrejas e grupos locais e profissionais, de forma a apoiar os programas de educação.

Segundo Nodin (2000), o grupo etário dos 15 aos 25 anos é algo deficitário em matéria de educação sexual e programas de promoção da saúde. É a faixa etária, que dadas as suas características e estilos de vida, padrões de actividade sexual e situações de mudança e adaptação associados, tem um interesse indiscutível relativamente às questões de saúde sexual e reprodutiva. Este é um grupo etário que carece de efectivas medidas no âmbito da educação sexual e da prevenção de comportamentos de risco. A rápida evolução de padrões de comportamento sexual, em especial junto das camadas mais jovens, exige que se efectue um acompanhamento cuidado destas tendências para que se possa ter uma efectiva acção de prevenção.

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MATERIAL E MÉTODO

Objectivos do Estudo

• Determinar o nível de informação, dos adolescentes que frequentam o

12º ano de escolaridade relativamente ao planeamento familiar e às

doenças sexualmente transmissíveis.

• Conhecer alguns factores preditivos do nível de informação, dos

adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade relativamente ao

planeamento familiar e às doenças sexualmente transmissíveis

Tipo de Estudo

Tendo presente os objectivos foi realizado um estudo não experimental, transversal e correlacional, com recurso ao método quantitativo.

Hipóteses

F Hipotese1- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o sexo do aluno;

F Hipótese 2- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o facto de ter namorado;

F Hipótese 3- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o nível económico;

F Hipótese 4- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e a origem das fontes de informação;

F Hipótese 5- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o tipo de agrupamento frequentado;

F Hipótese 6- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e a prática de actividade sexual;

F Hipótese 7- Existe diferença entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o facto de viverem ou não com ambos os pais.

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Participantes

A amostra deste estudo é constituída por 89 alunos do 12º ano de escolaridade da Escola Básica e Secundária de Machico, da Região Autónoma da Madeira. Os questionários foram aplicados a duas turmas do agrupamento 1 (com disciplina de Ciências da Terra e da Vida), a uma turma do agrupamento 3 e 4 (não têm disciplina de Ciências da Terra e da Vida). Estas turmas foram indicadas pelo Conselho Executivo da referida Escola (amostra não probabilística por conveniência).

Instrumentos

Os instrumentos seleccionados avaliam dados sócio-demográficos e familiares, informação sobre sexualidade, métodos contraceptivos, comportamentos relativos à vida sexual e à utilização de contraceptivos e nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis.

a) Dados sociodemográficos e familiares:

Idade; Sexo; Agrupamento que frequenta; Com quem vive habitualmente; Existência de namorado; Deslocado do ambiente familiar em tempo de aulas; Nível Económico e Forma como ocupa os tempos livres

b) Informação sobre a sexualidade, os métodos contraceptivos e os comportamentos relativamente à vida sexual e à utilização de contraceptivos; para os adolescentes que já iniciaram a vida sexual:

Opinião do inquirido sobre o seu nível de informação sexual; Origem das fontes de informação sexual; Pessoa/s com quem fala abertamente das questões sexuais; Prática de actividade sexual; Idade da primeira relação sexual; Utilização de método contraceptivo na primeira relação sexual; Frequência com que tem actividade sexual; Tipo de métodos contraceptivos conhecidos; Utilização de método contraceptivo; Tipo de método contraceptivo utilizado actualmente; Dificuldade em debater métodos contraceptivos com o seu parceiro

c) Nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis.

Tipo de doenças sexualmente transmissíveis conhecidas pelo adolescente e nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis. Esta variável foi operacionalizada através de uma série de questões onde o inquirido respondeu verdadeiro ou falso. Estas perguntas são sobre tipos, objectivos e formas de utilização dos métodos contraceptivos, tipos de doença, sintomatologia, tratamento e formas de prevenção.O nível de informação sobre planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis será tanto maior quanto maior o número de perguntas certas. Tendo presente que as questões são 50 os valores podem oscilar entre 0 e 50.

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Procedimentos

As turmas onde foram aplicados os questionários foram escolhidas pelo conselho

executivo, tendo sido seleccionadas duas turmas do agrupamento 1 (com ciências da

terra e da vida), uma turma do agrupamento 3 e outra do agrupamento 4 (não têm

ciências da terra e da vida).

No momento da entrega do questionário aos alunos, pelo director de turma em

sala de aula, foram explicados os objectivos do mesmo, solicitando a sua colaboração,

assegurando-lhes o anonimato e garantindo-lhe a confidencialidade dos dados obtidos.

Antes da aplicação do questionário procedeu-se à realização de um pré – teste

(numa turma que não fez parte do estudo) a fim de verificar se as questões não

suscitavam dúvidas. Após a aplicação do pré – teste foram efectuadas algumas

alterações.

A recolha definitiva dos dados foi efectuada durante a 3ª e a 4ª semanas de Abril de

2004.

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A amostra em estudo é constituída por 89 adolescentes que frequentam o 12º segundo ano de escolaridade, cujos valores de idades oscilam entre os 17 e 21 anos, para uma média de 17,83 e um desvio padrão de 1,01, existindo um predomínio de alunos do sexo feminino 64 (71,9%) em comparação com os do sexo masculino 25 (8,1%).

Verificou-se que cerca de metade dos alunos frequentam o agrupamento científico-natural 46 (51,7%) em comparação com os restantes agrupamentos, sem a disciplina de Ciências da Terra e da Vida 43 (48,3).

Relativamente às pessoas com quem vive, 84 (94,4%) dos inquiridos vivem com a mãe e 76 (85,4%) dos alunos vivem com o pai; ou seja; 76 dos inquiridos vive com ambos os pais. Em tempo de aulas 75 (84,3%) dos alunos não estão deslocados do seu agregado familiar.

Quanto à existência de namorado, verifica-se um predomínio de alunos sem namorado 53 (59,9%) em comparação com os alunos que têm namorado 36 (40,1%). Os dados deste estudo são mais baixos que os encontrados pela Associação para o planeamento familiar citado por Nodin (2000), onde foi possível verificar que a maioria dos adolescentes tinha namorado.

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Para Caetano (2001), entre os 14 e os 16 anos, os jovens procuram os seus próprios valores, aprendem até onde podem ir sozinhos e começam, também, a ensaiar comportamentos de adultos e a identificar-se com o seu grupo de pares.

Relativamente ao nível económico, verificou-se um predomínio de alunos que consideram o seu nível económico regular 58 (65,2%) sendo que o maior número de alunos ocupa os seus tempos livres a ver televisão, 61 alunos e a sair com os amigos, 53 alunos. Observa-se ainda uma grande percentagem de alunos que gostam de ouvir música (48,3%) e de ler (44,94%). Com menor frequência, encontram-se alunos que nos tempos livres praticam desporto (42,7%) ou que optam por navegar na Internet/jogar computador com uma percentagem de 37,08%. Como se pode constatar são em várias actividades que os alunos ocupam os seus tempos livres. Estes resultados vão, ao encontro do referido por Whaley e Wong (1999) ao afirmarem que nesta idade os adolescentes, normalmente gostam de ver televisão, ouvir música, a ler e a jogar ao computador.

Relativamente à forma como considera a sua informação sexual, verificou-se que a maioria dos alunos consideram a sua informação sexual boa (50,6%), existindo 19 (21,3%) alunos que consideram muito boa. Estes resultados vão de acordo ao estudo de Almeida (1987), em que alguns dos inquiridos considera ter informação sexual suficiente. Os adolescentes referem que recorrem a várias fontes para adquirir informação sexual. A grande maioria dos adolescentes utiliza como uma das principais fontes de informação sexual os seus livros e revistas (83,1%) seguindo-se os professores (77,5%) e os colegas (62,9%). O pai é referido por 15,7% dos inquiridos e a mãe por 39,3%. Dos 10 alunos que responderam outros, verifica-se, que as outras fontes de informação residem na pesquisa 6 (46,2%) e nos amigos 4 (30,8%), sendo a Internet um recurso referido por um aluno. Estes factos vão de encontro ao referido por Nodin (2000), em que apresar de conscientes da necessidade de informarem os filhos, muitos pais optam por se remeter ao silêncio, uma vez que não se sentem à vontade para debater este tema. Muitos pensam que a educação sexual que os filhos recebem na escola é suficiente.

De acordo com Sprinthall e Collins (1999), o diálogo na família sobre sexualidade é também uma das formas possíveis de aprendizagem sexual, no entanto, é frequente os pais comunicarem pouco com os adolescentes sobre esta temática. Este facto, obriga os adolescentes a recorrerem a outras fontes. Para Sampaio (2000), as fontes de informação actuais sobre a educação afectiva e sexual dos jovens parecem ser provenientes em 42% dos casos dos amigos, em 20% dos meios de comunicação social, ficando apenas 15% a 17% para os pais e escola, respectivamente.

Relativamente ao facto de já ter tido relações sexuais, verificou-se um

predomínio de alunos que não tiveram relações sexuais, ou seja, 51 (57,3%), em

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comparação com os alunos que já tiveram relações sexuais 37 (41,6%). Estes resultados

não estão de acordo com o referido por Nodin (2000) ao verificar que a maioria dos

adolescentes já tinham iniciado a vida sexual (cerca de 78%).

Relativamente à idade da primeira relação sexual, constatou-se, que os valores oscilam entre 12 e 20 anos, para uma média de 16 e um desvio padrão de 1,7. Estes dados aproximam-se dos encontrados pela Associação para o planeamento familiar ao referir que a idade média da primeira relação sexual, nas mulheres, é entre os 19/20 anos e nos rapazes é por volta dos 17 anos (Nodin, 2000). Também para Caetano (2001), entre os 16 e os 19 anos, proporcionam-se os namoros a sério, onde cada adolescente define quer a sua identidade e a sua sexualidade. Relativamente à utilização de método contraceptivo na primeira relação, verificou-se um predomínio de alunos que tiveram relações sexuais com protecção, ou seja, 30 (81,1%), em comparação com os alunos que não utilizaram nenhum método contraceptivo na primeira actividade sexual, 7 (18,9%), o que vai de encontro ao estudo realizado pela Associação para o planeamento familiar (Nodin, 2000)

Quanto ao método contraceptivo utilizado na primeira relação, verificou-se

um predomínio de alunos que utilizaram o preservativo (96,7%), em comparação com

os alunos que utilizaram a pílula (3,3%) , sendo os resultados similares aos referidos por

Nodin (2000). O método foi indicado, na maioria (45%) dos alunos, pelo namorado/a

e em 7 (35%) foi o próprio inquirido que o escolheu. Os pais (5%) e o enfermeiro (5%)

são os recursos com menor referência.

Estes resultados estão de acordo com os resultados do estudo realizado pela Escola secundária Alves Martins (2001/2002), que refere que é ainda reduzido o número de adolescentes que estão preparados para usar e perguntar a pessoas com conhecimento, métodos de controlo de natalidade na altura em que ocorrem as primeiras relações sexuais.

Relativamente à frequência da actividade sexual, verifica-se que 13 (37,1%), dos alunos considera ter relações sexuais mais de duas vezes por semana seguido por uma a duas vezes por semana 9 (25,7%).

Dos 89 inquiridos constatou –se que relativamente ao número de métodos contraceptivos que conhece, verifica-se que a maioria (68,5%) dos alunos conhece mais de dois métodos contraceptivos, seguindo-se dois ou menos (15,7%). 8 (9%) alunos referem não utilizar qualquer método contraceptivo e 6 (6,7%) alunos não responderam a esta questão. Relativamente à utilização de método contraceptivo actualmente, verifica-se que dos 37 alunos que referiram ter prática de actividade sexual a maioria, ou seja 28 (75,7%) utiliza métodos contraceptivos, comparativamente com os 9 (24,3%) alunos que referem não os utilizar. Estes dados reforçam o

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referido por Nodin (2000), ao afirmar que se verifica nesta faixa etária a existência de comportamentos e factores de risco em termos sexuais preocupantes. Também, o estudo da Escola secundária Alves Martins (2001/2002) refere que, apesar da enorme difusão de informação sobre a SIDA, muitos adolescentes mostram-se ainda mal informados ou até mesmo confusos com o problema.

Relativamente ao tipo de método contraceptivo utilizado actualmente, dos 28 alunos que responderam afirmativamente ao uso de contaceptivos, verifica-se um predomínio de alunos que utilizam o preservativo 19 (67,9%), em comparação com os alunos que utilizam a pílula 9 (32,1%), estando estes dados de acordo com o referido por Nodin (2000). Este autor refere que o método mais escolhido pelos adolescentes é o preservativo (73,8%), seguindo-se a pílula (44,2%). A doença sexualmente transmissível, mais conhecida pelos inquiridos é sem dúvida o SIDA. Foi referido por 88 dos 89 questionados. Seguem-se a Hepatite B e o Herpes Genital com percentagens de 84,3% e de 69,7%, respectivamente. Este facto é coincidente com os dados referidos por Nodin (2000), pois este revela que a doença mais conhecida pelos indivíduos, também, é o SIDA, seguindo-se a Hepatite B..

Relativamente ao nível de informação

dos adolescentes que frequentam o 12º ano

de escolaridade sobre o planeamento familiar e doenças sexualmente transmissíveis

verificou -se que os valores oscilam entre 26 e 39, sendo a média de 34,3 e um desvio

padrão de 2,5. Ao termos presente que o valor máximo possível de atingir era de 50

pode ainda afirmar-se que os alunos acertaram nas respostas certas apenas em 68% das

questões.

Estes factos vão de acordo ao referido por Sampaio (2000) ao referir que a sexualidade e a afectividade no mundo actual pautam-se pela existência de ciclos de ignorância relacionada com a existência de mitos e falsas crenças que revelam a dificuldade social de um assumir da educação sexual e sentimental dos jovens. Segundo Nodin (2000), este é um grupo etário que carece de efectivas medidas no âmbito da educação sexual e da prevenção de comportamentos de risco. A rápida evolução de padrões de comportamento sexual, exige que se efectue um acompanhamento cuidado destas tendências para que se possa ter uma efectiva acção de prevenção.

A fim de verificarmos a existência de diferenças entre o nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e: o sexo do aluno; o facto de ter namorado; nível económico; a origem das fontes de informação; tipo de agrupamento frequentado; a prática de actividade sexual; e o facto de viverem ou não com ambos os pais, aplicaram-se os testes estatísticos adequados, ou seja, o teste U de Mann Whitney. Verificou-se que apesar das diferenças

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encontradas entre as variáveis em estudo essas diferenças não têm significado estatístico (p> 0,05), com excepção do nível de informação dos adolescentes que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis e o facto de viverem ou não com ambos os pais.

Verifica-se que, em média os alunos que não vivem com ambos os pais apresentam um nível de informação mais elevado (35,7) do que os seus colegas que vivem com ambos os pais (34,1) sendo essas diferenças estatisticamente significativas (U =163,500; p< 0,04).

CONCLUSÃO

A amostra foi constituída por 89 adolescentes, com idades compreendidas entre

os 17 e os 21 anos e pertencem a quatro turmas da Escola Básica e Secundária de

Machico. Metade dos alunos frequenta o agrupamento científico - natural,

comparativamente com os restantes agrupamentos

Foi possível verificar que a maioria dos alunos não tem namorada(a) e

verifica-se um predomínio de alunos que não tiveram relações verifica-sexuais. A maioria dos alunos

considera a sua informação sexual boa e as principais fontes de informação são os livros

e revistas seguindo-se os professores e os colegas. Relativamente à idade da primeira

relação sexual, constatou-se que os valores de idades oscilam entre 12 e 20 anos, para

uma média de 16 anos, sendo que a maioria dos adolescentes utilizaram, na sua maioria,

o preservativo na primeira relação sexual. Relativamente à frequência de actividades

sexuais, verifica-se que a maioria dos alunos considera ter relações sexuais com alguma

frequência. A superioridade dos alunos conhece mais de dois métodos contraceptivos e

do subgrupo que tem relações sexuais a maioria utiliza um método contraceptivo, sendo

novamente o preservativo o método mais escolhido pelos alunos. Um maior grupo dos

alunos referiu que não acharia difícil discutir métodos contraceptivos com o seu

parceiro. Os inquiridos responderam acertadamente em 68% das questões sobre o

planeamento familiar e as doenças sexualmente transmissíveis

.

Há diferenças significativas entre o nível de informação dos adolescentes que

frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças

sexualmente transmissíveis e o facto de viver ou não com os pais.

Não existe diferença significativa entre o nível de informação dos adolescentes

que frequentam o 12º ano de escolaridade sobre o planeamento familiar e as doenças

sexualmente transmissíveis e: o sexo, existência de namorado, fontes de informação,

(12)

prática de actividade sexual, com nível sócio económico e com o agrupamento que

frequenta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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