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Projeto Estudo Comparativo dos Sistemas de Inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul BRICS

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Projeto “Estudo Comparativo dos Sistemas

de Inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e

África do Sul” – BRICS

Crescimento, Competitividade e Inovação na Economia

Irlandesa: uma análise da trajetória recente

Jorge Britto

Brasília Julho, 2007

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Av. Pasteur 250 Urca Rio de Janeiro RJ CEP 22290-240 Tel 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 http://brics.redesist.ie.ufrj.br

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África do Sul” - BRICS

Jorge Britto

Julho 2007

Crescimento, Competitividade e Inovação na Economia

Irlandesa: uma análise da trajetória recente

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Crescimento, competitividade e inovação na economia irlandesa: uma análise da trajetória recente

Jorge Britto UFF e RedeSist

Introdução

Nos últimos anos a experiência da República da Irlanda tem sido recorrentemente mencionada como um caso de sucesso em termos da implementação de uma estratégica consistente de reforço da competitividade internacional, assentada em um expressivo crescimento da produtividade dos fatores, na atração de investimento direto externo (IDE) e num padrão de inserção internacional orientado à busca de especialização em produtos e serviços de elevado conteúdo tecnológico. Ao mesmo tempo, há indícios de que este processo virtuoso de crescimento tem sido acompanhado pelo progressivo fortalecimento do sistema nacional de inovação. Em conseqüência, a economia irlandesa tem experimentado taxas de crescimento expressivamente maiores que as médias européias e mundiais, convertendo-se em um importante centro de atração de investimentos externos e de fluxos migratórios, revertendo a tendência histórica de expulsão de mão de obra, característica daquela economia até meados do século passado. Em função do sucesso do processo de catching-up experimentado pela economia irlandesa nas últimas décadas, é comum que a mesma seja caracterizada pela literatura especializada como o “Tigre Celta”, o que ressalta aspectos comum em relação à experiência de alguns países asiáticos, que também experimentaram um crescimento acelerado e um fortalecimento da competitividade internacional no período recente.

A tentativa de identificar os fatores que explicam o sucesso da experiência irlandesa tem resultado numa vasta literatura nos últimos anos, seja em termos de um debate de caráter mais acadêmico, seja através de análises de cunho policy-oriented formuladas por diversos organismos de governo e agências nacionais e internacionais de fomento. O objetivo do presente estudo é sistematizar estes fatores e apontar possíveis ensinamentos para países em desenvolvimento que podem se captados à luz da experiência irlandesa. Particular ênfase é atribuída à discussão do arranjo institucional que possibilitou a implementação de uma estratégia nacional de desenvolvimento – sustentada em uma política industrial ativa - através da qual logrou-se obter uma elevação expressiva dos níveis gerais de produtividade e a consolidação de um padrão dinâmico de inserção externa, baseado na exportação de produtos e serviços de elevado conteúdo tecnológico.

A discussão realizada encontra-se estruturada em seis seções. A primeira delas procura apresentar algumas evidências do processo de catching-up experimentado pela economia irlandesa nas últimas décadas, ressaltando, em especial, a elevação dos níveis gerais de produtividade e a reestruturação produtiva associada a este processo. A segunda seção aborda especificamente o desempenho externo recente da economia irlandesa, procurando discutir os seus fatores explicativos e a sustentabilidade do mesmo ser sustentado ao longo do tempo. A terceira seção procura sistematizar duas interpretações distintas acerca dos fatores explicativos da

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friendly” da estratégia de desenvolvimento e uma visão mais crítica, que ressalta o papel de instituições socialmente construídas e a importância da ação do Estado como agente de coordenação daquela estratégia. Dando prosseguimento a esta análise, a seção seguinte aborda especificamente as orientações da Política Industrial adotada para viabilizar esta estratégia e as principais instâncias institucionais mobilizadas para operacionalização da mesma. A quinta seção, por sua vez, aborda especificamente as características e a evolução recente do sistema nacional de inovação irlandês, ressaltando, dentre outros aspectos, os esforços de formação de recursos humanos e de estruturação do sistema de C&T, os esforços de P&D realizados internamente e o desempenho inovativo recente da economia irlandesa. Por fim, uma última seção conclusiva procura discutir os principais fatores que operam como fortalezas, debilidades, desafios e oportunidades na trajetória recente de evolução da economia irlandesa, considerando os aspectos discutidos nas seções precedentes, de modo a avaliar as possibilidades de sustentação do seu crescimento nos próximos anos.

Desempenho recente da economia irlandesa: catching-up, aumento da produtividade e reestruturação produtiva.

Analisando-se retrospectivamente a economia irlandesa, é possível observar um crescimento expressivo no período recente. A Tabela 1 demonstra que entre 1984-2004 o produto per-capita se elevou em mais de seis vezes. Este crescimento foi acompanhado por uma expressiva redução do déficit governamental, como proporção do PIB, e pelo crescimento do crédito privado, que mais que triplicou ao longo do período como proporção do PIB. No período compreendido entre 1995-2005, o produto real praticamente duplicou, tendo crescido à taxa de 7% ao ano, impulsionado por um crescimento anual do emprego de 4,3% e por um crescimento da produtividade de 2,6% ao ano ao longo do mesmo período (ver Tabela 2). Em particular, observa-se que este crescimento tem sido capaz de gera um número crescente de postos de trabalho, fazendo com que a taxa de desemprego tenha se reduzido de 15% para 4% no período 1994-2004. Informações mais recentes, apresentadas no Gráfico 1, indicam que este movimento dinâmico se estabiliza no período mais recente (2005-2006), particularmente em função da redução do rimo de geração e empregos no setor industrial

Tabela 1 – Evolução recente da economia Irlandesa 1984 - 2004

Indicador 1984 1994 2004

Taxa de desemprego (em %) 15,4 14,7 4,3

Taxa de ocupação (% população economicamente ativa) 53,2 52,2 66,7

Exportações (milhões de EUROS) 12.405 32.916 123.519

Déficit Governo (como % do PIB) 112,,8 89,7 30,5

PIB per capita (em EUROS, preços correntes) 5.367 11.224 30.726

PIB per-capita (como % da média européia) 62 79,4 105,9

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5 Tabela 2 – Evolução recente do produto real, emprego e produtividade na economia irlandesa.

Ano GVA* (Preços 2004) Milhões de Euros Emprego (000) GVA* Emprego Index 1995 = 100 Produtividade do Trabalho 1995 70034 1284,7 100,0 100,0 100,0 1996 76556 1330,7 109,3 103,6 105,5 1997 84221 1405,0 120,3 109,4 110,0 1998 89846 1525,8 128,3 118,8 108,0 1999 97412 1621,1 139,1 126,2 110,2 2000 106175 1696,4 151,6 132,1 114,8 2001 113481 1747,5 162,0 136,0 119,1 2002 119754 1778,6 171,0 138,5 123,5 2003 123869 1814,0 176,9 141,2 125,3 2004 130178 1865,0 185,9 145,2 128,0 2005 137293 1952,1 196,0 152,0 129,0

Variação da média anual (%) 7,0% 4,3% 2,6%

*GVA – Gross Value Added (Valor Adicionado Bruto)

Gráfico 1.

Emprego e Desemprego

0 20 40 60 80 100 120 Q1 99 Q1 00 Q1 01 Q1 02 Q1 03 Q1 04 Q1 05 Q1 06 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5

Aumento no emprego no ano passado (`000) : Lado Esquerdo

Taxa de desemprego ajustado periodicamente : Lado Direito

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6 economia irlandesa frente à economia mundial e à Europa Ocidental. Em particular observa-se um crescimento do produto no período equivalente a mais do dobro da média européia e expressivamente superior à média mundial, resultando numa elevada renda per-capita e em baixas taxas de desemprego – equivalentes a menos da metade da média mundial no período. Adicionalmente, as informações apresentadas indicam um elevado grau de abertura da economia irlandesa, evidenciado pelas elevadas participações do comércio e das exportações – particularmente aquelas de alta tecnologia – em relação ao PIB. Este elevado grau de abertura reflete-se também na elevada participação dos fluxos de investimento direto (IDE) em relação ao PIB da economia irlandesas, equivalentes a quase o triplo da média mundial no período. Como conseqüência, observa-se um intenso processo de investimento, impulsionados pelas condições favoráveis de taxa de juros – equivalentes a menos de um terço da média européia em 2004 - e pela expressiva oferta de crédito – 165% do PIB, contra 54% para o conjunto da Europa em 2005.

Tabela 3 – Indicadores comparados da economia irlandesa

Performance Econômica Irlanda Mundo Europa Ocidental

Crescimento anual do PIB (%), 2001-2005 5,08 4,37 2,29

PIB per Capita (in / nal $ PPP Corrente), 2005 40.941,80 12.292,34 34.201,46

Taxa de Desemprego (% da força de trabalho), 2004 4,40 9,33 6,01

Comércio como % do PIB, 2004 144,90 86,88 102,38

Comércio de Manuf. como % do PIB, 2004 75,69 45,37 54,59

Exportação de Mercadorias e Serviços como % do PIB,

2004 80,20 41,39 53,95

Exportação de High-Tech como % da exportação de

Manuf., 2004 33,80 10,69 16,45

Formação de Capital Bruta como % do PIB, 1995-2004 23,03 21,97 21,76

Taxa de Juros “Spread”, 2004 2,60 8,93 3,47

Crédito doméstico ao setor privado como % do PIB, 2005 164,80 54,30 133,15

Custo para se registrar um negócio como % do GNI Per

Capita, 2006 0,30 49,98 5,63

Saída de FDI * como % do PIB, 2000-04 3,11 4,81 30,97

Entrada de FDI * como % do PIB, 2000-04 16,59 6,55 29,22

* FDI – Foreign Direct Investiment (Investimento Externo Direto)

Em função deste quadro favorável, a economia irlandesa destaca-se numa comparação com outros países desenvolvidos em termos de performance econômica, conforme aponta o Gráficos 2. Este gráfico demonstra que o PIB per-capita atingia em 2003 um valor próximo a US$ 30 mil, localizando-se acima da maioria dos países desenvolvidos considerados. Por outro lado, considerando o período 1990-2002, observa-se que a taxa anual de crescimento do PIB per-capita localizava-se próxima de 6,5%, valor expressivamente mais elevado do que o observado para a maioria dos países considerados, estando próximo apenas de alguns “tigres asiáticos” como Coréia, Singapura e Taiwan.

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7 Gráfico 2.

Performance Econômica Comparada

Irlanda EUA Suiça Canadá Espanha Taiwan Coréia do Sul Japão Suécia França Austrália Alemanha Reino Unido Singapura Nova Zelândia 15.000 20.000 25.000 30.000 35.000 0 1 2 3 4 5 6 7 PIB per capita (PPP ajustado) em US -$, 2002.

Componente do crescimento anual real do GDP per Capita, 1990-2002 (%)

Como conseqüência desse processo acelerado de crescimento, observa-se uma rápida convergência em relação ao grupo de países mais desenvolvidos da Europa; assim, o PIB irlandês, visto como percentagem do da média do PIB dos 15 países mais desenvolvidos da Europa, elevou-se de 75% em 19991 para 101% em 2003. Esta evolução pode ser explicada em função de conjunto de fatores, incluindo a atração de investimento direto, o crescimento das vendas em mercados globais, e a disponibilidade de condições favoráveis em termos de regimes fiscal, condições sociais e demográficas (incluindo a atração de mão de obra qualificada), bem como a utilização eficaz de fundos estruturais disponibilizados pela UEE. Em função dessa evolução positiva, a economia irlandesa pode ser caracterizada como um exemplo particularmente bem sucedido de catching-up. A Tabela 4 ilustra este processo, possibilitando observar a aceleração do dinamismo da economia irlandesa no período mais recente (1990-2005), no qual a taxa de crescimento do PIB per-capita (5,8%) não encontra correspondência com qualquer dos países mencionados, com exceção da China e do Vietnam. O Gráfico 3, em seguida, permite comparar a trajetória dinâmica da economia irlandesa com outras economias européias, enquanto o Gráfico 4 - que confronta o crescimento do PIB per-capita no período 1960-2000 com o valor deste indicador no ponto inicial da série - indica que a economia irlandesa se encontra no grupo das economias mais dinâmicas (“moving-ahead”) que comandam a expansão da economia mundial ao longo do período considerado.

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8 Tabela 4 – PIB per-capita 1820–2003 (milhares, em 1990 dólares internacionais) –Crescimento Anual

Países 1820 1870 1910 1950 1970 1980 1990 2003 1820–1950 1950–2003 1990–2003 Aústria 1,2 1,9 3,5 3,7 9,7 13,8 16,9 20,8 0,9 3,4 1,6 Bélgica 1,3 2,7 4,2 5,5 10,6 14,5 17,2 21,1 1,1 2,6 1,6 Dinamarca 1,3 2,0 3,9 6,9 12,7 15,2 18,5 22,8 1,3 2,3 1,6 Finlândia 0,8 1,1 2,1 4,3 9,6 12,9 16,9 20,5 1,3 3,1 1,5 França 1,2 1,9 3,5 5,3 11,7 15,1 18,1 21,3 1,1 2,7 1,3 Alemanha 1,1 1,9 3,5 4,3 11,9 15,4 18,6 21,0 1,1 3,1 0,9 Grécia 0,7 0,9 1,6 1,9 6,2 9,0 10,0 13,5 0,8 3,8 2,3 Irlânda* 0,9 1,8 2,7 3,5 6,2 8,5 11,8 24,6 0,9 3,7 5,8 Itália 1,1 1,5 2,6 3,5 9,7 13,1 16,3 19,1 0,9 3,3 1,2 Países Baixos 1,8 2,8 4,0 6,0 11,9 14,7 17,3 21,4 0,9 2,5 1,6 Noruega 1,1 1,4 2,5 5,5 10,0 15,1 18,5 25,9 1,2 3,0 2,6 Portugal 1,0 1,0 1,2 2,1 5,5 8,0 10,8 13,9 0,6 3,7 2,0 Espanha 1,1 1,4 2,3 2,2 6,3 9,2 12,1 16,5 0,6 4,0 2,4 Suécia 1,2 1,7 3,1 6,7 12,7 14,9 17,7 21,6 1,3 2,3 1,5 Suiça 1,3 2,2 4,3 9,1 16,9 18,8 21,5 22,2 1,5 1,7 0,2 Reino Unido 1,7 3,2 4,9 6,9 10,8 12,9 16,4 21,1 1,1 2,2 2,0 Austrália 0,5 3,6 5,7 7,4 12,0 14,4 17,1 23,1 2,1 2,2 2,3 Nova Zelândia 0,4 2,7 5,2 8,5 11,2 12,3 13,9 17,4 2,4 1,4 1,7 Canadá 0,9 1,7 4,4 7,3 12,1 16,2 18,9 23,3 1,6 2,3 1,6 Estados Unidos 1,3 2,4 5,3 9,6 15,0 18,6 23,2 29,2 1,6 2,2 1,8 China 0,6 0,5 0,6 0,4 0,8 1,1 1,9 4,4 –0,2 4,6 6,7 Ìndia 0,5 0,5 0,7 0,6 0,9 0,9 1,3 2,2 0,1 2,4 4,1 Indonésia 0,6 0,7 0,9 0,8 1,2 1,9 2,5 3,5 0,2 2,8 2,6 Japão 0,7 0,7 1,3 1,9 9,7 13,4 18,8 21,7 0,8 4,8 1,1 Malásia 0,9 1,6 2,1 3,7 5,1 8,5 3,3 4,0 Fiilipinas 1,1 1,1 1,8 2,4 2,2 2,6 1,7 1,3 Cingapura 1,3 2,2 4,4 9,1 14,4 21,7 4,5 3,2 Córeia 0,9 0,8 2,0 4,1 8,7 15,8 6,0 4,7 Taiwan 0,7 0,9 3,0 5,9 9,9 17,3 5,8 4,4 Tailândia 0,7 0,8 0,8 1,7 2,6 4,6 7,1 4,2 3,4 Vietnã 0,5 0,5 0,8 0,7 0,7 0,8 1,0 2,2 0,1 2,3 6,3 Argentina 1,3 3,8 5,0 7,3 8,2 6,4 7,5 0,8 1,2 Brasil 0,6 0,7 0,8 1,7 3,1 5,2 4,9 5,4 0,7 2,3 0,8 Chile 2,7 3,8 5,3 5,7 6,4 10,4 1,9 3,8 Colômbia 1,2 2,2 3,1 4,3 4,8 5,3 1,7 0,8 México 0,8 0,7 1,7 2,4 4,3 6,3 6,1 7,1 0,9 2,1 1,2 Perú 1,0 2,3 3,8 4,2 3,0 3,7 1,0 1,6 Venezuela 0,6 1,1 7,5 10,7 10,1 8,3 7,0 –0,1 –1,3 Egito 0,7 0,9 1,3 2,1 2,5 3,0 2,3 1,4 Gana 0,7 1,1 1,4 1,2 1,1 1,4 0,5 1,9 Morocco 0,8 1,5 1,6 2,3 2,6 2,9 1,3 0,8 África do Sul 1,6 2,5 4,0 4,4 4,0 4,4 1,1 0,7 Tchecoslováquia 0,8 1,2 2,1 3,5 6,5 8,0 8,5 9,6 1,1 2,0 0,9 Hungria 1,3 2,1 2,5 5,0 6,3 6,5 8,0 2,3 1,6 Iugoslávia 1,0 1,6 3,8 6,1 5,8 5,2 2,4 –0,8 União Soviética 0,7 0,9 1,5 2,8 5,6 6,4 6,9 5,4 1,1 1,2 –1,9

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Av. Pasteur 250 Urca Rio de Janeiro RJ CEP 22290-240 Tel 55-21-3873.5279 Fax 55-21-2541 8148 http://brics.redesist.ie.ufrj.br 9 Gráfico 3 Gráfico 4 C re sc im et no % p or a no

% derivada da amostra do PIB per-capita (em 1990 USD) Experiência de “Catching-up”

Fonte: Madison, 2003, e GGDC, 2005.

Convergência e Divergência no PIB, 1960- 1990

L og d o PI B p er c ap ita e m 1 99 6 (c on st an te e m U SD , 1 99 6)

Crescimento Real do PIB per-capita (média anual em %, 1960-2000). Fonte: Penn World Table Version 6.1 (Houston, Summers e Athens)

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10 através de alguns indicadores que são usualmente utilizados para medir o ritmo de transformação das estruturas econômicas. A Tabela 5 apresenta alguns dos indicadores considerados pela UNIDO (2005), a partir dos quais é possível captar as seguintes tendências: (1) o crescimento do valor adicionado per-capita que se eleva em aproximadamente 160% entre 1990-2002; (2) a elevação em mais de 270% das exportações per-capita de manufaturados ao longo do mesmo período; (3) a elevação expressiva das participações dos produtos de média e alta tecnologia, tanto no valor adicionado pela indústria como no total das exportações de manufaturados. Este dinamismo esteve fortemente associado à intensificação do ritmo de incorporação de progresso técnico na infra-estrutura produtiva, cujo reflexo mais evidente é a elevação impressionante dos níveis gerais de produtividade ao longo do período considerado.

Tabela 5 – Indicadores selecionados de transformação da estrutura produtiva

Indicador Valor Agregado de Manufatura per capita (1995 US$) Exportação de manufaturas per capita (US$) Participação de manufaturas no output total (PIB) ( %) Participação de manufaturas no total exportado (%) Participação de produção de média e alta tecnologia no Valor Agregado de Manufaturas (%) Participação de produtos de média e alta tecnologia no total exportado (%) 1990 2002 1990 2002 1990 2002 1990 2002 1990 2002 1990 2002 Irlanda 3.141.5 8.121.0 5.575.1 20.835.0 25.3 26.5 82.4 92.1 56.5 72.2 52.2 59.1

De fato, no período 1985-2004, a relação do PIB real por trabalhador na economia irlandesa elevou-se 87%, o que equivale a uma elevação anual dos ganhos de produtividade da ordem de 3,5% (Tansey, 2005), conforme ilustrado pela Tabela 6. Esta evolução se torna ainda mais significativa ao considerar-se que a força de trabalho elevou-se em aproximadamente 750 mil trabalhadores no mesmo período. O longo desse período é possível observar também mudanças na dinâmica de crescimento da produtividade: entre 1985-1995, a produtividade do trabalho elevou-se em um terço refletindo um aumento de 56% no produto e de 17% no emprego; já no período subseqüente (1995-2005) o crescimento de dois quintos da produtividade foi impulsionado por uma duplicação do nível de produto que se fez acompanhar por um crescimento de 47% no número de trabalhadores empregados. Considerando o período 1995-2004, observa-se que o crescimento anual da produtividade da ordem de 3,5% foi resultado de um crescimento do valor adicionado por trabalhador da ordem de 35,9% . Estimulado por este crescimento, e em conseqüência do padrão particular de especialização externa no qual o mesmo esteve baseado, observa-se uma intensificação dos fluxos imigratórios, que atinge valores próximos de 50 mil novos trabalhadores anuais no período mais recente, com a participação dos mesmos na força de trabalho atingindo mais de 10% ao final do período (ver Gráfico 5).

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11 Tabela 6: Tendências na performance da produtividade da Irlanda

1985-2005

base para todos os índices: 1985=100

ANO PIB REAL TOTAL

EMPREGADO PRODUTIVIDADE ÍNDICE DE % VARIAÇÃO ANNUAL

1985 100,0 100,0 100,0 - 1986 100,5 99,8 100,7 + 0,7% 1987 104,8 101,2 103,6 + 02,9% 1988 109,5 101,3 108,1 + 4,3% 1989 116,4 101,3 114,9 +6,3% 1990 124,7 105,7 118,0 + 2,7% 1991 127,7 105,4 121,2 + 2,7% 1992 131,7 106,2 124,0 + 2,3% 1993 135,2 107,9 125,3 + 1,0% 1994 143,4 111,3 128,8 + 2,8% 1995 156,3 116,9 133,7 + 3,8% 1996 168,9 121,2 139,4 + 4,2% 1997 187,2 125,8 148,8 + 6,7% 1998 203,9 136,2* 149,7* + 0,6%* 1999 226,4 144,9 156,2 + 4,4% 2000 248,9 152,4 163,3 + 4,5% 2001 263,9 157,0 168,1 + 2,9% 2002 280,2 160,8 174,3 + 3,6% 2003 290,3 163,5 177,6 + 2,0% 2004 304,5 167,4 181,9 + 2,4% 2005f 320,5 171,4 187,0 + 2,8% Variação 1985-2005 + 220,5% + 71,4% + 87,0% + 87,0%

* A mudança da pesquisa de força de trabalho anual para QNHS, adicionou em torno de 20.000 pessoas aos números no trabalho, resultando em uma única adição no crescimento de emprego e conseqüentente desmerecendo o crescimento da produtividade; f = previsão do banco central. Fontes: National Income adn Expenditure 2003, CSO, Agosto 2004, Tabela A, dados re-baseados para 1985-100, National Accounts - ano 2004 (preliminar), CSO, Março 2005; Central Bank Quarterly Bulletin, Nº1, 2005, Fevereiro 2005. Tabelas de 1 a 6; Quarterly National Household Survey, 4º trimestre de 2004, CSO,Março de 2005, Tabela 16.

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12

Não-Irlandeses no Emprego na Irlanda

0 10 20 30 40 50 60 Q1 98 Q1 99 Q1 00 Q1 01 Q1 02 Q1 03 Q1 04 Q1 05 Q1 06 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Aumento sobre o ano anteriror ('000): Lado Esquerdo Porcentagem do tatoal de emprego : Lado Direito

%

(' 000)

Fonte : CSO

O crescimento da produtividade não foi, porém, uniforme na economia, tendo se concentrado principalmente no setor industrial, no qual o crescimento do valor adicionado por trabalhador expandiu-se em 69,6% entre 1995-2004, contra um crescimento do mesmo indicador no setor de serviços da ordem de 9,1% (ver Tabelas 7 e 8). Ao longo desse período, o número de trabalhadores na economia irlandesa elevou-se de 1,282 milhões para 1.836 milhões, com o setor de serviços tendo sido responsável por 440 mil dos 554 mil novos postos de trabalho criados, indicando que o crescimento do emprego foi mais expressivo nos setores onde a produtividade menos cresceu. Limitando a análise ao período 1998-2003, verifica-se que a produtividade geral da economia irlandesa elevou-se a um taxa anual de 4,5%, impulsionada por um crescimento do mesmo indicador no setor industrial de 11%, que compensou o crescimento de 2,4% no setor de serviços ao longo do período considerado.

Tabela 7 - Níveis reais de produtividade na economia 1995-2004 (em Euro por pessoa empregada a custo de fator constante

(1995))

Ano Agricultura Indústria* Serviço Total

1995 24.742 49.276 35.737 36.685 1996 28.508 52.529 35.973 38.456 1997 27.661 56.350 37.049 40.688 1998 28.875 59.445 36.142 40.975 1999 27.662 66.547 35.919 42.664 2000 29.142 70.315 36.654 44.423 2001 31.420 72.058 37.994 46.240 2002 30.766 80.774 37.940 48.076 2003 34.340 81.081 38.665 48.901 2004 34.949 82.464 38.945 49.858 Variação 1995-2004 + 41,3% + 67,4% + 9,1% + 35,9% * Inclui Construção

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13 Tabela 8 – Composição do crescimento da produtividade do setor 1995-2004

Categoria Agricultura Indústria Serviço Total

Crescimento GVA* + 10,8% + 135,1 % + 71,5% + 94,7%

Crescimento do Emprego - 21,5% + 40,5% + 57,1% + 43,3%

Ganho de Produtividade + 41,3% + 67,4% + 9,1% + 35,9 %

*GVA – Gross Value Added (Valor Adicionado Bruto)

Observa-se, portanto, que o crescimento da produtividade no setor industrial é muito mais elevado do que nos demais setores, com este diferencial tendendo a se elevar no período mais recente. Em 2003 o produto por unidade de trabalho no setor industrial era cinco vezes maior do que no setor de construção civil e três vezes maior do que no setor de serviços. Dentro do setor industrial, este dinamismo tem sido impulsionado por um conjunto particular de atividade, dentre as quais quatro podem ser destacadas; software; química; computadores e instrumentação; equipamentos e material elétrico (ver Tabelas 9 e 10). Estes setores experimentaram um crescimento do valor adicionado por trabalhador empregado da ordem de 134% entre 1997-2003, enquanto nos demais setores industriais este crescimento limitou-se a 18,3% ao longo do mesmo período. Como conseqüência, o produto por unidade de trabalho nestes setores era seis vezes maior do que a média deste indicador para o restante da indústria em 2003. Esta evolução “dual” da economia irlandesa pode ser percebida também quando se compara a evolução das taxas de crescimento do Produto Nacional Bruto (PNB) com o Produto Interno Bruto (PIB). Neste sentido, o crescimento do PNB exclui os lucros remetidos por empresas estrangeiras que possuem uma base de operações na Irlanda. Considerando esta distinção, verifica-se que, entre 1995-2004, enquanto o crescimento da produtividade com base no PIB elevou-se a uma taxa de 3,5% ao ano, para o mesmo indicador medido através do PNB este crescimento limitou-se a uma taxa anual de 2,2% no mesmo período.

Tabela 9 - Performance do setor manufatureiro Irlandês 1997-2003 Em milhões de Euros em preços constantes (1995)

Ano

Total GVA**

GVA**

Manufatureira Setores estrangeiros Líderes

Resto da indústria* 1997 56.146 19.231 11.344 7.887 1998 61.237 22.48 14.22 8.260 1999 67.797 25.992 17.602 8.390 2000 74.248 29.324 20.196 9.128 2001 79.621 31.599 22.344 9.255 2002 84.801 34.948 26.068 8.880 2003 87.699 35.789 26.738 9.051 Variação 1997-2003 + 56,2% + 86,1% + 135,7% + 14,8%

* Incluí Eletricidade, gás e água

**GVA – Gross Value Added (Valor Adicionado Bruto)

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14 Tabela 10 - Crescimento diferencial da produtividade na manufatura Irlandesa

Setores Líderes Estrangeiros Resto da indústria*

Ano

Força de Trabalho GVA por Trabalhador Força de Trabalho Trabalhador GVA por

1997 85.503 135.851 171.531 45.980 1998 87.397 162.706 170.332 48.494 1999 94.234 186.790 168.822 49.697 2000 97.877 206.341 171.388 53.259 2001 95.279 234.511 170.384 54.318 2002 87.507 297.896 1.689.393 52.734 2003 ** 84.101 317.927 166.335 54.414 Variação 1997-2003 + 0,7% + 134,0% - 3,0% + 18,3%

* Inclui Eletricidade, Gás e Água; ** Baseado em estimativas recentes do Censo da produção industrial 203

Fonte: National Income and expenditure 2003, Central Statistics Office, Agosto 2004, Tabela 4; Census of Industrial Production 1997-2002; CSO, 2003 Census of Industrial Production - Estimativas Recentes, CSO, Novembro 2004, tabela 1

A necessidade de acelerar o crescimento da produtividade no setor produtivo nos setores onde a presença de empresas domésticas é mais forte constitui uma preocupação recorrente nos

policy-makers irlandeses, particularmente face à tendência de expansão da força de trabalho – que se expandiu a uma taxa anual de 2,7% entre 1991-2004 e em relação à qual existe uma expectativa de elevação à taxa anual de 0,8% entre 2004-2016 (a qual pode atingir até 1,8% se for mantido o ritmo de imigração dos últimos 12 anos, da ordem de 30.000 novos trabalhadores anuais). Neste sentido, existe particular preocupação com o decréscimo do ritmo geral de expansão da produtividade, em função da crescente concentração do emprego no setor de serviços, onde este crescimento é naturalmente menor, e com a perspectiva de redução do ritmo de entrada de fluxos de capitais associados a investimentos diretos provenientes do exterior. Neste contexto, o diagnóstico das agências de governo é de que a manutenção do dinamismo da economia irlandesa requer uma aceleração da taxa de investimento – particularmente na melhoria do “capital humano” – de modo a criar condições para a elevação da produtividade total dos fatores, para o que a realização de investimentos em novas tecnologias de informação e comunicação e na difusão das mesmas pela infra-estrutura da economia seria particularmente importante.

Obviamente, o movimento descrito resultou em importantes transformações na base produtiva da economia irlandesa, pois é natural que ocorra um crescimento da participação dos setores que apresentam uma evolução mais positiva da produtividade. A Tabela 11 indica que, em termos do valor adicionado bruto, a participação do setor industrial na economia irlandesa se eleva de 37,8% em 1995 para 51,6% em 2004. Em contrapartida, observa-se uma queda da participação tanto do setor agrícola (de 7,8% para 4,5%) como do setor de serviços (de 58,6% para 51,6%). A Tabela 12, por sua vez, indica que em 2002 aproximadamente 70% do produto gerado na economia irlandesa concentrava-se em sete setores: química básica; informática; mídia;

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15 farmacêutico; agroindústria; equipamentos médicos e eletrônica. O elevado grau de internacionalização da economia irlandesa, por sua vez, encontra-se evidenciado pela elevada participação das empresas estrangeiras, tanto em termos de produto (79,5%), exportações (90,6%) e empregos (49,2%) gerados em 2001, conforme ilustrado pela Tabela 13.

Tabela 11 - Deslocamentos Estruturais no Valor Bruto Adicionado Irlandês 1995-2004

Ano Agricultura Indústria Serviços Residual Total

1995 7,8% 37,8% 58,6% - 4,2% 100,0%

2004 4,5% 45,6% 51,6% - 1,7% 100,0%

Tabela 12 – Estrutura da manufatura Irlandesa: Participação setorial 1995-2002

Output Valor Adicionado Emprego

1995 2002 1995 2002 1995 2002

Top

10 Setor Partici- pação, Setor Partici- pação, Setor Partici- pação, Setor Partici- pação, Setor Partici- pação, Setor Partici- pação,

1 Maquinarias de escritório 15,7 Produtos Químicos Básicos 23,2 Maquinarias de escritório 12,4 Produtos Químicos Básicos 33,6 Maquinarias de escritório 6,6 Equipament o médico/ cirúrgico 6,3 2 Frutas/veg/ gorduras/ comidas variadas 8,4 Maquinarias de escritório 15,8 Químicos Produtos Básicos 12,1 Farmacêuticos Produtos 8,9 Frutas/veg/g orduras/ comidas variadas 6,2 Frutas/veg/g orduras/ comidas variadas 6,2 3 Produtos Químicos Básicos 8,1 Mídia Gravada 8,6 Bebidas 8,1 Frutas/veg/ gorduras/ comidas variadas

7,5 Carnes 5,8 Maquinarias de escritório 6,0

4 Leitera 7,7 Produtos Farmacêuti cos 6,8 Frutas/veg/ gorduras/ comidas variadas

7,4 Mídia Gravada 6,9 Impressões/ publicações 5,3 Carnes 5,9

5 Carnes 7,1 Frutas/veg/ Gorduras comidas variadas 6,7 FarmacêuticProdutos os

7,3 Bebidas 5,3 Roupas 5,1 FarmacêuticProdutos os 5,4 6 Mídia Gravada 5,5 Equipamen to médico/ cirúrgico 4,1 Tabaco 4,7 Equipamento médico/ cirúrgico 4,7 Leitera 4,8 Impressões/ publicações 5,2 7 Produtos

Farmacêuticos 5,1 Eletrônicos 3,9 Gravada Mídia 4,5 Eletrônicos 4,3 Manufaturas variadas 4,7 Manufaturas variadas 4,8

8 Bebidas 4,7 Leitera 3,5 Outros produtos químicos 4,0 Maquinarias de escritório 3,8 Produtos Farmacêutic os 3,8 Leitera 4,2

9 Eletrônicos 3,8 Carnes 3,4 Leitera 3,2 Tabaco 3,8

Maquinários eletrônicos

variados 3,7 Eletrônicos 4,2

10

Outros produtos

químicos 2,9 Bebidas 2,9 Impressões/ publicações 3,0

Maquinários eletrônicos variados 2,4 Eletrônicos 3,5 Maquinários eletrônicos variados 3,5 Total 69,0 78,9 66,7 81,2 49,5 51,7

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16 Tabela 13 – Perfil da indústria manufatureira na Irlanda, 2001

Unidades Locais Manufatureiras em 1 Milhão de Euro em Preços Correntes

POSSE NÚMERO UNIDADES BRUTAS EXPORTAÇÕES DE PRODUTOS EMPREGOS OUTPUT POR PESSOA

IRLANDESA 4.325 19.402 7.232 127.223 152.504

ESTRANGEIRA 731 75.012 69.809 123.186 608.933

TOTAL 5.056 94.414 77.041 250.409 377.039

% ESTRANGEIRA 14,50% 79,50% 90,60% 49,20% -

Fonte: Census of Industrial Production 2003, CSO, Maio 2004, Tabela 11, pag 96-7.

Apesar de, como tendência de longo prazo, o crescimento da produtividade estar concentrado no setor industrial – e, em especial, no núcleo de quatro setores mencionados – há indícios de uma maior dinamização do setor de serviços no perídio recente. Em 2005, aproximadamente 43% do valor adicionado gerado pela economia irlandesa estava concentrado em atividades de serviços, acompanhado por 26,8% do produto industrial, dos quais mais de 60% concentrava-se em atividades de elevado conteúdo tecnológico, conforme aponta a Tabela 14. Há indícios de que transformações estruturais importantes estão ocorrendo na economia irlandesa no período mais recente, as quais apontam para um crescimento da participação do setor de serviços, em especial aqueles vinculados ao setor de construção, atividades de transporte e turismo e outros serviços (que inclui serviços públicos). Informações relativas à variação do produto entre 2004-2005 levantadas por Sexton (2007) indicam que estes setores foram responsáveis por 60% do crescimento do produto naquele período (Tabela 15). Além disso, outros 25% do crescimento do produto estavam vinculados ao setor financeiro e aos serviços empresariais.

Tabela 14 – Distribuição setorial do produto real e emprego na economia Irlandesa 2005

Setor GVA* Emprego

% GVA*Person Employed (Euro Annual)

Agricultura 2,9 5,9 34.700

Manufatura 26,8 15,0 125.600

Manufatura Moderna 16,3 4,7 241.800

Outras Manufaturas 10,6 10,3 72.200

Construções 9,3 12,6 51.900

Distribuição, Hotéis, Transporte etc. 17,5 26,1 47.200

Financeiro, Serviços, Seguros 25,2 13,3 133.500

Outros Serviços 18,3 27,1 47.300

Total 100,0 100,0 70.300

Total excluído das Manufatura

Moderna - - 61.800

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17 Tabela 15 – Participação do Crescimento Real Anual da

Produção (GVA) em 2001 e 2005 Setor 2001-01 % 2004-05 % Agricultura 0,2 5,7 Manufatura 27,7 8,0 Manufatura Moderna 25,1 8,4 Outras Manufaturas 2,6 -0,4 Construção 5,6 15,1

Distribuição, Transporte etc, 21,9 15,9

Finança, Serviços de Negócio 28,7 25,9

Outros Serviços 16,0 29,3

Total 100,0 100,0

As transformações estruturais em curso na economia irlandesa são ainda mais perceptíveis quando se compara a evolução recente dos empregos criados nos setores industriais e de serviços (Tabela 16). Por um lado, no tocante ao setor industrial, apesar do mesmo manter o seu dinamismo em termos da participação no produto, observa-se que em alguns setores (principalmente aqueles com menor nível de produtividade relativa) existe uma tendência de transferência de operações para outros países com mão-de-obra mais barata. Neste sentido, apesar dos setores vinculados a produtos de alta tecnologia tenderem a ampliar sua participação no produto da indústria, o setor industrial como um todo tende a reduzir sua participação no produto, em favor de alguns setores de serviços mais dinâmicos, como os de serviços empresariais, turismo e serviços financeiros. Dentre estes setores, percebe-se uma crescente especialização da Irlanda em serviços empresariais internacionais, os quais são particularmente intensivos em mão de obra qualificada e geram um montante expressivo de exportações. Esta tendência se reflete no crescimento expressivo das exportações de serviços, que se eleva de 12,4 bilhões de EUR em 1998 para 46,1 bilhões de EUR em 2005, equivalente a uma taxa anual de crescimento da ordem de 20%. Dentre estas exportações, 39 bilhões de EUR (85% do total) em 2005 estavam vinculadas ao setor de serviços financeiros e empresariais, dos quais 15 bilhões de EUR (equivalentes a um terço das exportações de serviços) correspondiam a serviços de informática. Estas exportações direcionavam-se principalmente para países europeus, com uma parcela surpreendentemente pequena (em comparação com o padrão geral das exportações irlandesas) destinando-se aos EUA e ao Canadá.

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18 Tabela 16: Crescimento do emprego irlandês por setor (até 2006)

Setor Irlandeses Irlandeses Não- Total

Agricultura, extração e Pesca - 200 800 500

Outros produtos da indústria - 1.300 5.100 3.900

Construção 16.00 12.500 28.400

Atacado e Varejo - 3.200 6.500 3.300

Hotéis e Restaurantes - 7.400 8.500 1.100

Transporte, armazenamento e comunicação - 3.700 2.500 - 1.100

Financeiro e outros serviços de negócios 10.900 4.000 15.000

Administração Pública e Defesa 4.600 - 200 4.400

Educação 11.700 0 11.700

Saúde 15.700 2.900 18.700

Outros Serviços - 2.200 1.700 - 500

Total Emprego 41.100 44.300 85.500

Fonte: CSO

Desempenho exportador e inserção externa

O dinamismo recente da economia irlandesa tem sido recorrentemente associado ao seu padrão particular de inserção externa, baseado na atração de vultosos investimentos diretos estrangeiros – particularmente para os setores mais dinâmicos da economia - a partir da qual estruturou-se uma plataforma exportadora especializada em produtos e serviços de elevado valor agregado. De fato, o Gráfico 6 ilustra a elevada participação das exportações irlandesas em relação ao produto do país. Durante o período de 15 anos compreendido entre 1986-2003, as exportações irlandesas mais do que quintuplicaram, evoluindo de 15,6 bilhões de EUR para mais de 82 bilhões de EUR, fazendo com o saldo comercial se elevasse de 2,2 bilhões de EUR para 34,6 bilhões de EUR no mesmo período (Tabela 17). Este movimento de crescimento das exportações foi inicialmente puxado pelas exportações de bens manufaturados, que se elevaram expressivamente na primeira metade da década de 90. Já na segunda metade daquela década, assumem maior importância as exportações de serviços, em especial serviços de informática, com particular destaque para o setor de software. Em 2001, as exportações de software irlandesas atingiam US$ 6,5 bilhões, contribuindo com 85% do faturamento de uma indústria que atingia US$ 7,65 bilhões (equivalente a uma relação entre faturamento/PIB da ordem de 7,4%) e gerava 25 mil empregos, constituindo o 12o maior mercado do setor ao nível mundial. Em 2003, estas exportações já atingiam algo próximo de US$ 10 bilhões, contribuindo para um faturamento do setor de software da ordem de US$ 12 bilhões.

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19 Gráfico 6. - Exportação de Bens & Serviços (% do PIB), 2004

188,33 98 82,08 64,81 64,8 44,52 44,85 44,13 39,71 38,34 37,12 34,37 29,03 27,74 26,01 25,94 10,07 0 25 50 75 100 125 150 175 200 Singapura PNB Irlanda PIB Irlanda Hungria Paíse s Baixos Suiça Coré ia Dinamarca Polônia Ale manha Finlândia Reino Unido Nova Zelândia Espanha Itália França EUA

Tabela 17: Comércio Externo da Irlanda

por milhões de Euros

Importações Exportações Balanço Comercial

1973 1.444 1.104 -340 1978 4.715 3.763 -952 1983 9.354 8.817 -537 1988 12.970 15.624 2.654 1993 18.900 25.179 6.279 1998 39.715 57.322 17.607 2003 47.525 82.176 34.651 Fonte: CSO Cingapura

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Performance da Exportação Irlandesa

Participações no Mercado Mundial de Exportação

0,00% 0,25% 0,50% 0,75% 1,00% 1,25% 1,50% 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Participações no mercado mundial de exportação em % Bens Serviço Total

A aceleração das exportações observada na década de 90 fez com que o país duplicasse sua participação nas exportações mundiais, principalmente em função do aumento das exportações de produtos químicos e de equipamentos de telecomunicação e informática (ver Tabela 18). Este dinamismo exportador reflete uma série de fatores, dentre os quais é possível destacar (Cassidy e O’Brien, 2005): (1) uma especialização crescente em produtos de alta tecnologia, em relação aos quais a demanda internacional cresceu de forma expressiva (neste sentido, observa-se que, apesar das exportações de alguns produtos tradicionais também terem se elevado, a participação dos mesmos no total das exportações irlandesas caiu expressivamente); (2) o direcionamento preferencial dessas exportações para o mercado norte-americano, que apresentou um comportamento particularmente favorável ao longo daquele período; (3) a capacidade de atração do investimento direto externo (FDI), proveniente principalmente dos Estados Unidos (em função de vínculos econômicos e culturais), os quais foram direcionados para um grupo de setores de alta produtividade, com o intuito explícito de gerar exportações capazes de serem absorvidas por uma demanda internacional em expansão. Quanto a este último aspecto, a Tabela 18, baseada em informações levantadas por Barry (2005) indica que o estoque de investimento direto per-capita na economia irlandesa decuplicou entre 1980-2000, atingindo ao final do período um valor que correspondia a mais do dobro do observado na média dos 15 países mais desenvolvidos da Europa.

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21 Tabela 18: Participação da Irlanda nas Exportações Mundiais em Setores

Selecionados (% participação)

1990-1993 2000-2003

Alimento 1,8 1,4

Produtos Químicos 1,5 5,1

Equipamentos de escritório e telecomunicações 1,6 2,8

Outros 0,4 0,4

Total 0,7 1,3

Fonte: Wolrd Trade Organisation

Tabela 19: Investimento Estrangeiro Direto per capita

Irlanda Reino Unido Espanha França EU-15

1980 1102 1119 137 415 546 1985 1313 1130 233 594 688 1990 1569 3542 1696 1720 2113 1995 3251 3408 3331 3119 3029 2000 15623 8079 3567 4401 6271 Fonte: Barry 2004

De acordo com a análise de Cassidy e O’Brien (2005), é possível diferenciar três efeitos na análise do desempenho exportador recente da economia irlandesa. O primeiro efeito refere-se à evolução geral da economia mundial. Este efeito, porém, não parece ser suficiente para explicar aquele desempenho, uma vez que a participação do país nas exportações mundiais se elevou ao longo do período considerado. De fato, enquanto informações do FMI apontam para um crescimento do volume de comércio mundial da ordem de 6,25% ao ano no período 1986-2003, o volume das exportações irlandesas se elevou a uma taxa anual de 11,5% ao longo do mesmo período, com um movimento relativamente semelhante para as exportações de bens e serviços.

Um segundo efeito a ser considerado na análise do desempenho exportador recente da economia estaria associado à especialização na direção de produtos e mercados que apresentam um comportamento mais dinâmico. Neste sentido, a Tabela 20 apresenta uma decomposição do crescimento das exportações irlandesas pelos seus principais produtos para os períodos 1990-1992 e 2000-2003, podendo-se observar um crescimento expressivo de produtos químicos e de produtos vinculados às tecnologias de informação e comunicação. Neste último caso, destacam-se, em especial, as exportações de serviços vinculados ás TIC, que se elevam expressivamente a partir de 2002, conforme ilustrado pelo Gráfico 8. Estes setores são amplamente dominados por empresas multinacionais, que converteram o país numa importante base exportadora de suas operações. Por outro lado, no que se refere ao destino das exportações, observa-se, a partir de informações da Tabela 21, uma especialização crescente no sentido do mercado norte-americano, aproveitando a expansão do mesmo ao longo da década de 90. Em contraste, a importância do Reino Unido como destino das exportações diminui ao longo do mesmo período. A participação das exportações para os demais países europeus também se elevou na comparação 1990-2003,

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22 irlandesas praticamente duplicou naquele período, evoluindo de 2,8% para 5,6%.

Tabela 20: Especialização das Exportações (participação na mercadoria total)

Irlanda Exportações Mundiais

1990-1992 2002-2003 1990-1992 2000-2001

Alimentos 23,0 7,8 10,1 7,7

Produtos Químicos 17,6 38,2 10,4 10,7

TIC 27,6 36,5 21,0 29,1

Outros 31,7 17,5 58,5 52,5

Fonte: CSO, WTA database, CBFSAI calculations

Gráfico 8.

Tabela 21: Efeitos do Mercado na Perfomance da Exportação

Região Especialização do País:

Participações por destino das exportações irlandesas

Tamanho do Mercado: Participação das Regiões nas

Importações Mundiais

1990 2003 1990-1993 2000-2003

Reino Unido 33,7 18,1 0,06 0,05

E,U, menos R,U, 41,0 43,2 0,33 0,29

EUA 8,2 20,6 0,15 0,18

Japão, Coréia do Sul, Tailândia, Singapura, China

2,6 5,2 0,14 0,15

Outros 14,5 13,0 0,32 0,32

Fonte: IMF World Economic Outlook, CBFSAI calculation

Um terceiro efeito importante a ser considerado na avaliação recente da performance exportadora da economia irlandesa refere-se ao incremento da “competitividade”, a qual estaria vinculada à capacidade de uma determinada economia vender seus bens e serviços a um preço mais baixo, em razão de ganhos de eficiência e de uma maior produtividade, que acabariam se revertendo em menores custos. Cassidy e O’Brien (2005) ressaltam que a análise desse efeito costuma ser afetada pelo comportamento da taxa de câmbio real, em relação à qual seria possível

Índice de produção

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23 diferenciar três sub-períodos distintos: 1) janeiro 1995 – janeiro 1999: período de alinhamento entre preços internos e preços internacionais, com a taxa de câmbio mantendo-se ligeiramente acima de seu valor de referência; 2) Janeiro 1999 – Abril 2002: período inicial de estabelecimento do Euro, acompanhado por uma depreciação cambial mais acelerada do que a inflação interna, o que tendeu a gerar um ganho substancial de competitividade em termos de preços; 3) Abril 2002- Maio 2005: tendência à apreciação cambial do EURO, acompanhada por pressões para aumento de salários nominais.

Apesar dos impactos potencialmente desfavoráveis da apreciação cambial recente, os mesmos deveriam ser confrontados com a evolução dos salários relativos e da produtividade, os quais, em conjunto, definem o custo no setor de tradables. Neste sentido,, as evidências coletadas por Cassidy e O’Brien (2005), sistematizadas no Gráfico 9, indicam que o custo salarial relativo no setor manufatureiro irlandês tem caído de forma contínua desde a década de 90, evidenciando um fortalecimento da competitividade. Este movimento é explicado basicamente pela elevação expressiva da produtividade do trabalho – particularmente no período 1997-2002 – a qual mais do que compensou a tendência de elevação dos salários relativos – observada principalmente a partir de 1998 – e a tendência mais recente de valorização do cambio real

Gráfico 9: Custo relativo de unidade de salário na manufatura expresso em moeda comum, e variações nos componentes, 1990=100

0 50 100 150 200 250 300 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Índice de Output por hora Ganhos por horas relativos (Corrência Nacional)

Custo da Unidade de Salário Relativo (Corrência Comum) Índice da taxa de trocas nominal

Por fim, é importante tecer alguns comentários sobre as possibilidades de manutenção do dinamismo exportador da economia irlandesa no período atual. Um dos principais riscos identificados para a manutenção deste dinamismo refere-se à manutenção da capacidade em atrair o investimento direto estrangeiro, face á intensificação da concorrência com outros locais com baixos custos de mão de obra pela atração dos mesmos. A forte especialização da economia em

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24 exportadora, apesar do dinamismo dos mesmos. A baixa competitividade externa em setores tradicionais onde prevalece a presença de firmas domésticas também constitui um fator de fragilidade, na medida em que reforça a vulnerabilidade da economia face a possíveis choques externos, como aqueles advindos de uma apreciação continuada do câmbio ou, pior ainda, uma súbita reversão do crescimento da economia norte-americana.

Configura-se também uma situação relativamente paradoxal, na qual a Irlanda opera como um dos países líderes na exportação de produtos de alta tecnologia, sem que se destaque como um importante foco de geração de inovações. Neste sentido, a forte dependência da economia em relação ao comércio desses produtos constitui, por si só, um fator de vulnerabilidade potencial, na medida em que a consolidação de uma economia “baseada no conhecimento” venha a favorecer economias intensivas em P&D, dotadas de uma capacidade endógena de geração de inovações. Tais características, na Irlanda, tende a estar circunscritas aos setores exportadores mais dinâmico controlado por empresas multinacionais. Assim, a manutenção do dinamismo exportador da economia irlandesa parece estar atrelada ao fortalecimento efetivo da sua capacidade inovativa interna, em paralelo à continuidade da especialização em setores tecnologicamente dinâmicos. No entanto, é importante que os ganhos de produtividade e a intensificação do esforço inovativo paulatinamente se difundam para o conjunto dos setores da economia, o que reforçaria a possibilidade de sustentação de seu dinamismo no longo prazo.

Fatores determinantes do crescimento irlandês: a controvérsia da literatura

A identificação dos fatores explicativos do recente crescimento da economia irlandesa não é consensual na literatura econômica, contrapondo, de um lado, autores que advogam no sentido do caráter “market friendly” da estratégia de desenvolvimento adotada – complementada pontualmente por uma atuação pública no sentido da provisão de externalidades e na correção de “falhas de mercado” – e, de outro, autores que salientam a importância da ação estatal na montagem de instituições que possibilitaram uma melhor coordenação daquela estratégia, envolvendo, inclusive, a implementação de uma política industrial ativa.

O´Riain (2004) salienta que os argumentos da interpretação tradicional sobre o crescimento irlandês privilegiam a articulação virtuosa entre o livre comércio e a criação de condições favoráveis à absorção de um fluxo expressivo de investimento direto proveniente do exterior. Segundo esta linha interpretativa, o desempenho medíocre da economia irlandesa no período 1950-1988 seria o resultado da combinação de “entraves” ao desenvolvimento, dentre os quais se incluiriam a adoção de políticas protecionistas, o suporte ineficaz à agricultura, os baixos níveis de educação, a presença de monopólios estatais em setores chave e as relações industriais excessivamente pluralistas. Neste sentido, o surto expansivo posterior seria o resultado da combinação de um senso de oportunidade no aproveitamento das condições externas favoráveis com a realização de mudanças na estrutura produtiva interna, que contemplariam o declínio da agricultura ineficiente, a opção pelo livre comércio, a elevação dos níveis de educação, a desregulamentação da presença do estado e a consolidação de relações salariais mais condizentes com as exigências do mercado. Estas transformações teriam tornado possível aproveitar as “externalidades” geradas pelo fluxo crescente de investimento externo, favorecendo a

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25 amplificação dos impactos diretos desse fluxo sobre a aceleração do ritmo de atividade econômica. Esta dinâmica é ressaltada por Krugman (1997) em um artigo no qual aborda as causas do crescimento irlandês. Segundo o autor:

“Thanks in part to luck, in part to policies …, Ireland got a head start over other European

locations in attracting what became a surge of inward FDI; the early investments both generated a cascade through informational effects and, eventually, created external economies that further reinforced Ireland’s advantages” (Krugman, 1997, p. 51)

Desenvolvendo o argumento, Krugman enfatiza a importância de uma conjunção “virtuosa” entre o investimento externo (relacionado ao ciclo de expansão para o exterior de firmas norte-americanas) e as condições locais criadas à época na economia irlandesa:

“American corporations made major moves to increase their presence in the European market;

they tended to agglomerate their new projects to take advantage of the flexibility this allowed; and Ireland was fortunate enough to receive a major share of American-owned electronics projects in Europe because they agglomerated around other major firms such as Intel” (1997, p. 153).

Segundo Bradley (2000), a interpretação de Krugman concebe o crescimento recente da economia irlandesa como resultado da operação de uma série de “externalidades” do tipo marshalliano, dentre as quais seria possível destacar: 1) um processo de aglomeração (clustering) de indústrias similares de alta tecnologia (nas áreas de equipamentos de informática e telecomunicação, software e farmacêutica), apoiado por fornecedores locais de insumos especializados, que passam a operar com economias de escala crescentes; 2) a geração de um mercado de trabalho capaz de absorver uma mão-de-obra com nível elevado de qualificação (em parte proveniente do exterior na forma de fluxos imigratórios); 3) a geração de efeitos spill-over a partir do núcleo dinâmico de indústrias de alta tecnologia, que acabam beneficiando outros setores econômicos mais tradicionais, como o agroindustrial; 4) a melhoria das condições gerais de infra-estrutura gerada pelo uso racional dos Fundos Estruturais provenientes da UEE, no sentido do atendimento das necessidades do mercado; 4) a consolidação de um relativo consenso entre as forças sociais no sentido da promoção das transformações necessárias na estrutura sócio-econômica.

A interpretação de Berry (2005), desenvolvida com o apoio do Banco Mundial, caminha na mesma direção, porém reforçando o caráter “market-friendly” da estratégia adotada. Por um lado, este autor procura reforçar a importância da utilização “racional” dos Fundos Estruturais colocados á disposição do país pela União Européia principalmente a partir do final da década de 80, com os mesmos tendo atingido um valor próximo a 4% do PIB no início dos anos 90 (ver Gráfico 10). Estes fundos teriam sido direcionados para três objetivos fundamentais: o desenvolvimento da infra-estrutura física, a assistência ao setor privado e o desenvolvimento do “capital humano”. Esta última característica diferenciaria fortemente a Irlanda de outros países europeus mais pobres que também contaram com o apoio daqueles recursos. Por outro lado, a estratégia implementada também teria incorporado outros elementos claramente orientados para a promoção de uma operação “eficiente” dos mercados. Dentre estes elementos, seria possível destacar: 1) um posicionamento claramente favorável á abertura da economia, expresso na

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26 legislação relativa à propriedade externa de empresas atuantes no país; 2) uma mudança na estratégia fiscal (com redução de encargos, modernização gerencial e enxugamento da máquina administrativa), que possibilitou a resolução da crise recorrente das finanças públicas, possibilitando, numa etapa subseqüente, a redução da taxação sobre as atividades privadas para um dos níveis mais baixos dentre os países da UEE (ver Gráfico 11); 3) a implementação de um política regional mais flexível, de apoio à aglomeração espacial de empresas na região mais desenvolvida do país (contemplando o Sul e Leste), a qual acabou beneficiando as regiões menos desenvolvida (Border, Midlands e Oeste) devido a efeitos spiil-over espaciais; 4) a flexibilização do mercado de trabalho, com redução do poder de sindicatos nas negociações trabalhistas; 5) o apoio à mudança na estrutura demográfica, através do intenso processo de emigração, que possibilitou evitar estrangulamentos na oferta de mão-de-obra e facilitou a flexibilização das relações trabalhistas.

Gráfico 10

Fundos estruturais e a porcentagem no PIB da Irlanda

0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1975 1980 1985 1990 1995 P o u n d s ( m il h õ e s ) 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 Fundos % PNB

Fonte: Barry et. Al. 1997 Fonte: Barry et all, 1007.

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27 Gráfico 11: Taxa de imposto padrão incorporado (%), 2003.

12,5 16,0 19,0 22,0 24,1 29,0 29,7 30,0 30,0 33,0 34,33 34,5 35,0 37,25 38,29 40,0 10 15 20 25 30 35 40 45 Irlanda Hungria Polônia Singapura Suiça Finlândia Coréia Dinamarca Reino Unido Nova França Países Espanha Itália Alemanha EUA

A este tipo de visão essencialmente “market-frendly” do crescimento irlandês, é possível contrapor uma outra visão, que ressalta o papel ativo fundamental do Estado e de uma série de instituições socialmente construídas na construção e implementação de uma estratégia coerente de desenvolvimento. Algumas hipóteses importantes subjacentes a este tipo de interpretação são mencionadas no estudo de O´Riain (2004). Em primeiro lugar, contrariamente à visão que vincula o crescimento recente irlandês basicamente à atração o investimento externo e à montagem de uma “plataforma” de exportações, O´Riain sugere que o processo de desenvolvimento e “catching up” da economia irlandesa somente pode ser compreendido a partir de um foco na montagem de instituições locais capazes de sustentar aquele processo, as quais deveriam ser capazes de coordenar a transformação da estrutura produtiva e de criar condições para o fortalecimento da capacidade inovativa no interior do sistema econômico. Em segundo lugar, admite-se que a capacidade do investimento direto comandar um processo sustentável de desenvolvimento no longo prazo é intrinsecamente limitada, dados os vínculos limitados entre as empresas multinacionais com orientação exportadora e a base econômica local, bem como em razão da tendência à repatriação do capital investido e dos baixos estímulos à criação de vínculos que reforcem a capacitação inovativa local (O’Hearn, 2001).

Em terceiro lugar, esta linha de análise procura se contrapor criticamente à visão de um “estado competitivo” difundida pela interpretação tradicional, cujas ações seriam implementadas quase que de forma reativa em função dos sinais e necessidades do mercado. Nesse sentido, cabe mencionar a argumentação desenvolvida por Kirby (2005), segundo a qual este conceito carece de correspondência com a realidade, ao subordinar o campo da política e das interações sociais unicamente à lógica de mercado, desconhecendo o processo de construção de instituições que acompanha necessariamente as transformações econômicas. Esta crítica à “fetichização” do mercado estaria fundamentada não apenas em uma argumentação teórica consistente, mas principalmente nas evidências de que algumas instituições surgidas no período – destacando se o

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28 monitoramento das transformações ocorridas na estrutura produtiva do país.

Propõe-se, desse modo, uma inversão nas relações de determinação propostas pela abordagem tradicional, passando-se a admitir que “forças de mercado” são, na verdade, o produto gerado a parir de um arranjo institucional que articula a ação do estado e um conjunto de relações sociais nas quais a base econômica se encontra incrustada (ou embedded, para fazer uso de um conceito tradicional da sociologia econômica). Nesta perspectiva, o nível de competitividade não deveria ser visto como um “ponto de chegada” de uma trajetória pré-ordenada, e sim como o resultado da disputa entre diferentes interesses, na qual as instituições que criam as condições para viabilização do crescimento econômico operam também como instrumentos da transformação política e social. Em termos práticos, esta linha interpretativa procura discutir criticamente alguns aspectos dinamizadores do crescimento econômico salientados pela abordagem tradicional – como a política generalizada de redução da carga fiscal e a ênfase na melhoria do “capital humano”. Segundo esta visão crítica, tais instrumentos não se justificariam

per se, devendo ser analisados na perspectiva da construção de instituições que expressam interesses muitas vezes contraditórios, a partir dos quais são definidas soluções de compromisso capazes de viabilizar uma trajetória de desenvolvimento, a qual não seria poderia ser reproduzida em contextos distintos daquele na qual foi gestada e implementada. O`Riain (2004) salienta as implicações desta perspectiva analítica na interpretação dos fatores explicativos do desenvolvimento irlandês:

“The analysis presented here implies a very different moral story to be told about the Celtic Tiger

than that offered by stories focused on the market. The ‘Celtic Tiger’ is not a product of heroic entrepreneurs in the market but is a (partial) success made possible by the embeddedness of entrepreneurs and workers in dense social institutions. There is a significant collective contribution to the success of those who have benefited ‘from the market’ and those social groups are therefore subject to legitimate claims from those collective institutions. Society’s claim on the technical-professional classes and entrepreneurs who have benefited most from the ‘Celtic Tiger’ is not one of guilt or charity, but one of right, as the success of these firms and social classes rests heavily on collective social and state institutions. Recognising the importance of state and social embedding of economic action not only makes for better economic policy but also opens up new political possibilities within the Irish political economy. The state still matters because (to use Cerny’s, 1995 terms) it is both a civic association, an arena for advancing legitimate political claims, and an enterprise association, promoting economic development” (O´Riain, 2004, pp. 50)

Com base nesta perspective de análise, Kirby (2007) desenvolve o conceito de “construção de capacidade” por parte do Estado, através da qual o mesmo promoveria a mobilização dos meios, a articulação de agentes e a construção de instituições que fossem funcionais para atingir determinados objetivos. Tal conceito seria instrumental para a compreensão de ações que refletem uma lógica de intervenção estatal ampla, multifacetada, complexa e muitas vezes contraditória, a qual dificilmente poderia ser compreendida a partir da generalização de padrões. Conforme salienta o autor:

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29 “Clearly, then, an important legacy of the Celtic Tiger has been the opening of debates about the

nature and functioning of the Irish state. To put it crudely, these can be summarised in three positions: those who hold that the Irish state has played a crucial role in the transformation of the potential of the economy and society; those who hold that the Irish state’s role has been to impose a market-driven logic on the economy and on society; and those who hold that the evidence points in both directions, finding no clear overriding logic but rather a series of tendencies and counter-tendencies. Yet, leaving it at this is less than satisfactory: how are we to conceive of a state that can simultaneously be considered developmental, neo-liberal and a mix of tendencies and counter tendencies? Are these mutually contradictory positions or might there be some way of explaining how the same empirical evidence allows of such divergent interpretations?” (Kirby, 2007, pp 4)

No caso da experiência irlandesa, a construção dessa capacidade se expressaria na definição e operacionalização de uma Política Industrial que se mostrou fundamental para acelerar a estratégia de desenvolvimento perseguida. Nesta perspectiva, tal política é vista como o produto de uma estratégia deliberada de desenvolvimento, gestada a partir de um conjunto particular de forças sociais e não como produto de ações reativas implementadas face à lógica onipresente dos sinais de mercado. Reconhecendo a importância dessa perspectiva de análise, as seções seguintes deste estudo desdobram-se na discussão de dois aspectos que evidenciam o processo de “construção de capacidade” por parte do Estado irlandês na aceleração do ritmo de crescimento econômico. O primeiro deles – que pode ser considerado uma experiência efetivamente bem sucedida dessa construção – refere-se à definição e operacionalização de ma Política Industrial ativa ao longo dos últimos 20 anos. O segundo aspecto – que evidencia um processo parcial de “construção de capacidade” – refere-se às ações implementadas no sentido da construção e dinamização de um “Sistema Nacional de Inovação” no país.

Política Industrial: uma síntese da experiência irlandesa

Segundo Kirby (2007), a estratégia de desenvolvimento industrial implementada pelo Estado na Irlanda caracteriza-se pela consistência e estabilidade desde o final da década de 50. Neste sentido, a política de liberalização da economia e de atração do investimento direto estrangeiro nos anos 90, implementada sob a coordenação da Industrial Development Authority (que depois se converteria na Industrial Development Agency –IDA), não seria o resultado de uma mudança fortuita na ação do Estado, e sim o reflexo de um acúmulo de capacidade institucional nitidamente path dependent. Nesta perspectiva, a política de atração do investimento direto pode ser considerada deliberada e incondicional, baseando-se num conjunto de ações estatais – como a criação de uma zona de livre comércio, a concessão de generosos incentivos fiscais e creditícíos, a renovação da força de trabalho e a melhoria da infra-estrutura de telecomunicações que criaram ambiente efetivamente “transnational-friendly” (Ó Riain, 2004).

Neste contexto, o IDA assumiu o papel de instância institucional responsável por liderar a coordenação do processo de transformação produtiva, aprofundando um padrão de intervenção ativa que remonta á década de 60. A importância desse papel refletiu-se, ao longo de todo o período, na capacidade daquele órgão atrair recursos humanos qualificados – os quais estariam

Referências

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