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DO EXAME TOXICOLÓGICO (LEI , ARTIGO 13º):

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DO EXAME TOXICOLÓGICO (LEI 13.103, ARTIGO 13º):

Com a promulgação da lei 13.103/2015, a “nova Lei do Motorista”, fato ocorrido em 02 de março de 2015, instituiu-se o exame toxicológico de larga janela para os motoristas, quando de sua admissão e demissão. A legislação também alterou o Código de Trânsito Brasileiro, para que o referido exame também fosse aplicado nas renovações das habilitações C, D e E, específicas de transporte de cargas e de passageiros.

Apesar de ser aparentemente uma novidade, o exame, em si, para a categoria, fora instituído pelo Código de Trânsito Brasileiro, em 1997, e posteriormente modificado pela lei 12.619/2012. Ressalta-se que esta instituía apenas como dever do motorista a submissão do empregado em programa de controle de uso de droga e bebida alcoólica, sem qualquer tipo de especificação de prazos, ou ainda obrigação por parte da empresa na instituição de tal programa.

Por outro lado, a nova lei institui prazo para sua obrigatoriedade, tanto nas renovações de habilitação, 90 (noventa) dias a partir da entrada em vigor1, quanto da realização nas admissões e demissões, 1 (um) ano, a partir da entrada em vigor da lei.

Ainda, em 16 de novembro de 2015, com o fim de regulamentar a realização desses testes, o MTE (Ministério do Trabalho e Emprego) publicou a Portaria MTPS n.º 116, impondo diversas restrições e exigências para a realização dos exames, dificultando muito o seu pleno exercício. Ressalta-seque a Portaria ainda não atinge os motoristas autônomos, pois estes ainda serão alvo de regulamentação pelo DENATRAN.

Em seus primeiros tópicos a Portaria n.º 116 reforça a necessidade da janela de detecção ser maior ou igual a 90 (noventa dias), bem como de o exame ser realizado apenas na admissão e demissão. Em seu prosseguimento a Portaria ainda impõe as seguintes regras:

1.3 Os exames toxicológicos não devem: a) ser parte integrantes do PCMSO;

b) constar de atestados de saúde ocupacional;

c) estar vinculados à definição de aptidão do trabalhador

1 O CONTRAN por meio da Resolução nº 517 de 2015, adiou para 1º de janeiro de 2016, para a

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3.2. Os laboratórios devem entregar ao trabalhador laudo laboratorial detalhado em que conste a relação de substâncias testadas, bem como seus respectivos resultados.

3.3. Os resultados detalhados dos exames e da cadeia de custódia devem ficar armazenados em formato eletrônico pelo laboratório executor por no mínimo 5 (cinco) anos.

3.4. É assegurado ao trabalhador:

a) o direito à contraprova e à confidencialidade dos resultados dos exames; b) o acesso à trilha de auditoria do seu exame.

4. Os laboratórios devem disponibilizar Médico Revisor - MR para proceder a interpretação do laudo laboratorial e emissão do relatório médico, sendo facultado ao empregador optar por outro Médico Revisor de sua escolha. 4.1. Cabe ao MR emitir relatório médico, concluindo pelo uso indevido ou não de substância psicoativa.

4.1.1. O MR deve considerar, dentre outras situações, além dos níveis da substância detectada no exame, o uso de medicamento prescrito, devidamente comprovado.

4.2. O MR deve possuir conhecimentos para interpretação dos resultados laboratoriais.

4.3. O relatório médico emitido pelo MR deve conter: a) nome e CPF do trabalhador;

b) data da coleta da amostra;

c) número de identificação do exame;

d) identificação do laboratório que realizou o exame; e) data da emissão do laudo laboratorial;

f) data da emissão do relatório;

g) assinatura e CRM do Médico Revisor - MR.

4.3.1. O relatório médico deve concluir pelo uso indevido ou não de substância psicoativa, sem indicação de níveis ou tipo de substância. 4.3.2. O trabalhador deve entregar ao empregador o relatório médico emitido pelo MR em até 15 dias após o recebimento.

Como pode-se ver, nos pontos 4.3.1 e 4.3.2, o relatório médico será entregue diretamente ao trabalhador, ficando este incumbido de entregar para o empregador. Paira dúvida neste ponto, no sentido de ser viável demitir o trabalhador, ou sequer contrata-lo em face do resultado do exame.

Tal questão já foi levantada inclusive na CLT comentada pelos Juízes do Trabalho da 4ª Região2, pois, em apresentando os resultados o trabalhador estaria exposto a despedida discriminatória.

Ao ver do SETCERGS, sopesando a jurisprudência consagrada do Tribunal Regional da 4ª Região, em que pese o MTE não ter se manifestado a respeito de assistência para trabalhadores com uso comprovado de psicoativos.

2DE SOUZA. RODRIGO TRINDADE, coordenador; Marcio Lima do Amaral, Rubens Fernando Clamer dos

Santos Júnior Valdete Souto Severo, organizadores – CLT Comentada Pelos Juízes do Trabalho da 4ª Região – São Paulo: LTr 2015

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3 Neste caso o correto a se fazer em um primeiro momento é encaminha-lo ao INSS, ou ao médico da empresa para averiguação de dependência química. Só em caso de não constatação de dependência, poderia se proceder com a demissão.

Frente a isto, como já ressaltado, o MTE não propõe como obrigação do empregado em entregar os resultados para a empresa, por outro lado exige a confidencialidade dos mesmos.

Sendo assim caso o empregado apresente os testes, este não poderá conter os especificar quais foram as substâncias psicoativas por ele utilizada, também não poderá ser mostrado a quantidade da droga presente no organismo.

Como se não bastasse, este exame não poderá constar no PCMSO, devendo ser um documento apartado, ressalta-se que a empresa deverá custear o exame mesmo este não fazendo parte do referido programa. Portanto, apenas o laboratório deverá documentar e manter sob sigilo os resultados, por pelo menos 5 anos.

De outra banda, como informa o tópico 3º, in verbis, da MTPS, há sérias restrições quanto aos laboratórios credenciados para a realização dos exames, vejamos:

3. O exame toxicológico de que trata esta Portaria somente poderá ser realizado por laboratórios acreditados pelo CAP-FDT - Acreditação forense para exames toxicológicos de larga janela de detecção do Colégio Americano de Patologia - ou por Acreditação concedida pelo INMETRO de acordo com a Norma ABNT NBR ISO/IEC 17025, com requisitos específicos que incluam integralmente as "Diretrizes sobre o Exame de Drogas em Cabelos e Pelos: Coleta e Análise" da Sociedade Brasileira de Toxicologia, além de requisitos adicionais de toxicologia forense reconhecidos internacionalmente.

Assim, diante das restrições impostas pela portaria, o Denatran já credenciou 6 laboratórios para cumprir tal exame, os valores ficaram na margem de R$ 300,00 (trezentos reais) e R$ 400,00 (quatrocentos reais) por exame realizado. 1 PORTARIA Nº 35, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2016 CITILAB DIAGNOSTICOS LTDA – CNPJ 11.506.512/0001-40, sediada na Avenida Honório Alvares Penteado,

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4 97, Mezanino 17, Santana de Parnaíba – São Paulo 2 PORTARIA Nº 36, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2016 CONTRAPROVA ANÁLISES, ENSINO E PESQUISAS LTDA – CNPJ 10.822.357/0001-09, sediada na Avenida Almirante Ari Parreiras, 672, Niterói – Rio de Janeiro 3 PORTARIA Nº 37, DE 25 DE FEVEREIRO DE2016 MAXILABOR DIAGNÓSTICOS LTDA – CNPJ 03.941.124/0001-60, sediada na Rua Haiti, 148, Jardim Paulista – São Paulo, CEP 01.404-010 4 PORTARIA Nº 38, DE 25 DE FEVEREIRO DE2016 PSYCHMEDICS BRASIL EXAMES TOXICOLÓGICOS LTDA – CNPJ 08.075.074/0001-07, sediada na Calçada Antares, 146, Sala 4, Centro de Apoio 2, Alphaville, Município de Santana do Parnaíba 5 PORTARIA Nº 40, DE 25 DE FEVEREIRO DE 2016 LABORATÓRIO MORALES LTDA – CNPJ 05.934.885/0003-81, sediada na Rua Rodrigues Alves, 172 – Centro na cidade de Lins – Estado de São Paulo 6 PORTARIA Nº 42, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2016 LABORATÓRIO CHROMATOX LIMITADA – CNPJ 14.877.243/0001-17, sediada na Rua Havaí, 549 Sumaré – São Paulo

Diante de tais fatos as entidades de classe vêm se manifestando. Num primeiro momento, a CNTTT (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte Terrestre), ajuizou ação direta de inconstitucionalidade, alegando violação dos artigos 1º, IV, 5º, XIII, 7º, XXII e XXXIV, 170 e 193 da CF3.A OAB, por sua vez requereu ingresso como parte interessada, anunciado também que

3 BRASIL. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.322 Requerente? A

Confederação Nacional Dos Trabalhadores em Transportes Terrestres – CNTTT – Relator Min. Teori Zavascki

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5 irá defender a legalidade da lei. A seu turno, a Confederação Nacional dos Transportes enviou ofício ao Ministro do Trabalho e Emprego, questionando as diversas exigências feitas pela Portaria 116.

O tema suscita polêmica, tendo em vista tratar-se de “conflito” entre direito coletivo (segurança social) “versus” direito individual (intimidade do trabalhador). Acredita-se que o legislador, contudo, não visou restringir os direitos dos trabalhadores, ou ainda violar a intimidade. O que tentou, salvo melhor juízo, foi aprimorar o direito de todos à segurança social.

Cabe referir, por fim, que as previsões legais sobre os exames toxicológicos, trazidas pela Lei n.º 13.103/2015, estão em vigor e são passíveis de serem exigidas.

Os DETRANs deverão passar a exigir o exame toxicológico daqueles motoristas que pretendem a habilitação e a renovação da CNH categoria C, D e E. A partir do dia 25 de fevereiro de 2016, por meio das portarias acima citadas, restou cumprido o requisito que faltava, imposto pelo art. 148-A do CTB, de credenciamento pelo DENATRAN dos laboratórios aptos a realizarem os referidos exames.

Também, desde o dia 2 de março de 2016 os exames toxicológicos devem ser realizados no momento da admissão e da despedida do motorista empregado, pelas empresas e a sua custa, muito embora o Ministério do Trabalho e Emprego tenha se manifestado no sentido de que somente haverá autuações em caso de descumprimento a partir do dia 17 de abril de 2016.

O SETCERGS está à disposição para esclarecimentos e salienta que é a favor do cumprimento da lei e que está se empenhando para sanar os problemas jurídicos e de ordem prática ainda existente na regulamentação.

Porto Alegre, 07 de marçode 2016.

Fernando Antônio Zanella Marcelo Corrêa Restano

Referências

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