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EQUIPES NOVAS. CARTA No 12 EQUIPES DE NOSSA SENHORA SÃO PAULO- 1974

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EQUIPES NOVAS

CARTA

No

12

(2)

O pai pediu aos seus dois filhos para irem \ trabalhar na sua vinha.

"Chegou-se ao primeiro e disse-lhe. Filho, vai hoje trabalhar na vinha. Respondeu ele: Vou, sim, senhor; mas não foi. Chegou-se ao segundo e disse-lhe a mesma coisa. Ao que ele respondeu: - Não quero - ; mas depois arrependeu-se e foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?"

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EDITORIAL

POR DEUS

Freqüentemente surge uma crise, passados alguns anos de vida em equipe. Bruscamente ou pouco a pouco.

Por quê? Os casos são diferentes, e as razões aparentes nem sempre são as mais verdadeiras.

Esta crise pode atribuir-se a conflitos de caracteres, a diversidade de cultura ou educação, aos métodos ou à discipli-na do Movimento ...

Se se procurar bem até ao fundo, descobre-se que são conflitos de intenções.

Chamo intenção, ao termo, "ao fim" que um indivíduo visa ao efetuar uma ação.

Quando se observa de perto, vê-se que, freqüentemente, os membros de uma equipe não vêm à reunião pela mesma intenção. Então como podem deixar de surgir a tensão e o conflito?

Por vezes os casais entram para as Equipes sem a conve-niente informação dos verdadeiros objetivos do Movimento, tal como são definidos na primeira parte dos Estatutos. Quem os convidou ou arrastou não lhes teria apresentado a real motivação das Equipes de Nossa Senhora, talvez para não os afugentar.

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Mas deixo este aspecto da entrada no Movimento para voltar às equipes em crise e verificar que, seja pela má orien-tação inicial, seja por uma modificação posterior de orienta-ção, os membros das equipes não têm todos a mesma intenção.

'S: verdade que a intenção não é o mais visível e é por esse motivo que muitas vezes se lhe presta menos atenção. Contudo é fundamental. Dois homens visitam regularmente as velihas avós, doentes, aparentemente com a mesma soli-citude e dedicação; mas se não tivesse a perspectiva de enor-me herança, o prienor-meiro já há muito tempo que teria esque-cido a avó, enquanto que o outro é movido por um verdadeiro afeto.

Que grande diversidade de intenções, no fundo das almas, em certas equipes. (1). Este vem mais ou menos por causa do cônjuge, para lhe ser agradável; aquele recém~chegado à cidade, está contente por ter arranjado novas relações; outro decidiu-se porque "realmente é preciso fazer qualquer coisa"; encontra-se também, muitas vezes, o caso do casal atraído pela esperança de encontrar certo apoio para a sua vida con-jugal e talvez mesmo, em certas cidades, é de bom tom per-tencer às Equipes.

Depois, há aqueles que não têm intenção alguma, vêm só por rotina, para não causar aos seus companheiros de equi-pe o desgosto de os ver partir.

Ora, digo-lhes que nenhum destes motivos justifica a presença na equipe. Alguns não são maus mas nenhum é verdadeiro, aquele que corresponde à razão de ser do Movi-mento. l!: natural que algum destes motivos acompanhe o verdadeiro, mas não deverá ser o determinante.

(I) As linhas que se seguem já foram ciladas na Carla 9 (págs. 8 a 16) para recordar o sentido mais profundo do Compromisso. E.N .S.

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A única intenção verdadeira, aquela que corresponde à fi-nalidade das Equipes, é a vontade de conhecer melhor a Deus, de O amar melhor e de melhor O servir. Entra-se nas Equi-pes por Deus, nelas se fica por Deus. O motivo da entrada, o motivo da permanência é religioso, ou seja, relativo a Deus. Aliás, como é possível que os membros das Equipes afir-mem aceitar os Estatutos - refiro-me à primeira parte destes - se não for esse o seu motivo?

Sei perfeitamente que, com o decorrer do tempo, os mo-tivos se vão por vezes esbatendo, e insensivelmente, são co-bertos ou abafados pelo joio dos motivos secundários ou fal-sos. Deste modo, o casal ou a pessoa que entrou para a equipe com reta intenção, pode só permanecer nela. por razão secundária ou pouco válida.

:1!: por este motivo que se deve verificar, freqüentemente, nas reuniões mensais, para que rumo cada qual está orientado.

Cabe este papel ao Responsável e ao Conselheiro Espiri-tual, competindo-lhes fazer recordar a razão de ser das Equipes, especialmente na reunião de balanço e antes da renovação anual do compromisso (sendo um dos mais importantes moti-vos desta) e também dÜÍ'ante o ano, voltando a ler toda a pri-meira parte dos Estatutos ou pelo menos, recordando, pouco a pouco, algumas das frases que definem as grandes linhas espiri-tuais do Movimento.

Como seria possível que uma equipe onde há disparidade de intenções - lembrem-se das variadas razões que enunciei acima - não passasse, cedo ou tarde, por grave crise? Está possuída por forças (ou fraquezas?) divergentes, opostas, in-compatíveis. Basta um pequeno acontecimento para fazer ex-plodir as tensões, opor os seus membros, precipitar a crise

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ine-vitável. Este estado de crise é freqüentemente atribuido a. fal-sos motivos: maus caracteres, faltas de caridade, divergências de gosto. Mas a causa é muito mais radical, é a disparidade de intenções.

Então todos os remédios são paliativos, mesmo os esforços

de caridade fratema, se não se resolverem a modificar-se as intenções, ou a retirar-se. A lealdade obriga os membros de um

Movimento a não entrarem e não permanecerem nele se as suas

intenções não corresponderem ao ideal que este propõe.

Como seriam fortes, santificantes e irradiantes as nossas

equipes se os seus membros não entrassem e não permaneces-sem nelas senão POR DEUS.

HENRI CAFFAREL

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ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

O ESPíRITO SANTO E O CASAL

A Carla das Equipes já lhes falou da "espirilualidade con-jugal". Qual é a significação exala desta expressão? f.: o que em seguida vamos esclarecer.

Em primeiro lugar a palavra "esplritualidade" recorda-nos

que o Espírito Santo atua na nossa vida. Lembremo-nos das

confidências supremas de Cristo, na noite da Ceia, em São

João. Que nos diz? O Pai ama-nos. Enviou-O a Ele, o Filho

único, para que nos revelasse este amor e nos proporcionasse o poder-lhe corresponder. Mas eis que o FiLho vai subir para o Pai após ter realizado a "sua obra". Não nos deixa, no entanto, órfãos. Envia-nos o seu Espfrito para que conclua em nós esta

sua obra. Se O acolhermos e se assentirmos na sua ação, o

Espírito Santo torna-nos filhos do Pai unindo-nos vitalmente

ao Filho por excelência; faz-nos participar no amor e na

glória. de Deus; transforma-nos e diviniza.-nos. Sim, o

Es-pirito Santo atua em nós. A esta luz, compreende-se, todo o

alcance do vocábulo "esplritualidade". Acreditar nesta. presen-ça ativa do Espírito do Pai e do Filho para a ela nos entre-garmos mais l!vre e totalmente, é essa a verdadeira "espir itua-lidade". 1!: ao homem que se abre assim ao Espírito de Deus, que S. Paulo chama "homem espiritual".

Mas o que, em nós, capta esta ação do Espírito Santo? ll: ainda Paulo quem nos ensina, que é o nosso "espírito".

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Tra-ta-se, portanto, não da inteligência, mas de uma faculdade mais misteriosa que é o centro íntimo do ser humano trans-formado pelo Espírito de Deus. O espírito responde, em nós, ao Espírito Santo que o suscita e o dirige. O seu "sim" entre-ga o ser humano na sua totalidade ao dinamismo do Espírito divino. Com efeito, através desta porta que lhe é aberta no mais profundo do homem, o Espírito Santo vai irromper para se ir progressivamente apoderando de todo o ser: das faculda-des superiores, da afetividade e até do corpo a quem a ressur-reição foi prometida. Vai transformar-nos, na medida da nossa generosidade, em "homens espirituais". 1: este o se-gundo sentido da expressão de S. Paulo: traduz, não apenas a ação do Espírito Santo, mas ainda a novidade radical produ-zida no homem. 1: este também o segundo aspecto que evoca a palavra "espiritualidade".

A espiritualidade será pois a ciência da espiritualização do homem pelo Espírito Santo. Ensina-nos o papel primordial do Espírito que atua e transforma; e igualmente o papel do homem que consente e se abandona ativamente a esta meta-morfose divina.

1: em função desta participação do homem na sua espll'l-tualização que esclarecemos o sentido de "·espiritualidade con-jugal". Porque o ser no qual o Espírito Santo trabalha, não é um homem abstrato, mas alguém bem concreto; sois vós, sou eu, marcados de muitas formas pelo nosso temperamento, a nossa história, o nosso meio e, principalmente, comprometidos no matrimônio. Nesta perspectiva, a "espiritualidade conju-gal" surge como a arte de utilizar os recursos da vida conjugal para favorecer a ação do Espírito Santo no marido e na mulher. Uma arte praticada a dois ou antes a três, o casal e o Espirito Santo; é esta a sua originalidade. 1: certo que a

ação do Espírito Santo é eminentemente íntima e pesmal,

so-licita o livre acordo de cada um. Mas, através do sacramento

do matrimônio, marido e mulher receberam uma graça

espe-cial para se ajudarem mutuamente a corresponderem aos avan-ços interiores do Espírito. Cada um deles é para o outro como

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que um mensageiro do Espírito Santo. Isto através de todas as humildes realidades da vida em comum. Felizes aqueles que compreenderam este caráter reciproco, esta vida a dois cristãmente vivida! A "espiritualida.de conjugal" tem por fim explicitar-lhe os vários aspectos e meios. O seu papel é des-pertar o casal para. a presença atuante do Espírito Santo. De tal forma que, ao mesmo tempo e na. mesma. medida. que os seus membros, o próprio casal se torna. "espiritual": um lugar onde sopra. o Espírito.

Vinde Espírito Criador! A graça completa. a natureza! O Espírito gratuito liberte nesse dia a criatura ...

Ah! Curai este olhar mortal! Ressuscitai este coração que dorme! Vinde Espírito devorador! Vinde, 6 morte da morte! Plenitude de eficácia. na. plenitude da superabundância!

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BREVE HISTóRIA DA ESPIRITUALIDADE CONJUGAL

.... Embora a doutrina do matrimônio não seja novidade, o desenvolvimento da espirilualidade conjugal e, paralela-mente a de numerosos grupos de casais é, sem dúvida, característica do nosso tempo. Não pretendemos lazer aqui o histórico desta dupla eclosão mas apenas fornecer alguns modestos elementos.

Algumas datas

1935. Vários casais encontram-se à volta do Pe. Doncoeur, que prega o primeiro retiro de casais, em 1937.

1938. Alguns casais pedem ao Pe. 'Caffarel que os ajude a descobrir as riquezas cristãs do amor e do casamento.

1945. Criação de "L'Anneau d'Or", revista de espirituall-dade conjugal e familiar. Sucesso quase imediato que mostra quanto a revista vinha responder a uma nece~s!dade. "L' An-neau d'Or" é lido em 80 países; alguns dos seus números es-peciais são traduzidos em inglês, espanhol, italiano ...

1947. Estatutos das E.N.S. Este acontecimento faz parte da história das E.N.S. e não, estritamente falando, da história da espiritualidade conjugal.

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Contudo esta data é, sem dúvida, Importante na história da espiritualidade conjugal, por dois motivos: as E.N.S. são o primeiro Movimento de casais cuja razão de ser é ajudar os seus membros a viverem uma espiritualidade conjugal; as E.N.S. em todos os paises em que estão implantadas levaram a sua mensagem de espiritualidade conjugal e freqüentemente estiveram na origem dos retiros de casais, da preparação para o casamento, etc.

Também é dar alguns elementos para a história da espirl-tualidade conjugal divulgar a. data da. Implantação das E.N.S. nos principais paises onde existem:

1947. Bélgica e Suíça.; 1950. Brasil; 1951. Luxemburgo; 1954. Espanha; 1956. Portugal, Ilha. Maurícia, Canadá; 1957. Grã-Bretanha; 1958. Alemanha, Estados Unidos; 1959. Aus-tria.; 1960. Dinamarca.; 1961. Austrália, Itália; 1962. Colômbia; 1964. Irlanda; 1965. Líbano; 1966. Reunião, Ta.itl; 1967. Japão; 1969. ín-dia.

1955. Sob o impulso das E.N.S. criação do Centro de Preparação para. o Matrimônio, implantado atualmente em vários países. Outros organismos de preparação para. o ma-trimônio vão surgindo paralelamente.

1959. As Constituições Conciliares Lumen Gentium e Ga.udium et Spes, o Decreto sobre o Apostolado dos Leigos, sem tratar precisamente da espiritualida.de conjugal, forne-cem elementos multo preciosos sobre o assunto.

1970. Discurso de Paulo VI às E.N.S. em que o Papa apre~enta. a vida do casal cristão como "colaboração com o grande desígnio de amor de Deus sobre o mundo". (Desta "boa nova. para. o amor humano", a Carta. 1 <Págs. 3 a. 5) dá-lhes longos excertos).

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Outras manilestaçires deste desenvolvimento da espiritualidade conjugal

Existem outros Movimentos de casais: são numerosos, na Espanha e no Canadá. O Movimento Familiar Cristão está muito espalhado na América Latina; o Chrlstian Family Mo-vement, que surgiu nos Estados Unidos, desenvolveu-se em vá-rios paises de língua inglesa; em França há vává-rios

movimen-tos que agrupam os casais cristãos. ll: muito para desejar que estes movimentos se diversifiquem e se estendam por todo o mundo para corresponderem às diversas necessidades dos casais.

Também numerosos livros tratam do casamento, embora só poucos autores tenham aprofundado a teologia e a esplrl-tualidade deste.

Esta história da espiritualidade conjugal prossegue com vocês e através de vocês, nas suas equipes .

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MEIOS DE APERFEIÇOAMENTO

UMA LIBERDADE QUE DEVE SER CONSTANTEMENTE CONQUISTADA

Para o homem, a liberdade não consiste em agir anarqui-camente, segundo o seu capricho - o que significaria ser es-cravo dos determinismos do momento - mas em afirmar a superioridade do seu espírito sobre as solicitações perpétuas da matéria, enveredando pelo caminho de um ideal de vida e escolhendo, simultaneamente, os meios mais aptos que o pos-sam ajudar neste caminhar. Recusar uma alienação, mesmo que me persigam ou me aprisionem por causa disso, é afirmar a minha liberdade. Sobre isto ninguém se engana. Ser livre não é ser independente de tudo, porque viver é depender, mas depender escolhendo e selecionando constantemente as suas dependências, tanto quanto possível.

O procedimento cristão é absolutamente original: não é uma obediência imposta de fora, como acontecia com freqüên-cia no Antigo Testamento; não é também a exigência da nossa natureza humana, impondo-nos um ou outro procedi-mento apenas razoável, para sermos verdadeiramente homens. O discípulo de Cristo é uma "criatura nova", habitada, ou melhor, animada pelo Espírito de Cristo. Submete-se a Deus sem comprometer em nada a sua liberdade, porque apenas obedece às leis do seu novo ser, aos instintos da sua vida cristã. Faz o que ama, age como homem batizado que é: "Onde há o Espírito do Senhor, af há liberdade". (2 Cor. 3,

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17). A experiência dos séculos ensina, no entanto, que esta liberdade evangélica é sempre difícil conquista.

Melhor do que eu, conheceis a renúncia a si mesmo que o amor conjugal exige, e no entanto, que certeza de realização, de plenitude e de verdadeira liberdade enche os que se amam! Deram-se totalmente e não estão de forma alguma alienados. Se Lhes falam de laços, sorriem, convencidos de que aqueles laços são para a vida e não para a morte. E têm razão: o amor liberta-os de todo constrangimento.

Uma velha acusação feita já contra os primeiros cristãos dizia que o discípulo de Cristo é um "sem lei". Com efeito é surpreendente, à primeira vista, verüicar com que indepen-dência moral se conduz o cristão: come seja que carne for, salvo se isso for motivo de escândalo; realiza seja que tarefa for, a não ser que haja compromisso moral ou espiritual numa ou noutra função; não se sente aterrado com as proibições religiosas ou legais porque acredita mais no Deus-amor do que no Deus-vingador. Em resumo, sente-se liberto de todos os legalismos. Daí até concluir que é um "sem lei" vai um só passo. Mas isto constitui erro grave; o cristão, tal como o que ama, obedece a uma grande e única lei: a lei do amor. lt uma lei já interior e toda espiritual, dependendo dela os comportamentos exteriores. "Já não estais sob a lei mas sob a graça" (Rom. 6, 14).

No entanto, sendo realista, o batizado sabe bem que con-tinua dividido: a lei dos membros, diz Paulo, continua a re-sistir à lei do Espírito <Rom. 7, 21-24). A liberdade espiritual permanece uma conquista diária. "lt para que permaneçamos livres que Cristo nos libertou. Portanto, permanecei firmes e não vos deixeis prender de novo ao jugo da escravidão". (Gal. 5,1). A nossa liberdade cristã é simultaneamente humilde e magnífica e deve ser constantemente conquistada. lt por isso que, consciente da sua frag!l1dade, o cristão de boa vontade forma equipe. Dá leis a si mesmo, persuadido certamente que a lei nunca fará milagres mas que, modesta pedagoga,

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ajuda-rá o Espírito a tornar-se a única lei. As nossas obrigações trabalham neste sentido, abrindo uma escolha e acentuando uma tendência. A nossa liberdade espiritual não é cativa; mas, sejamos realistas, não é ainda, totalmente, uma liber-dade resgatada!

As obrigações não se impõem: vivem-se.

Uma lei imposta é uma camisa de forças. Uma lei aceita, que fazemos nossa, abandona o anonimato e toma aspecto pessoal. Compete a cada um de nós, através de busca perma-nente e de invenção constante no próprio centro das obriga-ções, modelar a nossa personalidade cristã. Isto exige eviden-temente aplicação, seriedade e grande espirito de fé.

Tantos batizados dedicam ingentes esforços ao seu futuro profissional mas omitem-se em relação ao seu futuro espiri-tual! Para a profissão, o fato de conseguir uma boa coloca-ção, não garante o êxito profissional: é preciso adaptar-se, preocupar-se, apaixonar-se, cumprir as tarefas sem ser no atropelo da última hora. Na vida conjugal e familiar encon-tramos as mesmas exigências. Por que há-de ser de outro modo no que se refere ao êxito espiritual?

A entrada para um Movimento, por mais estudado e expe-rimentado que seja, de nada nos servirá se não decidirmos utilizar da melhor forma, de acordo com as nossas necessida-des, as possibilidades que ele nos oferece.

MICHEL LEGRAIN

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A FABULA DO VIOLINO E DO VIOLINISTA

Termina o concerto. Estalam os aplausos enquanto cai o pano. Redobram de entusiasmo e o violino vai à boca de cena, faz uma vênia e designando o tímido violinista que se pusera de lado, dirige-se ao público: "Desejava que os vossos aplau-sos se dirigissem também a este senhor; na verdade tenho de reconhecer que sem o seu apoio nunca poderia ter alcan-çado tal sucesso".

Quantos cristãos me faz lembrar este violino! Sereis vós assim? Para eles a santidade, essa santidade que procuram cheios de boa vontade é trabalho do homem com a ajuda de Deus. A sua maneira de atuar revela-o constantemente, es-pecialmente a sua oração, toda passada a pedir ajuda a Deus, a defender a sua causa junto Dele com todos os bons argu-mentos que conseguem reunir para O decidir a interferir em seu favor.

Esta mentalidade é tocante, sem dúvida, mas repousa numa concepção pueril das relações de Deus com o homem e falseia a vida cristã, entravando o progresso da alma para a perfeição. Com efeito, a santificação não é trabalho do homem com a ajuda de Deus mas obra de Deus com a ajuda do ho-mem. E isto é muito diferente.

Quando o compreendemos, tudo é transformado, começan-do pela oração. Já não pretende convencer Deus a atuar, ou obter do Pai que se interesse pelos seus filhos. Compreendemos que Deus age sempre, como dizia Nosso Senhor: "Meu Pai e Eu,

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agimos incessantemente". Então a oração consiste essencial-mente numa entrega a essa ação divina.

Evidentemente não é Impossível entregar-se a ela de manhã à noite, mas com freqüência as várias atividades

en-fraquecem os laços que unem a Deus. Fazem-nos subtrair,

mais ou menos, à sua ação. 1!: através da oração que volta-mos a ela, que entregamos ao seu Império todo o nosso ser, todas as nossas faculdades. Quando voltamos às nossas tare-fas, continuamos dentro do campo de influência da ação di-vina. Movidos pelo Espírito Santo, agimos então como filhos de Deus, conforme o que escrevia S. Paulo: "Os verdadeiros filhos de Deus, são aqueles que são movidos pelo Espírito Santo".

Dentro desta ótica as vossas orações já não serão os pe-didos de um filho tentando forçar o Pai, fazê-lo mudar de opinião; serão pelo contrário uma conversão (conversão vem do latim convertere: voltar-se para), uma modificação do vosso ser que se torna humilde, acolhedor e permeável à ação santi-ficadora do Senhor. Não se trata de conseguir que Deus se converta a nós, mas de nos convertemos a Ele.

HENRI CAFFAREL

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RENOVAÇÃO DO COMPROMISSO

Esta Carta é a última que receberão antes de terem ex-primido formalmente, ao fazer o compromisso, o desejo de tomar parte, a título permanente, na vida das Equipes de Nossa Senhora.

Já refletiram em casal, e provavelmente em equipe, no que representa este compromisso. Simultaneamente atuação e atitude, como dizíamos na Carta n9 9, ou seja, a expressão de um casal que, tendo tomado consciência da sua vocação de casal cristão, testemunha do amor de Deus, se quer entregar cada vez mais ao serviço de Deus e dos seus irmãos, em casal, em equipe e dentro do Movimento.

Ora sabemos - bem demais! - como a rotina nos esprei-ta na vida diária. A atitude de compromissados que preten-demos assumir e conservar enquanto permanecermos nas Equipes, corre grande risco de se tomar um hábito como qualquer outro. É indispensável, de tempos a tempos. voltar a considerá-la, repensá-la, renová-la, atualizá-la em função da própria vida e da nossa evolução.

Convém, para cada um de nós e para toda a equipe, que se faça uma revisão. uma vez por ano. Essa revisão realiza-se normalmente na reunião de balanço, no fim do ano.

No regresso de férias, a reatualização das resoluções to-madas na reunião de balanço (que, caso assim não se faça, correm sério risco de ficarem letra morta) pode ser uma das formas que assumirá a renovação do compromisso. Mas

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cer-tas equipes preferem aproveitar um aniversário, um retiro, etc. Cabe a cada uma saber descobrir o que mais lhe convém. O que importa é conservar intacta e sempre viva em nÓS essa tomada de consciência da vontade de Deus sobre o casal, vontade a que correspondemos decidindo, um dia, dar-nos cada vez mais a Ele, na e através da nossa adesão às E.N.S.

NOTA: . . Por vezes acontece que um casal que já fez o "compromisso" mude de equipe e seja integrado noutra, em que os casais ainda não fizeram o compromisso. Esse casal, caso o deseje, poderá renovar o seu compromisso nesta nova equipe depois de ter vivido nela algum tempo, na ocasião em que outros casais estejam, por seu turno, prontos a fazer o seu compromisso.

Antes de nos empenharmos num empreendimento é pre-ciso refletirmos para ver se estamos verdadeiramente decidi-dos a levá-lo até ao fim. Trata-se de saber se estamos pron-tos a aceitar as novas exigências de Deus, à medida que nos vão sendo reveladas. Não se poderá fechar os ouvidos a ape-los vagamente apreendidos. fechar os olhos a uma luz que co-meça a despontar, por sentirmos perfeitamente que nos vai levar a soluções que receamos.

YVES DE MONTCHEUIL

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OS ESTATUTOS, ECO DA PALAVRA DE DEUS

OS CASAIS DAS E.N.S.:

"Querem que o seu amor, santificado pelo sacramento do matrimônio", seja:

Um testemunho para os homens, provando-lhes com evi-dência que Cristo salvou o amor.

"É por isto que todos saberão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros'. (S. João 13, 35).

"Maridos, amai as vossas muliheres, como Cristo amou a Igreja... Por isso, o homem deixará pai e mãe, ligar-se-á à

mulher e passarão os dois a ser uma só carne. É grande este mistério; mas digo-o relativamente a Cristo e à Igreja"

(Ef. 5, 25, 31, 32).

UMA REPARAÇÃO DOS PECADOS CONTRA O MATRIMôNIO

"Completo na minha carne o que falta às tribulações de Cristo, em benefício do seu Corpo que é a Igreja". (Co!. 1, 24).

"Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e carregou as nossas doenças. Foi ferido por causa das nossas iniqUi-dades, foi despedaçado por causa dos nossos crimes; o

castt-'.go que nos devia trazer a paz, caiu sobre Ele e nós fomos curados com as Suas feridas' <Mt. 8, 17; e Isaías 53, 4, 5).

"Do mesmo modo que o Filho do homem não veio para

ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em redenção por muitos". <Isaías 53; Mt. 20, 28).

"Tudo suporto por causa dos escolhidos, para que tam-bém eles alcancem a salvação que está em Jesus Cristo para a glória eterna". (2 -Tim. 2, 10) .

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PEDEM-SE VOLUNT ARIOS

Em março de 1960, o Pe. Caffarel lançava o apelo que vamos ler a seguir:

"Passa-se nos Movimentos o mesmo que nas pessoas. Uns

têm grande vitalidade enquanto que outros são asténicos; uns

progridem, outros retrocedem. Quantos já não vi que,

em-bora cheios de promessas à partida, depressa vacilam,

en-quanto que outros, muito modestos de início, adquirem uma

inesperada irradiação em poucos anos. Trata-se dum

dina-mismo interno.

Para que o crescimento não se processe à custa da

ro-bustez, é preciso vigiar cuidadosamente a alimentação

espi-ritual das nossas equipes. Penso que, atualmente, ela exige

oração suplementar. Na verdade a solidez, a vitalidade e o

poder de expansão alimentam-se na oração tanto no caso dos

Movimentos como nos indivíduos. Lanço, portanto, um

ape-lo insistente a Voluntários. Desejaria que todas as noites,

sem interrupção, da meia noite às seis horas se sucedam

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com-prometam a fazer uma hora de oração noturna uma vez por mês, procurando o mais possível estarem os dois juntos. Es-tou certo de que o Movimento tem necessidade disso e dai tirará grande proveito.

Os voluntários rezarão durante essa hora pelo Movimen-to, a fim de que ele se torne cada vez mais essa "escola de perfeição cristã" em que se aprende a conhecer, a amar e a

servir a Deus, a fim de que o nosso Movimento seja irra-diante e acolha aqueles casais de todo o mundo que desejam encontrar auxilio espiritual; a fim de que cumpra com gene-rosidade e perfeição a missão que lhe está destinada na

Igre-ja de Cristo.

Pedirão não só pelo Movimento mas também por cada casal e muito especialmente por aqueles que contam parti-cularmente com eles. Assim todos os casais que tenham ne-cessidade do socorro de Deus, qualquer casal que esteja amea-çado por um perigo ou uma tentação, poderá dirigir-se ao Senhor nestes termos: "Confio-me àqueles irmãos que na próxima noite Vos vão oferecer uma oração ininterrupta". A certeza de que as suas necessidades serão apresentadas a Deus, dar-lhes-á força, confiança e paz.

Haverá necessidade de acrescentar que a sua oração não

se deve limitar às Equipes? Unindo-a aos grandes

contem-plativos da noite. Carmelitas, Trapistas, Beneditinos ... , unin-do-se eles próprios Aquele de Quem a Epístola aos Hebreus nos diz que, à direita do Pai, "intercede sem cessar por nós todos", apresentarão a Deus as grandes intenções da Igreja, intercederão por toda a humanidade.

Rezarão pelos outros, mas serão os primeiros a ser

bene-ficiados. "Procurai primeiro o Reino de Deus e todo o resto

vos será dado em acréscimo". Entre todas essas graças por acréscimo, receberão certamente a graça da oração. Tenho

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encontrado, fraquentemente, homens e mulheres que me con-taram como descobriram o que é a verdadeira oração preci-samente durante a oração noturna.

"Não podeis velar uma hora Comigo?" Cristo aos Apóstolos talvez se dirija a vocês. sam, então não O desiludam!"

A pergunta de Se assim

pen-Três meses depois estavam asseguradas as 180 horas da noite. Aumenta ainda, todos os meses, o número de volun-tários; alguns aproveitam a inscrição para dizer por que motivo aceitaram, ou para assegurarem à Equipe Responsá-vel a sua oração. Eis alguns excertos da correspondência recebida, cheia de amizade e de confiança. Esperamos que as equipes novas se unam às mais antigas para ofere-cer ao Movrmento o apolo da oração.

O que me decidiu

"O que me decidiu foi a última frase, pois até ali não sentira que este apelo se dirigia a mim. "Não podeis velar uma hora Comigo?" A pergunta de Cristo talvez se dirija a vocês".

Não sou do tipo daqueles que têm facilidade em orar ... . . . mas creio que a idéia desta imensa cadeia de orações, não só pelo Movimento mas através dele pela Igreja e pelo mundo, estimulará a minha boa vontade e o meu esforço". Uma hora, é muito tempo

"Estamos convencidos que o Senhor nos espera neste en-contro no profundo silêncio da terra onde tudo dorme ex-ceto Ele e nós. Já experimentámos o poder dessa presença de Deus durante a noite: uma hora é muito tempo, um pouco pesado, mas Deus impõe-se-nos e vislumbramos como Ele deve ser extraordinariamente grande e bom ... "

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1NSTRUÇõES DE ORDEM PRATICA

Ou propõem vocês o dia e a hora, ou encarregam -nos de os marcar, o que é preferível pois evita-se que certas horas fiquem por preencher.

Caso sejam vocês a propô-las, pedimos que marquem o dia do mês (por exemplo o dia 14 de cada mês) e não um dia determinado da semana (por exemplo: a terceira segun-da-feira).

Pode suceder que uma vez por outra não se faça essa hora de oração. Não tenhamos escrúpulos, far-se-á melJlor no mês seguinte. Mas se, pelo contrário, verificarmos que não é possível cumprir com regularidade, ou que o trabalho do dia seguinte é prejudicado por ela, é preferível prevenir que se deseja mudar de hora, ou desistir, pelo menos por um tempo.

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AS QUATRO CARACTERíSTICAS DO DIALOGO

Este texto é !irado da primeira encíclica de Paulo VI: "Ecclesiam suam". Terão toda a vantagem em se ins-pirarem nele para melhorar o dever de sentar-se, a pre-paração em casal do lema, o pôr em comum, a troca de idéias sobre o lema de estudo, sem falar dos diálogos com os filhos, os amigos, colegas, parentes.

O diálogo é uma arte de comunicação espirituaL Os seus caracteres são os seguintes:

Primeiro que tudo a clareza; o diálogo supõe e exige com-preensão mútua; é transfusão do pensamento, convite ao exercício das faculdades superiores do homem. Bastaria este título para o classificar entre as mais altas manifestações da atividade e da cultura humana; e basta esta sua exigência inicial, para levar o nosso zelo apostólico a rever todas as formas da nossa linguagem: para examinar se ela é compre-ensível, popular e digna.

Outro caráter é a mansidão, aprendida na escola de Cristo, como Ele nos recomendou: "aprende! de mim que sou man-so e humilde de coração" (Mat. 11, 29). O diálogo não é orgulhoso; nem ofensivo. A autoridade vem-lhe da verdade que expõe, da caridade que difunde, do exemplo que propõe;

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não é comando, não é imposição. O diálogo é pacífico,

evi-ta os modos violentos; é paciente e generoso.

A outra característica é a confiança, tanto na eficácia da

palavra-convite, como na receptividade do interlocutor. Es

-ta confiança provoca confidências e amizade, enlaça os

es-píritos numa adesão mútua ao bem que exclui qualquer

in-teresse egoista.

O último caráter é a prudência pedagógica que cuida mui-to das condições psicológicas e morais de quem ouve (cfr.

Mat. 7, 6): conforme se trata duma criança, dum homem

inculto ou sem preparação, desconfiado e mesmo hóstll.

Es-sa prudência leva a tomarmos o pulso à sensibilidade alheia

e a modificarmos as nossas pessoas e modos, para não sermos

desagradáveis nem incompreensíveis.

No diálogo, assim entabulado, realiza-se a união da

ver-dade e da caridade, da inteligência e do amor.

No diálogo descobre-se como são diversas as vias que

le-vam à luz da fé, e como, apesar disso, é possível fazê-las

convergir para esse fim. Ainda que sejam divergentes,

po-dem tornar-se complementares, levando o nosso raciocínio

pa-ra fopa-ra das sendas comuns e obrigando-o a aprofundar as

investigações e a renovar os modos de expressão .

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DEMASIADO TEóRICOS?

As palavras de Paulo VI sobre o diálogo serão ilus-tradas por um exemplo sobre a discussão do lema na reunião.

Numa equipe discute-se sobre as causas de desunião nos casais; todos tinham preparado as respostas e o casal ani-mador organiza a discussão. Enumeram-se as causas de de-sunião e discute-se: alojamento precário, salário baixo, ma-rido que bebe, mulher leviana ...

O casal de ligação assistia a esta reunião e de vez em quando o marido olhava para a mulher como se quisesse di-zer-lhe: "Que achas? Deixo-os continuar a fazer teoria ou bato o punho na mesa?" Passou meia hora e e!e não aguen-tou mais. Meus amigos, vejam bem, não é nada disto. Es-tão a falar em teoria, de causas de desunião, mas não falam das "suas" causas de desunião. Entre vocês não há, segundo espero, maridos que bebem ou mulheres levianas, mas talvez haja casais com alojamentos deficientes, outros com dificul-dades em equilibrar o orçamento, outros (quem sabe?) com feitios difíceis... Num dos últimos relatos de seu Re'5pon-sável reparei que achavam certos temas muito teóricos; não são os temas que são teóricos, é a maneira como vocês os tratam!"

Então recomeça a discussão do tema e compreenderam que o Jorge e a Paulina tinham dificuldades de temperamen-tos, que a Suzana e o João discutiam todos os meses por cau-sa das despecau-sas que podiam ou não fazer, que o Henrique e a Ana estavam nervosos porque o bebê mais navo chorava de

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noite e só podia estar no quarto deles por falta de espaço, que a Joaqulna sofria com as ausências muito freqüentes do João, por causa das reuniões da Ação Católica masculina, etc. Agora estavam dentro da verdade; no mês seguinte estes casais devem ter tido bons temas para o "dever de sentar-se" e dai em diante ao rezarem uns pelos outros tinham qual-quer coisa concreta a pedir ao Senhor!

Outro tema considerado "demasiado teórico" foi o do sacramento do matrimônio. Eis algumas llnihas que um ca-sal de ligação escreveu sobre o assunto:

"Este tema pareceu-lhes demasiado teórico? Mas é cer-tamente necessário que aprendamos a conhecer e a amar o nosso sacramento do matrimônio pois para o vivermos ple-namente é preciso pensar e acreditar nele, e quando o vive-mos realmente já não é teoria! Gostariavive-mos de lhes falar de toda a riqueza que alguns casais dele tiraram; há gestos através dos quais o sacramento do matrimônio se renova e completa todos os dias, se assim se pode dizer, e isso deve passar à nossa vida:

- recurso à graça do matrimônio, especialmente nas tentações e dificuldades;

- oração familiar da noite; é a liturgia do lar que tira o seu significado do sacramento do matrimônio;

- gestos de amor dos esposos; encontrei um casal que não começava qualquer refeição sem se dar um beijo, gesto de paz e de amor. Sei de outro que dá "o beijo da paz" todas as noites na oração conjugal.

- lembro-me sempre de apresentar ao Senhor a minha alian-ça. no Ofertório da missa., pequeno gesto que simboliza. a oferta do meu lar.

Tudo isto traz graças de cura.. de renúncia, de doação.

Poder-se-ia escrever um livro sobre este assunto!" Os temas serão o que fizerem deles!

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NOSSO CONSELHEIRO ESPIRITUAL

"Quem recebe a instrução da Palavra, reparta toda sorte àe bens com aquele que ensina" (Ga. 6,6).

Provavelmente, seja individualmente ou por ocasião de uma palestra ou de um artigo sobre o assunto, vocês foram alertados sobre as condições de vida dos sacerdotes em seu país. Sabem certamente que a situação é muito diferente, conforme os países. Aqui, as somas que percebem lhes vêm da diocese que, por sua vez, faz a coleta do que se chama "dizimo do culto" e procede à sua distribuição; alf, as quotas destinadas às diferentes confissões religiosas são coletadas pelo Estado, juntamente com os impostos. Em certos países a situação material dos padres é bastante favorável; em ou-tros é, ao contrário, bem próxima da miséria. Além disto, no interior de um mesmo país, as diferenças são muitas ve-zes consideráveis conforme as dioceses, os recursos pessoais dos padres, suas funções respectivas ...

Não se trata aqui de tratar do problema da vida material do clero, mas de chamar a atenção de vocês sobre o fato que um padre dedica parte do seu tempo, relativamente

baS-tante tempo, para a sua equipe e que é justo que levem isto em conta.

~ certo que religiosos e padres seculares renunciaram às riquezas materiais, ao responder ao apelo do Cristo ("Não levem nem bolsa, nem alforge, nem calçados ... "), mas isto não os deve condenar à privação do que lhes é necessário para a própria vida e para o ministério. Cristo acrescenta:

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"O operário merece o seu salário." Compete a nós lembrar-mo-nos disto.

Pedem-nos, nas Equipes, e o fazemos de boa vontade, de estar atentos às dificuldades materiais dos casais da equi

-pe e, se nós mesmos estamos em dificuldade, que tenhamos

a simplicidade de pedir auxillo. Não deveríamos nós

ofere-cer ao nosso Conselheiro Espiritual a ocasião de nos falar

com a mesma simplicidade de suas condições de vida e ver-mos juntos o que podever-mos fazer por ele?

Pode acontecer que um deles tenha dificuldades quando

se trata da compra de uma roupa; outro não está em condi

-ções de adquirir livros necessários à sua cultura religiosa ou

profana; um terceiro acha-se na impossibilidade de proceder

aos reparos necessários ao carro de que precisa para o seu ministério ...

Saibamos pois relacionar os dois aspectos da questão:

gra-tidão para com aquele que nos ajuda na procura de Deus

(cf. a frase de São Paulo citada acima), e atenção para

com um irmão que nos ou v e todos os meses comunicarmo--nos as nossas dificuldades ou as de nossos próximos e que talvez cala as próprias, por discreção ou por vocação .

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ORAÇÃO PARA A PRóXIMA REUNIÃO

TEXTO DE MEDITAÇAO:

Ainda que a sua dala seja incerla, a Vinda do Se-nhor comanda a ali!ude do cris!ão: espera, ama, deseja esla vinda. O compromisso nas E.M.S. é nm passo pa· r a o enconlro com o Senhor.

E agora, filhinhos, permanecei n'Ele, a fim de que, se Ele se manifestar, nós estejamos cheios de confiança e nos não afastemos d'Ele envergonhados, por ocasião da sua. Vinda. Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus! E somo-lo de fato. Se o mundo não nos conhece, é porque O não conheceu a Ele. Carissi-mos, agora somos filhos de Deus, e ainda se não manifestou o que havemos de ser.

Sabemos que, na altura. em que se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque O veremos tal como é.

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ORAÇAO LrraRGICA

Convite do celebrante:

Agora façamos subir até junto do Senhor a nossa súplica por todos os homens

para que todos possam ter uma vida calma e tranqulla

e conseguir a bem-aventurada Ressurreição.

Lembra-te Senhor, da Santa Igreja nossa Mãe; e envia--lhe sem cessar o teu Espirito de unidade, de força e de san-tidade.

R. Que o Senhor nos ouça e tenha piedade.

Guarda, Senhor, no teu amor esta Igreja que purificaste com o teu sangue;

Pedimos-te, Senhor, pelos que dirigem os povos; dá-lhes

o sentido da justiça; que eles defendam os direitos dos pe-quenos e dos fracos e assegurem a todos o bem-estar e a paz. R/

Dá aos teus fiéis, Senhor, o teu Espírito de oração e de

louvor; que em todas as coisas nós te sirvamos numa

per-pétua ação de graças. R/

Dá aos teus fiéis, Senhor, o orgulho da sua vocação di-vina; que eles trabalhem com todas as suas forças para a

vinda do teu Reino. R/

Difunde em nós, Senhor, o teu Espírito de caridade; que nenhum de nós ouse fechar o seu coração aos seus irmãos

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Olha, Senhor, para os nossos irmãos que sofrem perse-guição por causa do teu Nome; ampara-os com o teu Espi-rito de força para que eles dêem testemunho de ti. R/

Olha, Senhor, para os que sofrem na sua alma ou na sua. carne; dá-lhes paz e saúde, para que cantem o teu Po-der. R/

ORAÇAO DO CELEBRANTE

Senhor, nosso refúgio e nossa força, tu que inspiras toda a verdadeira oração, escuta as súplicas da tua Igreja; faz com que obtenhamos plenamente o que te pedimos com Fé. Por Jesus Cristo, teu Filho, nosso Senhor, que vive e reina contigo na unidade do Espir!to Santo, porque Ele é Deus pe-los sécupe-los dos sécupe-los, Amém .

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íNDICE

EDITORIAL - Por Deus ... . O Espírito Santo e o Casal . . . 5 Breve história da Espiritualidade Conjugal . . . 8 Uma liberdade que deve ser constantemente conquistada . . 11 A fábula do violino e do violinista . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 14 Renovação do compromisso . . . 16 Os estatutos, eco da Palavra de Deus . . . 18 Pedem-se voluntários . . . 19 As quatro características do Diálogo . . . 23 Demasiado teóricos? . . . 25 Nosso Conselheiro espiritual . . . 27 Oração para a próxima reunião . . . 29

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I

...

EQUIPES NOTRE DAME •9 Rue de la Glaciêre

Paris XIII

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Referências

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