J
OTADÊ
Pu b lica çã o M e n sa l n º 19 5 n o v de 2 010 - Pr e ço 0.2 5€ (I V AJuventude Dehoniana
novembro
Caro AMIGO!Como sabes, a partir da tua primeira “pequena experiência” no Colégio Missionário, e porque manifestaste essa vontade, ficaste em contacto connosco. Esse contacto, podes ter disso a certeza, é um verdadeiro privilégio. Na verdade, não é qualquer rapaz que tem essa oportunidade. Muitos (a maioria) nem chegam nunca a ser convidados; outros até recebem o convite, mas por razões que só cada um conhece, acabam por não o aproveitar.
Tu recebeste de Deus a graça, não só de receber o primeiro convite, mas também de ter compreendido a sua importância e de ter tido o apoio dos teus Pais. Repito que deves, por isso, considerar-te privilegiado, sem esquecer que as honras e os privilégios são uma res-ponsabilidade.
Deves saber também que o contacto com o Colégio Missionário acontece fundamental-mente de duas formas: participando nos nossos “encontros” e recebendo o Jotadê.
Aos “encontros”, deves fazer todos os possíveis para não faltar. São muito importan-tes, pela possibilidade que te dão de alargar e aprofundar os teus conhecimentos, de convi-ver de uma forma amigável e sadia com tantos outros rapazes da tua idade relativamente seleccionados e, certamente também, de tomar consciência da importância que tem para o teu futuro a descoberta acertada do projecto que Deus tem para a tua vida.
Participando assiduamente nos “encontros” receberás um incentivo muito grande para continuares a orientar bem a tua vida, defendendo-te de tudo aquilo que ameaça o bom sucesso do teu futuro. Esse incentivo podes encontrá-lo também no Jotadê, que é a outra forma de contacto connosco.
No entanto, nunca é demais recordar-te que o Jotadê, para conseguir os seus objecti-vos, deve ser bem utilizado. Não é só recebê-lo. É indispensável lê-lo e até mesmo relê-lo, pelo menos em algumas das suas partes que requerem alguma reflexão, de modo a assimi-lar bem os seus conteúdos. Pode custar um bocadinho, mas vale a pena, podes crer.
Desde já desejamos-te a ti e à tua família um bom mês de Novembro, que nos convida a aprofundar a vocação a que todos os cristãos são chamados: a vocação à santidade.
2
UM
ANO
ESPECIAL
Assinalo o meu segundo ano de colégio. O retiro
orien-tado por um Padre capuchinho voltou a causar-me forte impressão. Este ano teve as suas graças especiais. Tornei-me acólito e ganhei muito gosto pelas coisas do altar. Eu iria encontrar mais tarde nas mes-mas tarefas de sacristão em Roma uma forma de me encontrar mais vezes perto de Nosso Senhor durante os recreios e de tomar conta de tudo o que tinha a ver com a capela.
Como acólito fui à Missa da meia noite de Natal na igreja dos capu-chinhos. Recebi lá uma das mais fortes impressões da minha vida. Nos-so Senhor impelia-me a dar-me a Ele. A acção da graça foi tão forte, que me ficou durante muito tempo a impressão de que a minha con-versão datava daquele dia.
COMENTÁRIO
Não é por acaso que o Padre Dehon “assinala” o seu 2º ano de Colé-gio. Foi um ano durante o qual reconhece que recebeu “graças espe-ciais”.
Muitos rapazes como tu, também têm a sorte de ser acólitos nas suas paróquias. Só é pena que alguns não se apercebam do que isso signi-fica, como possibilidade de se encontrarem mais perto de Deus nas celebrações.
Os bons acólitos não se limitam a servir ao altar. Assumem com seriedade as suas funções e procuram ser rapazes melhores do que os demais no seu comportamen-to geral e nos seus estudos.
A PALAVRA DO PAPA, para ti
FALTAM OPERÁRIOS
Faltam operários do Evangelho na periferia das grandes cidades, nas zonas rurais, entre os habitantes das montanhas e nas imensida-des das selvas.
Faltam servidores da Boa Nova que se dediquem aos jovens, às famílias, aos idosos e enfermos, aos trabalhadores, aos intelectuais, aos construtores da sociedade, assim como aos mais pobres e margi-nalizados.
Por outro lado, contemplando os amplos horizontes da missão universal confiada à Igreja, faltam também missionários e missionárias que vão mais além das suas fronteiras, para anunciar até aos confins do mundo “as insondáveis riquezas de Cristo”.
COMENTÁRIO
Estas palavras do Santo Padre são tão claras que nem precisam de ser explicadas. Elas parecem um eco daquelas outras palavras diferentes mas tão iguais de Jesus, que tu bem conheces: "A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos".
Um jovem cristão como tu não pode ficar indiferente a tantas neces-sidades. Elas são um forte apelo à sua generosidade e à sua coragem.
Quando te sentires mais desanimado (por falta de coragem), ou pre-guiçoso ou tentado a pensar mais em ti do que nos outros (por falta de generosidade), lembra-te delas e não deixes de reflectir.
O jovem Kota Senemadego, natural da diocese de Melegbe, no Zaire, país africano onde trabalham, já
des-de o tempo do Pe. Dehon, tantos missionários des- dehonia-nos, conta assim a história da sua vocação.
Como foi que Jesus me chamou?
Eu fui baptizado na idade de 14 anos; mas já pensava no sacerdó-cio ainda antes do meu Baptismo. A figura do velho missionário, Pe. Floribert, que trabalhava na nossa região, gravara-se profundamente em mim. Ele já tinha barba e cabelos brancos, era fraquinho de saúde, mas tinha um ardor apostólico impressionante.
Eu perguntava-me: “Donde lhe vem tanta energia? Se ele paras-se, pararia também todo este magnífico trabalho missionário que é a esperança desta região. Haveria alguém pronto para substituí-lo?”.
Tudo isso me fazia pensar muito. Um ano depois do meu Baptis-mo, apresentei-me a ele:
- Padre, desejo ser sacerdote.
Ainda hoje vejo o seu sorriso de alegria.
Responde:
- A resposta ao chamamento de Deus é livre e responsável: e é preciso renová-la todos os dias. Tudo isso não deve desanimar-te, mas antes deve fortalecer-te na tua vocação.
- Eu disse a mim mesmo: “Se o Senhor me chama a segui-l’O, também me vai dar a ajuda necessária”.
QUEM
TOMARÁ
O
LUGAR
d`Ele
?
ENCONTROS
VOCACIONAIS
A partir da tua primeira “pequena experiência” no Colégio Missionário e porque disseste que querias continuar a vir aos nossos “encontros”, pas-saste, como bem sabes, a fazer parte dos “contactados”. E recordas, com certeza, quais são as duas formas de contacto com o Colégio Missionário.
Mas precisas de saber também qualquer coisa que se tenta explicar nos “encontros”, mas que, por vezes, fica pouco explicado, ou, então, alguns (que já vieram várias vezes) já ouviram e outros não, porque ainda só vieram uma ou duas vezes.
Seja qual for o teu caso, é sempre bom leres estes esclarecimentos. Desta vez, gostava de insistir na ideia de que os nossos “encontros” não são simples momentos de convívio ou de divertimento e que, por isso, não basta vir só por vir ou porque se gosta. São “encontros vocacionais”.
Significa isto que, para além da brincadeira que é sempre muita e do convívio que também é importante, não pode faltar o interesse pelo tema da VOCAÇÃO, incluindo a VOCAÇÃO CONSAGRADA.
E, sabendo que a vocação é esse chamamento que Jesus te faz (como faz a todas as pessoas) para fazer de ti um homem útil, realizado e feliz, mas que tu ainda não descobriste, deves cultivar duas atitudes que são próprias da tua idade (e que levam os mais generosos a quererem ser pré-seminaristas): 1) ter o cuidado de ir descobrindo aos poucos esse chama-mento; 2) e dizer sempre a Jesus que estás disponível para aceitar o que Ele quiser de ti.
A vocação é, como sabes, um chamamento
de Deus em vista da felicidade.
Como tal, não há ninguém que não tenha vocação,
assim como não deveria haver ninguém que não se
interessasse, por este tema fundamental.
TESTEMUNHO
ENTUSIASMEI-ME PELO PE. DEHON
Recordo o primeiro contacto com o Seminário Missionário Pe. Dehon, a convite de um dehoniano. Tinha 11 anos. Imaginava encontrar um mosteiro, cheio de silêncio e de pessoas vestidas de longos hábitos castanhos. Mas encontrei uma casa normal, apesar do tamanho, com três campos de futebol e uma aprazível mata, onde se respirava um clima de alegria e boa disposição, habitada por dezenas de rapazes, mais ou menos da minha idade, e por uns “homens” que jogavam e falavam normalmente connosco: os Padres.
Este primeiro contacto com o Seminário, o modo como se falava de Deus, a educação cristã, o apoio e a liberdade que a família me dava e, sobretudo, a minha vontade levaram-me a entrar no Seminário.
Ao longo da caminhada de formação, fui conhecendo melhor o Pe. Dehon, entusiasmando-me pela sua pessoa e pela sua espiritualidade. Apesar de algumas dificuldades e dúvidas, com a ajuda dos meus supe-riores e formadores, dos meus colegas, dos missionários que nos visi-tam, e com o constante apoio dos meus pais, cresci e sinto-me dispos-to a dar a Deus uma resposta consciente e livre. Por isso, confiado na graça do Senhor, opto por seguir a Cristo casto, pobre e obediente ao Pai.
Diogo Brito, SCJ
deixa
tudo
e
VOCACIONAL
CATEQUESE
13. Falou de chamamentos de Deus “normais” e “especiais”. Qual é
a diferença?
Dei a entender que chamamentos “normais” são as vontades de Deus em relação àquilo que temos de fazer. São chamamentos pon-tuais. Não duram para sempre. Ao passo que por chamamentos “especiais” entendemos as vontades de Deus que são para sempre, para a vida toda de uma pessoa.
14. Pode explicar com alguns exemplos?
Com certeza. Se Deus, por exemplo, nos chama para a escola, para cumprir outra obrigação qualquer, para ir à Missa, etc., não são chamamentos especiais. Não são para a vida inteira. Mas há coisas para as quais Deus chama uma pessoa e são para toda a vida. Por exemplo: se chama a ser cristão pelo Baptismo, é para a vida inteira. Se chama a casar, a mesma coisa. Também é para a vida inteira. Estes são chamamentos “especiais”, isto é, "vocações".
15. Não acha que é confuso dizer que “Deus chama”?
Não. Já expliquei o que isso significa. Volto a insistir. Sempre que dizemos que “Deus chama”, estamos a referir-nos a algo que a nossa consciência percebe que Ele quer ou pretende. Sem que Ele tenha vindo dizer, nós, pensando bem, percebemos que esta ou aque-la coisa são da sua vontade. Assim: quando dizemos a respeito de alguém que faleceu “Deus chamou aquela pessoa”, estamos a dizer que foi essa a vontade de Deus: Deus quis que aquela pessoa chegas-se ao fim dos chegas-seus dias.
Do mesmo modo, quando alguém diz “sinto-me chamado” ou “Deus chamou-me, por exemplo, para ser Padre”, isso significa que, na sua consciência, a pessoa percebeu que Deus quis isso dela. Os chamamentos de Deus, portanto, são as vontades de Deus que nós percebemos através da nossa consciência.
16. E o que é a “consciência”?
A consciência é exactamente a capacidade que o ser humano normal tem de pensar e de “perceber” o que está bem e o que está mal, aquilo que Deus quer e aquilo que Ele não quer. É por isso que, para descobrir a VOCAÇÃO (ou seja, aquilo que Deus quer para a vida de uma pessoa), é indispensável pensar. Pensando, interpretamos os “sinais” que nos podem levar a concluir que Deus quer de nós esta ou aquela coisa.
O que quer que faças na vida, será
insignifi-cante, mas é importante que o faças, porque
mais ninguém o fará
Quando alguém entra na tua vida e metade
de ti diz que não estás preparado, a outra
metade diz: faz com que ela seja tua para
sempre
As nossas impressões digitais não
desapare-cem das vidas em que tocamos
A PR
OPÓSITO
DE
VOC
AÇÃO
* As exigências de Deus dão por vezes a impressão de pretenderem a abdicação da tua personalidade. Não temas: Deus é o único que não “despersonaliza”. Ao con-trário, constrói-te.
* Deus não “te constrói” sem a tua convicta partici-pação na renúncia.
* A fé tem sempre a razão do seu lado, mas quando não somos capazes de a ver.
* A fé dá razão a Deus; a fé dá razão a quem crê. A fé vê. Com olhos bem diferentes.
* Não esqueçamos que o nascer e crescer de uma vocação é sempre marcado “pela absurda maneira de agir de Deus que chama”.
* A disponibilidade é abertura do espírito: da mente, do coração e da vontade.
* A imediata e alegre disponibilidade é manifestação segura da liberdade de espírito. Normalmente o espírito hipotecado não sabe responder. Não é livre.
* O coração é disponível, quando não está cheio de si. Um coração humilde é disponível. Um coração soberbo está cheio de si: nele não encontra espaço a ‘Voz’. Deus precisa de ‘espaço’.
* O coração livre porque é puro e puro porque é livre é terreno favorável à semente preciosa do chama-mento.
* “Disponível” significa que a tua mente não está tão obcecada por um projecto de vida pessoal que a impe-ça de aperceber-se dos sinais claros da vontade de Deus.
Para Ler e Pensar
QUAL É O SENHOR MAIS PODEROSO?
Conta uma lenda que, no século III depois de Cristo, um pagão de estatura gigantesca chamado Cristóvão tomou a firme resolução de servir somente o senhor mais poderoso do mundo.
Cristóvão foi pôr-se ao serviço do rei. Certo dia, na corte, celebrava-se uma festa. Um dos tocadores de lira fingiu cantar o poder do demónio. Durante este canto, Cristóvão notou que o rei empalideceu.
“Seria Satanás mais poderoso que o rei?” – perguntou Cristóvão a si mesmo. E pôs-se logo ao serviço desse poder maior.
Pouco tempo depois, viajando um dia com Satanás, ao passar diante de um crucifixo que se encontrava à bei-ra do caminho, viu que o seu senhor começou a tremer de medo e voltou atrás cobardemente.
“Este Crucificado é então mais poderoso que o demó-nio!” – pensou Cristóvão. Mas quem era Ele? E, dirigindo-se ao monge que estava ajoelhado ao pé da Cruz, pergun-tou-lho. Ficou a saber que era Jesus.
Um dia viu na margem uma criança encantadora a pedir passagem. Cristóvão tomou-a com ternura, pô-la às costas, e avançou pela água fora. Em breve, porém, sentiu que nunca tinha carregado peso tão grande. Ao meio da torrente julgou que não ia ser capaz de chegar ao outro lado. Com enorme dificuldade, lá conseguiu colocar o menino na outra margem.
– Como és pesado, meu menino! –
– Não admira – respondeu o menino com um encanto enternecedor. – Aquele que acabas de trazer às costas é o Criador de todo o mundo!
Não és um gigante, mas és um rapaz cheio de energia e dotado de muitas qualidades. Por alguém te foram dadas. E para alguma coisa também. Certamente para ser-vir. A quem quererás tu servir?
JOTADÊ (Juventude Dehoniana)
Publicação Mensal - Ano IX - nº 195 - Novembro de 2010
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